Estarei sempre aqui escrita por Anne chan


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

É um simples One-shot, somente uma ideia boba que tive e não saiu da cabeça até eu escrever. Achei gostoso de escrever, pois foi meu primeiro one-shot. Espero que gostem.



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Ele estava ali parado em meio a uma rua movimentada, mas as pessoas normais não o viam. Elas só veem o que querem ver. Aquele estranho possuía seus longos cabelos brancos como a neve, amarrados frouxamente por uma fita vermelho sangue, da mesma cor que seu casaco de veludo. Suas roupas eram de modelo antigo, talvez do século XIX, porem reluzia como novas, suas abotoadeiras cuidadosamente polidas, suas botas de cano alto caprichosamente engraxadas. Não se podia achar um só defeito em suas roupas, a exceção de que ninguém mais as usava há pelo menos dois séculos.

Um carro ultrapassou o sinal vermelho, quase se chocando com um ciclista, houve comoção na rua, todos paravam para olhar, curiosos por saberem o desfecho das historia, mas ele ignorou. Não estava interessado em dramas humanos, estava numa missão.

Olhou pelo que parecia ser a enésima vez, para falar a verdade já perdera a conta das vezes que consultara o pequeno relógio de bolso, todo em ouro com as inscrições CB gravadas caprichosamente na superfície. Um presente de desaniversário dela após descobrir que a Lebre de Março destruíra seu antigo.

— Está atrasada. –Ele murmurou para si mesmo, fechando o relógio e o guardando no bolso de seu colete. Não importava seu atraso, ele ainda esperaria.

Então ele a viu, somente de relance, as mechas douradas de seu cabelo cintilara a luz do sol, mas logo se camuflaram novamente na multidão.

Ele a seguiu. Quantas vezes ele já seguira a garota errada? Quantas vezes seu peito se encheu de esperanças para depois murchar feito um balão de ar ao constatar que não era ela? Incontáveis vezes. Ele correu por entre a massa de humanos, ocupados demais olhando os espelhos a sua frente, para poderem vê-lo costurar por entre a multidão.

Ele estava perto, quase podia senti-la em seus braços. Ah como ele seria feliz quando a tivesse junto a si, mas ela continuava andando, sem senti-lo, sem mesmo perceber que ele estava a poucos passos de distancia. Ergueu a mão, já próximo o suficiente para tocá-la, puxou-a para que se virasse e o visse.

A menina olhou para trás, a procura de quem a tocara, mas não vira ninguém. Mas ele a viu. Seu rosto de coração emoldurado por uma cascata de ouro que iam até a cintura, terminando em delicados cachos, seus olhos azuis olhavam através dele com enorme frieza, seu pequeno nariz aristocrático erguido arrogante, a delicada boca relaxou ao perceber que não havia ninguém e se virou, seguindo seu caminho.

Ele a permitiu partir. Não era ela. Os olhos dela eram mais azuis, seus cabelos mais dourados e sua boca estava sempre a fazer perguntas, curiosa sobre tudo. Ele retornou para seu lugar de vigília, continuaria esperando por ela.

Conforme o tempo passava ele vira a casa dela trocar de moradores, tombar, humanos passaram a construir casas menores no terreno. Estradas apareceram, carros cada vez mais velozes substituindo os antigos. O pequeno riacho que antes brilhava límpido há muito tempo fora morto. Sumira, suplantado pelo asfalto. Enormes prédios foram construídos no lugar.

Mas ele continuaria esperando, na entrada de sua toca, invisível aos olhos desatentos. Somente os sonhadores o viam lá, parado, esperando. Eles sorriam, o cumprimentavam, mas não tinham a curiosidade ou o espírito aventureiro para falarem com ele, para entrarem em sua toca. Somente ela tivera. Por isso ele continuava esperando seu retorno, não lhe importava a passagem do tempo.

— Eu estarei te esperando minha pequena Alice... Sempre. Sempre te estarei esperando.


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