Partners in Disguise escrita por Jojo Almeida


Capítulo 3
Jaguars


Notas iniciais do capítulo

Olás!
Meia noite e quarenta de uma quarta-feira, e eu postando capitulo. Expressem seu amor e gratidão, por favor.
Hahahah!
Bom, esse é o que eu tinha em mente para o tamanho padrão de capitulos de PinD! Bem grande, eu sei. Espero que vocês gostem assim. Infelizmente, essa fic não ia funcionar com capitulos menores.
Um obrigada especial aos 10 reviews dos últimos dois capítulos, e aos 16 leitores acompanhando a fic! Por favor, deem sinal de vida, amo ler o que vocês me mandam - e agora estou sendo uma autora linda perfeita maravilhosa, respondo direitinho.
Aproveitem o capitulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485407/chapter/3

– O que vocês acham que estão fazendo aqui?

Travis se revirou, sem abrir os olhos. Não. Não, não, não. Não era hora de acordar ainda. Ele estava cansado demais, sua mente não funcionava direito. Então pra que essa voz perguntando coisas que ele não queria responder? Pra que essa claridade? Pra que esse barulho estranho? Não sabia. Tampouco ligava.

– Hey! – a voz chamou impaciente.

Ele praguejou e abriu os olhos, sendo imediatamente cegado pelo sol. Levantou a mão por reflexo, os movimentos retardados. Quando suas pupilas finalmente resolveram deixar de besteira e dilatar de uma vez por todas, percebeu que estava com a cara praticamente enfiada na grama. Abraçando seu tronco, com a cabeça delicadamente repousada em sua barriga, estava Katie. O cheiro gostoso de frutas silvestres dela impregnava as suas narinas, e aquela posição era quase confortável (tirando, é claro, a terra dura e a grama grudenta).

Olhou para cima, encontrando um homem de meia idade em um uniforme de zelador que o encarava irritado.

– Hey, garoto – o zelador repetiu, estalando os dedos na frente do rosto dele. Travis teve que resistir fortemente o impulso de dar um soco nele. – Eu vou perguntar mais uma vez. O que vocês acham que estão fazendo aqui?

A noite anterior voltou calmamente a sua memória. Coal Hill. Treinar. Campo de Futebol. Cansaço. Muito cansaço. Certo. Ele e Kay deviam ter pegado no sono em algum momento. Isso explicava bem o motivo de estarem deitados na grama ao lado da arquibancada, entrelaçados de um jeito tanto quanto constrangedor.

Katie se mexeu, levantando a cabeça para Travis com os olhos apertados. Ela pareceu registrar a cena por um segundo, antes de se afastar dele num pulo, corando violentamente. Ela se sentou na grama e arrumou a camiseta, passando a mão no ombro.

– É que... Érhn... – Travis tentou enrolar, não conseguindo formular uma mentira tão rápido quanto desejava. Estava com sono demais até para mentir.

O zelador olhou um e então o outro, várias vezes. Em seguida, balançou a cabeça, cansado, e disse quase que como uma praga:

– Esquece. Eu não quero nem saber. Se me perguntarem, eu não sei de nada disso. Só saiam da minha grama e me deixem em paz.

Os dois se levantaram trôpegos. Travis sentia pequenas pontadas de dor em seu braço direito. Ele pegou o notebook que estava largado no chão ao lado deles, amaldiçoando mentalmente o seu eu do passado por ter tomado decisões tão ruins a respeito daquele treino noturno. Katie murmurou várias desculpas para o zelador, em frases desconexas que não faziam muito sentido. Com um último olhar de censura, o homem se afastou sem dizer mais nada.

Katie bufou, um pouco irritada pelo gesto. Olhou para os lados e franziu o cenho, se espreguiçando. Seu cabelo estava completamente embaraçado, em nós rebeldes que desafiavam os limites da gravidade.

– Quanto tempo a gente dormiu? – perguntou.

– Pouco tempo. – Travis disse passando a mão pelos olhos. – Muito pouco tempo.

– Ideia idiota. Não acredito que... – Katie resmungou abaixando um pouco mais sua voz a cada palavra até ser inaudível.

