Diálogo no celular:

G: “Bem… Quero que decida uma coisa.

R: Diga.

Uma pausa.

G: Vamos tomar o desjejum no Paco?

Ela riu um pouco.

R: Preciso dormir.

Ele ri também.

G: E dormir faria sentido, se tivesse 90 anos. Vamos lá.

R: Desço em 10 minutos.

G: Cinco.”

E encerram a ligação.

Após 15 minutos Riley desce até a casa de Gabriel. E nota a porta aberta.

R: Gabriel?

G: Estou indo.

R: Que droga, Gabriel! Porque deixou a porta aberta?

G: Para você não chutá-la!

Ela revirou os olhos.

G: Tenho certeza que checou o perímetro.

Ela deu de ombros e deixou para lá.

R: Mandou eu descer em 5 minutos e ainda não está pronto? – Resmungava.

Ele sai ao encontro dela.

G: Já estou indo…

Ele ficou paralisado e sem fala, a observou de cima a baixo enquanto mexia no celular.

Ela notando o “silencio”, desviou o olhar do celular para ele.

R: O que foi? - Ela começou a olhar-se, ver se tinha algo errado.

G: Nada. Só não sabia que usava vestido.

Ela estava com um vestido de alças finas, de algodão, até os joelhos, numa estampa floral pequena, bem delicada.

R: E? – Não entendeu o comentário dele.

G: Só estou surpreso porque até para dormir usa calça!

R: Por falar em dormir, acho melhor eu voltar para casa.

G: Não. Vamos.

R: Eu dirijo.

Ele pegou o casaco e seguiu-a.

Chegaram no Paco’s, e apesar de nem ter amanhecido ainda, o lugar estava cheio. Foram recebidos pela sorridente garçonete, Gabriel não deixa de notar o decote dela, fazendo Riley revirar os olhos.

L: ¡Buenos días!

R: Buenos días.

G: Lupita Buenos días, ¿cómo estás?

L: Muy bien. Tengo una tabla para ustedes.

Eles a seguiram, e acomodaram-se na mesa, próximo a uma janela.

L: ¿Qué van a pedir?

R: Uma porção de nachos e um café preto duplo.

Lupita anotou o pedido dela.

G: Para mim, uma porção de burritos e uma michelada tradicional.

Riley olhou torto para ele.

G: Não estamos de serviço. – Justificou.

R: Mas em breve estaremos.

G: Se não estamos não conta. – Virou-se para Lupita. - Só isso.

L: Bueno, voy a estar de vuelta con las peticiones.

G: Gracias.

Lupita saiu.

G: Você precisa relaxar um pouco.

R: Não sou paga para relaxar. Já te disse, trabalho 24 horas por dia.

G: Se você quer ter um AVC! – Resmungou num sussurro.

R: Ok, Gabriel.

G: Deixa para lá, vamos mudar de assunto.

Por mais que aparentassem uma naturalidade durante a conversa, era impossível não ter uma certa tensão entre eles.

Gabriel já estava até acostumado com a beleza de Riley, mas ela tinha que pegá-lo de surpresa com aquele maldito vestido de alças finas, que expunha sua pela branca contrastando com os cabelos escuros por sobre os ombros, emoldurando seu belo rosto. Como ele não se perderia naquela imensidão, ora azul, ora acastanhados dos olhos dela, tão brilhantes e cheios de vida?

Para Riley não era muito fácil a situação, era muito sincera e não conseguia disfarçar sentimentos e opiniões, tinha que ter cuidado com aqueles olhos verdes, pois era um caminho sem volta se se perdesse neles. Como era lindo e charmoso aquele seu trabalho, ela teria que ser cuidadosa e profissional, pois era isso que Gabriel Vaughn era, seu trabalho.

A situação deles só piorou, pois aquela comida apimentada só fez a temperatura aumentasse. Parecia que nem uma única brisa entrava por aquela maldita janela.

R: O que foi Gabriel? Não aguenta um pouco de pimenta? – Falou num tom sensual, intencionalmente.

A pimenta para ele não era nada, difícil era se controlar para não agarrá-la naquela mesa mesmo!

Ele apenas sorriu, fazendo o coração dela descompassar com aquele maldito sorriso de covinhas.

Ela voltou sua atenção aos nachos, com cuidado para não engasgar.

G: Hey Riley?

Seus olhares se cruzaram.

G: O que vai querer de sobremesa?

Se ele soubesse o que realmente ela queria!

R: Qualquer coisa, desde que você pague!

G: Pensei que fossemos dividir a conta? – Provocando-a.

R: Pão duro! – Revirou os olhos.

*Fim