ANNIE

– O que raios você está levando nessa mala? Jesus, Hanna. Vamos ficar fora por apenas três dias.

– Apenas regatas, casacos, shorts, calças, sutiãs, calcinhas, biquínis, saltos, tênis, sandálias, chinelos, cintos e meias. Só isso. - Ela respondeu toda ingenua. Como se fosse completamente natural levar tudo aquilo para a praia.

– Barberini, vamos para uma casa de praia na praia. - falei lentamente como se Hanna você uma criança - Você não leva casacos, meias e saltos para a praia.

Depois de semanas me perturbando, Hanna conseguira me convencer a sair de casa. Ela tinha comentado com Pitter sobre meu estado de espirito e ele ofereceu a casa de praia dos seus pais para passarmos o fim de semana em harmonia.

Eu, Pitter, Hanna e Jhony em harmonia. Haha.

Peguei minha pequena mala (três vezes menor que a de Hanna) e a levei para a sala. Os meninos chegariam a qualquer momento.

– E se fazer frio? Você sabe que esse pais é bipolar. Hoje está sol e amanhã está caindo canivetes. - Hanna surgiu na sala, com a mala um pouco mais vazia.

– Hanna, pela milésima vez: Não. Vai. Fazer. Frio.

– Quem disse aquela coisa com quatro letras pode bater na boca agora. - Jhony, o intruso, abriu a porta como se a casa fosse dele. Pitter logo atrás.

– Eu ia bater, Annie. - Ele encolheu os ombros, percebendo meu olhar mortal.

– Está tudo pronto? - Jhony perguntou.

– Não. Ainda preciso pegar minha escova de dente, meu carregador e te dar um tapa por ser tão sem educação. Ai sim estamos prontos. - Sorri ingenua.

Pitter bufou para nós dois, puxou a mala de Hanna em uma mão e entrelaçou seus dedos com os de minha amiga em outra.

– Andem logo! - Gritou Hanna.

– Então? - Olhei para Jhony sugestivamente. - Vai levar minha mala até o carro ou o que?

– Ou o que. - Ele se aproximou de mim e me colocou em seus ombros tão rapidamente que nem tive tempo de agir.

– ME LARGA AGORA, SEU BRUTO! - Gritei, me debatendo em suas costas.

– Você ainda não me viu bruto. - Ele disse com uma pontada de malicia. Pegou minha mala e me levou para fora, ignorando meus socos.

– PERVERTIDO! Você vai me machucar!

– Eu estou tão bruto assim, Annie? Prometo que vou devagar agora. - Ok, agora ele estava abusando de sua maliciosidade.

– Comece com suas piadinhas perversas que eu chuto suas bolas!

Ele riu contagiosamente, me levando para a garagem. Isso só aumentou minha vontade de soca-lo.

– Gente, me tirem daqui! - Choraminguei dramaticamente para Pitter e Hanna quando Jhony chegou na garagem comigo em seus ombros. Eles apenas riram.

– Maldade, Jhony. Você meio que bagunçou toda. - Pitter falou, ainda rindo. - E eu me refiro a mala, é claro. - ele acrescentou.

– Pitt, seu filho da puta! Me ajuda! - Controlei a vontade de rir. Não queria mostrar a Jhony que estava me divertindo com isso.

– Oh, vem aqui, coitadinha dela... - Pitter se aproximou, mas ao invés de me ajudar, pegou a mala na mão de Jhony e começou a acaricia-la, zombando de mim. Hanna estava encostada no carro, vermelha de tanto rir.

Ainda me debatia contra Jhony. Meu cabelo claramente bagunçado, meu rosto contra suas costas e minhas mãos o socando. Deus, ainda bem que não estava de vestido. Mas mesmo estando com um shorts considerável, é claro que Jhony não iria perder a oportunidade de me apalpar. Afinal, ele era Jhony, mesmo sendo nerd ele ainda era um garoto. Ele levantou sua mão (a que não estava me segundo) e me deu um tapa na bunda. Soltei um grito de dor.

– Tire sua mão dai agora! Você me paga, seu pervertido do caralho!