– Saí dessa, Gardner. – Travis revirou os olhos. Katie parou de resmungar para encara-lo indignada. – Você sabe que foi uma boa ideia. E sabe o que mais você sabe? Fazer um Standing Hand Spring Double Back Tuck Standing Hand Spring.

– Babaca – Kay sibilou entre dentes, dando as costas para ele e andando na direção em que acreditava estarem os dormitórios femininos.

– De nada! – Stoll gritou atrás dela. Quase que dava pra sentir o sorriso convencido dele em seu tom de voz. – Passo no seu quarto em dez minutos!

Katie revirou os olhos.

Travis atrasou quase vinte minutos.

Não que Kay estivesse reclamando. O atraso dele foi muito importuno, aliás. Ele bateu na porta no exato momento em que ela terminava de arrumar de os cadernos e o estojo na bolsa preta, tendo que lutar um pouco contra o zíper. Katie deu uma última olhada para o quarto, os olhos demorando na cama mais próxima à janela. A colcha roxa gritante estava ligeiramente amassada, como se tivesse sido arrumada com muita pressa, indicando que alguém estivera ali desde a noite anterior. Mas o quarto estava vazio, e o mistério de sua colega de quarto perdurava.

– Você vai usar isso? – ele perguntou enquanto ela trancava a porta do quarto, levantando uma sobrancelha.

– Vou. – Katie franziu o cenho, olhando para a roupa que tinha escolhido. Era uma calça jeans escura rasgada e uma regata verde extremamente cavada, que deixava a mostra as laterais do sutiã preto que usava. Jaqueta, e saltos pretos (porque aparentemente ela não tinha nenhum sapato que não acrescentasse pelo menos 5 cm a sua altura). – Nós não vamos ter que pegar os uniformes de todo jeito?

– Se você diz.

Desafiando os limites da lógica, A srta. Roz parecia ainda mais rabugenta pela manhã. Ela entregou uma sacola com roupas para cada, e fez um longo discurso sobre a integridade de Coal Hill no qual nem ela própria parecia acreditar. Também forneceu gentilmente os horários de Katie e Travis.

– Hey, olha isso. – Katie disse quando eles saíram da secretaria, mostrando o papel amarelo para Travis. – Eu tenho treinos de líder de torcida todos os dias.

– Eu também tenho treinos todos os dias. – ele imitou a ênfase que ela havia dado, com uma careta.

– Deuses. – Kay murmurou sem parecer prestar muita atenção nele. – Cada treino é de duas horas. Duas. Horas.

– Wow – Travis comentou impressionado, levantando as sobrancelhas. – O time de futebol só treina durante uma hora e meia.

– Não achei que essa coisa era tão séria assim.

Sob os olhares atentos e hostis dos alunos, os dois se dirigiram aos banheiros do corredor do primeiro andar. Dentro da sacola, Katie encontrou diversas peças do uniforme. Acabou colocando uma saia, blusa polo branca de manga comprida e casaco de malha azul escuro. A saia era xadrez e batia quase em seu joelho, desconfortavelmente longa. A blusa estava meio amassada, e pinicava. Mas ao menos o casaco era macio e quentinho, quase um consolo. Todas as peças tinham o brasão da escola bordado.

Quando saiu do banheiro, Travis já a esperava do lado de fora. Ela emitiu um barulho extremamente esquisito, ao tentar conter o riso.

– Que quê foi? – Travis perguntou mal humorado. Ele parecia um estranho no uniforme, com uma calça caqui e gravata torta. Seria o equivalente de colocar um motoqueiro nas roupas de um padre. Se Katie o conhecia bem, estava odiando até a última fibra daquilo.

– Nada. – ela disse rápido demais, mordendo os lábios para conter um sorriso. – Segura aqui? – pediu, entregando a sacola a ele e abrindo a bolsa na esperança de diminuir o volume estranho que suas roupas faziam. Atrás dela, alguém deu um gritinho muito fino.

