Samantha Simoes, Rio de Janeiro, 17 anos. Prazer! Não gosto muito de falar sobre minha vida e tenho uma personalidade muito forte, mas com o tempo você se acostuma, e se não acostumar, foda-se.

Tenho sonho de ser esqueitista profissional desde os 8 anos quando comecei a andar de skate. Mas, querer não é poder certo? Minha mãe, como costumava ser chamada, simplesmente me baniu disso. Porem, eu não gosto de falar da minha vida, então...

– João devolva meu celular! – Respira Sam, respira, não de a mão na cara do seu amigo gay.
– Quem é Daniel? – Ele perguntou risonho.
Meu Deus, essa bicha louca ta olhando minhas fotos.
– Vou contar até 3! – 1,2,3,4,...1897
– Toma! – João, esse ser lindo de cabelo liso preto, olhos castanhos claros, e um corpo perfeito, devolveu meu filho – chamado “celular”, mas que eu chamo de Jace.- Ainda com os olhos grudados na tela. Virei a mesma e a bloqueie revirando os olhos.
– Então... – João começou, mas foi interrompido pela porta sendo aberta.
Porta, sua delicia, te amo! E de lá, uma cabeça foi posta para dentro. Era minha mãe.
Porta filha da puta.
– O jantar esta pronto! Vai jantar aqui Ribeiro? – Dona Eliza, essa senhora filha da mãe, comedora de bosta, que só faz merda da vida, incluindo meu nascimento, perguntou a João, que assentiu com a cabeça.
Ela sorriu e fechou a porta novamente.
Ok pedaço de madeira lindo, podemos retomar nosso relacionamento novamente!
– Não sei por que você não gosta da sua mãe, ela é tão boa! – João sorriu.
Posso dar a mão na cara dele agora?
– Bom, talvez seja porque ela quer que eu pare de andar de skate, quer me impedir de seguir meus sonhos, quer que eu morra virgem de ser uma esqueitista, e.... – Fui interrompida.
– “Virgem de ser uma esqueitista”? – João me citou rindo. Sou a alegria do povo mesmo, pode falar. – De onde você tira essas coisas?
– Enfim.... ELA NÃO É BOA! – Subi em cima da cama e comecei a observar o quarto. Cara, aquilo estava uma bagunça.
– Ok então... quer ajuda pra arrumar aqui né? – João perguntou sorrindo.
Ah, como as vezes eu amo esse viado.
– Sim! Me ajuda a colocar meus novos pôsteres também? – Perguntei, pois ele dava dois de mim.
Mas eu não sou baixinha ok? Ele que é gigante, eu tenho 1,58 de pura gostosura.

***

Acordei alguma coisa pulando em cima de mim.
Meu Deus é um animal, não é a Malu, ah não, é a mesma coisa.
– SUA GORDA, SAI DE CIMA DE MIM, EU NÃO CONSIGO RESPIRAR, SOCORRO, TO VENDO A LUZ! – Gritei a fazendo cair no chão rindo.
Malu, depois de João, é minha melhor amiga. Os dois são tipo, meu smoking, e eu a gravata borboleta.
– But you complete me, and that's no lie. – Comecei a cantar loucamente em quanto ia para o banheiro fazer minha higiene matinal.
– You are my tuxedo, and I'm your bow tie – Malu me acompanhava do chão, enquanto enrolava uma mecha de cabelo loiro no dedo. Será que ela sabia que estava no meu tapete?
–We're in the car, sing, sing, singin' our song – Continuei.–Walk in the building, tear it down, like we're King Kong.

***
Coloquei uma roupa simples, like a Lady Gaga. Mentira, tava simples mesmo. Regata vermelha, calça jeans, e all star branco. Amarrei meus cabelos ruivos com um laço, porque eu sou uma mutante e não sei fazer coque frouxo, e sai de casa com a promessa de que voltaria as 13. Olhei para meu pulso esperando ter um relógio no mesmo, mas não. Peguei o Jace no bolso e conferi.
15:44. Dei de ombros e continuei andando.

Estava eu, João, e Malu caminhando pelo shopping. E eu estava começando a sentir fome.
– Comida! – Foi tudo o que eu disse. E os dois animais que estavam ao meu lado começaram a gritar. “LET'S EAT” pra Deus e o mundo escutar.