Quando o Amor Acontece escrita por Benihime


Capítulo 15
Elena, Mikaela, Luce e Wolfgang




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Elena

Ela passara o dia inteiro deitada, encarando o teto sem se mexer, pensando. Ainda achava difícil acreditar que Melissa era sua irmã. Recapitulava incessantemente o rosto da garota, as palavras ditas, tentando encontrar alguma semelhança entre ambas, mas nada lhe vinha. Simplesmente não conseguia encontrar nada que as ligasse.

Assim que pensou nisso, mudou de ideia, relembrando os rostos quase idênticos de ambas, diferenciados pelas cores dos cabelos. Podiam se passar por gêmeas ...

— Elena, querida, o almoço está pronto. — Lilly chamou. — Você vem? Fiz aquela lasanha que você gosta.

— Hoje não, Lilly.

A ruiva não insistiu. Depois disso, o tempo tornou-se indefinido. Elena tinha vaga consciência dos raios de sol formando padrões estranhos no teto à medida que o dia passava. Também tinha uma vaga lembrança de Jake na porta, dizendo-lhe algo, mas não se lembrava do que fora dito. Só despertou do estupor quando seu celular tocou.

A jovem atendeu automaticamente, sem sequer um relance para a pequena tela.

— Elena, meu bem! — A voz animada de Mikaela soou do outro lado da linha.

— Ah, oi, Mike. Como estão as coisas?

— Ótimas. Na verdade, estou ligando pra te convidar pra uma festa. Rola ou não rola?

A menina sentou-se, já mais animada. Uma distração era exatamente do que precisava.

— Rola, com certeza!

— Beleza. Estou indo aí. Coloque alguma coisa bonita, mas confortável. Não é uma festa muito chique.

— Tá, até depois.

— Até depois, Leninha!

Elena pulou da cama e foi se arrumar. Em dez minutos já estava pronta, exatamente na hora em que Mikaela bateu na porta.

— Eu abro! — A morena gritou, correndo escada abaixo a toda velocidade.

— Oi, morena. — Mikaela disse assim que a porta foi aberta. — Está bonita. Pronta?

— Claro. Vamos.

— Não vai avisar ninguém?

— Não. Hoje não.

— Então vamos logo.

As duas deram as mãos e saíram correndo a toda, na velocidade dos lobos.

Mikaela

Já era noite alta, madrugada mesmo, quando a festa terminou. Elena estava meio bêbada, sorridente e animada. Era bom ver que ela tinha conseguido esquecer o que quer que a estivesse incomodando.

— Ei, Elena, quer companhia até em casa?

— Não, valeu. Pedi ao Jake pra me esperar no meio do caminho.

Mikaela sentiu que era uma mentira, ou pelo menos não completamente verdade, mas decidiu não insistir. Intuiu que Elena precisava de um tempo sozinha para espairecer. Despediram-se com beijos no rosto e Elena foi caminhando para casa.

Elena

A noite estava agradável, perfeita para uma caminhada. Elena andava lentamente, apreciando cada passo, pensando ...

De repente, ouviu algo atrás de si. Virou-se de um pulo e viu um enorme lobo cinzento, rosnando e exibindo os caninos afiados. Deu um passo cuidadoso para trás, tentando escapar.

O lobo saltou. Elena caiu, sentiu uma dor na cabeça e depois não viu mais nada. Tudo virou somente escuridão.

Luce

Luce não conseguia dormir. Elena dissera rapidamente que sairia com Mikaela, mas não dissera mais nada. Luce ainda estava preocupada.

A mulher morena conferiu o relógio mais uma vez. Três da manhã, e nada de sua filha. Levantou-se e foi caminhar pela casa, andando o mais silenciosamente que podia.

Seu coração não se aquietava, e sua intuição lhe dizia que algo estava errado.

Wolfgang

Ele estava olhando a lua brilhar no céu, perdido em pensamentos, quando seu telefone tocou.

— Alô?

— Olá, Wolfgang. — A voz do outro lado da linha era cruel, familiar e odiada.

— Seth. — Wolfgang rosnou. — O que você quer?

— Ora, Wolfgang, eu seria um pouco mais gentil com o homem que está com a minha filha. Não quer que sua preciosa garotinha se machuque, não é?

Wolfgang sentiu a raiva queimar no peito. Teve vontade de se transformar e ir atrás de seu inimigo, rasgá-lo em pedaços com seus dentes.

— Não encoste nela, seu bastardo! — O homenzarrão berrou. — Eu juro, se ousar machucá-la ...

— Vai fazer o que, Wolfgang? Me atacar?

Seth riu. As duas alcateias sempre tiveram um relacionamento tenso, com muitas brigas, mas nada além de escaramuças isoladas. Um ataque geral era algo que nenhum dos líderes, por mais que se odiassem, ousara fazer até então. Um ataque geral significaria um banho de sangue.

— Espere para ver, maldito. — Wolfgang respondeu, e encerrou a chamada.

Imediatamente ligou para outra pessoa, aquela que sabia que poderia ajudá-lo.

Luce

Inquieta, discou o número que agora já lhe era familiar. Wolfgang atendeu no primeiro toque.

— O que foi, Luce? — Ele inquiriu.

— Estou preocupada com Elena. Ela sumiu.

— Não se preocupe, Luce, já reuni a alcateia. Vamos encontrá-la antes do amanhecer. Confie em mim.

— Você sabe que confio, apesar de tudo. — A morena suspirou pesadamente. — E ... Obrigada, Wolfgang.

— É o mínimo que posso fazer. — Foi a resposta. — Ela é minha filha também.

Wolfgang

Desligou e voltou-se para a alcateia. Mikaela avançou um passo, ávida pelas ordens de seu alfa.