Katie se virou devagarzinho, com medo do que encontraria. Uma garota ruiva com um sorriso enorme no rosto se aproximava dela, extremamente animada. Ela não usava o uniforme da escola, mas sim uma saia mais curta azul escura e amarela com uma camiseta apertada, um rabo bem alto completando o figurino. Líder de torcida. Katie sentiu um certo desanimo, já odiando-a quase que por instinto.

– Hey! – a garota sorriu um pouco mais, mesmo que isso parecesse fisicamente impossível. Travis precisou de muita força para não fazer uma careta. Que tipo de gente sorria daquele jeito de amanhã? – Você é a Katie Gardner, de Long Island? Certo?

Katie assentiu, causando um gritinho.

– Skyler! Mas eu prefiro Sky. – a ruiva se apresentou, abraçando-a sem aviso prévio. Katie cambaleou em busca de equilíbrio, surpresa. – Bem vinda ao squad!

– Bem vinda a o quê? – Katie repetiu confusa, sem entender.

Squad. – Skyler repetiu, mas Katie apenas franziu o cenho. - Esquadrão.... De líderes de torcida... Squad... - forçou, sem sucesso. – Sabe?

– Claro – Kay mentiu sorrindo educadamente, na esperança que fosse convincente o suficiente. Gírias. Gírias de líderes de torcida. Era tudo o que faltava.

– Eu sou a sua co-co-capitã – Skyler anunciou com orgulho, sem se deixar abater. Katie se perguntou se isso existia mesmo, ou se era alguma coisa que inventaram só para deixar a doce ruiva feliz. – E sua colega de quarto!

Até que ela condizia com alguém que compraria uma colcha roxa gritante como aqui.

– Muito prazer – Katie deu o melhor de seus típicos sorrisos gentis, abrindo uma pequena exceção no seu instinto de odiar toda e qualquer líder de torcida. Ao seu lado, Travis trocou o peso dos pés, impaciente.

– Porque você está usando isso?- Sky perguntou, indicando a saia do uniforme com desprezo. A filha de Demeter encolheu os ombros, encabulada. – Não te deram o nosso uniforme?

– Hã, deram sim. – ela respondeu, pegando a sacola na mão de Travis. – Mas eu achei que não era uma boa ideia – inventou rapidamente, sob o olhar duvidoso de sua co-co-capitã. – Já que eu não estou realmente realmente no squad, sabe? Nem fiz o teste ainda... não queria ofender ninguém.

Tsc. Claro que não. – Sky abanou a mão para ela, em descaso. –Que teste? – riu levemente. - Você era uma jaguar de Long Island. Isso te faz praticamente uma all star. Todo mundo sabe que vocês iam ganhar! Enfim, você tem que usar o nosso uniforme. Você é uma montain goat agora!

Katie olhou por cima do ombro para Travis como quem pede desculpas, ao ser puxada novamente para dentro do banheiro feminino.

– Quem é ele? – Sky perguntou, passando brilho labial com muita concentração.

Sentada em cima da bancada do banheiro de pernas cruzadas, ela parecia menos líder de torcida. Seu cabelo ruivo claro preso no rabo alto na verdade deixava algumas mechas escapar, desleixadamente – nada como os penteados extremamente apertados que Katie estava acostumada a ver. Além disso, não tinha exatamente o físico que essas garotas costumavam ter. Em vez de exageradamente magra e ossuda, Skyler era curvilínea. Tinha alguma coisa estranha nela, mas Kay não saberia dizer o que.

– Quem é quem? – a semideusa perguntou distraída, saindo da cabine em que estava. Encarou sua imagem no espelho criticamente, chegando a conclusão que parecia uma completa idiota com a minúscula saia azul e amarela de preguinhas.

– Quem é aquele lá fora que estava segurando sua sacola. – Sky esclareceu, revirando os olhos.

– Ah, ele. – Katie corou levemente, virando para se ver melhor no espelho. – Travis Stoll. Ele veio comigo de Long Island.

– Tanto faz o nome dele! – a outra sorriu maliciosamente. – Quem é ele pra você?

Katie riu baixinho, sem responder, com certa vergonha. Sky semicerrou os olhos para ela, como se finalmente entendesse.