Ele finalmente desistiu e me colocou para baixo, me dando mais um tapa enquanto deslizava sobre seu peito (que devo admitir que eram bem... uh... saudáveis).

Fui direto para o carro, batendo a porta com violência só para mostrar que estava puta. Os três ainda riam com minha divertida humilhação do lado de fora. Aproveitei que eles estavam distraídos para soltar um risinho. Mas mesmo entrando no clima "diversão", eu ainda pensava no que eu fazer para me vingar.

Mas pensando bem agradecia a Deus por ter aquela conversa com Jhony, mesmo não demostrando, eu adorava a companhia dele.

Os três finalmente pararam de rir e entraram no carro, secando as lágrimas. Pitter, que adorava dirigir foi para o volante, Hanna que adorava ver Pitt no volante ficou na frente também e Jhony, que adorava me irritar, foi para o banco de trás.

– Ah não, Pitt! De novo não! - Reclamei, enquanto ele saia do condomínio.

– Você sabe que tem escolhas. Ou ai atrás com Jhony, ou no porta-malas com a malinha da Han. - Pitt sorriu pelo retrovisor. Mostrei o dedo para ele o mais graciosamente possível.

– Você anda muito pateta ultimamente, Pitt. Você está pedindo para apanhar, amigo.

Hanna me lançou um olhar de falsa desaprovação. Eu sabia que ela estava se divertindo.

– Está avisado, Hanna. Se ele não parar com isso eu vou chutar suas bolas tão forte que vocês não irão conseguir fazer nada nesse fim de semana. - Adverti.

Hanna me olhou boquiaberta enquanto Jhony explodia em gargalhadas ao meu lado. Pitter apenas dirigia naturalmente.

– E o conselho também serve para você, Jhony. - Bati em seus ombros de forma compreensível. Na verdade só queria sentir seus músculos mesmo. Ele parou de rir e me deu um olhar malicioso.

– Você está querendo dizer que se eu não parar de ter zoar nós não vamos conseguir "fazer nada neste fim de semana"? Tudo bem, eu paro agora mesmo. Vou fazer tantas coisas com você neste fim de semana que você nem vai conseguir andar, Annie.

Hanna olhou para Jhony mais horrorizada ainda. Ele e Pitter trocaram aquele olhar de homem-para-homem pelo espelhinho. Entrei na brincadeira:

– Pelo amor de Deus, Jhony. Não precisa dizer para todos o que vamos "fazer neste fim de semana". - Ele me olhou de relance para ver se eu estava falando sério.

– Você está preocupada com o fato de todo mundo saber o que vamos "fazer neste fim de semana" ou porque eu disse que vou te deixar praticamente lesada? - Jhony perguntou, também entrando na brincadeira. Vi que Pitter segurava uma risada.

– Desculpe, mas as coisas que vamos "fazer nesse fim de semana" será com o que? Porque não estou tão confiante assim em sua capacidade de deixar alguém lesado.

Dessa vez Pitter nem se deu o trabalho de reprimir a risada. Jhony me olhou como se eu o tivesse insultado, mas não se abalou:

– Annie, Annie. - Ele cantarolou. - Nunca diga isso à um homem. Eu poderia fazer Pitter parar este carro para te mostrar as coisas que vamos "fazer neste fim de semana" agora mesmo.

–JHONATAN! - Hanna o repreendeu, ainda atonita.

– O que foi? Ela está duvidando de mim, aqui! - Ele se defendeu. - Você ouviu isso, Pitt? Ela está duvidando de mim! - Ele lançou outro olhar para Pitter.

– Você não podia dizer isso Annie. - Ele balançou a cabeça me lançando um olhar de falsa desaprovação.

– Me desculpe, Jhony querido, por ferir sua masculinidade assim. - Toquei em meu coração fingindo arrependimento. Jhony seguiu minhas mãos, seu olhar em meus seios.

– Não. Eu não te perdoo. Você sabe mais do que ninguém que eu posso te engravidar com um espirro.

– Que horror! - Hanna disse, incapaz de conter a risada.

Minutos depois estava todo mundo rindo, inacreditavelmente em harmonia.