El juego del destino escrita por Liz


Capítulo 30
Capítulo 30 - O jogo do destino/Fim


Notas iniciais do capítulo

Pois é, chegamos ao fim da história. Antes de mais nada, quero agradecer (mais uma vez) a todas que acompanharam até aqui. Espero que gostem desse encerramento!

Não posso deixar de dar os créditos pela cena da briga (e por várias outras ideias ao longo da fic) para a Valéria. Obrigada! :D

Enfim, é isso pessoal, boa leitura!



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Carlos Daniel narrando:

– Eu quis abortar! Não mereço perdão! - sem conseguir sustentar o encontro de nossas miradas, voltou a me abraçar ainda mais forte.

Fiquei sem reação ao ouvir tal afirmação, mas não tinha nenhum direito de julgá-la antes de saber suas razões.

– Não é o momento certo pra falarmos disso, insisto em dizer que você não deve se culpar por nada.

Paulina ficou calada, como resposta só ouvi seu choro e senti suas lágrimas molhando minha camisa... Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas quando a notei um pouco mais calma, me inclinei até acomodá-la deitada na cama e depois a soltei.

– Durma um pouco, meu anjo - sequei seus vestígios de lágrimas com o polegar

– "Meu anjo", há tanto tempo não ouvia isso... - pela primeira vez desde que estávamos ali, a vi esboçar um pequeno sorriso.

Logo, Paulina adormeceu. Saí do quarto por um momento para ligar para minha mãe, em meu celular havia várias chamadas dela, com certeza estava preocupada. Expliquei que Paulina havia sofrido uma queda e perdido o bebê que nenhum de nós sabia que esperava. Obviamente, estranhou o fato de que a pessoa que estava com Paulina era eu e não Rodrigo, mas logo argumentei que não o havia encontrado em nenhum lugar e que agora tudo estava sob controle.

Depois, falei com o médico sobre as reações de Paulina ao saber da notícia e ele me informou que tudo estava dentro do esperado. Voltei ao quarto e me dediquei a velar o sono de minha amada que, apesar de tudo, parecia bastante serena.

– Me perdoa... - sentado em uma cadeira ao lado de Paulina, acabei cochilando e despertei ao ouvi-la

– Nossa, peguei no sono... faz tempo que está acordada? - perguntei ao vê-la sentada na cama novamente. Pela janela, pude perceber que já havia anoitecido.

– Só um pouquinho, mas isso não importa. Apenas preciso que me escute.

– Tem certeza que quer falar agora? Se preferir, podemos espe...

– Não, por favor. - interrompeu-me – Já esperamos tempo demais.

Assenti com a cabeça e então comecei a escutá-la. Paulina me contou sobre como descobriu a gravidez, os medos que teve e o porquê de ter pensado em abortar em um primeiro momento.

– Eu sei que errei, mas fiquei apavorada ao pensar que esse filho era fruto de um pecado...mudei de opinião a tempo, só que infelizmente estou pagando caro por esse erro. - uma lágrima escorreu por sua face – Com tantos acontecimentos, nem mesmo dediquei um tempo para consultar um obstetra, fazer exames... fui adiando as coisas e agora não posso fazer nada! - novamente Paulina começava a se exaltar, me partia a alma vê-la em tal desespero.

– Por favor, Paulina, não se martirize assim... talvez em seu lugar eu teria agido da mesma maneira. - a compreendi, pois também podia sentir sua dor.

Depois, falou com detalhes como foi sua relação com Rodrigo desde que o conheceu, o modo como a tratava...

– Onde quer chegar com tudo isso? - perguntei sem entender

– Já vai começar a entender... – respirou fundo – A questão é que, achando que você ainda era padre e que não seria justo estragar sua vida com uma notícia assim, acabei aceitando me casar com Rodrigo. Porém, antes de tomar a decisão definitiva, decidi te escrever uma carta falando a verdade.

– Carta? Mas como, se eu nunca recebi nada?

– Exatamente, essa é a questão. - afirmou

Então, me contou uma sucessão de fatos que jamais imaginaria de meu próprio irmão.

– Rodrigo te fez pensar que eu era um canalha, maldito! - me levantei e comecei a andar pelo quarto, exaltado – E ainda teve o descaro de negar quando você o enfrentou, te agrediu! - senti meu sangue ferver pela raiva

– Infelizmente, sim. Entendo sua reação, foi exatamente assim que me senti quando soube, mas no momento não podemos fazer nada.

– Ele pode ter fugido, porém te garanto que onde quer que esteja eu vou encontrá-lo!