– Seu namorado? – ela arriscou.

– Não, não. – Katie balançou a cabeça, incapaz de olhar nos olhos da ruiva. Ele não era seu namorado. Certo? Quer dizer, eles nunca tinham se chamado de namorados. Nunca tinham usado esse termo. – Ele não é meu namorado.

Skyler não pareceu acreditar.

– Então ele é seu o que?

Katie congelou. Travis não era seu namorado. Okay. Mas eles estavam juntos há um tempo, não é mesmo? Não juntos em todos os sentidos da palavra, nem mesmo juntos o tempo todo. Algumas semanas eles eram o mártir de um casal perfeito, outras passavam dias e dias brigando ou simplesmente se afastavam. Também não eram exatamente exclusivos. Katie sabia que ele andava dando umas escapadas com outras garotas do acampamento, essa vez ou aquela. Na semana anterior mesmo, ela tinha certeza que ele ficou com aquela filha de Apolo. Mas seria muita hipocrisia culpar apenas ele – ela própria andava fazendo a mesma coisa.

Travis não era seu namorado, e na semana anterior eles haviam brigado e se afastado. Travis não era seu namorado, e na semana anterior ele ficou com a garota de Apolo. Travis não era seu namorado... Não seria esse também um fato da semana anterior? Mesmo não sendo seu namorado, ele tinha a chamado para aquela missão. E isso era alguma coisa.

– Ele é meu... Érhm...- Katie enrolou, limpando a garganta. – Ele é meu Stoll. – decidiu por fim, extremamente satisfeita com a solução.

Skyler não entendeu o que ela quis dizer, mas preferiu deixar por isso mesmo. Não queria se intrometer.

– Você vai ficar de salto? – perguntou mudando de assunto. Katie olhou para os sapatos pretos desanimada e deu de ombros.

– Eu não tenho mais nada aqui comigo.

Skyler apontou timidamente para a sacola.

– Eles devem ter posto um par de assics. É o mínimo que poderiam fazer.

Kay deu uma olhada na sacola, decidindo não perguntar o que Hades assics seria. Acabou achando um par de tênis brancos no fundo. Não eram como tênis de corrida, mas certamente eram esportivos. Lembrava um pouco aqueles que usam pra jogar tênis, só que ligeiramente mais baixos.

– Woha. Nike. – Skyler comentou impressionada, franzindo o nariz. Katie olhou para o logo, finalmente entendendo que assics devia ser uma marca. Em seguida, imitou a outra e se sentou na bancada da pia, tirando os saltos pretos com certo esforço.

– Há quanto tempo você anima? – Skyler perguntou depois de um tempo, fazendo com que ela desse um pequeno pulo de susto.

– O que?

– Há quanto tempo você é líder de torcida? – Skyler insistiu, sem parecer irritada.

– Ahrn... Quatro anos. – Katie mentiu envergonhada, dando o tempo que estava no acampamento. Sentiu as bochechas ferverem e amaldiçoou a se mesma mentalmente. Porque tinha que ser tão difícil mentir? Porque ela não conseguia simplesmente abrir a boca e falar um monte de calúnias, que nem os filhos de Hermes faziam?

– Nossa! E você era das jaguars de Long Island? - Sky disse surpresa, franzindo o cenho. Katie aproveitou para amaldiçoar Quíron também. Quem eram as jaguars e por que Hades elas eram importantes? Seja lá o que ele falou para aquela escola, Katie estava começando a achar que nunca ia conseguir manter o status. – Você deve ser realmente muito boa! Quatro anos é pouquíssimo.

– Não é pra tanto – Katie passou a mão pelo cabelo, desviando os olhos para o chão. – Eu sempre fui a pior do Squad. – fez questão de usar a gíria.

– Não precisa ser modesta. – Skyler abanou a mão para ela. – A pior jaguar de Long Island ainda é dez vezes melhor que qualquer montain goad de Boston.

