Melodies of a Hopeless Man escrita por Getaway6738


Capítulo 2
Capítulo 2 - Minha Carta De Não Vida


Notas iniciais do capítulo

To de volta com essa fic. Lembrando que não vou transformar ela em long, eu só queria dar um final para ela, talvez uma explicação para isso tudo que ocorreu no capitulo passado. Essa é a carta de suicídio, ou melhor, a carta de não vida dele. De novo vou pedir para vocês ouvirem uma musica enquanto leem. É MUITO importante.

PLAYLOST:
Nome: Keaton Henson - Earnestly Yours
Link: https://www.youtube.com/watch?v=nvr7T4sfads (Coloque no repeat)

Se quiser coloque o Rainy Mood para tocar junto :D É só abrir esse link e deixar a chuva cair:
http://www.rainymood.com/



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Harmon

É preciso chorar. Chorar todas as mágoas que estão no meu coração. Eu prometi que não iria fazer isso, que iria ser forte por mim, pelos meus pais, por sei lá mais o quê, mas a vida de certa forma é cruel. Faz-me querer chorar, e muito, mas ao mesmo tempo, me faz não conseguir.

As lágrimas se formam em minha mente ao invés de meus olhos, e talvez seja a hora de deixá-las irem, entretanto acho que quero ficar um pouco mais aqui, aproveitando-me da solidão.

Meu coração já foi preenchido com alegria, com amor e até êxtase, e sorrio um pouco ao pensar que um dia já abriguei nesse meu coração vazio sentimentos tão nobres e virtuosos. Hoje sinto essa lacuna. Algo que não pode ser descrito, pois não existe. Acho que o melhor modo de se descrever isso é o próprio vazio. Meu coração está vazio, e não posso fazer nada a respeito, por que, de certa forma gosto disso.

Gosto dessa sensação avassaladora de solidão, de ser incapaz de me ajudar, mas ajudar os outros sempre que posso, por que... “É para isso que amigos servem, não é mesmo?”

É como se eu tivesse vivido nesse vazio por tanto tempo que não me sobrou mais nada, então me apeguei a ele. Apeguei-me ao escuro, a essa sensação de incompletude, de falta. Não quero buscar algo mais, não quero preencher esse buraco com mais nada além de minhas lágrimas mentais, meus flagelos da alma, meus tantos sorrisos negados. Tanta historia apagada do livro da vida por que não fui corajoso o bastante.

Hoje sento no chão do meu quarto e coloco a cabeça entre as pernas, esperando sentir meu rosto finalmente se molhar, mas isso não vai acontecer. A quem quero enganar?

As luzes apagadas, e tocando sorrateira em minha mente a música mais triste em que posso pensar. Talvez eu seja mesmo um masoquista por natureza. Talvez tenha nascido com algum erro de programação, ou simplesmente não tive a sorte que os outros têm... A sorte de me sentir completo.

Meus dedos não conseguem ser tão rápidos quanto o meu pensamento. Meu raciocínio é uma teia, enquanto minhas mãos só podem escrever em linhas retas. Quero chorar! Chorar por dias, meses, anos se for preciso! Quero chorar pela vida que não vivi, pelos amigos que não conheci, pelo amor que nunca senti.

Ou senti? Senti demais? Doei-me demais a alguém? Entreguei a chave do coração, meu bem mais precioso, aquele que me mantém vivo... A alguém que simplesmente nunca se importou se ele estava batendo ou não?

Será que esse amor me fez quebrar em pedaços tão pequenos que nunca vou conseguir me colar por inteiro? O que me falta? Falta... falta força de vontade, mas essa sei que se tivesse usaria em vão. Falta coragem, mas essa eu sei que se tivesse, usaria naquilo que não importa, pois nunca a terei de verdade. Nunca vou querer tê-la. Até por que é preciso ter coragem para ser corajoso, por mais redundante que isso seja.

O medo me suprime de tantas formas. Percebo que virei um mero zumbi, andando pela cidade e obedecendo às regras, conversando com os outros zumbis que parecem não perceber que são zumbis e... Fingindo estar bem.

Penso que quanto menos penso em mim, mais longe o problema vai ficar, mas a realidade é dura; ela não se importa se você está preparado para isso ou não, ela simplesmente acontece quando você menos espera.

E quando eu menos esperar, todo esse muro de falsidades que eu crio ao meu redor, desaba. E eu não quero construí-lo de novo, mas essa é a única opção que tenho. As lágrimas continuam presas em minha mente e agora me sinto estúpido por pensar nessas coisas. Por pensar que posso, nem que seja por um ínfimo segundo deixar-me abater.

Mas me abato, me desespero, me debato incansavelmente, até que... Desisto.

Sinto minhas mãos escrevendo tão rápido que é como se nada no mundo fosse pará-las, exceto minha cabeça. Preciso de um novo corpo, uma nova vida, um novo mundo, começar tudo novamente. Ver o inicio, o meio e o fim... Saber onde errei.