– Vamos procurá-lo juntos, e eu vou exigir o divórcio outra vez, mesmo que ele se negue. Mas Carlos Daniel, antes precisamos falar sobre nós dois, aproxime-se.

Sua voz doce tinha o poder de me acalmar, por isso decidi esfriar a cabeça antes de sair feito um louco atrás de Rodrigo. Sendo assim, voltei para perto de Paulina, ficando em pé ao seu lado.

– Me perdoa? - podia ver minha imagem refletida em sua íris verde, brilhante por conta das lágrimas que ali se formavam.– Apesar de todos os meus erros e da minha ingenuidade com Rodrigo, nem por um segundo pude te esquecer. E sim, me arrependo de muitas coisas, menos de te amar. Isso nunca. - suas mãos tremiam, não sei se por nervosismo ou medo.

– Por você, mudei meus planos de vida. Larguei tudo, disposto a viver esse amor sem me importar com nada e, mesmo que tenha demorado muito mais do que imaginava, sei que chegou a hora de desfrutarmos esse sentimento. Não posso dizer que te perdoo porque simplesmente não há o que perdoar, fomos vítimas de um jogo do destino, mas o tempo de Deus é perfeito. Te amo, Paulina!

Sem mais nada a ser dito, nossos lábios se aproximaram naturalmente e se fundiram em um beijo ansiado por meses, que mais pareciam anos. Nos beijamos com leveza e calma, um aproveitando ao máximo o sabor dos lábios do outro.

.

.

.

No dia seguinte, logo no início da tarde, Paulina deu alta e fomos para casa. Lá, nos reunimos com meus pais e então contamos a eles toda a história. No início, ficaram incrédulos, mas diante dos fatos acabaram se convencendo de que tudo era verdade. No entanto, o desaparecimento de me deixava extremamente inquieto, por isso, disse que precisava procurá-lo. Paulina quis ir comigo, mas insisti que ela ficasse, pois ainda estava um pouco debilitada. Sendo assim, deixei-a aos cuidados de minha mãe e saí. Tinha que falar com Rodrigo, nesse dia sem falta. Queria ouvir da boca dele o que fez à Paulina e a mim, claro.

A noite tinha chegado, lembro-me de olhar o céu e vi que está nublado, sem estrelas, tudo escuro como breu. Ainda no carro, lembrei que não tinha certeza de onde estaria Rodrigo. Arrisquei ligar na fábrica, mas com a certeza de que não iria para um lugar tão óbvio. Mesmo assim liguei.

Estava certo, Rodrigo não havia retornado mais para lá.

Como não pensei nisso antes? – bati com a mão na testa. – É segunda, Rodrigo costuma, ou costumava, ir para seu iate depois das 17:00. Espero que esteja só e não com seus amigos jogando cartas.

Peguei a próxima rua à minha direita, segui para o porto. O iate dele tinha que estar lá, e Rodrigo mais ainda. Ou isso, ou não saberia mais por onde procurar.

Não demorou muito, 5 minutos, no máximo, e cheguei. Desci do carro e fui procurando pelo iate do meu irmão. Só estive duas vezes nele, uma quando ainda era sacerdote. Era aniversário de mamãe, Rodrigo mandou preparar um jantar para comemoramos lá. E na outra vez fomos eu, um primo e um amigo para pescar.

De longe avistei, sabia exatamente qual era. Caminhei uns 50 metros, cheguei e fui entrando. Por sorte não ouvi conversa, mas vi luz acessa. Sinal que alguém sozinho estava lá.

Entrei e vi que Rodrigo estava assistindo futebol. Ao seu lado uma garrafa de vinho pela metade, e um cigarro na mão direita e resto de cigarros sobre o cinzeiro. Confesso que foi a primeira vez que o vi fumando. Hesitei por uns segundos na porta, então disse algo, tirando a sua concentração do jogo e o fazendo olhar para mim.

– ATÉ QUE FIM TE ACHEI. – disse em um tom de voz alta e com a expressão de raiva.

– Boa noite para você também. – Rodrigo me olhou com ironia.

– Não acho que seja boa, não depois de tudo que aconteceu por sua causa. – caminhei até o controle e desliguei a televisão.

Sentia uma vontade de cair em cima com socos, uma raiva que jamais imaginei sentir. Era meu irmão, e justo ele tinha que fazer isso tudo: mentir para se dar bem, sem se importar com os sentimentos dos outros ao seu redor.

– Como ousa...? – Rodrigo se levantou – Nem sei do que fala.

– Não seja cínico, sabe muito bem do que me refiro. Seja homem e assuma seus atos. - o olhei sério

– Falou o ex-padre com seus sermões de todo sempre. – Rodrigo sorriu com sarcasmo. Jogou seu cigarro na mesa, e subiu para a cabine de comando. O segui.

