Mais que amigos - Um Amor em NY escrita por Lucena


Capítulo 5
Capítulo 5




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A semana passou e eu nem percebi. Eu estava cheia de trabalho, e isso fez com que eu parasse de prestar atenção às horas, aos dias... Só me dei conta quando acordei às seis da manhã e não encontrei o meu pai para tomar café. Como nós dois éramos somos os únicos que trabalham, costumamos tomar o nosso café da manhã antes das sete. Foi quando percebi que hoje era sábado.

Voltei para a cama e tentei dormir um pouco mais, mas não consegui. Decidi ir correr. Fiz uma vitamina de banana, leite e cereais, tomei, peguei meu ipod, coloquei no volume mais alto e fui em direção ao parque.

Eu moro no centro, e por isso vou à pé até o Parque do Ibirapuera. Costumo correr por mais ou menos uma hora, e dependendo da minha disposição faço o trajeto de volta pra casa.

Eu cheguei no parque vinte minutos depois. Estava um dia bonito. O sol não estava muito forte, pois haviam muitas nuvens no céu. Fiquei encantada ao ver um beija-flor. Sentei perto o suficiente para ouvir o bater das suas asas, e fiquei observando-o. Era um pássaro lindo, pequeno, e era livre. Não pertencia a lugar algum e à ninguém. Imaginei como seria uma vida assim. Estar cada dia em um novo lugar, colhendo as melhores coisas dali, não ter obrigação com nada... Existem pessoas que são assim. Eu não sei se conseguiria. Quero ser livre para tomar minhas próprias decisões, mas ao mesmo tempo, eu quero ter o meu porto seguro, quero ter pra quem voltar depois de tudo...

Fiquei dispersa nesses pensamentos por um bom tempo. Quando me dei conta, já fazia uma hora e meia que eu tinha saído de casa. Oopa! Hora de voltar!

Peguei um táxi e dez minutos depois eu estava em casa. Encontrei meu pai na sala, lendo o jornal.

̶ Bom dia pai!

Eu caminhei até ele e dei um beijo em seu rosto.

Anna estava chegando, mas quando me viu, voltou para a cozinha.

̶ Ela ainda está chateada com você?

̶ Sim. Ontem à noite eu tentei conversar, mas ela fingiu que não estava me ouvindo.

̶ Eu vou falar com ela.

̶ Não pai. Pode deixar. Uma hora essa birra tem que acabar, não é?

Ele riu.

̶ Você foi correr?

̶ Sim, eu acordei cedo. Não consegui voltar a dormir. Senti que estava com muita energia, mas acabei não correndo.

̶ Por quê?

̶ Ah, eu vi um beija-flor e fiquei olhando pra ele. Quando percebi já tinha se passado muito tempo. Eu vou tomar um banho.

̶ O Ricardo chega hoje?

̶ É, acho que sim!

Me dei conta que mais uma vez eu esqueci do meu namorado.

...

O dia se passou como um sábado qualquer, fizemos todas as refeições juntos, dividimos as tarefas da casa, conversamos sobre a semana de cada um. As únicas coisas que estavam erradas era o comportamento de Annabelle, e uma sensação estranha que eu estava sentindo.

Desde que eu acordei hoje, sentia uma necessidade de me mover, uma eletricidade que não queria me deixar parada. Talvez, se eu tivesse corrido estaria melhor.

Já passava das quatro da tarde, nós estávamos reunidos no quarto dos meus pais, depois de assistir pela milésima vez Bonequinha de Luxo. Esse era o filme preferido da minha mãe, e acabou entrando pra lista dos meus preferidos também. Meu pai abraçava a minha mãe, enquanto Leo estava jogado no meu colo com as pernas em cima de Anna, que fazia cara feia.

̶ Anna, você já sabe que nós vamos pra Campos do Jordão no natal?

̶ Sério? Quem te disse isso Leo? ̶ Anna pareceu ter se entusiasmado.

̶ Ah, eu já combinei com o papai e com a Emma. Agora, você e mamãe estão oficialmente comunicadas.

