Ele foi a única pessoa pela qual ela realmente se apaixonou de verdade. Ele foi o único que ela quis chamar de ''seu''. Ela passou dois anos acreditando que um dia teria uma chance com ele. E teve, mas não do jeito que esperava.

Enquanto ela queria andar de mãos dadas com ele, o mesmo queria jogá-la em sua cama, tirar sua virgindade e depois jogá-la fora, como uma de suas vadias.

Ela sempre achou que conhecesse ele. Aquele jeito meigo e preocupado que a tratava, o jeito que todos as manhãs ficava lhe incomodando, lhe abraçando, mordendo, rindo, brincando. Ele era tudo pra ela. Era por causa dele que ela acordava todos os dias feliz para ir a aula.

Enquanto ela se preocupava com ele, sempre fazendo o máximo para ficar ao seu lado, ele corria atrás de sua ex-namorada, pegando várias garotas para fazer ciúmes na mesma. E ela caiu direitinho no teatro dele.

Ela se permitiu ficar com ele em duas festas seguidas, sem nem ter notado que nas duas festas a ex dele estava presente. E para os outros era óbvio: Ela era mais uma das vadias que ele estava pegando para fazer ciúmes na ex.

E só ela não enxergava isso.

Enquanto ela dormia sorrindo por achar que finalmente ela iria conseguir obter um relacionamento com o garoto dos seus sonhos, ele ficava imaginando outras maneiras de chamar atenção de sua ex, uma maneira de fazê-la voltar com ele.

E as pessoas, seus próprios amigos, ficavam observando tudo sem nem ao menos avisá-la de que iria quebrar seu coração da forma mais dolorosa possível. Não, eles a deixaram sofrer com as consequências de ter acreditado nele. E foi exatamente isso que aconteceu.

Ele a descartou depois que havia conseguido chamar nem que seja uma mínima atenção de sua ex e ela nem havia se ligado nisso, se não fosse por seu melhor amigo, que por pura ironia também é melhor amigo dele, ela nunca saberia disso.

O mesmo garoto que botou pilha para ela ficar com ele, agora estava pedindo desculpas e avisando-a de que Ele nunca gostara dela, que ele só estava usando-a. Que ele só queria comê-la.

E ela chorou, é claro. Aquela madrugada fora a que ela mais havia chorado na vida. Chorou por ter perdido seu melhor amigo, o amor de sua vida. Chorou por ter sido usada. Chorou por tudo o que estava entalado em sua garganta há tempos.

Ela só chorou e se deixou levar pela sensação de ser dispensada.

E agora ela está brava com ele e o mesmo nem sabe disso.

Brava por ele tê-la usado desta maneira, por ter mentido para ela todo esse tempo. Mas ficar brava de nada adiantava, pois ela continuava á amá-lo, continuava olhando as fotos dele e chorando todas as noites, se trancando em seu quarto.

Se ela ainda se corta? Sim.

Ela não queria saber se era certo ou errado, ela só queria acabar com aquele sofrimento e se cortar sempre fora a melhor opção, pelo menos para ela, que conseguia lidar com a dor física.

E ela o odeia, odeia por ainda amá-lo, por mesmo depois de tudo o que ele fez, ainda conseguir perdoá-lo. Pois ele é o único. O único que ela perdoaria sempre, qual fosse a idiotice que ele fizer, ela sempre irá perdoá-lo. Porquê ela é fraca.

Ela é fraca por não querer ficar longe dele, não conseguir ficar. E ela o odeia, odeia por que não consegue esquecê-lo e talvez, nunca conseguirá, afinal, o primeiro amor a gente nunca esquece, não é como dizem?

E agora ela está sozinha, como sempre estivera, só que nunca havia notado.