O leão

Por que estou sozinho

Nesta sala fria e escura?

Sem calor, sem luz solar,

Arrancaram-me do meu lar.

Qual foi o meu crime?

Meu coração bater e vibrar?

É o motivo do cárcere,

Eis esta a minha punição?

Olho meu reflexo na agua

As sobras de um leão

Que nunca mais irá rugir,

Nunca mais irá sentir.

O sabor doce da liberdade

O som singelo do vento

A chuva caindo fina, singular,

Minhas patas tocando o mar.

Tudo isso eu já perdi.

Algumas até mesmo quase esqueci,

Minhas memorias, doces maravilhosas lembranças.

Destruídas, atravessadas por lanças.

O que me restou apenas

Foi dor, insuportável, fria devastadora,

E um sentimento, uma crença

De conquistar o que perdi a esperança.