Novelty escrita por IsaBones


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira fanfic sobre Jogos Vorazes de minha autoria. E a minha primeira depois de mais de um ano sem escrever nada. Senti necessidade de escrever sobre o começo da família de Peeta e Katniss e o resultado foi esse. Agradeço de coração a minha beta, que teve muita paciência comigo e essa fanfic.
Espero que gostem! :)



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O som do tique taque do relógio ecoando na sala silenciosa me deixa ainda mais impaciente. Respiro fundo, abaixando o livro que estava lendo e o apoio em minha barriga de nove meses de gestação. Olho para os meus pés repousados em uma grande almofada pela vigésima vez, eu presumo. Estou entediada e o fato de estar sentada no sofá há mais de uma hora não ajuda em nada, mas sei que se eu tentar me levantar para fazer qualquer coisa que não seja repousar, Peeta virá e fará com que eu me sente novamente, ou até mesmo me deite. Desde que o médico me proibiu de sair para caçar há alguns meses, eu tenho ficado mais tempo em casa. Eu costumava ir pra a padaria de Peeta às vezes, ou caminhar pelo distrito 12, ou até mesmo ir checar os gansos de Haymitch, apenas pelo fato de não suportar ficar parada. Porém, os meses passaram e minha barriga cresceu, me tornando mais pesada, afetando assim minha mobilidade. Sem contar com o inchaço nos pés, calor, fome e cansaço excessivos.

Dali em diante, Peeta decidiu que ficaria tomando conta de mim, para garantir que eu estivesse em repouso sempre e que eu não iria tentar ficar perambulando por aí. Ele também não iria diariamente para a padaria até que o bebê nascesse. E se houvesse alguma emergência que precisasse ser atendida, Greasy Sae concordou que o substituiria e ficaria comigo. Eu não tinha muitos argumentos contra isso, uma vez que eu agora pedia sua ajuda até para me levantar do sofá ou até mesmo para calçar minhas botas - isso quando eu as calçava. E embora eu odeie admitir, não sou mais tão jovem.

Peeta está na cozinha preparando o jantar junto com Greasy Sae. Após meu casamento, a velha senhora vinha apenas dois dias na semana para ajudar a limpar a casa e, de vez em quando, preparar as refeições. Com o anúncio de minha gravidez, Peeta lhe ofereceu dinheiro extra para dobrar o número de suas visitas. Preciso me levantar, pois minhas costas já estão doendo de ficar na mesma posição.

-Peeta! – chamo apenas uma vez, e em alguns instantes ele já está na sala.

-Precisa de algo, Katniss? – ele chega perto, para me checar de cima a baixo. Uma preocupação que, em alguns momentos, chega a ser irritante para mim.

-Sim. Eu quero levantar – faço uma careta enquanto firmo os pés no chão, tentando me levantar sozinha - sem sucesso-, e percebo que Peeta está contendo o riso. – Me ajude e pare de rir de mim.

-Desculpe – ele diz enquanto sua mão esquerda segura firme na minha e seu braço direito circunda minhas costas, fazendo-me levantar. Uma vez que estou de pé, me espreguiço. Em seguida, Peeta me dá um beijo rápido, apenas encostando seus lábios nos meus. – O que você pretende fazer agora? – ele pergunta.

-Tomar um banho e esperar pelo jantar – suspiro. – Você não me deixa fazer mais nada. –reviro os olhos.

-Katniss... – Peeta me abraça como pode e sem apertar muito, pois agora minha barriga está entre nós. – Eu só quero me certificar que está tudo bem com você e com o bebê. Pense que logo ele estará aqui e você poderá voltar a caçar e fazer outras coisas depois de um tempo.

-Só quero que acabe logo – Digo, de olhos fechados, ainda abraçada por ele. – Não aguento mais me sentir tão enorme.

Peeta ri baixinho.

-Você está linda.

-Mentiroso – finjo estar chateada. – Vou tomar meu banho.

-Okay – Sinto Peeta depositar um beijo na minha testa e me solto do abraço, subindo as escadas em seguida.

Quando chego ao último degrau, estou um pouco cansada. O peso extra da minha gestação dificulta tarefas simples como esta. Caminho vagarosamente no corredor e paro em frente a uma porta, que não pertence ao meu quarto. Giro a maçaneta e adentro o cômodo. Definitivamente, esse quarto, que antes permanecia vazio, tornou-se o meu lugar favorito de casa. As paredes estão pintadas em tons pastel e laranja. Embora esteja nevando, a janela está aberta para a luz do sol entrar. Um sorriso aparece no canto dos meus lábios com a lembrança de Peeta montando o berço um mês atrás. O móvel de madeira escura que chegou em um trem vindo da capital, - com um cartão de felicitações e uma nota dizendo que a peça era feita mogno - foi um presente de Effie. Atento-me a cada detalhe que tivemos o cuidado de preparar para a chegada de nosso bebê. A caixa de brinquedos, a cômoda, a cadeira de balanço...