– Então você veio aqui reclamar por uma mentira que cometi e porque casei com sua amada. Certo, menti para casar, porque sim, eu cheguei a me apaixonar por ela. Suportei suas queixas e afins. Comprometi-me a ajudá-la. Mas Paulina somente via em mim um amigo, só isso. Queria ela para mim. Minha raiva aumentou quando soube que você, justamente você, era o homem entre nós dois e que ela ainda te amava... – Rodrigo fechou os punhos e se virou de costas pra mim, depois bateu no painel de controle num gesto de raiva. – O resto, suponho que já saiba.

– Claro que sei, por isso estou aqui, seu infeliz. VOCÊ NÃO SABE O QUE ISSO CAUSOU! – Fui cegado pela raiva, quando percebi, já tinha socado o seu rosto.

– ESTÁ LOUCO? – Rodrigo tocava sua boca ensanguentada.

Então, revidou. O soco acertou meu rosto, quase caí. Rodrigo tentou um segundo, mas meu braço foi mais rápido e pude me defender, o desviei. Soquei sua barriga, e com as duas mãos agarrei sua gola da camisa. Nunca havia brigado antes, e estava levando a melhor. A raiva havia me proporcionado isso?

– Ontem encontrei Paulina desmaiada. A levei ao hospital rápido. Nem sabia o que se passava, mas ouvi gritar “socorro” e “Rodrigo”. – Falei alto e próximo ao seu rosto, podia sentir sua respiração. – E só chegando lá descobri sua gravidez. Depois, Paulina me contou o que você fez.

– Já que sabe tudo, fica com ela, eu dou sua liberdade. – Rodrigo me empurrou. – já podem ser felizes com o filho. Não sei para que tanto drama, no final eu perdi.

– Você ainda não entendeu a gravidade da situação, não é? – levantei, o empurrei e de novo parti para sua gola. – Paulina estava no chão, desmaiada, ensanguentada. VOCÊ A FEZ PERDER O FILHO, MEU FILHO! – senti lágrimas descendo em meu rosto nesse momento ao me lembrar de nossa tristeza no hospital. – Você, só você é o culpado. – senti que minhas mãos estavam frouxas, então Rodrigo as tirou dele.

– Eu... Eu jamais... – seus olhos estavam arregalados.

– Não, não diga nada. São palavras inúteis vindo de você. – sentei no chão, minhas lágrimas aumentaram.

Rodrigo ficou me olhando. Não sei o que se passava na sua cabeça: arrependimento, culpa, medo, tristeza. Somente sei que para mim não importava.

No entanto, algo me tirou daquele estado em que me encontrava. Senti cheiro de fumaça vindo da sala da TV, Rodrigo também sentiu e correu para ver o que era. Fui também e então nos demos conta que lá havia fogo, as sobras de cigarro foram o suficiente para queimar as revistas que estavam sobre a mesinha perto do sofá. O fogo então vagou para o mesmo e, assim, para o cômodo todo.

– Rodrigo, o que está fazendo? SAIA DAÍ. – Gritei ao ver que ele se metia entre as chamas.

Estranho, há pouco tempo estava eu com tanta raiva, deveria não me importar. Mas era meu irmão, e por mais que estivesse com raiva dele, jamais desejaria sua morte.

– NÃO. TENHO PEGAR ESSES... – Tarde demais, o lustre dali caiu sobre ele.

Não pensei muito, tirei minha jaqueta, protegi meu rosto para respirar melhor, consegui chegar perto de Rodrigo e comecei a puxá-lo para onde o fogo não estava. Apaguei com a jaqueta as chamas que estavam no seu corpo. Tinha que pensar rápido, o fogo aumentava, e, com medo de uma explosão, o joguei nas costas e consegui sair do barco. Vi que umas pessoas se aproximavam.

– ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA, POR FAVOR!? – Pedi.

– Tem mais alguém lá? – perguntou um homem

– Não. Só nós dois.

– Como começou o fogo?

– NÃO SEI, EU SÓ QUERO AJUDA! – Supliquei. Na verdade eu tinha a ideia certa, mas não queria explicar no momento.

Tentei fazer com que ele reagisse, e nada. Vi sangue em sua cabeça, então foi que notei que havia um grande corte.

– RODRIGO!? FALA COMIGO! – Toquei seu pulso e pescoço.

Tarde demais... Rodrigo estava morto.

Sentei-me no chão e, sem nada mais a se fazer, deixei minhas lágrimas rolarem.

