Os minutos se arrastaram lentamente enquanto eles silenciosamente absorviam as incitações da natureza que os rodeava. Não era só o lugar que trazia paz a Nick, era sua presença, Nick gostava de ter ela a sua volta. Ele gostava de ouvir o som da sua risada, de seus comentários inteligentes, simplesmente da sua companhia. Ele havia sentido falta daquilo, depois que ela deixou. Embora ele soubesse que não podia fazê-la mudar de ideia, talvez uma palavra ou um pedido pudesse surtir efeito. Nick balançou a cabeça tirando essa ideia estúpida de sua mente. Nada era assim tão fácil.

– Sara me contou sobre a sua briga com os policiais. – ela disse sem olhar para ele. Nick queria estapear Sara, essa era uma coisa que ele não conseguiria explicar a ela. Ele permaneceu em silencio na expectativa de que ela iria desistir, mas ele sabia que ela não desistia fácil.

– por que Nick?

– por sua causa! – ele só registrou suas palavras depois que elas já haviam saído de sua boca. Ela se virou para ele rapidamente, confusa. Ele não queria olhar para ela, então ele continuou encarando a água escura e tão parada que parecia estar congelada. Mas ele podia sentir o olhar dela queimar em seu rosto a espera de uma resposta.

– quer dizer, eu não briguei por você, briguei pala ultima cerveja. Mas você foi embora. – ele disse. O sol rapidamente desapareceu deixando tudo com a cor azul escuro.

– eu não sei o que isso tem a ver. – ela respondeu. Nick suspirou aquilo estava sendo realmente difícil.

– não tem nada a ver, não estou culpando você. É só que... – ele finalmente a olhou e momentaneamente sua beleza roubou seu raciocínio e ele nem mesmo sabia do que estava falando.

– eu senti sua falta. – ele disse finalmente o que resumia tudo perfeitamente. Não era necessário que ela soubesse que seus fantasmas do passado voltaram a puxar seu pé ou espreitar sua mente em pesadelos abomináveis. O que importava era o que ele sentia a respeito dela e da sua partida.

– eu também Nick, mas nem por isso arrumei briga por nada, nem me embebedei... – ele levantou a mão para fazê-la parar.

– não preciso do seu sermão. – ele disse desviando o olhar dela.

– desculpe. Eu não sei dos seus motivos e como posso ver você não quer me dizer, então não vou te julgar, mas não diga que eu ter ido embora contribuiu para isso. – ela disse, querendo que ele olhasse para ela na intenção de ver o que ele estava sentindo, mas por esse motivo ele não a olhava.

– você ter ido embora contribuiu muito para isso. Eu não sei se quero mais aquilo. Não sei se quero mais ser um CSI. – essa frase calou todos os conselhos que ela estava criando em sua mente para dizer a ele que era só uma fase que iria passar. Mas ela viu que ele estava sendo sincero, ela viu nele a mesma desmotivação que a fez ir embora.

– Nick... – ela simplesmente não sabia o que dizer. Ela colocou a mão em seu joelho.

– mas eu realmente senti a sua falta. – ele disse a encarando,seu olhar a pegando desprevenida quando ela notou a sinceridade que havia neles. Ela não imaginava que sua partida tivesse causado tanta tristeza nele. Ela percebeu como foi estúpida de pensar que simplesmente iria virar as costas e depois de uma semana ninguém mais se lembraria de que ela algum dia existiu. Os dois compartilharam uma vida juntos e isso não se apaga facilmente.

– acho que eu estava tão acostumado com a sua presença que mesmo depois de você ter ido embora eu ainda ouvia sua risada ou sua voz e às vezes até sentia seu cheiro, mas depois percebia que nada daquilo era real. Achei até que estivesse ficando maluco. – ele sorriu amargamente.

É porque nós só sentimos falta do sol, quando está frio. Ou quando sentimos falta da luz só por que está escuro demais ou quando sentimos falta da paz somente quando os problemas se tornam grande. Era assim que Nick se sentia sobre ela.

Ela queria desviar o olhar, mas sua intensidade fazia seus olhos ficarem fixos aos dele. Eles estavam sentados lado a lado, Nick levou sua mão sobre a dela em cima do seu joelho e acariciou seus dedos. Ele subiu deslizando por seu braço até chegar a sua bochecha que ele acariciou com o polegar. Ela não se afastou e quando suas bocas pareciam perto o suficiente para se tocarem um pingo de água em sua coxa a distraiu.

Havia escurecido bastante quando os dois desviaram a atenção um do outro. A água já não estava parada por causa das ondulações que as gotas de chuva causavam. Ao notar os pingos grossos e espaçados que caiam do céu já negro, eles se levantaram juntos.

– acho melhor corrermos. – ela disse, mas quando eles entraram no meio das arvores de novo a chuva já caia pesadamente, os molhando rapidamente.

– anda Nick. – ela disse por cima do barulho de cascata da água caindo forte. Ela agarrou a mão dele e o guiou correndo sobre a grama e as folhas molhadas que cobria o chão. Dois passos a frente Nick escorregou caindo de joelhos no chão e ela foi obrigada a apoiar sua outra mão no chão para não cair também. Ela se virou para trás rindo e o ajudando a ficar de pé novamente. A água gelada já os ensopava, caindo sobre seus olhos e poucos passos a frente Nick puxou sua mão para trás novamente. Ela estava pronta para rir de mais um tombo quando seu corpo se chocou com o dela.

Ele a segurou pela cintura e a encostou em um tronco de uma arvore. Ela sentiu dificuldade de respirar, seu peito estava colado ao dela e ele a olhava intensamente. Seus braços foram para seus ombros na tentativa de manter o equilíbrio. Logo ele a beijou forte, com a vontade acumulada de todas as vezes que ele esteve próximo dela. Ela inclinou sua cabeça e suas bocas encaixaram perfeitamente. Seu gosto era delicioso e seus lábios macios. Catherine suspirou, ele beijava muito bem, com movimentos lentos e precisos, deslizando sua língua por seus lábios enquanto a chuva os banhava.