Quero viver num mundo que entenda quem eu sou e não me julgue por nada, além disso. Preciso de um sorriso sincero e um colo, que está sempre lá, pronto para me ajudar, para falar que tudo ficará bem.

Então me jogo.

Jogo-me nas minhas palavras, na minha escrita desesperada, tentando, de alguma forma criar um mundo que exista, nem que seja por algumas horas na minha cabeça, para poder fugir. Fugir de tudo, fugir de todos.

Mas a vida não é assim, não é mesmo? Quanto mais eu lutar contra a corrente da vida, mais ela vai me levar para o fundo do rio, onde é escuro, fundo e quase... impossível de se sair.

Dito tudo isso, contento-me em dizer mais uma coisa.

Digo que esse buraco, esse vazio nunca vai sumir, Digo que essa sensação de solidão, mesmo estando acompanhado, nunca vai se esvair. Digo que nunca mais vou sentir aqueles bons sentimentos que outrora já passaram por minha cabeça.

Não estou feliz com isso, mas de certa forma, estou feliz por não estar feliz. Ao menos assim, desse modo masoquista, eu sinto algo. Sinto como se uma grossa camada de borracha tornasse meu coração impermeável a sentimentos, e não recomendo isso a ninguém. A única coisa que consegue passar por ela é a tristeza, a solidão, e com o tempo você se torna amigo desses sentimentos. Eles te seguem aonde você for.

Fazem-te se sentir culpado quando sente qualquer outra coisa, fazem-te sentir medo. Mas medo de quê?

Do meu sorriso em frente ao espelho? De encarar cada pequeno pedacinho de vida? E de ser que me resta?

Não... tenho medo...

Tenho medo de mim mesmo.

Então deixo aqui minha resposta para o mundo. Deixo aqui minhas lágrimas escritas, pois elas nunca vão sair da minha cabeça de outra forma. Deixo aqui meu pedido de socorro que nunca será atendido, pois não quero que seja.

Não quero piedade, não quero dó.

Quero eu.

Quero me conhecer da mesma forma que conheço as palavras. Quero conhecer cada entranha, cada centímetro, cada volta e cada dobra de mim mesmo.

Quero parar de me afogar na música como salvação do que sobra em mim, pois a cada nota, a cada dó maior, sinto minha cabeça pensando ainda mais. E ao mesmo tempo, quero ouvir mais! Quero ouvir cada nota, cada música, cada melodia!

Cada melodia de um homem sem esperanças, sem esperanças de que isso vá mudar, e que no fim, queira que isso mude.

Eu sou eu e sou mais vinte. Sou o animado e sou o triste, sou o feliz e o infeliz. Toco cada nota como se fosse a última e sei que essas serão as últimas. Ninguém poderá me salvar de mim mesmo a não ser eu, e eu não quero ser salvo. Nem por ninguém, nem por mim.

O temporal cai lá fora. A chuva molha todos, mesmo que não os deixe molhados. Ela molha os sentimentos sem distinção. Ela molha as almas de todos, daqueles que encontram seu amor... e daqueles que só veem a dor.

Quero perdão, mesmo não tendo ninguém que possa me perdoar. Ao menos... se você está lendo isso... Perdoe-me.

Perdoe-me pelos erros que cometi, pela barba que hesitei em cortar por não ter mais o porquê de fazê-la, por ter deixado a minha vida virar essa bagunça, por não ter me permitido viver, sorrir, correr pelos campos, ralar o joelho e rir atoa. Por não ter tomado aquele sorvete no sábado, por não ter comprado um cachorro e colocado um nome ridículo nele.

Por não querer recomeçar... E recomeço! Recomeço a carta novamente, quantas vezes for preciso. Afirmo o mundo e depois o nego, por que esse sou eu. Esse quebra cabeça insolúvel, ou melhor... a peça que não se encaixa em nenhum jogo, em nenhum mundo.

Desculpe-me por ser essa peça. Desculpe-me por estar no jogo errado. Eu não quis que fosse assim, mas já que estou aqui... Acalme-me.

Por favor, me diga que tudo vai ficar bem, que sou especial. Que isso tudo vai passar... e que você vai me ajudar. Me dê falsas esperanças de que ainda posso confiar em mim, e depois vá.

Vá embora como todos sempre vão, por que eles vão. Eles se esquecem de você e em seguida, você esquece-se de si mesmo.

Desculpe-me por ser essa melodia, essa melodia estranha e descompassada. Desculpe-me por ser o reflexo de uma alma sem esperanças.

Desculpe-me por ser...

Eu.

E pra quem quer saber como é o Aaron, taí:


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Notas finais do capítulo

E NÃO, eu não quero me matar. Essa fic não tem nada a ver comigo, é só um de meus devaneios.

Comentem favoritem, acompanhem e/ou recomendem se quiserem :D



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