Quando o Amor Acontece escrita por Benihime


Capítulo 6
Katelyn, Jake e Elena




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485826/chapter/6

Três semanas depois

Katelyn

A pequena Katelyn estava muito feliz por finalmente ir embora daquele internato que tanto odiava, e seu sorriso já largo se tornou ainda maior quando viu Jake parado ao lado da velha picape, acenando para ela.

— Jakey! — Ela gritou, exultante.

A garotinha esqueceu das malas e de todo o resto, até de sua boneca favorita, que ficou caída na calçada, ao correr para se jogar nos braços de seu irmão mais velho.

— Oi, pestinha. — Ele disse. — Pronta pra ir pra casa?

— Prontíssima! — Foi a resposta. — Aquela escola era muito chata! Não quero voltar nunca mais!

Ele a colocou na picape e pegou as malas da irmã. Durante o caminho, foram conversando e rindo, até chegarem à fazenda. As malas da menina foram levados para o chalé, que não era muito distante da casa principal e depois, por insistência da pequena Kate, brincaram de pega-pega ao redor da casa.

Foi inesperado. O céu, que estivera nublado, de repente pareceu se abrir e uma chuvarada torrencial desabou, ensopando imediatamente os dois irmãos e os forçando a se abrigar no chalé.

Jake

Encontrou toalhas secas logo na porta, certamente cortesia de Lilly. Estava prestes a agradecer quando viu a silhueta delicada na passagem estreita que levava à cozinha

— Vá tomar um banho quente, Jake, você deve estar encharcado. — Ouviu uma voz feminina dizer da cozinha. — Ande logo antes que pegue uma gripe.

Jake reconheceu aquela voz. Porém, não era a voz de Lilly e sim de ...

— Elena?!

A risada da jovem soou alta e clara, mesmo através do corredor.

— Claro. — Ela respondeu. — Lilly e minha mãe saíram, seu bobão. Não se lembra? Foram ao mecânico buscar o carro.

— Ah, é mesmo. — Ele deu um tapinha na testa e então olhou para a irmãzinha, que estava enrolada numa das toalhas — Vá tomar um banho, pestinha, antes que fique doente.

Katelyn correu escada acima para o banheiro. Jake meio que riu e foi tomar banho no banheiro do térreo, que era menor, mas bem mais confortável em sua opinião, porque não era branco como o outro. Enquanto se despia, podia ouvir Elena cantarolando consigo mesma.

Elena

A irmãzinha de Jake desceu as escadas correndo, com um sorriso no rosto. A menina com certeza era uma pequena bola de empolgação.

— Oi! — Ela disse animadamente. — Sou a Katelyn. E você?

— Sou Elena.

Nesse momento, Jake saiu do banho e Elena teve que se concentrar apenas em respirar. Caraca, ele era mesmo muito gato! Ainda mais daquele jeito, usando só uma toalha, com os músculos todos em evidência e aquele bronzeado intenso conseguido trabalhando sob o sol inclemente do Texas.

— Estão se dando bem, meninas? — Katelyn assentiu energicamente em resposta. — Ótimo, então vou me vestir rapidinho e já desço.

— Ok. Quer que eu prepare alguma coisa pra beber?

— Não, valeu.

Ele subiu, deixando as duas garotas sozinhas na cozinha. Elena virou-se para Katelyn.

— Quer me ajudar a fazer o almoço? — Perguntou. — Minha mãe e Lilly não vão chegar a tempo, ainda mais com essa chuva, então vamos ser só nós três.

— Quero! Quero sim!

— Ótimo, então você vai me alcançando as coisas enquanto eu preparo nossa sobremesa. — A menina mais velha deu uma piscadinha travessa para a criança. — Primeiro o mais gostoso, não acha?

As duas se puseram ao trabalho. Enquanto a ajudava, Katelyn contou sobre como tinha sido passar um ano no colégio interno. Elena bem entendia o ultraje da pequena em ter que ficar naquele lugar. Parecia ser horrível, com todas aquelas regras tão rígidas.

Jake

Ele desceu silenciosamente e foi para a cozinha. Katelyn e Elena conversavam animadamente, e o rapaz ficou encantado pela delicadeza que a jovem demonstrava com sua irmã.

De repente, Elena ergueu os olhos e o viu. Ele sorriu para ela. Serviu-se de um copo de suco de uva, que bebeu encostado na bancada, observando as duas garotas. Elena tinha mesmo jeito com crianças, até deixou sua irmã mexer o doce. Katelyn parecia simplesmente adorá-la.

— Elena, quer ver o meu quarto? É todo rosa! — A pequena tagarelava. — E eu tenho um montão de bichos de pelúcia!

— Kate, eu tenho que terminar de arrumar isso aqui.

— Pode ir, eu cuido disso aqui. — Jake disse, assumindo o lugar ao lado de Elena e tomando-lhe a colher das mãos. — É só mexer a massa para não grudar, certo?

— É, isso aí. — A morena cedeu. — Ok, Katie, vamos lá ver esse quarto cor de rosa.

Katelyn agarrou a mão de Elena e a puxou escada acima. Jake sorriu ao ver as duas, que obviamente já se davam bem. Pareciam até irmãs.

Elena

O quarto de Katelyn era mesmo uma graça. As paredes eram brancas, o tapete felpudo no chão era de um tom de cinza claro, os móveis eram de madeira bem clara e havia bichos de pelúcias por todos os cantos, assim como bonecas.

— Nossa, seu quarto é bonito mesmo!

— Eu sei. — A pequena riu, atirando-se na cama cheia de almofadas de diferentes formatos.

