Em 2007 eu terminei a oitava série, na minha escola só tinha ensino fundamental, eu teria que arranjar outro lugar pra estudar, quando meu pai me matriculou em uma escola maior no centro da cidade, era um saco mas eu tinha que pegar ônibus todos os dias, mas enfim, era preciso.

Primeiro dia de aula na porta, passes de ônibus comprados, carteirinha feita, material na mão, a tormenta começava. Eu sempre fui um bom aluno, sempre, nunca fiquei de recuperação, passei direto em tudo, eu era foda. Eu sou ainda.

Nunca me acostumei a ver uma prova de Max Amorim com nota menos que sete, e olhe lá, só chegava a sete quando decaía muito.

Mas eu era o cara que sempre fazia todo mundo rir, sempre fiz, conciliava estudos com humor, era o humor que me movia, e move até hoje, quando eu não conseguir mais fazer as pessoas rirem, me mate por favor.

Chegando na nova escola, foi foda eu achar minha sala, aquilo era enorme comparado a minha outra escola, enfim, havia duas amigas minhas que estudavam comigo que me acompanharam na mudança uma delas mudou de horário. Quando finalmente, após perguntar para duas professoras que vagavam aleatoriamente, descobri que estudaria na 105, coloquei meu material na última carteira e ali fiquei, conversando com uma das minhas amigas que ficou na mesma sala que eu.

Eu não tinha muito o que falar, não conhecia ninguém, tinha umas duas emos que me davam oi e tchau sempre, mas nada de mais, aí eu comecei a me enturmar, depois de umas semanas com o Júlio, um cearense cabeça chata, com o qual hoje não vivo sem, e o Natan e o Maicon, um mais feio que o outro.

Júlio era bem amigo da Lilian uma das emos (eu exagerava quando chamava ela de emo, ela nem era tanto), ela era bonita mano, eu conversei um pouco com ela, ela era estranha, e meio tola pra mim.

Aí o Johnny se mudou pra lá, ele já morou no país inteiro, e foi parar na minha cidade, era um cara alto, muito alto, tinha que se abaixar para passar na porta, puxava os Erres e usava óculos, como eu.

As duas meninas foram falar com Johnny e me chamaram, por que ele gostava de umas bandas que eu também gosto (diferente do cearense, que gosta de TODAS as bandas que eu gosto), a gente conversou um pouco e depois fui ao meu lugar de costume.

Era muito chato aquilo, eu passava a maior parte do tempo calado, ainda não me sentia a vontade pra fazer minhas piadas, isso não é crime, é?

No meu caminho para o terminal rodoviário de todo dia, percebi que uma das emos a Lílian, que era a mais bonita (ela uma bunda linda), fazia o mesmo caminho para ir pra casa dela, ela percebeu a minha presença um dia e veio falar comigo. Não que eu tenha dado muita bola, ela parecia chata, como eu disse.

Alguns dias se passaram e pouco mudou, eu gostava do Júlio, do Natan, do Maicon, do Johnny, só o que mudava era minha opinião em relação a Liliam, ela até que parecia legalzinha, começamos a conversar mais, nós realmente não tinhamos nada em comum. Mas e daí? Amigos tem que ser iguais?