Ai meu deus. Porque isso só acontece comigo?!

Vai lá Aly, você consegue. Ele já sabe a verdade, não deve ser difícil.

Respirei fundo e falei:

- Ok, eu gosto de você. - eu queria desviar de seu olhar, mas aqueles olhos azuis me prendiam lá. Ele tinha uma beleza incrível. Tinha os cabelos de um marrom bem claro e, como já disse, olhos bem azuis maravilhosos.

Como da outra vez, ele me beijou. Mas dessa vez foi diferente. Agora eu tinha certeza de que ele gostava de mim. O único problema é que isso era errado, eu não podia ficar com ele.  Ele, agora era meu irmão.

Não queria desperdiçar esse momento, já que provavelmente nunca mais vamos voltar a fazer isso.

Eu tive que parar, não que eu quisesse, foi por questão de necessidade. Precisava de ar, mas queria muito, muito mesmo não ter que depender disso para viver. Pense bem, não seria maravilhoso?! Eu sei, eu sei, viajei legal agora.

Nós ficamos nos encarando durante um longo tempo. Não sei o que ele via em mim. Tipo eu sou bonita, mas não era a pessoa mais gata da escola. Eu era... normal. Sabe, cabelos de um marrom meio escuro e olhos verdes. Nada de mais.

(Óbvio que alguém tinha que interromper. ¬¬)

Bateram na porta e vi que era minha mãe. Tudo bem que eu não estava me sentindo bem por saber que minha mãe e meu padastro tavam se comendo lá em cima, mas não precisava para AGORA neh?!

- Ah, filha... eu e o Paul vamos sair e depois vamos embarcar para a Lua de Mel.

- Pensei que vocês só iriam amanhã de manhã.

- Bom nós queremos partir um pouco antes, se não se importar é claro.

- É claro que não, pode ir. - eu falei fingindo que estava triste por ela ir hoje. 

- Obrigada querida! - ela disse e me abraçou. - Vou sentir sua falta

- Também vou mãe.

Bom, ela acabou se despedindo do Mark fazendo uma cara de tipo "o que ele ta fazendo aqui?" e depois veio o Paul. Nós nos despedimos deles e ficamos lá no meu quarto conversando. Até que chegou a hora de discutir o nosso problema...

- Mark, eu acho que isso é muito errado.

- Eu sei que é errado, mas não queria que fosse.

- Eu também não. - agora eu podia falar tudo na boa com ele.

- Podiamos deixar tudo em segredo - ela falou fazendo uma cara de pidão *-*

- Eu não sei, e se minha mãe desconfiar? Ela me mata.

- Por favor...

Respirei fundo pensando nessa possibilidade. Não era uma má ideia. E nossos pais viajaram, então...

- Ok - ele abriu o maior sorrisão. Qualquer dia eu morro.

Bom, o resto da tarde foi assim. A gente conversando e de vez em quando, óbvio, a gente ficava lá aproveitando.

Os dias se passaram muito rápido, é sério hoje já era dia 15 de dezembro. Se passaram 23 dias desde que minha mãe foi para a Lua de Mel, ela só volta daqui a 7 dias, no dia 30 de dezembro.

Ela disse que sentia muito em não passar o Natal com a gente, e disse também que ela e o Paul irá nos mandar presentes pelo correio.

Esses foram, com certeza, os melhores dias da minha vida. Sem ter que ir para a escola, conversando com os amigos e a coisa, que eu há 23 dias atrás achava impossível acontecer, aconteceu.

O Natal chegou (já?!) e logo pela manhã encontrei meu presente. Ele estava dentro de uma caixa branca com uma fita azul. (http://www.tecnofagia.com/wp-content/uploads/2008/11/presente.jpg)

Era uma caixinha muito pequena, abri e encontrei um lindo colar com um pingente de coração. (http://img.flii.com.br/t/1/h400/colar-coracao-swarovski-boreal-c-corrente-prata-950-novo-hf.jpg)

Muito lindo! 

Estava tão feliz por causa de tudo que estava acontecendo que acabei esquecendo que dia 29 é o Baile de Fim de Ano da minha escola. E eu não tinha um par. Só lembrei porque minha amiga me ligou para desejar um Feliz Natal e perguntou com quem eu iria.

Eu estava perdida. Todo mundo já deve ter uma par, menos eu!!! Socorro...

Eu estava andando de um lado para o outro feito uma louca, pensando em uma solução. De repente aparece o Mark. Ele ainda estava dormindo na hora em que eu acordei.

- Feliz Natal! - ele disse todo alegre

- Feliz Natal...

- O que houve?

- Ah, sabe o baile da escola? Eu não tenho um par, e vai ser só daqui a 4 dias! Eu vou ficar louca...

- Eu também não tenho par - ele disse com um sorriso no rosto. 

- Sério?

- Sim. Então, ó querida Aly, gostaria de ir ao baile comigo? - ele falou isso com um sotaque estranho e fazendo uma reverência no final. Eu não me contive e comecei a rir.

- Claro, Sr. Althon!

Agora nós dois estávamos rindo.