Katie sorriu gentilmente, sem saber o que dizer. Pulou da pia para o chão ao terminar de amarrar os cadarços do seu novo par de tênis brancos e se olhou criticamente no espelho. A saia das lideres de torcida era menos do que a metade da saia do uniforme. Combinação péssima para suas pernas de quem mede 1,73m. Além disso, era impressão sua ou aquela camiseta estava decotada demais? Suspirou, reconhecendo que não havia nada a fazer. Tinha que ser a líder de torcida e ponto.

Skyler também desceu da bancada, sorrindo para ela novamente.

– Vamos? – perguntou, colocando o brilho labial dentro da bolsa.

– Só uma coisa. – Katie pediu, se olhando no espelho novamente. Pegou o suéter azul escuro do uniforme na sacola, vestindo-o antes de finalmente sair do banheiro feminino.

Travis viu Katie desaparecer pela porta do banheiro, estupefato.

– Ah, sua... – resmungou irritado algumas palavras nada educadas, semicerrando os olhos para a superfície de madeira clara. Não dava para acreditar naquilo. Não foram nem cinco minutos anttes que Katie o largasse sozinho quando aquela missão supostamente devia ser dos dois.

Trocou o peso dos pés e olhou ao redor desconfortável. Alguns alunos o encaravam de um jeito meio estranho, pouco amigável. Um grupo de garotas passou rindo baixo e fofocando. Na sua mão esquerda, a sacola de plástico com o estúpido uniforme pesou. Não tinha nenhum lugar para ir, mas qualquer lugar era melhor do que ficar parado no meio do corredor em frente ao banheiro masculino.

Olhou para o cartão amarelo com os horários da aula, decidindo que talvez devesse já procurar sua sala. Ia ter que carregar a maldita sacola o dia inteiro. Afinal, era uma escola interna – e escolas internas não veem o menor sentido em ter armários quando os alunos dormem a menos de um quilometro de distância.

Subiu as escadas para o segundo andar calmamente, tentando gastar o maior tempo possível sem que parecesse um completo retardado. Andar devagar era quase excruciante para ele, como filho do deus das corridas e adolescente diagnosticado com TDAH, mas era preferível à ficar parado. Uniforme idiota, pensou, ao ver sua imagem refletida no vidro da janela das escadas. Achava que parecia algum mauricinho homossexual. De todas as escolas internas que estivera (e foram muitas, antes do acampamento), Coal Hill se superava no quesito uniforme ridículo.

Estava tão distraído pensando nos diversos motivos pelos quais Travis Stoll não tinha sido criado para usar uma gravata que nem olhou direito para onde ia.

– Desculpa. – Disse, ao trombar num garoto moreno levemente mais baixo que ele.

– Sem problemas, cara. – o garoto disse, dando de ombros. Tinhas olhos muito azuis, e pele bem clara. Azul como Hermes, Travis pensou. O amigo dele, um baixinho de cabelo em corte militar parou a seu lado, impaciente. – Hey, você que é o quaterback? O cara de Long Island?

– O próprio. – Travis concordou, levemente feliz por não ter que continuar andando lentamente e imaginando formas de matar o tempo. – Travis Stoll, você?

– Gus. – o garoto se apresentou, com um sorriso que certamente faria sucesso com as filhas de Afrodite. – Na verdade, é Gustav. Mas eu prefiro Gus.

– Cam. Cameron Dallas. – o mais baixo disse, seco. Travis sorriu para eles, tentando se fazer de bobo quanto ao fato que Cam obviamente queria sair correndo dali o mais rápido possível.

– Vocês também estão no time? – perguntou, puxando assunto.

– Defesa. – Gus disse simplesmente, apontando com o dedão primeiro para si depois para Cam, como se isso fosse uma palavra chave de fácil compreensão. Travis achou que ele talvez fosse bem forte, mas Cam certamente não tinha o perfil de um cara da defesa. Não era como aqueles que ele e Katie tinham visto nas fotos na noite anterior. – Tem certeza que você não é da equipe de basquete? – Gus perguntou brincalhão, mas franzindo o cenho.