Agora há um hospital no distrito 12, e com a construção dele veio também a tecnologia da medicina da Capital. Precisei fazer acompanhamento com um médico chamado Dr. Quentin durante a gravidez. Houve até a oportunidade de sabermos o sexo do bebê, mas eu pedi a Peeta que ficássemos sem saber até o nascimento. Ele concordou com a ideia, então, não sabemos se teremos um filho ou uma filha. Estou próxima à janela quando uma onda de dor atravessa minha coluna e se aloja no fim das minhas costas. Seguro nas costas da cadeira de balanço, - tal qual como Peeta faz quando tem um de seus flashes-, até que a dor desapareça segundos mais tarde. É a quinta ou sexta vez que isso acontece hoje. Contrações. E os intervalos estão cada vez menores. Agora elas vêm a cada meia hora, eu presumo. Dr. Quentin disse que o trabalho de parto leva horas desde a primeira contração até o nascimento do bebê. Eu não quero preocupar Peeta, por isso não falei nada sobre isso para ele, por enquanto. Respiro fundo e vou para meu quarto.

Após terminar o banho e me vestir, estou desembaraçando os cabelos quando novamente a dor toma conta de mim. E dessa vez bem mais forte. E com ela vem o medo. Caminho arqueada até a cama e me sento.

-Peeta! – chamo-o o mais alto que consigo e logo posso ouvir seus passos apressados na escada e do lado de fora do quarto. Seu olhar alarmado ao me encontrar com a mão sobre meu ventre e me contorcendo em dor.

-Katniss! Você está bem? – ele corre até mim e me ajeita na cama. Em alguns instantes, Greasy também está em nosso quarto.

-Acho que chegou a hora. – Digo. O pânico nos olhos dele refletia o que mesmo que continha nos meus.

-Você acha que dá tempo de chegar no hospital? – Peeta me pergunta da forma mais calma que consegue. Eu maneio a cabeça em negativa, e ele rapidamente se vira para Greasy. –Precisamos pedir ajuda.

-Com essa neve toda em frente de casa, o médico não vai conseguir chegar a tempo. – a senhora diz com preocupação. E ela está certa. Pelo que vi de manhã, a neve está alta na estrada e o hospital fica um pouco distante de casa. Greasy para para pensar alguns segundos e diz como se tivesse se lembrado de algo: –Gloria.

Gloria trabalhava como parteira no hospital e era uma vizinha de Greasy, que nos explicou que hoje ela estava de folga. Então, Peeta pede para chamá-la. Enquanto Greasy não vem, ele tenta ligar para o Dr. Quentin, mas ele estava atendendo a uma emergência no hospital. Logo, as duas senhoras chegam, e enquanto Gloria diz o que irá precisar, Greasy,- que conhece muito bem nossa casa-, providencia os itens de imediato. Eu silenciosamente desejo que tudo dê certo.

O que me lembro depois disso é da dor ficando cada vez mais intensa e de Peeta sempre ao meu lado, segurando minha mão, colocando um pano úmido sobre a minha testa e me dizendo que tudo ficará bem. Passaram-se duas ou três horas quando Gloria diz que está na hora do bebê nascer. O medo toma conta de mim, mas Peeta me olha com amor, me dá um beijo e promete ficar do meu lado. Ele me encoraja e segura minha mão enquanto empurro algumas vezes. Minhas forças estão esgotadas, então é quando ouço um choro fino e estridente, e deixo minha cabeça cair no travesseiro. Peeta afasta as mexas de cabelo de minha testa, beijando-a. E entre lágrimas, murmura: - Você foi perfeita. Ela é linda.

Ela. Então, é isso. Temos uma menina e mal posso esperar para vê-la.

Passa-se aproximadamente meia hora, entre Greasy e Gloria andando para lá e para cá, colocando as coisas em ordem. Até que finalmente, a parteira traz em seus braços um pequeno embrulho e a entrega a mim. Meu coração dispara, pois eu não sei bem o que fazer. Eu envolvo o bebê em meus braços e de repente, todo o medo que eu sentia até agora se foi. Atento-me a cada detalhe de minha filha adormecida. Ela tem poucos cabelos. Fios macios e escuros. Da mesma cor dos meus. Dizem que bebês não se parecem com ninguém nos primeiros meses de vida, mas eu posso ver nas feições dela muito de mim. E um pouco de Prim, a tia que ela nunca irá conhecer. Seus lábios finos e suas bochechas rosadas. De repente, a pequenina se espreguiça, boceja e abre os olhos, como se estivesse na hora de realmente me conhecer. Um tom profundo de azul em suas íris. Eu reconheço essa cor e esse olhar tranquilo. Ela me encara por alguns instantes.

