Deus Ex Machina escrita por GraveWalker


Capítulo 2
Capítulo 2




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Não eram necessárias ordens expressas. O Alakazam e sua treinadora se comunicavam telepaticamente. O que também tornava a batalha muito mais fácil - Sabrina sondava seus adversários e antecipava um ou outro golpe. Alias, manter o distinto titulo de Líder de Ginásio, era preciso, as vezes, trapacear um pouco. Mesmo que ela mesma não julgasse como tal, "alguns simplesmente nascem com um dom", pensava, "não usufruir dele soaria como ingratidão".

As colherem envergaram e uma onda púrpura correu delas em direção a Bellossom que mantinha um ritmo de dança mais fraco devido às varias tentativas vãs em contra atacar. A pequena flor dançante pulou para o lado esquivando da onda psíquica. Respirava com dificuldade. A cada nova

investida, o pokémon psíquico simplesmente teleportava e a golpeava com

a colher, pelo simples prazer de prolongar a derrota.

No quarto golpe contra a Bellossom - que ainda lutava bravamente ao lado do magro e afetado treinador que, também, exausto e com opções escassas, uma que vez que lhe restavam apenas a apelidada Belle e um fraco e dorminhoco Wartortle, resistia bravamente afim de conseguir a preciosa insígnia - K'zam parou. Seus bigodes farfalharam, e seus olhos íngremes correram pela face fatigada do treinador.

"K'zam, o que esta fazendo?"

Em contato com a mente de seu mascote, Sabrina o sondou atrás de resposta sem encontrar nada. Havia algo a bloqueando.

"O que esta acontecendo? Por que você parou?"

Alguma coisa nublou os pensamentos do Alakazam, impedindo que Sabrina fosse mais a fundo. Ela podia sentir, como um tecido, tátil, fino, que ofuscava o que se passava na cabeça do pokémon.

"O que significa isso?" Sabrina projetou sua forma sobre aquele tecido - trajava roupas diferentes da sua forma física, um vestido escarlate cobria todo seu corpo e o cabelo estava comprido novamente, diferente do atual, curto. "Você esta escondendo algo. Eu exijo saber o quê". Com um gesto leve de mãos, Sabrina moldou no vazio um trono que se erguia sob ela, a medida que ele se formava, ela encontrava conforto na mobília psíquica.

"Senhora" K'zam projetou sua voz grave no plano astral onde se encontravam. "O jovem... Ele roga por Arceus. Por uma vitória. A bela flor, ela esta tão cansada. Ela o ama, sim, muito. Mas ela esta exausta".

Sabrina passou o indicador pelos lábios.

"Essa perseguição por um título. Sobre nossos corpos cansados, depois sobre os corpos exaustos de nossos amigos. Pulando de continente em continente..." Alakazam cruzou as pernas e levitou a alguns centímetros acima do chão - as colheres flutuavam rente a seus ombros -, pousou as mãos no colo, uma palma sobre a outra e fechou os olhos.

"Onde você quer chegar, querido? Que não existe razão no que fazemos?" Ela cruzou as pernas e endireitou as costas.

"Esse ciclo vicioso é degradante"

"Você costumava gostar. A sensação do poder crescendo, da vitória".

"São as ânsias da juventude. Somos outros, hoje".

"Não. Somos os mesmos. O tempo passa, a flor desabrocha e murcha, mas ainda é uma flor".

"Não somos flores. Somos consciências vivas, presos em um recipiente de carne. Estamos além das flores".

As colheres vibraram, uma tensão criava uma linha tênue que oscilava entre os olhares furtivos da mulher e do seu pokémon.

"E onde você quer chegar? Que devemos parar? Depois de tanto caminhar, de tudo que passamos, para chegar aqui, nos fixar aqui, devemos por epifania, desistir?"

"Talvez haja mais para se fazer do que apenas lutar".

"E o que deus faria com seu tempo livre? Como ele se divertiria?"

K'zam abriu os olhos e ergueu a cabeça. Seus olhos foram presos na rede dos olhares predadores da mulher - soberana em seu trono, sentada com imponência que despejava pelo seu sorriso quase fatal.

"Por qual outro motivo haveria na criação, se não, diversão?" Ela baixou a cabeça e fitou a ponta dos pés, "Você espera que nos tenhamos algum tipo de destino glorioso, triunfante - ou um destino qualquer?".


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