Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 5
Bem Vindo à Silent Hill


Notas iniciais do capítulo

"Apenas a escuridão abre ou fecha as portas de Silent Hill." Dahlia Gillespie (film Silent Hill)



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– Olha isso. – disse Sebastian mostrando a carta para Emma, enquanto apontava para a data do papel.

– Mas essa carta é de 2 anos atrás. – disse Emma após examinar a correspondência, confusa.

– Exatamente, ainda estava no envelope!

Emma não demonstrou nenhuma reação significativa, embora, em seu interior, não estivesse mais apenas curiosa, ela tinha começado a ficar... preocupada, não com seu pai, no fundo ela estava até feliz de não o ter encontrado, mas com o fato de que algo poderia acontecer a ela e a Sebastian, afinal, era, de fato, uma casa abandonada e não se sabia quem ou o quê poderia estar ali, os observando. Ela pegou a carta e a jogou numa cômoda que havia encontrado no canto da parede e continuou se aprofundando dentro do sobrado.

As tábuas rangiam sob seus pés, dando-lhe a impressão que a qualquer momento iria desabar ali mesmo, porém ela não se intimidou e vasculhou todo o andar de baixo do lugar, uma sala suja e pouco mobiliada, um banheiro (em péssimo estado), uma cozinha e uma pequena dispensa, que para seu alívio, não guardava nada demais, a não ser muito pó, papéis e comida já em avançado estado de decomposição, o que dava ao ambiente um cheiro horrível.

– Quem saiu daqui saiu com pressa! – riu Sebastian, entrando na cozinha, com os dedos tampando o nariz.

– E para nunca mais voltar. – completou Emma – Bom, por aqui nada... achou algo interessante?

– Não, só o mesmo que você.

– Bom.. - suspirou Emma - Para o andar de cima, então.

– Para alguém que não queria nem entrar nesta casa você parece bem curiosa...

– Só quero saber o que aconteceu, OK?

– Tá... tá... para o andar de cima.

Os dois dirigiram-se às escada, que por sinal, pareciam não aguentar nem o próprio peso, imagine uma pessoa passando por ali!

– Primeiro as damas. – falou Sebastian para Emma, fazendo um gesto para que esta começasse a subir.

– Que galante! – Emma falou num tom irônico, e começou a subir as escadas.

Emma subia cautelosamente cada degrau, que rangiam alto quando eram pisados, ela não queria admitir, mas estava com medo de cair. “Mais um... mais um... mais um... mais... um..” ela pensava enquanto subia.

– AAAAHHHHH!! – gritou Emma.

No meio da escada um degrau havia se rompido sob seus pés, Sebastian, num ato de frenesi, tentou ajudar mas, sabia que poderia cair junto com ela caso tentasse, podendo piorar a situação ainda mais, caindo, Emma se apoiou no corrimão, que também se rompeu, ela entrou em pânico, estava caindo, não tinha mais onde se segurar e ia ser dilacerada pelas lascas de madeira quebradas da escada, que haviam formado dentes sob seus pés, porém conseguindo um pouco de impulso com o pé em um desses “dentes” Emma pulou para o degrau seguinte e se apoiou na parede. Já equilibrada ela sentou-se no degrau, espantada e ofegante, e olhou para Sebastian, engolindo seco.

– Cuidado com o degrau. – disse Sebastian, se recuperando do susto que havia tido.

– Obrigado...

Emma se recompôs e terminou de subir as escadas, com um cuidado redobrado, é claro!

– Vamos, agora é a sua vez!

Sebastian subiu as escadas com toda a leveza e cuidado que tinha, afinal, não queria que o mesmo que aconteceu a Emma lhe acontecesse, ele poderia não ter a mesma sorte que ela. Logo que este subiu, ambos começaram a procurar qualquer indicio do que havia acontecido ali, parecia que não teriam muito trabalho, aquele era um andar pequeno, bem menor que o anterior, mas tão acabado quanto. Por causa do cheiro de bolor e da aparência agonizante, Emma havia criado certa aversão àquele lugar e faria de tudo para não ficar mais um segundo ali, por isso, decidiu dividir o andar: para acabarem mais rápido e irem embora de uma vez, cada um ficaria com um lado do único corredor que havia, onde cada lado tinha uma porta. Ela partiu para sua porta, enquanto Sebastian ia à direção oposta, investigar o que lhe era devido.