— Lembrem-se, é apenas uma missão de resgate. Sejam discretos, e não poupem aqueles que se opuserem. — Ele ordenou. — Agora vamos!

Ele foi o primeiro a mudar de forma, seguido por Mikaela.

Elena

A sala era escura, tão escura que ela não conseguia ver nada. Sentiu alguém perto dela. Pelo cheiro delicado, floral, tinha certeza de que era uma mulher.

— Quem está aí? — Perguntou em voz baixa.

— Calma, Eleninha, não vou fazer nada.

Elena reconheceu a voz de Melissa e seu corpo imediatamente enrijeceu, cada músculo tenso em alarme.

— O que você quer, garota? — A morena rosnou.

Sentiu Melissa abaixar-se ao seu lado, tão perto que as duas quase se tocavam.

— Uma chance. — A loira respondeu, abrindo as correntes que prendiam a irmã.

—Obrigada. — Elena disse, embora ainda tivesse suas dúvidas.

Melissa estendeu uma das mãos, ao que a jovem aceitou. Tonta como estava, não teria conseguido se levantar sem ajuda.

— Lembre-se disso depois, irmã. — Melissa disse. — Agora vá. O caminho está limpo.

Elena não pensou duas vezes. Silenciosamente, saiu da sala e deu em um corredor. Viu que ainda era noite. Deviam ser umas quatro e pouca da manhã, quase amanhecendo.

De repente um lobo apareceu à sua frente. Ela sentiu medo por um momento, mas então, olhando bem nos olhos do lobo, reconheceu aqueles olhos escuros e inteligentes. Havia neles preocupação, mas também empolgação com a perspectiva de uma briga iminente, e também um certo grau de malícia. Não havia como não reconhecer aquela expressão.

— Pai? — O enorme lobo castanho-escuro assentiu em resposta, o que fez Elena sorrir. — Obrigada por vir me buscar. Mas eu teria dado um jeito.

O lobo revirou os olhos e a cutucou suavemente com o focinho, indicando que deveriam ir. Ela obedeceu, seguindo o pai pelos corredores. Logo, estavam fora daquele lugar.

Lá, mais uns doze lobos esperavam. Ao vê-los, um lobo que parecia ter reflexos roxos no pelo saltou à frente. Elena reconheceu aquela atitude, que para ela já era inconfundível.

— Oi, Mike.

Mikaela aproximou-se da amiga e cutucou-a carinhosamente com o focinho. Elena sorriu, acariciando levemente o pelo da melhor amiga. Outro lobo, este castanho-avermelhado, adiantou-se aos outros. Mais uma vez, os enormes olhos castanhos eram inconfundíveis, mesmo naquele rosto lupino.

— Oi, Jake.

O lobo abriu a boca, deixando à mostra as presas afiadas. Elena assustou-se por um segundo, até notar na língua que pendia de um lado do focinho, num sorriso tipicamente canino, o que a fez rir.

Os três lobos, Wolfgang, Jake e Mikaela, cerraram fileira ao seu redor. Escoltada por eles, a jovem morena voltou para casa.

Luce

Ao ver a filha sã e salva, não conteve seu alívio e desceu correndo os degraus da varanda para encontrá-la. Só não a abraçou porque sabia que Elena não gostaria que o fizesse.

— Elena! — Ela exclamou. — Graças a Deus!

— Deus não, mãe. — Elena corrigiu. — Graças ao papai, e a Melissa. Ah, e esses dois idiotas aqui também.

— Melissa? — Luce repetiu, incrédula.

Elena assentiu e, para sua surpresa, deu na mãe um beijo no rosto.

—Vá dormir, mamãe. — A jovem morena disse carinhosamente. — Prometo que conto tudo mais tarde.

Luce cedeu, surpresa com a atitude da filha. 

Elena

Ela viu a mãe entrar em casa, curvada sob o peso de mais uma de suas muitas noites insones. Virou-se para os três lobos que a escoltaram.

— Obrigada de verdade, a todos vocês.

Mikaela assentiu, aproximou-se e esfregou carinhosamente o focinho no rosto da amiga, o que fez Elena sorrir. Wolfgang apenas assentiu, olhando intensamente para a filha antes de partir.

Somente Elena e Jake ficaram, parados sob primeiras luzes da manhã. Quando a jovem virou-se para Jake, recebeu uma lambida colossal, do queixo ao couro cabeludo.

— Jake! Que nojo! — Ela repreendeu, rindo e dando um tapa no ombro musculoso do lobo.

De repente, sem que se desse conta do momento da transformação, a risada rouca de Jake se fez ouvir.

— Devia ter visto a sua cara! — Ele provocou, os olhos cintilando de pura malícia. — Foi demais, Miss Seattle.

— Seu idiota. — Elena resmungou. — Vou tomar um banho, já que alguém me sujou toda.

— Você mereceu, por ter sido uma idiota e saído sem me dizer onde ia.

Elena parou no segundo degrau da escada da varanda e virou-se para Jake.

— Tem razão. — Admitiu. — Fui mesmo imprudente. Me desculpe.

— Está tudo bem. — Ele garantiu. — Tudo acabou bem, então não importa mais. Só me prometa nunca mais fazer isso de novo.

Ela sorriu, e o rapaz retribuiu o gesto. Num impulso, a jovem correu para seu namorado e o abraçou com força. Jake retribuiu, e ela sentiu o medo que sentira durante a noite evaporar na segurança daqueles braços fortes.

— Ainda não acabou, Jake. — A menina sussurrou. — Vai ficar pior.

— Eu vou te proteger, Elena. — Ele garantiu. — Custe o que custar.


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