Memories and Dementors escrita por Júlia


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Quando Remo Lupin era uma criança, todos os tipos de lenda eram contadas pelas crianças de seu bairro, sobre qualquer tipo de coisa que eles só iriam se familiarizar quando estivessem em uma escola de magia apropriada.

Não que Remo fosse o estereótipo de criança-líder-com-muitos-amigos, ele era exatamente o contrário. Os pais de Remo nunca o deixaram brincar com outras crianças, eles tinham medo de que ele fosse deixar escapar algo sobre sua condição como lobisomem, mas Remo geralmente ia se esconder no sotão, e espiar pela janela o que as outras crianças estavam fazendo.

Remo lembrava claramente que o assunto favorito daquelas crianças eram criaturas. As histórias absurdas sobre testrálios, hipogrifos e dragões eram passadas adiante como crianças trouxas trocavam figurinhas. Se você tivesse uma história pra trocar, logo se tornava o centro das atenções daquelas crianças de capas esfarrapadas, cuja esperança de ir a Hogwarts era uma motivação frequente para suportar a condição precária de vida do bairro pobre.

O pior de tudo eram os adolescentes: sempre que chegavam das férias eram abordados por todos aquelas crianças barulhentas e risonhas, ansiosas por histórias sobre os fantasmas e os professores, sobre as aulas e feitiços, embora tudo que eles quisessem fosse dormir e pensar em qualquer coisa que não fosse Hogwarts

Mas certas histórias de infância nunca são esquecidas.

Quando Remo ouviu aquela em especial, já não era mais uma criança. Estava nas férias de natal do seu quarto ano, e já não tinha paciência para as crianças e suas brincadeiras barulhentas que não o deixavam ler.

Era mais uma das lendas urbanas bobas, e Remo não tinha mais idade para acreditar nelas, e nem vontade de ouvi-las, como tinha quando era criança.

Mas ao ouvir os sussurros de quem contava, os "Ooh" surpresos dos ouvintes e os gritinhos dos mais novos, uma curiosidade tomou conta dele.

E já passava da meia-noite. Qualquer bruxo que se preze sabe que as melhores histórias são as contadas depois da meia-noite.

Ele deixou delicadamente o livro no sofá, e, sentado no chão, perto da janela, se enrolou melhor na sua capa e começou a ouvir a história, sentindo como se tivesse oito anos novamente.

-Bem- a voz da garota que contava a história da vez deixava escapar que ela não devia ter mais de 10 anos- Quero que todos aqui saibam que essa é uma história verítica.

-É verídica, Daisy- corrigiu uma outra voz feminina, porém mais velha.

-É verítica!- insistiu Daisy- Quieta, Tessa, você não soube de nada!

Daisy respirou fundo antes de continuar:

-Aconteceu com o amigo do namorado da melhor amiga da minha prima.

-Ela?- perguntou outra criança, provavelmente apontando pra Tessa.

-Não. Ela é minha irmã, Gideon.- Daisy deu um suspiro dramático- Você não sabe de nada.

-De qualquer maneira- a voz dela tinha abaixado a um tom de murmúrio dramático, o que sempre fazia as outras crianças se encolherem ou se inclinarem para frente para poderem ouvir melhor- O amigo do namorado da melhor amiga da minha prima estava em Azkaban.

Azkaban era a palavra-chave para arrancar gritos daquelas crianças.

-Eu já te disse- Tessa continuou, depois que as crianças finalmente silenciaram- Que ninguém pode simplesmente ir e voltar pra Azkaban...

-Ele estava em Azkaban!- gritou Daisy, para interromper a irmã- E então eles viram... Um dementador! Ele pegou a varinha e fez o feitiço do Patrono nele!

Palmas e vivas da parte da plateia, e mais "sshh" da parte de Daisy.

-Ainda não acabei!- protestou ela- Mas, como fazia muito tempo que ele não fazia um Patrono, ele havia esquecido de seu pensamento feliz, e o feitiço rico... Richeteou nele e...

-Ricocheteou- Tessa corrigiu

-E aí... Ele viu a lembrança mais triste dele! Ele viu o tio dele morrendo! Ele quase não conseguiu terminar o Patrono, é muito difícil quando alguma coisa assim acontece...