Travis riu baixo, ciente de que não soava nervoso. Em compensação, sentia que ia vomitar a qualquer instante. Porque ele tinha que ser alto e esquio? Talvez estivesse na hora de começar a fazer algumas flexões nas aulas de esgrima do acampamento.

– Não, não. Quaterback mesmo.

– Yeah... Sinto muito pelos jaguars na última temporada. Vocês não chegaram nem à terceira chave. – Gus disse, parecendo muito solícito com a causa. Travis ficou levemente irritado. Quíron tinha dito que ele era de algum timezinho de quinta? Típico.

Travis encolheu os ombros, sem saber o que dizer.

– Azar. – decidiu. – Os caras daquele time eram uns idiotas.

– Tenho certeza que você vai gostar de Coal Hill, bla blá, montain goats, nós também nem chegamos na sexta chave, bla bla blá – Cam se intrometeu, irônico, agarrado o braço de Gus e arrastando-o para longe de Travis. – Te vemos no treino.

Quando Katie e Skyler chegaram na sala, já estavam todos sentados. Felizmente, o professor ainda não tinha começado a falar. Estava de costas, escrevendo no quadro. As duas conseguiram entrar e se sentar, sem chamar muita atenção.

Muita atenção. Pois Katie tinha certeza que algumas cabeças masculinas se voltaram na sua direção em quanto andava para o fundo da sala. Sky pegou um lugar próximo a janela, fazendo com que a única carteira restante fosse a da última fileira, atrás de Travis. Ela mandou o uniforme das lideres de torcida ao submundo pelo menos nove vezes, tentando se sentar com o mínimo de barulho possível. O suéter azul marinho cobria apenas os problemas superiores do modelito.

Mordeu o lábio inferior, forçando um pouco para ver o que estava no quadro (odiava ter que se sentar no fundo). Balanceamento de Equações para Reações de Justa Troca. Química. Não conseguiu segurar um pequeno sorriso. Viva a química.

– Então, continuando a matéria da última aula. – O professor disse, ajeitando os óculos de armação grossa no rosto e se virando para classe. Era bem jovem, talvez estivesse nos seus vinte e tantos ou trinta e poucos. – Nós vamos ver como fazer o balanceamento de Justa Troca. Vocês já sabem que-

– Qual é a da roupa? – Travis perguntou em voz baixa, inclinando a cabeça para trás. Katie revirou os olhos. Ela gosta de química. Até que gostaria de ouvir um pouco de química para variar, mesmo que já tivesse estudado balanceamento no mês anterior.

– Skyler disse que eu devia usar.

– A ruiva?

– É, Stoll, a ruiva. – Kay resmungou. – Agora pega um caderno e pelo menos finge que está fazendo alguma coisa.

Travis se virou para frente novamente. Katie pegou um dos cadernos e uma caneta em sua bolsa, copiando o que o professor tinha escrito no quadro. Ele tinha enchido a superfície branca completamente.

Já o Stoll pegou um caderno e seu estojo, mas, em vez de copiar a matéria como ela, começou a usar duas canetas parar batucar no canto da mesa, murmurando uma melodia baixinho.

We are all defenders of any pose ror professional pretender around...

– Dá pra parar? – Katie pediu, incomodada. Travis batucou por mais alguns instantes, mas acabou guardando as canetas. Ela tentou ignora-lo, se esforçando ao máximo para escrever tudo que o professor dizia.

– Você sabe que a gente não precisa estudar em quanto estiver aqui, né? – Stoll perguntou em voz muito baixa, se virando para trás novamente. Katie franziu o cenho, sem escutar.

– O que?

– Você sabe que a gente não tem que estudar, né?

– Abre a boca pra falar, não entendi nada.

– Você sabe que a gente não preci-

– Hey! Vocês dois aí do fundo! – o professor chamou, estalando os dedos, irritadiço. – Isso aqui não é Long Island não. Silêncio.

Katie corou, enterrado a cabeça no caderno novamente. Impossível. Ela não era o tipo de garota que os professores chamam a atenção na aula.

