Como o sol e a lua escrita por chay barcellos


Capítulo 2
Capitulo Um




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10 de fevereiro

– A carta! A carta! A carta! Finalmente chegou!

Pego o pequeno envelope - selado com algum tipo de selo real em formato de S - da caixinha de correio. Fazia tempo que eu não ficava tão ansiosa com algo. Pode não parecer, mas ganhar uma bolsa para estudar na Sweet Amoris era um dos meus sonhos, e eu estava a um passo de realizar esse desejo, só faltava ter coragem para ler a carta.

– Um... Dois... Três!

Abro o envelope.

Leio o que esta dentro dele.

Eu não sabia de sorria ou se chorava. Meu estado naquele momento era de choque.

– Alanys?! O que você está fazendo parada ai fora? – grita minha mãe da cozinha.

– Mãe! – corro até ela e a abraço com toda a minha força.

– O que você está fazendo, menina? Me largue, está me sufocando.

– Desculpe – as lágrimas escorrem pelo meu rosto – É que eu estou muito feliz!

– O que é que você está segurando? E por que raios você ta chorando?

– O carteiro deixou a carta de aceitação da Sweet Amoris hoje cedo no correio, e eu fui aceita! Ganhei uma bolsa de estudos! – começo a saltitar de felicidade.

– Sweet... o que?

– Sweet Amoris, mãe – vou até a cozinha e preparo um copo de café, minha mãe me segue confusa – O colégio, sabe?

– Ah, acho que sei... Já posso voltar a dormir?

– Pode - sorrio.

– Tchauzinho – ela vai em direção ao seu quarto com uma garrafa de Smirnoff na mão.

O tempo também estava a meu favor. Nublado e frio. Desde pequena eu não posso ficar muito tempo de baixo do sol porque minha pele e meus olhos são sensíveis a luz solar e conforme fui crescendo o meu amor por dias frios e nublados só aumentou cada vez mais. Com chuva é a mesma coisa, eu não entendo o porquê de algumas pessoas reclamarem da chuva. Não tem melhor coisa do que deixar a chuva cair sobre o teu rosto, é muito bom e me mantém calma.

Coloco um casaco leve e saio correndo na direção do Blue’s Coffee para contar para o meu melhor amigo, Ben Souther, que agora além de sermos melhores amigos, seremos colegas de classe.

– Beeeeeeen!! Eu ganhei a booolsaaaaaa!!! – adentro o Blue’s Coffee cantarolando.

Ben estava servindo uma mesa de idosos quando eu invadi o café, ele quase derrubou tudo o que estava na bandeja na cabeça de uma senhora, a mesma resmungou e logo voltou a sua atenção ao senhor que a acompanhava.

A maioria dos clientes se virou para mim e me fitou de cima a baixo, nem minha aparência e nem meus modos são discretos, acho que mesmo se eu quisesse não conseguiria passar despercebida por alguém. Talvez a pessoa até me confundisse com um fantasma ou algum tipo de morto-vivo.

– O que você está fazendo aqui no seu dia de folga? – perguntou Ben, vindo até mim com aquele seu típico sorriso de bobão no rosto.

– Tenho novidades!! – pulo no pescoço dele e o abraço.

– Você já deixou bem claro que vai estudar na Sweet Amoris – ele ri e bagunça meu cabelo.

– Sim – sorrio – Olha, eles me chamaram de “aluna exemplar” – mostro a carta para ele.

– Isso já era de se esperar vindo de você.

– O que era de se esperar? Olá, Alanys – diz Flora sorrindo.

Flora Blue é minha amiga de infância, ela é filha do senhor Blue, dono do Blue’s Coffee – o que ajudou muito na hora de conseguir um estágio.

Ela é três anos mais velha do que eu e Ben, mas isso nunca interferiu em nossa amizade. Quando crianças, nós três brincávamos de super heróis no parque, eu era a mulher invisível, ela era a mulher elástica e o Ben era o Superman.

Fazíamos cada bagunça.

– Flooooora!!! – abraço ela. – Eu ganhei uma bolsa de estudos na Sweet Amoris!!!

– Sério?? Meus parabéns – ela ri e me abraça.

– Ei, ei, me empresta o Ben rapidinho? Eu não faço idéia onde comprar os materiais.

– Bem... – pensa – Ta bom, mas vocês vão ficar me devendo uma, viu?

– Ok – ele ri – Vou lá trocar de roupa e já volto. – diz ele entrando nos fundos do Blue’s Coffee.

– E então... como ta a sua mãe? – pergunta Flora.

– Normal – suspiro.

– Entendi... Parabéns de novo, espero que goste de lá.

– Obrigada Flora – sorrio – Com toda a certeza que vou gostar.

– Vou voltar ao trabalho, até logo Lanys.

– Até!

Depois de algum tempo, Ben aparece com uma camisa flanela verde e uma calça jeans desbotada. Não importa onde o Ben está, sempre vai ter alguma menina que vai olhar para ele com segundas intenções. Admito que ele é um rapaz bonito – 1,75 de altura, corpo definido, cabelos negros e olhos verdes; sonho de toda garota, não é mesmo? Mas não consigo imaginar o Ben namorando... Pelo menos não uma menina.

Me impressiono cada vez mais com o jeito que esse guri cresce, minha cabeça bate no ombro dele, ele parece uma girafa e eu uma mísera formiga. Talvez eu que seja baixinha, mas prefiro continuar chamando o resto do mundo de gigantes e de Trolls.