Lupin jogou sua capa pro lado e se levantou de seu esconderijo, ficando visível para o grupo de crianças.

-Isso é mentira- Ele disse.- Você não pode simplesmente esquecer como se faz um Patrono, uma vez que você aprende...

-Um dementador!- uma das crianças gritou, e antes que o pânico das demais comecasse, Lupin refletiu que, devido a iluminação da rua, ele deveria parecer apenas uma figura sinistra que surgira do nada em uma janela, e que ele devia ter ficado sentado fingindo que não existia.

Mas então as outras crianças começaram a gritar, correr, voltar pra suas casas, luzes foram acendidas, pais sonolentos saíram de suas camas, e menos de um minuto depois a rua estava quieta novamente.

Menos as duas irmãs, que andaram lentamente até a janela que Lupin estava.

Agora que elas estavam mais perto, Lupin podia ver que elas eram mais novas do que ele presumira. Daisy devia ter uns sete, e Tessa, doze. Ambas eram magras e tinham os cabelos castanhos presos em duas tranças.

-Eu não acho que você seja um dementador- Daisy disse, e Tessa sorriu, como que para confirmar que concordava com a mais nova.

-Obrigado- ele murmurou.

-Mas é verdade- ela colocou um braço na cintura.

-O que?- ele perguntou, repentinamente confuso.

-A história. Você tem que tomar muito cuidado com dementadores, sabia? Se você não se concentrar muito no seu melhor pensamento, ele pode escapulir pro seu pior- Lupin abriu a boca para protestar, mas a garota já havia sido puxada pela outra, que murmurava algo sobre elas ficarem de castigo.

Aquela história, era mais um dos fragmentos de memória aleatórios que Remo Lupin coletava.

Ele se remexia no seu dormitório, pensando nela. Como ele era um adulto agora, havia anos que não pensava nas pessoas que encontrara ao acaso ao longo da sua vida, assim como a maioria dos adultos. Porém, ali, em seu dormitório de Hogwarts e pensava nos acontecimentos do dia, e em como a pequena menina estava certa.

Mais cedo, no mesmo dia, ele estava em um vagão do trem, fingindo que dormia, quando um dementador invadiu, e ele, o único adulto do local que podia produzir um Patrono, largou de sua atuação para fazê-lo.

Ele desviou os olhos do dementador por um momento, para encarar o garoto que acabara de desmaiar.

Não. Não podia ser. James acabara de desmaiar.

Então aconteceu. Ele se distraiu por um momento do Patrono, se sentiu tonto por alguns segundos, e de repente, não estava mais no abafado vagão do trem.

Na verdade, ele estava ao ar livre. O lugar em que ele estava tinha flores, e folhas douradas e um leve sol de outono caia sobre o lugar, de uma maneira agradável.

O lugar seria lindo se não fosse um cemetério, e se ele não estivesse no funeral de dois de seus melhores amigos. Como a maioria dos outros estava morta, Sirius em Azkaban, e os Longbottoms no Hospital, Lupin foi o que teve que organizar o funeral.

Ele não lembrava muito do evento em si, apenas que, havia outras pessoas lá, como parte da família de Lily, e algumas pessoas da escola.E ele lembrava que ninguém conseguia ouvir o discurso do orador, pois seus soluços não deixavam.

Remo se sentiu tonto novamente, e então estava de volta ao trem, e parecia que nem um minuto havia se passado, pois o dementador continuava na sua frente, e James continuava no desmaiado no banco.

Não. Não James. Harry.

E então, memórias de Hogwarts, dos Marotos, e de sua infância vieram à tona como se estivessem sendo jogadas nele.

-Você tem que fazer algo- ele insistiu, em uma prece silenciosa- Faça algo. Por eles.

Agora, Remo Lupin tinha um propósito. Ele decidiu parar de correr de seu passado, e sim, honrar todos que haviam participado dele.

-Expecto Patronum!- ele gritou, apontando sua varinha para o dementador, que sumiu instantaneamente.

E quando ele se virou para o quarteto que o encarava assustado, Remo não pôde deixar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e que eu não tenha acabado com os feels de vocês! XD
Deixem um comentário! ^-^



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