O Toque do Vampiro escrita por Elizabeth Maiba


Capítulo 10
Capitulo 10




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Graças aos deuses as coisas não foram de mal a pior, Tanisha acabou aceitando o
meu lado oculto melhor que eu. Claro que ela me encheu de perguntas e eu
respondi todas, a pergunta mais engraçada dela foi querer saber se eu tinha algum
tipo de poder sobrenatural. E claro que eu lhe disse a verdade.
―Olha Tanisha, como você já sabe, sou mestiça então herdei um pouco dos dois
lados. Não sou tão forte como um lobisomem normal e também não tão poderosa
como uma bruxa comum. Acho que meu sangue mestiço decidiu escolher e juntar
os dois lados ao meu favor. Do lado do meu pai levei agilidade, força, rapidez, e a
habilidade de sarar rápido como você acaba de ver e da parte da minha mãe recebi
um pequeno dom, consigo enxergar a aura das pessoas e através delas saber dizer
que tipo de pessoas elas são–
Tanisha me cortou —Atchá, Ari baba Leila, como você nunca me contou isto. Você é
fantástica!– disse ela com um entusiasmo que me fez sorrir.
—Humm Tani. Não é bem assim. Este particular poder falha muitas vezes, não sei
porquê... parece que algumas pessoas ou seres sobrenaturais tem alguma barreira
protectora contra meu poder de enxergar suas auras.
—Tik, e á minha consegues ver?
—Por incrível que pareça não consigo ver a sua, depois vamos estudar porquê. Tive
que me arriscar contigo sem saber que tipo de pessoa t eras. Ufa, ainda bem que
não errei em seu carácter.
Desatamos a rir, e continuei a falar sobre meus poderes. —Bem eu posso não ter
muitos poderes, mas tenho um que me orgulho muito, poucos sabem desse meu
poder para me protegerem, dizem que é único.– Tani parou de gargalhar e
olhou-me com curiosidade, continuei. —hum, eu posso tornar-me invisível e
imperceptível, virar um fantasma num sentido completo da palavra.
—Por Lord Ganescha Leila, como fazes isto?
—Bem eu primeiro preciso estar na minha forma de lobisomem, depois
concentrar-me para deixar o vento levar meu cheiro e a natureza carregar meu
corpo, dai a transformação acontece. É a junção do lado mágico da minha mãe e o
lado poderoso do meu pai.
Tanisha ficou verdadeiramente deslumbrada particularmente por este poder
invisível, não era para menos até os anciões ficavam. A pergunta mais chata foi
sobre a minha alimentação, ela queria saber se os mitos eram verdadeiros, os
lobisomens realmente comiam gente? Já tinha decidido dizer toda verdade então
não ocultei nada.
—Não vou te mentir Tani, os lobisomens são carnívoros e… eles comem pessoas,
mas nem todos são assim. Meu clã faz parte dos que comem, por mais triste que
seja é verdade, foi por isto que eu lhes deixei melhor dizendo fugi, já não aguentava
mais tanto sangue, mas podes ficar sossegada que eu nunca provei uma gota de
sangue humano, acho que meu lado materno não deixava, só me embrulhava o
estômago, sempre comi e preferi comida humana.
Para uma vegetariana até que ela reagiu bem, não comentamos muito sobre a
alimentação dos lobisomens para não criar desconforto para nós às duas. Mas
agora chegava a pergunta mais dolorida de todas. ‘onde é que estiveste durante
uma semana?!’
Se fosse possível saltava esta pergunta, mas não, não podia, ela merecia uma
explicação.
—Bem Tanisha, tem coisas que eu ainda não te contei. Vou directo ao ponto. Não
são só lobisomens que existem neste mundo, há outras criaturas mágicas também.
—Não! Você está querendo dizer que todos aqueles seres mágicos de histórias que
nos ouvimos quando criança são verdadeiros?
—Yah, e na semana passada eu fui raptada por um vampiro.
—Vampiro?!– Disse ela incrédula.
