Deus Ex Machina escrita por GraveWalker


Capítulo 6
Capítulo 6




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Sentindo aquele peso confortável nas costas a Musharna não teve dúvidas. Ele trilharia um caminho íngrime, mas não o deixaria caminhar sozinho. Ela estaria ali, ao seu lado. Sua lealdade com a mestra, Sabrina, não era questionável, e ainda não seria mesmo ao acompanhar-lo. Mas havia uma certa questão mais forte, que pendia mais a balança para um lado do que para o outro. E isso a faria sentar ao lado dele, independente das escolhas que trilhasse. Das opções marcadas nas páginas da vida. Mas ainda assim, havia pesar no coração - ela teria de ser prejudicada, não seria? E por um momento invejou os seres humanos, que nesses breves momentos tem o privilégio anatómico de pôr a mão sobre o coração.

"Sim, ela terá de ser prejudicada", Musha se chocou - estava tão transparente assim? "Mas se o fazemos, é pelo nosso bem. Temos de nós amar primeiro, para então podermos amar os outros. E isso eles não sabem, nos vamos ensina-los - homens e pokémon".

"E o que você pretende fazer, querido?"

"Precisamos acreditar, ter fé. É o primeiro passo. Começaremos eu e você. Construiremos um ídolo mais justo, idôneo para nós, e acreditaremos nele - faremos, então, nossos irmãos acreditarem. Faremos todos acreditarem. Prevejo um caminho árduo para nós, pequena, mas extremamente gratificante".

"E o que ha atrás desta parede?" A mão do Alakazam percorreu o ar e tocou a parede de tijolos brancos.

"Eu não sei. Nunca tinha vindo aqui antes. Não tenho certeza onde estamos... E acho que podemos deixar as coisas como estão, por enquanto".

Seu corpo rechonchudo começava a se dispersar em pequenos pedaços quadrados pelo ar, o que indicava que o amigo começava a expulsa-la para que pudesse acordar. Não houve resistência da sua parte e deixou-se desaparecer e a luz desvanecer - voltou ao corpo físico em um instante e o Alakazam, com ajuda da telecinese, voltava a ficar de pé e retomou as colheres em mãos.

"Acho", e a Musharna retraiu a fumaça púrpura que outrora rodeava as têmporas do amigo "que primeiro devemos enfraquecer alguns pilares. Deixar algumas sugestões ali, e acolá - não. Deixe que eu faço isso. Farei isso".

Trocaram um olhar de confiança mútua - que não faria necessário nenhum tipo de pacto para selar a cumplicidade.

"Deixe que eu entro em contato com Thithelle e Niclus" propôs o Alakazam enquanto se teleportava para fora da sala.

Por um momento Musha temeu pelo plano - temeu que os outros dois amigos não entendessem o que K'zam haveria de propor. Existiam forças diferentes que motivavam os dois - mesmo que para ela, o motivo dele não fosse tão plausível, fosse mais impulsionado por uma desavença rápida de ideias com Sabrina, e que não fora bem ofuscada na rápida visita à cabeça do amigo... E que tudo aquilo poderia acabar. Que não passasse de um brilho espontâneo e momentâneo de genialidade.

Não. Não permitiria que aquele brilho se perdesse nos ecos da eternidade. Não.


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