Nós ficamos zuando muito. Até que uma hora eu comecei a pensar: quando nossos pais chegarem, acabou! Simples assim, a gente não vai poder continuar namorando.

- Aly? - eu me perdi em pensamentos e percebi que fiquei durante muito tempo calada.

- Ah, Mark? Posso perguntar uma coisa? 

- Claro... - não sei como perguntar isso. Na verdade sabia, o problema era que eu estava com medo da resposta. E se ele disser: não continuaremos mais juntos...

Vai Alyson!!!

- Ahn, assim... tipo é uma pergunta, mas você não precisa responde sabe... - ai meus deus, porque tem que ser tão difícil? - ... eu queria saber como nós vamos fazer depois do baile. Sabe, no dia seguinte nossos pais vão chegar e você sabe....

- Aly... -  ele disse afagando meu rosto, como essa sensação era boa.

Nós começamos a nos beijar. Foi ficando cada vez mais urgente, como se nós nunca mais nos veríamos, como se esse fosse nosso último beijo. Provavelmente seria, pois daqui a 4 dias é o baile e depois nossos pais chegam.

Eu senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto. Eu era a garota mais feliz do universo, e agora tudo acabou, como se não passasse de um sonho. Eu sei que ainda nos resta 4 dias, mas está tão perto...

Nós paramos e ficamos nos encarando, eu o abracei e ele abraçou de volta. Ficamos lá parados durante muito tempo. Quando eu digo muito tempo, significa muito tempo mesmo, porque quando eu olhei para a janela vi já não estava tão claro assim. Olhei o relógio e vi que eram 4 da tarde.

Tudo o que é bom passa rápido, e tudo que é ruim muito devagar.

Antes de eu conhecer o Mark, quer dizer, antes do Mark me conhecer, eu ficava morrendo de amores por ele, mas ninguém sabia. Cada dia se passava muito devagar. E agora, que estamos finalmente juntos, passou tudo muito rápido.

Nesses quatro dias que se passaram eu fiquei no meu quarto sem fazer absolutamente nada. Só ficava pensando em como eu seria infeliz quando tudo acabar. 

Eu e o Mark fizemos um trato... não nos falaríamos tanto como a gente costumava fazer. Vocês devem estar se perguntando: O que, como assim não se falar mais???

Eu explico: se a gente começa a se afasta agora, no dia depois do baile em que a gente nunca mais vai ficar junto não vai doer tanto.... sacaram?!

Acredite, eu odiei esse trato... eu amo o Mark, não sei se consigo, depois do dia do baile, ficar longe dele, esquecer tudo o que aconteceu durante todos esses dias. Como esquecer de uma coisa que você sempre quis que acontecesse? De um sonho? Como esquecer? Impossível!!

Bom, esses dias se passaram muito devagar. Eu e o Mark nos víamos de vez em quando, mas quase sempre eu ou ele saíamos para nos distrair. 

Todos os dias antes de dormir eu colocava aquelas músicas bem tristes e começava a chorar. Peraí, eu não virei Emo não... só to meio triste....... ta bom, muito triste, mas, em minha defesa, eu só faço isso antes de dormir para eu conseguir me conformar, porque se eu não me conformar agora, nunca vou.

Bom, fui dormir. Nem estava cansada, mas amanhã seria o grande dia. 29 de dezembro, Baile de fim de ano... o nosso último dia.

Tive um pesadelo horrível. Sonhei que estava sozinha numa rua escura, só tinha um poste de luz aceso, que estava piscando toda hora como se fosse apagar daqui a pouco. De repente eu vejo o Mark acenando para mim com um sorriso no rosto, chega um outro cara que estava com uma máscara e leva-o para longe de mim, no meio da escuridão. Eu comecei a chorar e acordei gritando e chorando também.

Que horror, fiquei tão assustada que corri para o quarto do Mark. Me deparei com ele dormindo feito um anjo. Simplesmente lindo.... isso me lembrou do dia em que tudo começou, quando eu fiquei olhando ele dormir e quando voltei pro meu quarto ele entrou lá e me beijou.

O melhor dia da minha vida, e hoje, o pior...

Fechei a porta com cuidado e fui comer alguma coisa. Precisava sair para pegar meu vestido na loja.

Meu vestido era longo de uma cor meio verde-água, bem simples comparado ao que outras pessoas vão usar. (http://lh4.ggpht.com/daianyzinha.cristina/R_CD53JkhmI/AAAAAAAAAE4/0qmQ4PLkP88/s288/Vestido%20de%20formatura%20da%20Luana.jpg)

Quando minha amiga me ligou disse que ouviu uma garota dizendo que usaria um vestido vermelho colado no corpo e super curto. Que ousadia.

Quando cheguei em casa, deixei meu vestido estendido pela mina cama. Fui para a sala e comecei a assistir TV. Na verdade eu nem estava prestando atenção no que eu estava assistindo e, quando eu dei por mim, percebi que estava assistindo Barney... totalmente sem comentários.

- Posso pergunta uma coisa?

- Ah, credo! Que susto Mark. - nossa, morri e ressucitei...

- Nossa, sou tão feio assim? - ele disse levantando uma sobrancelha e vindo se sentar do meu lado.