—E você não ouviu nem a metade. Como todo mundo sabe, vampiros e lobisomens
são inimigos mortais assim como os demónios e os anjos, quando eu saí do clube
naquela noite deparei com um vampiro que sugava a vida de uma humana, eu já te
disse que os lobisomens também se alimentam de sangue humano e foi por isto
que eu deixei meu clã. Não queria tornar-me uma assassina. Voltado à história eu
não resisti ver ele sugar a vida daquela garota então o ataquei, bem foi uma boa
luta, mas no final ele venceu. Desmaie e ele se aproveitou, e me manteve
prisioneira,
—Are baba, Leila! Como conseguiste escapar?
—Deixe-me contar a história toda. Os lobisomens tem algo que eles chamam de
impressão, é semelhante à paixão, devoção, amor, mas num estágio muito mais
avançado, é raro encontrarmos nossos companheiros verdadeiros, mas quando
encontramos… o mundo vira de cabeça para baixo, só existe ele no universo, é algo
além de nós. Um sentimento muito mas muito forte, e…. Victor bem… ele– Eu me
apaixonei por ele, melhor dizendo eu imprimi nele.
—Espera ai! –Tanisha disse incrédula demais – este Victor. Não me diga que ele é o
vampiro.
Limitei-me a responder com a cabeça.
—Are baba! Leila pelo que eu entendi você tá lascada. Não é ele seu maior inimigo?
E justamente a pessoa que escolhes para se apaixonar. Uau, isto está se tornado
mais e mais interessante.– Disse Tanisha ironicamente.
—Deixe de me provocar Tanisha. O assunto é sério ok, eu não escolhi nada.
Ninguém escolhe a pessoa com quem imprimes, simplesmente acontece. Para
piorar tudo ele foi o meu captor.
Desta vez Tanisha gargalhou o que me fez amarrar a cara. Ela logo se apressou a
afogar a gargalhada com cara séria, mas foi inútil, sua boca lhe traia desenhado um
pequeno sorriso nos cantos.
—Você vai me desculpar Leila, mas eu passo deixar de rir. Isto tudo é bizarro.
Lobisomem, vampiro e amor. Hum… narrim, narrim uma mistura não muito boa
não.
Aquelas palavras atingira-me mais do que deviam, ela pensava que estava
brincando, zoando com minha cara, mas não tinha noção do quanto perto estava da
verdade. Meu coração ficou apertado. Eu sabia que o quê ela dizia era verdade, eu
mesma tinha comprovando isto.
Victor havia me deixado partir sem mais nem menos, nem sequer tinha se dignado
a me dar uma chance e não lutou nem um pouco por mim. Ele nunca me amaria.
Nunca. Ela deve ter visto como minha expressão ficou triste porque parou logo de
zombar e me olhou intensamente pedindo desculpas com os olhos, mas mesmo
assim desatei a chorar enquanto lembrava das últimas palavras de Victor. Tanisha
não interrompeu meu desabafou, como uma boa amiga fez o que lhe restava fazer,
me botou no seu ombro. Quando acalmei lhe contei o resto da história. Sobre
Jennifer, William, Victor e como ele me dispensou e não acredito em mim.
—Ele não te merece Leila. Você precisa, não. Você deve lhe esquecer. Não importa
que tenhas imprimindo nele, mas você vai ter que lhe descartar e vamos começar
hoje. Decidido hoje vamos dançar até não poder mais, esquecer o mundo em volta.
Depois desta semana com certeza estamos a precisar de uma lady’s night.
E foi isto que fizemos, quando o sol se pôs dando boas vindas à lua começamos a
nos preparar. Vasculhei o armário e acabei encontrando o que eu queria, um
vestido que caísse como segunda pele. Optei por um vestido sexy rosa brilhante de
seda fina, que deixava meus ombros a mostra, era um palmo acima do joelho como
os padrões actuais de moda recomendavam, apliquei maquilhagem simples leve,
mas bem-feita que consistia em tons castanhos-alaranjados com toque rosa, para
finalizar calcei minhas sandálias pretas de leda estilo grego que estavam super na
moda. Hoje a noite seria minha.