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Três meses depois - Paulina narrando:

Nesses meses que se passaram, enfim minha vida tomou o rumo que tanto desejei. Célia continua sendo uma grande conselheira, conversamos por telefone quase todos os dias, ainda não tenho palavras para agradecer o que fez por mim. A trágica morte de Rodrigo foi um impacto muito grande para a família de Carlos Daniel e, claro, para mim também, pois mesmo que ele tenha sido culpado de grande parte dos meus problemas, em nenhum momento desejei sua morte, além disso, ficar viúva não é nada agradável. Mas, apesar de tudo, as coisas entre mim e Carlos Daniel se acertaram definitivamente. Retomei de vez meu trabalho à frente da fábrica de minha família, e tive uma surpresa ainda maior ao descobrir que Rodrigo, mesmo jovem, já tinha feito seu testamento e nele me cedeu todas as ações de sua própria fábrica. Carlos Daniel descobriu uma grande paixão pela administração, por isso decidimos trabalhar juntos, comandando os dois negócios. Nos complementamos em tudo, como ele mesmo me disse certa vez, agora estamos desfrutando de nosso amor.

– Por que está tão calada, Paulina? Sabe que adoro ouvir sua voz! - Carlos Daniel me tirou de meus devaneios.

De olhos fechados e um de frente para o outro, estávamos sentados sobre uma toalha xadrez, embaixo daquela árvore especial que sempre foi testemunha de nossa história. Tínhamos decidido fazer um piquenique.

– Estava pensando nos acontecimentos dos últimos meses... - suspirei – Mas eu também adoro ouvir sua voz, não foi a toa que nos apaixonamos praticamente em um “encontro às cegas” - ri ao me lembrar de tal fato

– É verdade. – Carlos Daniel também riu – Mas noto algo mais em seu tom, o que houve?

– É que não posso evitar recordar que... - abri meus olhos e em seguida ele fez o mesmo – que as coisas poderiam estar ainda melhores. - baixei a cabeça, um pouco triste, e direcionei meu olhar para meu ventre.

– Por favor, não pense nisso. Tudo tem um motivo para acontecer, e não sei por que, mas sinto que seremos recompensados em breve. - Carlos Daniel me abraçou forte

Ficamos um tempo abraçados, aconchegados um nos braços do outro. Até que um som estranho chamou nossa atenção.

– Está ouvindo isso? - me afastei do abraço – Parece choro de criança!

– Sim, realmente. Será aqui perto? – perguntou-me, estranhando

Sem pensar duas vezes, me levantei e segui o som. Precisava saber de onde vinha aquele choro. Andando apenas alguns metros, confirmei minhas suspeitas, havia um bebê próxima ao tronco de outra árvore. Como seu choro se intensificava, me aproximei e o peguei no colo.

– É um menino lindo! - disse Carlos Daniel, que havia me seguido

– Sim, um príncipe! -

Não pude mais conter a emoção ao ter aquele bebê nos braços, o embalei e aos poucos o choro cessou, senti algo indescritível tendo contato com aquele ser tão indefeso.

– Tem um papel aqui, vamos ver. - Carlos Daniel avistou algo e se abaixou para pegar. Era um bilhete, que ele leu em voz alta:

“ Sei que não é o correto, mas não tenho condições de criá-lo. Cuidem bem dele, chama-se Miguel. E lembrem-se: Atrás das nuvens, o céu é sempre azul. “

– Não sei quem pode tê-lo abandonado, mas de hoje em diante, quero que seja nosso filho. - afirmei assim que Carlos Daniel terminou de ler.

– Sim, meu amor! - aproximou-se de mim e olhou para o rosto do bebê de pele branca e olhos verdes – Nosso filho, mesmo que para conseguirmos isso legalmente tenhamos que enfrentar o mundo inteiro. - ele sorriu, emocionado, e eu fiz o mesmo.

– Te amo, Carlos Daniel! E já amo esse pequeno como se fosse de nosso próprio sangue!

– Amo esse anjinho e amo você, meu anjo. Podem passar dias, meses ou anos, mas nunca se esqueça disso: Você sempre será meu anjo, Paulina Martins.

Dominada pelas lágrimas de felicidade, me aproximei da bochecha de Miguel com cuidado e depositei um beijo terno. Em seguida, olhei no fundo da íris castanha de Carlos Daniel, percebendo sua emoção.

Com a certeza de que seríamos definitivamente felizes, me aproximei de seus lábios e então trocamos um beijo, selando nosso amor e celebrando a família completa que agora éramos.

Fim!


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?

Bom, como de costume gostaria que comentassem suas opiniões. Ah, e se acharem prudente, recomendem a história, para que futuramente outras pessoas leiam.

Obrigada!