Ela abriu a mala e procurou alguma coisa. Quando não encontrou, soltou um gritinho abafado e seus olhos encheram-se de lágrimas.

— Jakey!

Num minuto, Jake já estava na porta do quarto da irmã. Parecia até que havia se tele transportado, de tão rápido que apareceu.

— Que foi, Kate?

— Cadê a minha boneca?

— Que boneca?

— A boneca que eu ganhei da mamãe! Onde você colocou?

Jake parecia bestificado, completamente sem entender as palavras de sua irmã caçula.

— Ah, meu deus, deve ter caído quando você veio me abraçar. —Ele percebeu. — Não chore, bonequinha. Amanhã eu prometo que te compro uma ainda mais bonita, ok?

— Não! Eu quero aquela!

— Tudo bem, Jake, eu a levo até a cidade pra procurar.

Jake encarou Elena, surpreso tanto com as palavras quanto com o tom gentil da jovem.

— Tem certeza? Não precisa se incomodar.

— Certeza absoluta. — Ela assentiu. — E não será incômodo nenhum.

— Se é assim, então pode pegar minha picape.

Jake tirou as chaves do bolso e Elena as aparou no ar com habilidade. Katelyn enxugou as lágrimas e olhou para a morena, tão surpresa quanto seu irmão mais velho.

— Mesmo?

— Mesmo. — Elena sorriu — Mas temos que ir logo, porque daqui a pouco minha mãe chega, e ela não vai querer me deixar sair.

— Tá bem.

As duas desceram juntas e foram até a picape de Jake.

Katelyn

Elena a levou até a cidade e as duas foram procurar a boneca, que a garota chamava de Catarina. Infelizmente, por mais que procurassem, não conseguiram encontrar, o que deixou a pequena abalada.

Na volta para casa, passou o braço ao redor de Katelyn, que aninhou-se a ela, e mantiveram-se assim durante todo o caminho, em silêncio completo exceto pelos soluços baixos da garotinha.

Elena

Quando chegaram em casa, sua mãe e Lilly já estavam lá. Ao ver a filha descer do carro, Luce imediatamente foi ao seu encontro. Seu rosto estava franzido de irritação, as elegantes sobrancelhas em forma de arco quase se encontrando sobre seus olhos. Olhos estes que praticamente soltavam raios na direção de sua única filha.

— Onde esteve? — Ela inquiriu severamente.

— Só fui dar uma volta, mãe. Credo, relaxa!

Katelyn desceu do carro. Já parara de chorar, mas ainda parecia acabrunhada. Lilly foi ao encontro da pequena, erguendo-a no colo e beijando-lhe as duas bochechas várias vezes.

— O que aconteceu, pequena? — Ela perguntou.

Pela primeira vez, Elena notou que a ruiva tinha um sotaque doce, exótico, algo completamente diferente do rude sotaque texano. Parecia algo saído de um livro, de uma outra época.

— Perdi a boneca que minha mãe me deu.

Luce imediatamente pareceu perceber as coisas, e lançou um olhar surpreso à filha, sem acreditar que ela tinha levado a garota à cidade apenas para procurar uma boneca.

— Mãe, lembra daquela coleção que eu tinha quando era pequena? A senhora guardou algumas?

— Sim, meu bem. Devem estar no sótão junto com as outras coisas que trouxemos.

— Ok, vou lá procurar.

Elena disparou para dentro sem dizer mais nada, deixando todos surpresos.

Katelyn

Elena não aparecera durante o almoço, e Katelyn mal conseguiu comer. Estava furiosa com Jake, e consigo mesma também, por ter esquecido sua Catarina.

Depois do almoço, subiu para seu quarto e se jogou na cama, acabrunhada. Elena apareceu na porta logo depois. Tinha as mãos atrás das costas e um sorriso travesso no rosto, como se escondesse alguma coisa.

— Oi, Kate. — Ela disse. — Tenho uma surpresa pra você.

— Não quero. — A menina resmungou, emburrada.

— Ah, é? Nem essa aqui?

Elena endireitou a postura, exibindo uma bonita boneca de porcelana. Tinha cabelos cacheados e longos, de um bonito tom de cobre, e olhos muito azuis. Usava um vestido de babados também azul.

— Que legal! — Katelyn exclamou, pulando de pé e aceitando a boneca. — Obrigada, Lena!

— Disponha, princesinha. — A morena sorriu. — Eu tenho várias guardadas, pode brincar com elas quando quiser. E essa pode ficar com você para te fazer companhia.

A última coisa que Elena viu antes de sair do quarto foi a pequena Kate abraçando ternamente sua nova boneca.

A morena desceu para a cozinha e encontrou Lilly lavando a louça. Olhou em volta, ainda surpresa com o lugar. Era maior do que parecia, claro e arejado, com flores de lavanda plantadas sob uma janela. Havia ramos da planta também num vaso sobre a mesa, espalhando um cheiro agradável pelo local.

— Até que enfim. — A ruiva sorriu, arrancando-a de seu devaneio. —Guardei seu almoço no micro-ondas. Quer que eu esquente para você?

Elena

— Não precisa, Lilly, eu mesma faço isso. Se você não se importar, é claro.

— Nem um pouco. A propósito ... Foi muito legal o que você fez pela Katelyn. — Elena apenas deu de ombros em resposta, o que fez a ruiva bufar em contrariedade. — Ah, pare com isso! Não finja insensibilidade quando ambas sabemos que isso é mentira. Você é uma boa pessoa, Elena, mesmo que tente encobrir com rebeldia.

Elena ficou parada por um momento, estarrecida, imaginando sobre como Lilly podia saber tanto sobre ela. Parecia que aquela mulher a conhecia a vida toda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando o Amor Acontece" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.