Quando fui buscar Tanisha ela estava dando os últimos retoques, uau, ela se
superou. Ela vestia um vestido verde-azul com estampas feito ondas de mar, e era
bordado com pequenas moedas cor de ouro espalhadas uniformemente pelo peito e
mesmo processo repetia-se onde a estava a bainha do vestido, mas desta vez as
moedinhas bordavam no vestido como as ondas de mar, ao contrário do meu o
vestido dela ia até ao joelho. Ela usou sapato salto dourado para combinar com seu
vestido, e valorizou sua beleza oriental abusando do rímel nos olhos para lhes
destacar, deixou seu lindo comprido cabelo negro solto. Usou pulseiras douradas,
brincos gigantescos e um formoso colar de ouro que se destacava no seu audacioso
decote V. indianos e ouro, mistura perfeita.
—Uau. Hoje você se superou hein,– disse-lhe.
—Você também não fica atrás, estás deslumbrante. Tanisha devolveu-me o elogio.
—Brigada. Vamos?
—Tik ré.
Quando chegamos no clube, este estava literalmente pegando fogo. Corpos se
moviam ao ritmo de uma música electrónica que não prestei atenção. Pensei que
quando chegasse no clube meus problemas iriam acabar como sempre, mas deus,
não. Tinha que se intensificar mais ainda. Este ambiente só trazia mais lembranças
do meu primeiro encontro com Victor. Não dancei muito, Tanisha ainda tentou me
animar, mas nada. Simplesmente o austral não levantava, limitei-me a tomar
alguns cocktails.
Foi aí que começou a tocar uns dos meus sons favoritos. Beat Goes On. As colunas
do clube reproduziam a batida.
‘Don't sit there like some silly girl
If you wait too long you'll be too late
I'm not telling you something new
There ain't no time to lose (No time to lose)
It's time for you to celebrate’
Madonna estava certa. Eu não ia ficar aqui sentada feito uma menina tola, esperado
o príncipe encantando vir me levar no seu cavalo branco, não. Eu ia dançar isto sim.
Estava na hora celebrar e não havia tempo a perder. Rapidamente consegui achar
Tanisha que movia as formosas curvas do seu corpo consoante à batida da música,
e juntei-me a ela na pista de dança.
‘Say what you like, do what you feel
You know exactly who you are
The time is right now
You got to decide
Stand in the back or be the star’
Hum se eu pudesse dizer o que estava sentido... Mas ia fazer exactamente o que
meu corpo estava pedindo neste momento. Dançar, dançar e dançar. E não ia ficar
atrás, hoje eu vim para brilhar então iria brilhar.
Isto estava esquentando, já não esforçava meu corpo a balançar ao ritmo da
música, ele ganhou vida própria. Minha parte favorita chegou, Kanye West estava
entrando.
‘Ah, here's a' improv'2, I want you, an' I'm gon' do to you what I want to do to you
Your girlfriend she wants too, beautiful, just flew in from Paris, voulez-vous
In a city that don't snooze, smooze a monster whose who's
And I use my celeb to get this one home
Oh everything that feel good gotta be so ah
Give me room now, I'm like a vampire on the full moon now’
Ah ah ah ah, vampiro em noite de lua cheia, irónico. Algo muito quente apalpou
minha cintura de um jeito ousado, já ia mi virar para esbofetear o engraçadinho que
ousava me pegar daquele jeito mas congelei quando vi quem era… não podia
acreditar no que meus olhos estavam vendo. Taylor?!
Não era meu vampiro em noite de lua cheia quem estava diante de mim, mas sim
era meu melhor amigo– O lobisomem Taylor, que estava parando ali na minha
frente sorrindo sedutoramente para mim, como se não tivesse passando anos
desde última vez que nos vimos. Como eu não senti seu cheiro antes? Deveria estar
muito distraída para não reconhecer que havia outro lobisomem no recinto.
Taylor aproximou-se mais, praticamente seu corpo quase colou o meu. Enlaçou
seus braços em minha cintura e eu não fiz nada para impedi-lo, estava congelada
ainda pelo choque de lhe ver ali.
