–Mãe, olha, olha! - Nico apontou o pequeno castelo de gelo dentro do carrinho - Elsa fez para mim! Não é demais?!

A mulher ficou meio apreensiva.

– É muito lindo, filho, mas...

– É um presente - Elsa completou, vendo que ela iria recusar. - Eu insisto.

A mãe assentiu.

– Bem... Obrigada.

Nico empurrou o carrinho para dentro de casa, junto de suas antigas roupas e as sobras do lanche.

Pegou um embrulho e ofereceu para Elsa.

– É torta, para o Jack, ele vai gostar. Não é, Jack? - Perguntou para o guardião, que estava um pouco longe, encostado na parede da casa.

Ele olhou para os lados, concordou com a cabeça e olhou para Elsa. Esta olhou para a mãe que, sutilmente, procurava em volta pelo tal Jack.

A rainha sorriu e piscou para a mulher, movendo os lábios para dizer que era "uma brincadeira nossa".

– Ah, sim! Então deixe para... Jack. - Concordou.

Nico deu o embrulho para Elsa e voltou correndo para dentro de casa.

Elsa voltou o olhar, de canto, para Frost, que tinha a cabeça baixa. Novamente se sentiu mal por ele.

O sol já estava começando a se por, apesar do tempo não ter parecido passar.

O vento vinha mais cortante a cada lufada.

– Alteza, meu marido irá chegar logo, gostaria de entrar para esperá-lo? - Propôs a mãe, se abraçando.

– Já está ficando tarde, é melhor eu ir. Meus cumprimentos ao seu marido, tenho de voltar ao castelo.

Agachou-se e abraçou Nico, que retribuiu. Disse-lhe que nunca mais fosse tão longe de seus pais e prometeu o visitar algum dia.

Quando ele se virou para despedir-se de Jack Frost, o mesmo não se encontrava ali. Seu sorriso murchou.

– Onde ele está? - perguntou.

Elsa procurou pelos lados e também não o viu.

– Ele deve ter tido alguns... Probleminhas para resolver - inventou. Sussurrou em seu ouvido: - Mas talvez ele lhe traga um presentinho depois.

Ele voltou a sorrir e concordou.

Após as despedidas, a rainha foi embora. Decidiu que voltaria para o castelo do reino, pois era mais perto e estava cansada.

Começou a nevar novamente, grande parte do sol já se encontrava escondido no horizonte. Uma rajada de vento a atingiu, fazendo-a suspirar. O frio era tão bom.

– Vou sentir falta dele. - Murmurou uma voz ao seu lado.

Ela se assustou, mas conseguiu esconder.

– Porque não se despediu dele, Jack?

Ficaram alguns segundos em silêncio, caminhando.

– Não sou muito fã de despedidas.

– Disse para ele que você lhe traria um presente. – Contou.

– Tudo bem.

A neve que caia devagar, agora já tampava a visão alguns metros à frente. Havia se tornado uma nevasca. Mas, Elsa sabia, o palácio estava próximo.

Continuaram caminhando em silêncio, mais perto da floresta que cercava o reino do que das casas.

O guardião limpou a garganta.

– Preciso ir. Estão me esperando... Em outro lugar.

Pararam um de frente para o outro.

Como a neve era muita, Elsa precisou chegar ainda mais perto para poder vê-lo.

– Agradeço, novamente, por nos ter ajudado. Tenho certeza de que Nico não vai te esquecer. - Pôs a mão em seu ombro.

O guardião sorriu e se aproximou, beijando a face da rainha, seus lábios gelados pareceram surpreendentemente quentes contra sua pele.

– Adeus, rainha Elsa. Foi uma honra conhecer você e seus maravilhosos poderes. - Ele se curvou, numa reverência.

– Adeus, Jack Frost. - Sorriu para o garoto, que deu uma piscada. Ele se virou e saiu andando, adentrando a neve. Segundos depois seu casaco escuro já não estava mais visível.

Depois disso nunca mais o viu.

Mas o estranho garoto de olhos azuis e cabelos brancos, que também possuía poderes sobre o gelo, nunca saiu dos pensamentos de Elsa.