Saímos do Blue’s Coffee e fomos caminhando até uma livraria, sorte de que era perto. A livraria era incrivelmente enorme, cheia de prateleiras e mesas espalhadas pelo local, nunca tinha visto tantos livros na minha vida.

– Alanys, vai pedindo informação que eu já volto. – ele sorri ao ver meu olhar de desespero – Ta tudo bem, ninguém vai te devorar, eu só vou procurar um livro para te mostrar.

– Certo – sorrio e começo a explorar o local.

A livraria era uma mistura com biblioteca. O teto tinha uns três metros de altura, o chão era todo feito de madeira de boa qualidade, havia umas cinqüenta prateleiras, tão altas que as pessoas tinham que subir numa escada com rodinhas para pegar os livros. Para todo canto que eu olhava eu via alguma pessoa sentada numa mesa lendo ou mexendo em computadores, tinha até um grupo de jovens de mais ou menos a minha idade fazendo o que parecia ser um trabalho.

Caminho calmamente por um corredor largo e olho alguns livros que estão nas inúmeras prateleiras, havia todo que é tipo de livro, me interessei por um chamado: Viagens de Gulliver, já tinha ouvido falar dele antes, mas nunca tive oportunidade de lê-lo.

Chegando ao final do corredor, encontro um enorme balcão feito com madeira trabalhada e atrás do mesmo estava um garoto loiro, de mais ou menos a minha idade, um pouco mais alto do que eu, organizando uma papelada.

Ele olha para mim, os olhos dele são de um tom mel muito bonito.

– Posso ajudá-la, senhorita? – sua voz é doce e suave, passa a sensação de tranqüilidade.

– Ah, sim – sorrio – Poderia pegar esses livros didáticos para mim, por favor? Eu provavelmente vou me perder aqui dentro. – entrego a lista de material para ele.

– Sim, essa livraria realmente é enorme – ele ri e pega a lista – Vejamos... Sweet Amoris? – o jovem olha para mim com interesse.

– Pois é, eu vou estudar lá esse ano – sorrio.

– Nesse caso te darei um desconto, mas não fale para ninguém, viu?

– Um desconto? Sério? Que demais.

Ele sorri e entra numa espécie de deposito, eu o espero encostada no balcão.

“Esse garoto é bem legal, quem será ele?”

Logo ele aparece com todos os livros que a lista pedia.

– Aqui está.

– Nathaniel! – Ben aparece de repente atrás de mim; o que me faz levar um susto.

– Olá Ben. – o menino loirinho diz.

– Parece que você já conheceu o Nathaniel, Lanys.

– Vocês se conhecem? – pergunto surpresa.

– Sim – ele ri – Nathaniel estuda na Sweet Amoris também. Ele é o representante.

Viro-me para o rapaz loiro, que, aparentemente, se chama Nathaniel.

– Sério?

– Sim – o rosto do rapaz ruboriza levemente.

– Por que você não me falou? – rio.

– Pensei que você ficaria surpresa de me encontrar nos corredores da escola – ele ri, sem jeito.

– Eu sou Alanys – estendo a mão para ele – E sim, eu ficaria bem surpresa, mas seria uma surpresa ótima.

Ele a aperta delicadamente.

– Como você já sabe, me chamo Nathaniel.

Eu sorrio. “Gostei dele, ele parece ser calmo”.

– Quanto deu os livros?

Ele faz os cálculos com a ajuda de uma calculadora.

– 252 reais, mas com os 20% de desconto fica... – ele faz as contas – 201 reais.

– Certo – pego o meu cartão de crédito que deposito meus salários, e entrego para ele – Adeus dinheiro.

Nathaniel sorri.

– Esse livro na sua mão... você vai levá-lo também?

“Ah, ele está falando do livro: Viagens de Gulliver”.

– Não, eu não tenho dinheiro para mais um livro e esqueci de guardá-lo – sorrio.

– Ah, sinto muito – ele diz envergonhado.

– Não tem pelo o que sentir – rio – Ben, qual é o livro que tu queria me mostrar?

– Pior, tinha me esquecido – ele pega meu braço – Vem comigo.

Ben me leva até um canto isolado da biblioteca, ele entra na seção de “Artes e Desenhos”, e caminha até o final da prateleira, logo pega um livro com a capa bem chamativa e toda colorida. Eu o sigo e observo o livro com interesse.

Ele abre o livro devagar, fazendo um suspense irritante.

O livro era todo ilustrado por dentro. Havia várias ilustrações e informações de quadros famosos como os de Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Vicent Van Gogh etc, tinha algumas dicas de como fazer arte em tela e pintar um quadro profissionalmente, eles também davam alguns conselhos para quem quer seguir a carreira de pintor. Algumas páginas estavam em branco para quem quiser fazer desenhos e pinturas, relaxar a mente e deixar a criatividade fluir.

– Esse livro é demais!

– Achei que você fosse gostar, eu queria poder te dar de presente, mas ainda não tenho todo esse dinheiro. – ele ri e me abraça.

– Bobão – abraço ele – Não precisa gastar seu dinheiro comigo, idiota.

Ele ri.

– Você me ama demais, eu sei.

– Ta bom, ta bom. Pense o que quiser. Agora vamos voltar – olho para ele – Nathaniel vai pensar que estamos nos aproveitando desse lugar isolado, daqui um pouco ele vai vir aqui para ver se estamos sendo civilizados.

– Aaaah, mas eu estava adorando ficar abraçadinho com você aqui no escuro – ele faz cara de bebê chorão.

– Hahaha, você devia ser comediante, Ben!


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