—Então Leila vamos dançar, estavas tão animada quando eu entrei, vamos,
continua afinal de contas a musica se chama-se Beat goes on.
Era ele mesmo meu bem-humorado amigo, sedutor como sempre. Ele estava mais
bonito que eu lembrava, sua pele chocolate transmitia um calor aconchegante que
só os lobisomens possuíam. Mas tinha cortado o cabelo, sua massa muscular estava
mais preenchida, notava-se pelo seu braço forte em volta da minha cintura e seu
peito que me encostava. Olhei nos seus olhos, não havia mais dúvida era ele sim.
Não existiam duas pessoas no mundo que me olhava da mesma forma com aquela
intensidade. Uma mistura de compaixão, alegria e… desejo.
Finalmente meu sistema operativo decidiu cooperar e começou a funcionar de
novo.
—Taylor?!
—Puxa finalmente você acordou, já estava começando a ficar preocupado. Mexo
tanto consigo assim é?
Realmente tinha voltado, podia estar diferente exteriormente, mas por dentro
continuava o mesmo Casanova.
—Aposto que você deseja isto com todas as suas forças, mas não, não mexe. Eu só
fiquei surpresa por sua presença aqui. Já faz muito tempo, uns 4 ou 3 anos.– não é
só ele que conseguia ser sarcástico.
—Ai! Essa doeu. É, realmente faz bastante tempo desde que nos vimos,
precisamente quando você fugiu com desculpa de ir a faculdade.
—Taylor!– retruquei.
—Ah Leila nós os dois sabemos que você usou a faculdade para fugir. Não tente
negar.
Ele estava certo, eu realmente utilizei faculdade como escudo para fugir de meu
pai, da minha vida como lobisomem, do meu clã, de tudo. Mas eu não queria deixar
Taylor ele era a única pessoa naquele clã que me entendia, mas tive que escolher
ou minha liberdade ou minha amizade. Eu escolhi minha liberdade. Sei que magoei
Taylor, mas não podia mais ficar lá, sentia-me sufocada.
Memórias esquecidas daquele tempo começaram a vagar por minha mente, e uma
chamou minha atenção, oh meu deus agora eu lembrava de ter prometido ao meu
pai que assim que acabasse faculdade eu retornaria ao clã afinal sou a única filha
do Alfa e tinha deveres a cumprir e aprender, um dia teria que assumir a liderança.
Fiquei alarmada. Minha faculdade já tinha terminado. E eu não havia voltado. Será
que meu pai mandou Taylor vir me buscar?
Meus olhos faiscaram de medo acho que Taylor viu porque ele retrocedeu um
pouco de seu agarro, mas não me soltou.
—Taylor, o que você esta fazendo aqui?– perguntei cautelosamente, com medo de
ouvir a resposta.
—Calma Leila, por enquanto vamos dançar e depois vamos falar ok.– disse ele
preguiçosamente flechando um sorriso digno da publicidade da Colgate.
Não me deu tempo de retrucar, desta vez colidiu seu corpo quente em mim
fazendo-me calar, ali lembrei de Tanisha, onde ela estava? Reparei para o lado e
não lhe vi. Taylor notou que eu procurava alguém e falou.
—Está procurado sua amiguinha, ela se foi assim que eu cheguei. Boa amiga ela
hein. Lembre-me de lhe agradecer pelo tempo que elas nós deu.– Disse ele
piscando com um sorriso atrevido.
Agradecer, bufei. Ah ah oh oh. A traíra da Tanisha me deixou aqui com esperança
de eu poderia me acertar com alguém, como se as coisas fossem tão fáceis assim.
Não se esquece um grande amor assim de uma hora para outra. No momento
decidi continuar com jogo de Taylor, no meu íntimo eu sabia que ele não trazia boas
notícias se não já teria me falando, mas por hoje não aguentava mais receber mais
uma notícia má, Deuses. Eu iria morrer se recebesse mais um desastre nem que
fosse pequenino, esta noite eu iria brilhar para amanha mergulhar na escuridão.


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