Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen
Notas iniciais do capítulo
Tava sem net. Por isso a demora.
Ainda estou, mas tentarei ser o mais rápido possível na recomposição de capítulos perdidos :)
Boa Leitura :)
Vitória havia procurado abrigo em uma das inúmeras casas desabitadas da cidade de Ilha Comprida. Lídia, obviamente, a acompanhava como uma fiel escudeira. Nunca imaginou que o “Bandeira Negro” fosse alguém capaz de cometer inúmeras atrocidades com uma grandiosa resistência, porém se ele realmente estivesse movido por uma sede de vingança, faria aquilo sem pestanejar. O entendia, compreendia e até mesmo simpatizava com o que fazia. Só que, diferente dele, ela nutria raiva de quem era necessário estar com raiva. Thanatos e suas criações. Os líderes da resistência que impediam a sobrevivência da espécie humana frente a essa nova raça implacável de zumbis e mortos-vivos. E por que não, do irmão de seu benfeitor, o homem que criou a raça dos divergentes artificialmente e ajudou o “mensageiro da morte” a criar o supervírus. Essa era sua raiva. E começava a sentir o mesmo sentimento quando o assunto era o famoso assassino. Ele direcionava sua inquietação para pessoas que sequer tinham haver com seu problema. Tinha o poder para ajudar as pessoas e não os fazia. Em vez de ser um atalho a sobrevivência, era um empecilho.
Um tão grande que chamou a atenção de Vinicius Ribeiro.
Ao esconder-se, observou os zumbis voltarem. O barulho do sino era intenso e forte, fazendo com que eles não se distanciassem muito de onde ele se localizava. A gaúcha das duas pistolas iria modificar tudo aquilo. Nem que custasse sua vida. Modificar o jeito do Bandeira Negro de pensar e agir...
Contudo para isso precisava entendê-lo melhor. E isso só poderia ser possível com a ajuda de Lídia...
– Agora vejo que você pode dizer sobre o que aconteceu? – indagou a jovem que iria fazer dezesseis anos naquele ano.
Deitada no chão da simples casa de dois quartos, Lídia respirou fundo.
– Minha equipe foi tentar imitar o Obreiro – começou ela enquanto olhava o vazio – Auxiliá-lo nessa missão em ajudar o litoral. Tínhamos uma vantagem em relação a ele. Informação do interior.
– Como assim?
– Sou de Brasília e a maioria da minha equipe vinha de cidades como Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho... Cidades a qual o homem nem sabe que existem resistências. Ouvimos falar do Obreiro quando viemos para o litoral em busca de informações. Ele conseguiu organizar as resistências nas grandes localidades próximas ao mar. Só que e as internas? Lá existem resistências que não perdem em nada na moral, ética e na vontade de viver.
– Continue – de tempos em tempos, Vitória ia até a janela observar o movimento da via.
– Porém ficamos fadados ao fracasso quando soubemos que um homem estava aterrorizando toda a resistência paulista. Perguntamos entre nós quem era essa pessoa que fazia de tudo para que nunca encontrássemos o obreiro bem como ir de encontro à nova humanidade que estava se formando. Fomos procurar esse homem para conversar.
– E o que aconteceu depois, na negociação, para que eles fossem atrás de vocês? – a bela adolescente sentou-se de frente a morena dos cabelos lisos.
– Ele abandonou as esperanças na humanidade depois do que fizeram a ele e a família. Acredita fielmente que os humanos são uma raça que devam ser exterminadas, inclusive ele – Lídia já estava se recompondo e, com certeza, só precisaria mais de cinco a dez minutos para uma completa recuperação de seu cansaço – se suicidaria após o trabalho estar concluído.
– Mas vocês eram muitos, ele só um.
