Senti uma insegurança passando pela minha espinha...

Como podia expressar o que estava sentindo naquela hora? Eu realmente não sabia. Meu pai sorriu para mim assim que entrei no salão, e minha mãe, já sorria desde o momento em que tínhamos saído do quarto.

Na minha percepção, eu tinha quase certeza que America não estava gostando daquilo... Mesmo ela sorrindo, mesmo ela dizendo que ficaria tudo bem... Eu ainda podia ouvir os barulhinhos de choro, na verdade, era quase impossível não escutar.

Meu pai também não estava feliz, na verdade, ele nem tocava no assunto durante as ultimas semanas. Não me perguntou nada sobre o que eu estava achando de tudo aquilo, como também não me pergunto se eu estava bem com tudo isso. A única vez que ele havia tocado no assunto foi: “Quer ver as fotos dos participantes?” Eu disse que não, então ele sorriu e disse: “Resposta certa”. Nossas poucas palavras sobre o assunto da seleção.

Observei o enfileiramento.

Os sorrisos mais brancos que já vi em toda a minha vida. Trinta e cinco homens enfileirados e com postura de deuses. Seria uma grande decisão, para as garotas que só ligavam para a aparência... Mas que no caso, eu não me encaixava.

A saudação os garotos foi extremamente nobre. Eles abaixaram levemente a cabeça e sorriram enquanto faziam o gesto. Mamãe resmungou fracamente me lembrando do que eu tinha que fazer. Assim que me lembrei, subitamente fiz o ensaiado. Coloquei minhas duas mãos ao lodo do vestido e agarrei o pano, levantei suas pontas para cima e me curvei repetindo a mesma saudação do que os cavalheiros, de forma feminina.

Enquanto ainda estava curvada, abaixei meus olhos para um dos homens a minha frente. Podia-se dizer que ele estava como central naquela fileira. Eu conseguia enxergar certa presença naquele homem, uma presença muito peculiar, podemos dizer assim. Ele tinha um cabelo castanho puxado para o vermelho, não um tom ruivo escuro, mas um castanho diferente, com tons semelhantes a uma madeira rústica... E o seu corte? Era o que o deixava distinto dos outros. Nenhum homem presente naquele aposento tinha aquele determinado corte. Mas como eu podia descrever aquele corte de cabelo? Bom, seu cabelo era comprido, não longo, apenas comprido, na altura dos ombros para falar a verdade. Liso e bonito cabelo, o que deixaria muitas mulheres com inveja.

Assim que levantei minha coluna, acabei encontrando os seus olhos. Ele retornava o seu olhar para mim, seus olhos azuis me fintavam de maneira hostil, o que me fez assuntar por dentro. Enquanto Maxon dizia algumas palavras de boas vindas, não deixei de reparar nos outros. Todos, de alguma forma sorriam para mim, menos o homem do cabelo angelical, que ao invés de sorrir, mantinha seus traços de forma inexpressiva.

– Bem, acho que já falei demais, não é? – Maxon assumiu posição divertida - Mas antes de passar a palavra para minha filha, quero que estejam cientes. Como toda a seleção, alguns de vocês não serão escolhidos para permanecer aqui, muitos de vocês voltarão para casa ainda hoje... Então, como seu superior – Ele olhou para mim – A única coisa que eu posso sugerir é que impressionem a minha filha. – Ele sorriu para os selecionados. – Apenas.

Voltei a olhar para o homem que se diferenciava de todos os outros. Claro que, ele não era o mais lindo dali, havia muito outros que certamente o derrubariam em questão de beleza física. Mas, algo nele chamava a minha atenção...

– Kat? – Meu pai segurou a minha cintura e sussurrou no meu ouvido – Você está bem?

Quis negar com a cabeça, mas não era o certo a se fazer. Eu tinha reparado em todos os homens presentes naquele salão, e nenhum deles me fazia sentir algum interesse... Menos o...

– Tudo bem então... – Maxon continuou sussurrando – Não precisa falar se não quiser.

Nã-o... Não! Eu quero falar algo!

Rapidamente endireitei minha coluna e me posicionei de forma elegante.

– Bom eu... – Senti minhas bochechas esquentarem – Primeiramente gostaria de desejar... – Concentre-se Katherine, você consegue fazer isso! – Um bom dia para todos os selecionados.

Os homens soltaram pequenas risadinhas. Quer dizer, a maioria tirando o homem inexpressivo que por variar, continuava a se mostrar inexpressivo.

– E por segundo, queria dizer aos participantes, na verdade, queria dar um conselho. – Pude ver a sobrancelha do meu pai levantando – Sou extremamente fiel as minhas escolhas, mas antes de começar a conhecer cada um de vocês, eu preciso deixar uma coisa bem clara. - Quem sabe me arrependeria de dizer isso mais tarde – Não sou uma mulher que aceita bajulações, e tenho que admitir, desde o começo da seleção eu acabei ficando um pouco receosa com esse fato. Então por isso eu peço, mostrem realmente quem vocês são, não mostrem uma imagem que não é verdadeira apenas para me agradar, quero realmente conhecer vocês da forma mais honesta possível. – Vi meu pai deixando transparecer um sorriso de canto – É isso, apenas isso. – Sorri – Espero cada um de vocês daqui alguns instantes.