-Olha só quem acordou – Peeta sussurra em meio a um sorriso bobo e levanto o rosto para encarar o mesmo azul que tonaliza os olhos do meu bebê. Ela tem os olhos de Peeta.

Eu dou um sorriso aberto, pois mal posso acreditar no que estou vivendo agora. Ela está aqui. Minha filha e de Peeta. Saber que somos pais ainda soa estranho, mas em um bom sentido. Eu vou me acostumar rápido com isso.

-Você pode escolher o nome ela – Peeta me diz. Ele é mais complacente desde que concordei em ter filhos. Talvez por achar que eu estivesse fazendo-o apenas para agradá-lo. Talvez ele pense que eu quero nomeá-la em homenagem a alguém que foi muito especial para mim e que se foi. Porém, embora eu tenha amado muito minha irmã Primrose, não quero dar a minha filha o nome de alguém que não está mais entre a gente. Não quero me lembrar do passado toda vez que olhar para minha menina. Uma vez que ela significa para mim a esperança de um futuro melhor, tenho certeza que ela deve ter o seu próprio nome, sem qualquer ligação com aquilo que nós tivemos que passar para estarmos aqui hoje.

-Eu não quero chamá-la de Prim - materializo meu pensamento.

-Então como vamos chamá-la? – ele pergunta, olhando para mim. Eu novamente baixo meu olhar para a minha filha recém-nascida em meus braços. Na verdade, eu havia pensado em um nome em específico nos últimos dias, entretanto não sabia se realmente o queria. Mas agora, depois de conhecer o rosto de minha garotinha, tenho certeza que o nome será perfeito. É delicado e simples. Diferente, como o sentimento que tenho agora. Bonito, como a esperança que foi renovada no momento em que ela veio ao mundo. Então, volto a encarar Peeta e lhe digo:

–Willow – eu espero uma resposta. Até que vejo um sorriso se formando nos lábios dele.

-Eu gosto de Willow.

-Willow Mellark – eu dou um sorriso também.

-Willow Mellark – ele repetiu orgulhoso. Agora Peeta sorria abertamente. – É um nome lindo.

-É, sim. – suspiro. Ele se levanta, dá um beijo na minha testa e um no topo da cabeça do nosso bebê.

Depois de certificar-se que ficaríamos bem, Greasy Sae e Gloria nos parabenizam novamente, despedem-se e se colocam a nossa disposição para o que precisarmos. Peeta liga novamente para o Dr. Quentin, e o mesmo diz que virá pela manhã para ver se está tudo em ordem, já que está tarde e eu estou exausta. Ele também faz ligações para minha mãe e nossos amigos para dizer as boas novas. Nesse momento, eu realmente desejo que ele tivesse alguém da sua família para compartilhar de sua felicidade. Todos o parabenizam pelo nascimento de nossa filha e prometem nos visitar em breve. Menos Haymitch, que provavelmente está bêbado demais até mesmo para atender ao telefone. Embora seja quase meia-noite, Peeta faz chocolate quente e pão e traz para o quarto para comermos juntos, enquanto Willow não acorda para a próxima mamada. Decidimos que ainda é cedo para ela dormir sozinha em seu quarto, então ela dormirá em nosso quarto por um tempo.

Apesar do cansaço, esta é uma noite em que durmo pouco. Preciso absorver os fatos. Há uma necessidade irracional de observar e vigiar o sono de Willow, para realmente acreditar que me tornei mãe. Para ter certeza que ela não será tirada de mim. Peeta está sempre ao meu lado, insistindo para que eu durma mais, mas depois de um tempo desiste de fazê-lo, pois ele entendia de perdas assim como eu e sabia que minha preocupação era aceitável. Willow é o recomeço para nós. Queremos ter certeza que isso será mantido, e apesar de já termos passado por muitas coisas, sabemos que ainda há muito por vir. Dessa vez, temos algo a mais pelo qual lutar: Nossa nova família.


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Notas finais do capítulo

Conheçam Willow Mellark:
http://4.bp.blogspot.com/-FcYQ2nGDIIw/Ug_mZd_21YI/AAAAAAAAJVw/6jEk7I4M7CE/s1600/Sam_Nellist_newborn-30.jpg


Então é isso, pessoal. O que acharam? A opinião dos leitores é muito importante para mim e para meu crescimento como ficwritter. Críticas, elogios e sugestões serão bem vindos.



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