– Você não tem ideia da habilidade daquele homem. Ele derrotou os mais fortes de minha equipe somente com um agito de espada. Uma Katana, bem parecida com a qual você usa só de lâmina dupla. Meu palpite é que essa espada não tem ponto cego e qualquer lugar dela é um ponto de corte. Ele decapitou dois e feriu mortalmente mais três antes de eu e uma amiga fugirmos. Ela foi a Iguape enquanto eu fui pega naquela emboscada depois de dias perambulando na cidade a procura de respostas.
– Respostas para que?
– Para o que fizeram com a família dele. Por que, um homem com uma incrível força e capacidade, se tornou contra nós quando deveríamos lutar a nossa sobrevivência? – uma indagação parecida com a que a gaúcha tinha a respeito de algumas divisões de resistências espalhadas no Brasil – Mas minha força não é muita comparada à capacidade dele e muito menos da sua, vendo pelas armas que carrega.
– Isso foi treino – Vitória desconversou rapidamente e levantou-se – E vim aqui numa missão que parece com a sua e por causa disso, podemos nos ajudar.
– Missão?
– Vinicius Ribeiro, o Obreiro, mandou-me aqui para recrutar esse Bandeira Negro para a organização.
– O obreiro tem uma organização?
– Não. Mas achamos que ele deve montar uma em breve, pois as pessoas que o estão seguindo querem dessa maneira.
– E então? O que faremos? – perguntou Lídia fitando sua nova amiga à medida que esta andava pelos quartos do casebre.
– Primeiro tenho que reunir informações e trocá-las com meu parceiro, Cláudio, que foi a Iguape. Segundo, irei desafiar o Bandeira Negro e você vai estar à espreita para pegá-lo.
– Você não tem confiança em derrotá-lo?
– Não. Se ele é tão habilidoso assim ele teve treinamento, eu não. Sou uma sobrevivente que só está viva graças ao Obreiro. Nem treinei muito e o que sei foi o que aprendi nessa vida. Temos que ganhar dele nos números. E mesmo assim com cuidado, já que ele aniquilou vários do seu grupo...
– Compreendo.
– Vamos passar a noite aqui. Temos que nos preparar ao que virá pela frente. E ainda quero saber qual é a dos sinos.
Dormir... A solução de Vitória não parecia ser a melhor no momento, todavia era a que adotariam. Quer queira ou não, realmente teriam que estar descansadas para o embate contra o homem que derrotara e matara varias pessoas por que perdeu a confiança na humanidade. Era o que um ataque contra a raça de todas as cores fazia com a mentalidade das pessoas que ainda habitavam a terra...
A guerra psicológica era pior do que a guerra pela vida.
Por que, as mentes fracas, essa essência de viver era abdicada em detrimento da essência de morrer.
***
Com o ataque, Cássio havia voltado ao navio. Queria pegar as armas necessárias a fim de ajudar as pessoas dentro da cidade. Quiçá até ajudar com, se assim acontecesse, a evacuação dos sobreviventes daquele ataque. Procurando pelo quarto de armas, se deparou com uma visão, de certa forma, aterradora. Dois homens o encurralaram no corredor de seu próprio barco. O primeiro estava próximo ao quarto referido enquanto o segundo encontrava-se na esquina do corredor que dava a cozinha. Vestiam alguns uniformes de elite. Será que seriam da resistência? Logo essa pergunta foi respondida com um forte sotaque do musculoso a sua frente.
– Queremos... Ver... Obreiro.
A dificuldade em falar o português fora sentida imediatamente pelo paraense.
– Antes, você tem que melhorar seu português amigo.
– Ele não precisa melhorar nada – disse o homem próximo à cozinha – Afinal eu sei português. E sua, tão chamada zueira não funcionará amigo por que sei que o obreiro está sendo atacado pelos homens de Thanatos.
– E?
– Agora atacamos você. Afinal, precisamos de você para chantageá-lo se as três garotas conseguirem lhe salvar.
Cássio respirou fundo. Iria entrar em combate contra dois homens treinados e só deus sabia como ele iria sair daquela situação por cima...
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