Aquele dia pareceu se arrastar. Todos estavam à flor da pele. Era a primeira vez que, muitos dali, iam às nacionais, e ganhar aquele troféu significava mais do que parecia.

Eles estavam quase todos prontos e se reuniram no quarto masculino. O professor Schue disse algumas palavras para que eles se acalmassem. A tradição de anos antes das competições viria depois, dentro da sala de concentração do auditório. E então eles foram. E em cerca de vinte minutos chegaram ao local.

Havia algumas poucas pessoas esperando que as portas abrissem. Com certeza chegariam mais. Ainda estava cedo.

Eles entraram pela lateral e fizeram tudo o que deveriam fazer antes que as grandes e pesadas portas da casa fossem abertas. E, como previsto, o lugar lotou. Foi um pouco difícil, mas Will conseguiu um lugar onde coubessem todos os seus alunos juntos.

Quando pôs o pé dentro do auditório, a primeira coisa que Sam fez foi correr seus solos de fileira a fileira. De assento a assento. Onde estaria Mercedes ? E então alguém o apressou com um tapinha nas costas. Era Unique pedindo passagem. O rapaz, então, andou e sentou em sua poltrona. Estava entre Marley e Unique, mas precisava de Blaine por perto. Só ele o entendia. Assim, levantou e puxou – lentamente – o braço de Marley – quem não entendeu nada – e sentou-se em seu lugar. A menina, ainda digerindo aquela pequena ação sem explicação riu e sentou do lado da amiga. ‘Acho que ele não está bem.’ Foi o que ela sussurrou para Unique.

Sam estava inquieto e o primeiro sinal soou. Com isso, os intervalos entre suas viradas de cabeças diminuíram drasticamente. Ele precisava vê-la entrando por aqula porta. E veio o ssegundo sinal. Nada de Mercedes. Seu coração acelerou e ele afroxou a gravata borboleta quando se sentiu agoniado.

– Relaxa. – Blaine sussurrou e o loiro secou a testa.

Houve um terceiro sinal e finalmente as pessoas começaram a desligar os telefones. Houve uma pequena apresentação quando apenas as luzes do palco permaneceram acessas e, prontamente, os primeiro participantes já tomavam conta do palco.

Nenhum sinal de Mercedes.

Finalmente chegara a vez do New Directions. Por ordem de sorteio eles seriam o segundo grupo a se apresentar – dentre os três concorrentes. Por mais contraditório e estranho que possa parecer, Kitty já havia feito sua oração todos já haviam se abraçado na sala de concentração.. Se encontravam, agora na coxia. Alguns aqueciam, lentamente as cordas vocais, outros andavam de um lado para o outro... Eles apenas esperavam o chamado. Sam, cansado de esfregar uma mão na outra, andou até a cortina e, discretamente, a afastou um pouco. Obteve uma visão perfeita da platéia. Na verdade, quase perfeita. Faltava ela. E quando ele viu que Mercedes ainda não tinha chegado no local, sentiu seu coração apertar. Parecia que tudo iria dar errado.

– Tudo ok ? – Blaine apareceu por trás ao perceber que seu amigo passava muito tempo pendurado naquele pedaço de pano.

– Não. – Ele o olhou. – Mercedes ainda não está aqui. – Disse-lhe com uma voz triste e observou o pequeno suspiro de Blaine.

– Talvez ela não venha. – Disse simplesmente enquanto segurava um de seus ombros. Sam pareceu desapontado e realmente triste. – Pare de pensar nisso. Nós precisamos do seu foco. Vai dar tudo certo. – Blaine o encarou e foi para sua marca.

Segundos depois eles eram chamados e as luzes do auditório se apagavam. As cortinas se abriram e eles começaram a fazer o que sabiam de melhor.

Sam tentou esquecer que havia uma platéia ali. Sempre ajudava, mas desta vez ele preferiu esquecer primeiro que Mercedes não havia cumprido a sua palavra. Seguiu o conselho de Blaine a achou que realmente tudo daria certo. Ela não precisava estar ali para lhe dar força, não era sua obrigação. E Sam já havia competido sem ela por perto. Fora apenas uma vez e eles perderam. Mesmo que essa perda tenha sido injusta e ele tenha conseguido reverter o quadro depois, comprovando que os Warblers tomavam anabolizantes, ela era como um amuleto e era importante para lhe dar confiança. Mas tudo bem, Mercedes era uma adulta agora. Ela tinha seu trabalho, sua carreira, suas ocupações... Ele entendia se ela não quisesse lembrar de coisas que marcaram seu ensino médio.

E foi quando Sam sentiu um jato de adrenalina percorrer seu corpo. Durante a performance, enquanto trocava de lado e de plataforma, ele a viu. Sim, ela estava ali. Seus amigos também andavam pelo palco e dificultavam sua visão, mas logo tudo ficou claro. Por um pequeno instante ele se esqueceu da onde estava e teve vontade de correr até lá, mas foi surpreendido por uma mudança de tom na canção e sorriu. Estava mais animado agora.

Mercedes estava atrasada e descia a rampa do auditório com pressa. Tentava conciliar seu olhar entre a apresentação de seus amigos e a procura por um assento vago. Finalmente ela avistou uma solitária poltrona do seu lado esquerdo no auditório. Sentou na primeira e desligou o telefone rapidamente. Então ela o avistou. Mesmo com toda a distância conseguiram fazer contato visual e ele piscou um olho enquanto apontava para ela.Mercedes podia ter toda a pose do mundo, agora, mas naquele momento ela sorriu tímida e abaixou um pouco sua cabeça. A imagem da adolescente, sentada no auditório do William Mckinley High School há quase dois anos atrás, durante a apresentação do New Directions contra as Troubletones, veio à sua mente. Lembrou que havia voltado para ajudar seus amigos e tentar recuperar a garota que havia perdido. Agora, ao ver seu mesmo gesto inocente e tímido, ele estava disposto a fazer o mesmo que havia feito há algum tempo atrás.

Por sorte, aquele era o final da primeira música. Ainda cantariam duas. E, como previsto, os olhos de Sam não desgrudaram dos de Mercedes um segundo sequer.

No final das três performances foram aplaudidos de pé. Mercedes estava orgulhosa de todos. Estava orgulhosa dele. Seus olhos encheram de lágrimas ao ver cada sorriso. Era um momento único e valioso e ela não pôde deixar de lembrar da sua última competição nacional. Sorriu e limpou um lágrima teimosa que correu por sua bochecha. Assim como os outros, sentou-se após o coral sair do palco e dar a vez, finalmente, para o Throat Explotion. Quando os integrantes do New Directions voltaram à suas poltronas, – na mesma fileira, porém do lado oposto ao qual Mercedes se encontrava - ambos fizeram contato visual. Sam lhe sorriu feliz e ela fez o mesmo, de uma maneira tímida.

– Ela veio ! – Sam sussurrou para Blaine que também deslocou seu corpo para olhá-la. Sorriu e lhe acenou.

*