- Não... é que eu não te vi aí... - eu disse mudando de canal

- Por que estava assistindo Barney?

- Eu nem estava prestando atenção quando liguei a TV...

- Então estava pensando em que?

- Sinceramente? - ele afirmou com a cabeça - bom, estava pensando no baile de hoje... nada de mais... 

Acho que essas últimas palavras machucaram ele tanto quanto a mim.

- Desculpe, e-eu não quis dizer isso... 

- Ei, tudo bem... - ele disse me olhando com uma cara de 'eu não queria que esse dia chegasse'

Nos beijamos, só que o inesperado aconteceu. A campainha tocou. Ótimo. 

Me separei dele e fui atender, adivinha quem era???? Óbvio, só podia ser eles dois, sempre atrapalhando. Estou falando dos meus pais.... quer dizer da minha mãe e do Paul.

Minha mãe me abraçou com todas as forças.

- Oi querida!

- Oi mãe... você não disse que iria voltar só amanhã? - esses dois cheios de surpresas, que raiva...

- Sim, quisemos fazer outra surpresa.

Dei um oi para o Paul e fui para meu quarto... 

Lembram daquela lista de 5 coisas que confirmam que minha mãe me odeia?! Então, quero acrescentar uma coisa lá: 'Ela sempre está no lugar errado, na hora errada'

Sentei em uma cadeira de balanço que eu tinha no meu quarto e acabei dormindo.

- Ei, Aly querida acorde! - alguém me acordou

- Que horas são? - disse ainda sonolenta

- São 4 horas querida - levantei num pulo, como poderia ser 4 horas da tarde? Eu sou mesmo muito anormal... quem dorme tanto assim e mais ainda, quem dorme a tarde e perde o amoço?

- Já? Credo...

- Você andou chorando querida?

- Ah? Não. Por que? - eu perguntei passando a mão em meu rosto percebendo que este estava molhado. Droga!

- Bom deixa para lá... Eu te acordei porque talvez esteja com fome.

Nem precisei gastar minha saliva, meu estômago respondeu pra mim.

Fui para a cozinha e comi um lanchinho básico.

Fiquei escutando minha mãe falar sobre tudo o que ela fez na Lua de Mel... quase tudo, ela me poupou dos detalhes.

Depois eles disseram que iriam jantar fora e que quando nós chegarmos do baile eles dois estariam dormindo.

Fui tomar um longo banho e coloquei meu vestido. Fiquei uma meia hora me admirando na frente do espelho. Eu tenho que admitir, eu estava muito gata nesse vestido.

- Uau! - de novo...

- Nossa.... que susto!

- Anda muito distráda hoje em?! - ele disse me dando um beijo na bochecha.

Soltei um suspiro. Meio alto pelo visto.

- Ei, vem cá! - ele disse me abraçando - unca vou me esquecer de você!

- Eu também não. - Agora eu estava segurando o choro para não tornar essa situação ainda pior.

- Vamos?

- Claro - dei a mão para ele e fomos para o baile.

Bom, eu fiquei conversando com as minhas amigas, dançando muito e depois, quase no final do baile, teve a hora da música lenta.

LINK SEGURO - http://www.youtube.com/watch?v=08kWukGk38Q

Fiquei lá presa nos lindos olhos azuis do Mark. Ficamos dançando, até que o Mark me puxou para fora do salão.

- Aly, só quero que saiba que eu nunca vou te esquecer, e sempre vou te amar! 

- Eu também sempre te amarei...

Nossos lábios se encontraram e começou com um beijo suave que foi se tornando mais urgente a cada segundo. Esse era nosso último beijo. A última partilhação de amor entre nós. Era como se nunca mais fossemos nos ver. Mas era pior.

Nós nos veríamos, conversaríamos, mas não poderíamos fazer nada, nem um simples beijo. Absolutamente nada! Teremos que lutar contra essa vontade a partir de amanhã. Como se isso nunca tivesse existido. Mas percebi que, tanto para mim como para ele, isso sempre permanecerá em nossos corações...

Tivemos que voltar para casa, voltamos em um silêncio absoluto.

Chegando lá eu troquei de roupa, me joguei na cama e fiquei pensando...

Amanhã será um novo dia.

Nós dois vamos agir como se nada disso tivesse acontecido.

Cada um seguirá com sua vida.

Na verdade, eu talvez não siga,  o Mark foi meu único amor.

Não acho que sou capaz de amar alguém além dele.

Nunca vou esquecer da primeira vez em que nos beijamos.

Das idas à praia.

Das brigas entre meus pais.

Do casamento da minha mãe com o pai dele.

Do ódio que eu senti pela minha mãe por se casar com ele.

Das brincadeiras.

De todas as noites em que eu dormi na mesma casa que ele.

De como eu sofria antes de nossos pais se conhecerem.

De como eu fui feliz enquanto estávamos juntos.

Do Baile.

Dos meus sonhos.

Pesadelos.

Vou me lembrar de tudo...

Principalmente dele,

Da nossa despedida...

E quando ele disse que me ama.

Tudo isso continuará em nossos corações. Pelo menos continuará no meu.

Dormi em um sono sem sonhos...