Anna me olhou como se estivesse pronta para atacar.

̶ Ah, Leo, a Emma não te disse que ela não estará aqui no natal?

̶ Não? Por quê? ̶ Leo olhou pra mim.

̶ Ah, é que ela vai embora. Vai pra Nova Iorque, você sabe, aquela cidade que a vovó mora.

̶ Ah não! Mas é tão longe! Emma, não vá!

Os olhos de Leo estavam cheios de lágrimas e aquilo partiu meu coração. Annabella tinha extrapolado!

̶ Não se preocupe Leo. Eu não vou embora. Annabella está exagerando, você sabe como ela é. ̶ Eu pisquei pra ele, que piscou de volta pra mim.

̶ Por acaso você não vai pra Nova Iorque?

̶ Vou Annabella. Mas eu vou passar apenas alguns meses lá. E acredito que devo estar de volta antes do natal. Mas sabe Leo, se eu não vier vocês podem ir pra lá. Nova Iorque fica linda no natal. Você iria adorar!

̶ Ah! Eu quero ir pra Nova Iorque! Eu quero! Vamos pai!

̶ Bem, se a Emma não voltar até lá, acho que teremos que ir visitar ela.

Annabella ficou frustrada. Levantou-se e saiu do quarto.

̶ Querida, não se importe. É só birra, você a conhece.

̶ Não mãe. Isso já está ficando ridículo. Eu vou conversar com ela agora.

...

̶ Dessa vez você passou dos limites Annabella!

Ela olhou pra mim depois voltou a olhar pro notebook. Eu caminhei até ela e o fechei.

̶ Você está maluca? ̶ Ela gritou.

̶ Nós vamos conversar. Agora!

̶ Eu não tenho nada pra conversar com você.

̶ Não? Que estranho, porque eu tenho muita coisa pra conversar com você. Primeiro, você escutou uma conversa minha. Segundo, você me acusou de não gostar do seu namorado e do seu namoro, e de não querer a sua felicidade. Terceiro, você está me ignorando, fazendo essa birra. E quarto, você usou o Leo pra me atingir! Você passou de todos os limites Annabella!

Ela levantou-se, estava com raiva, dava pra ver em seus olhos.

̶ Sobre a sua ligação eu já te disse que não costumo fazer isso. E sobre você não gostar do Caio, vai negar? Você sempre aponta os erros dele, os defeitos, nunca o elogia. Se dependesse de você nós já teríamos terminado há muito tempo! E depois de pensar a respeito, eu entendi que você tem inveja. Inveja, porque o Caio me ama, inveja porque eu amo ele, inveja porque o nosso namoro é legal. Percebeu a diferença que existe do meu namoro com Caio e do seu com Ricardo? Não existe amor entre vocês! Se toca, Emmanuelle! E outra coisa, eu não usei o Leo para te atingir, eu contei a verdade pra ele, enquanto você o deixava acreditar e planejar um natal que ele não vai ter. Eu estou errada?

̶ Meu Deus, Anna. O que há com você?

̶ Eu estou cansada disso! Estou cansada de você ser a filhinha que dá orgulho pro papai, e até mesmo quando vai contra ele, ele a perdoa. Ele não te recrimina, ele não te dá horários ou regras, ele faz tudo por você. Ele só vê você! Eu estou cansada disso!

̶ Emma, você pode nos deixar à sós?

Meu pai estava ali, e tinha escutado tudo. Eu olhei de novo para Anna, que começara a chorar no meio da nossa discussão. Ela virou-se e nos deu as costas. Eu sai do quarto e os deixei resolver aquilo. Afinal, o problema de Anna não era realmente comigo, mas com o nosso pai. Ela sentia-se abandonada por ele, e como eu e ele somos muito próximos, ela resolveu descarregar toda a sua fúria sobre mim.

Meu Deus, como estou exausta! Que loucura tem sido minha vida nessas últimas semanas. Parece que tudo resolveu dar errado ao mesmo tempo.


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