Travis rolou os olhos, sem ligar. Fez menção de abrir o caderno mesmo assim. Quem ele queria enganar? Mal escrevia alguma coisa quando estudar era obrigatório. E como Quíron disse que o foco era a missão, e os estudos apenas opcionais (Deuses, eles só iam ficar ali três semanas no máximo, de qualquer jeito), a probabilidade daquele caderno voltar para o acampamento com todas as páginas em branco era extremamente alta. Reencostou o corpo na cadeira, colocando todo o seu peso nos dois pés de trás e balançando distraidamente para frente e para trás.

A cada vez que a cadeira de Travis ia para trás, havia um pequeno choque com a mesa de Katie, seguido por um mini terremoto. Consequentemente, o caderno dela oscilava, fazendo com que riscasse o papel sem querer, e as canetas rolavam em direção à beirada. Ela tentou ignorar, focando na química.

– Di immortales! – Katie não aguentou mais após alguns minutos, segurando a cadeira dele com as duas mãos antes que ocorresse mais um choque. – Você não consegue ficar parado? Qual é o seu problema?

– Hiper-

– HÁ, nem venha me dizer hiperatividade, Stoll. Eu também tenho esse. – Katie o interrompeu irritada. – A única diferença é que eu não sou idiota.

– Obrigado pela parte que me toca. – Travis resmungou em resposta, irônico.

Por algum motivo inexplicável, Katie conseguiu aprender sobre balanceamento de NaCLOH durantes alguns minutos. Foi quando Travis colocou um pedaço de papel rasgado no canto superior esquerdo de sua mesa.

Ela franziu o cenho, pegando o papel.

– Que quinta série. – resmungou, ciente de que ele estava ouvindo.

Com uma caneta azul, Travis tinha escrito no seu habitual garrancho a palavra “Hermes” e uma seta para a esquerda. Katie acompanhou a seta, que apontava para um garoto de cabelo preto e pele clara, sentado ao seu lado. Era difícil dizer de perfil, mas ele parecia ter olhos bem azuis. Suas feições eram um pouco quadradas, nem um pouco parecidas com o jeito quase élfico que os filhos de Hermes costumam ter. Mas, bem, genética não é lá muito exata – nem mesmo a divina.

Katie virou o papel, escrevendo “quem é?” no lado em branco. Dobrou no meio, jogando por cima do ombro de Travis no colo dele. Quando ele colocou o papel na mesa dela novamente, tinha rabiscado “Gus – Time de futebol”. Ela escreveu “Talvez. Ficar amigo.” e jogou o papel novamente.

Não demorou muito para que o sinal tocasse. Olhando no papel amarelo, os dois descobriram que também tinham o próximo horário em comum: Literatura. A sala era logo no fim do corredor.

Dessa vez, Katie conseguiu pegar um lugar na quarta fileira. Travis até tentou sentar na carteira ao seu lado, mas ela o fuzilou com o olhar.

– Sem chance. – disse, rindo com escárnio.

– Stoll&Gardner cia? – Travis arriscou.

– Nem ouse, idiota - ameaçou, convincente o suficiente para que ele se limitasse a fazer uma careta e seguir para o fundo da sala.

Gus entrou na sala, falando alto com Cam e dois outros garotos. Da última carteira, Travis observou ele se sentar ao lado de Katie. No seu lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? E ai? E ai?
Gostaram da Sky? Algum pensamento sobre o Gus? Sobre o Cam?
Aula com um Stoll... que tal? Quem aguenta?
Baseado em fatos reais. Melhor dizendo, baseado completamente na aula com a peste do menino que senta na minha frente.
Só que ele não é o Travis.
E eu não sou a Katie.
E a gente não é Tratie.
Então basicamente é só um ódio mútuo bem amigável. Hahhaha!
Mas bem gente, também tenho uma notícia ruim: vou viajar durantes as próximas duas semanas. Isso quer dizer nada de atualizações em nenhuma fic minha, porque infelizmente eu não sou aquele tipo lindo de autora que deixa capítulos prontos com antecedência, eu realmente escrevo e vou postando. Bem né, não me odeiem.
Estou louca para ouvir de vocês nos reviews!
Beijinhos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Partners in Disguise" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.