Virei de costas e observei a minha mãe. America sorria para mim de forma cativante, uma coisa linda de ver, já que ela passou muito triste durante esses últimos dias.

Meu pai se encaminhou até mim.

– Acho melhor nos – Ele olhou para America - Encaminharmos até lá fora um pouco.

Meu pai novamente segurou a minha cintura, mas dessa vez ele me arrastava para fora do salão, onde consequentemente teríamos uma conversinha.

Virei meu tronco para frente e dei uma ultima olhada para o rapaz no qual eu havia me encantado. Observei seus olhos azuis brilharem e um pequeno sorriso branco se formar assim que o encarei.

Eu o tinha feito sorrir?

A porta do salão se fechou.

– Meu amor, eu adorei o seu discurso, mesmo sendo pequeno, foi magnífico. Parabéns! – Sorri para minha mãe.

– America, não incentive a garota. – Meu pai olhou feio para nós – Por mais que o discurso tenha a valorizado muito, foi muita indisciplina da sua parte dizer tais palavras, certamente fez os garotos se assustarem.

– Maxon, por favor. Foi o melhor discurso que a sua filha poderia fazer. Ela apenas disse o que pensava sobre aquilo tudo, e afinal, a sua filha não poderia estar mais certa em dizer para aqueles homens que não gosta de mesquinhos bajuladores, muito certo da sua parte Katherine.

– America, você não entende? A sua filha poderia simplesmente dizer que estava contente com todo esse negocio da seleção, mas não, ela tinha que complicar um pouquinho, não é? – Papai olhou para mim.

– Maxon, me faça um favor? Vá para a cozinha e coma alguma coisa, deixe a sua filha dizer o que ela quiser.

Meu pai bufou se encaminhando para a cozinha, eu suponho.

Senti a mão de minha mãe tocar meu ombro nu. Ela chegou pertinho do meu rosto e beijou a minha bochecha docemente.

– Não ligue para o seu pai. Ele fala essas coisas agora, mas enquanto você dizia aquelas “Tais palavras” – Minha mãe fez aspas com as mãos, me fazendo rir – Ele sorriu.

– Então por que ele diz isso agora? Se antes ele parecia estar se divertindo.

Mamãe suspirou.

– Katherine, seu pai tem dois lados muito diferentes. Um lado deles exerce o papel de pai e marido, e o outro exerce o papel de bom líder. Você deve entender que, como um verdadeiro líder de Illéa , ele tem a consciência de que você poderia dizer outras palavras, palavras um pouco mais construtivas e esperançosas, como assim, faria uma verdadeira princesa de Illéa . – Abaixei um pouco meus olhos – Mas, no entanto, seu pai tem a total consciência que a verdadeira princesa de Illéa nunca foi, e também nunca será uma mulher que sempre agradará a todos – Minha mãe passou sua mão em minha bochecha – E é por isso que ele te ama tanto, mesmo ele dizendo essas coisas todas. – America sorriu novamente – Sabe, às vezes eu penso que você é realmente igual a mim, quando mais jovem eu...

Um dos guardas se aproximou de nós duas.

– Majestade – Ele se curvou para a minha mãe – Princesa Katherine, está na hora de conhecer os selecionados.

Olhei nervosa para minha mãe.

– Lembre-se do que eu disse. Não fique nervosa e controle os seus sentimentos – Ela beijou a minha testa. – Depois, quero me conte tudo. – Assenti.

Segurei o meu vestido e suspirei. Estava na hora de fazer isso.

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Tenho que admitir que não foi tão ruim quanto pensei. Sentei e conversei com os rapazes, todos eles me pareceram sociáveis e agradáveis, mas claro, alguns menos do que os outros. Na minha cabeça eu já tinha plena visão de quem ficaria e de quem voltaria para casa, por enquanto.

Faltava exatamente três selecionados para conhecer, e um deles seria o homem esquisitão e atraente com os cabelos cor madeira rústica avermelhada e olhos azuis piscina. Nada fora do normal, eu nem estava tão tensa assim... Até me lembrar de que eu teria que conhecer ele!

– Acho que vou desmaiar... – Falei para mim mesma enquanto esperava o próximo selecionado – Não quero conhecer aquel...

– Você parece estar muito mal. – Disse alguém.

Olhei em volta da sala e não encontrei ninguém. Aquela voz masculina era desconhecida para mim.

– Você foi muito audaciosa no conselho que deu agora pouco, um comportamento muito irrelevante para uma futura rainha. – Aquela voz grossa ecoou pela sala novamente.

Será que é o...?

– Me pergunto, como você é uma princesa? Se nem tem jeito de princesa.

Um homem muito alto saiu de perto das cortinas vermelhas e me encarou. Seus olhos azuis me fintaram com a mesma hostilidade de antes, mas dessa vez, havia um pouco de diversão em seu rosto, que antes, permanecia inexpressivo.

– Mas por outro lado, você não é a única que tem a audácia como personalidade.

Ele sorriu de forma cínica.

E-eu... O que?