Ao tentar entrar Emma percebeu: a porta estava emperrada. Mas não era problema que ela sozinha não pudesse resolver, empurrou com um pouco mais de força e logo a porta se abriu, aquele era o quarto de Douglas. Uma cama desforrada, uma cômoda e um guarda-roupa quebrado feitos de madeira podre e roída eram os únicos elementos naquele lugar. Apesar da necessidade de investigar, ela sentia nojo de tocar em qualquer coisa ali, mas para sua sorte, não precisou.

– EMMA! – gritou Sebastian. – Acho que vai gostar de ver isso.

Aliviada, rapidamente Emma correu pelo corredor e foi até a sala onde Sebastian estava, pegou na maçaneta, girou e empurrou a porta. Ela não acreditou no que viu: uma sala escura onde havia quadros com anotações em todas as paredes, livros e mais livros cobertos com uma camada grossa de poeira empilhados em todo lugar, e fotos, fotos das mais variadas pessoas espalhadas numa mesa bem no centro da sala, aquilo... aquilo... era o escritório dele, se bem que, parecia muito mais uma cena de filme policial. Emma estava espantada, porque seu pai teria um escritório daquele tipo na sua casa?

– Não sabia que seu pai era um maníaco... – riu Sebastian olhando para Emma, que ao receber um olhar gelado de volta parou de rir instantaneamente – ou um detetive, sei lá. – disse querendo despistar a falta de respeito.

Sebastian foi até a mesa... enquanto Emma lia tudo que estava a vista procurando por sinais, lá ele achou apenas uma luminária apagada, que apontava para uma pequena pastinha de papéis... ele olhou, pegou e abriu...

– Ei olha isso! – disse ele espantado.

– O quê? – Emma já ia tomando a pasta de sua mão.

Dentro da pasta havia uma foto desbotada de uma garota loira e uma pequena mensagem, que parecia pertencer a uma página de uma espécie de diário, Emma começou a ler:

“Já faz um tempo que fui contratado para prestar meus serviços a uma senhora, chamada Claudia, de Silent Hill, ela pediu para encontrar essa garota, a tal Heather Mason, afirmando que a garota “pertencia” a ela. Ela chegou a mencionar algo sobre sequestro, mas não pude entender. Comecei a investigação e confesso que demorei para encontrá-la, cheguei a avistá-la algumas vezes, mas ainda não tive contato com a garota, pretendo fazer isso amanhã, ela costuma frequentar o Shopping às tardes. Claudia pediu que quando a encontrasse a levasse a Silent Hill de volta, bom, não sei se posso convencê-la a fazer tal coisa, afinal, a garota já é uma adolescente, e esse fase da vida é marcada pela teimosia, mas fazer o quê? Devo ao menos tentar.”

– É... um detetive. – Sebastian concluiu.

– Ei, olhe a data! É do mesmo mês e ano que aquela conta que vimos lá embaixo.

– O mesmo mês e ano que as correspondências pararam de ser abertas. - houve silêncio ali por alguns instantes - Emma, não sei o que houve com seu pai, mas com certeza tem haver com essa tal de Claudia ou com essa Heather. – complementou Sebastian.

– E o que você sugere que façamos agora?

– O que você acha? Vamos à Silent Hill! Encontrar essa mulher e ver se descobrimos se ela sabe algo do seu pai.

– Eu não quis vir até Brahms pelo Douglas, por que acha que eu iria até Silent Hill? – disse Emma, com um sorriso malicioso no rosto.

– Porque apesar do que sente pelo seu pai, quer desvendar essa charada e sabe que quer, talvez não por ele, mas por curiosidade...

Emma não quis admitir no início, mas Sebastian estava certo, ela queria continuar na busca, não por seu pai, afinal, seu ódio dele ainda era o mesmo, mas naquele momento, ele não superava a curiosidade e a vontade de Emma de ir ao fundo dessa charada que foi desafiada a resolver. Após de um tempo em silêncio olhando para ele, Emma disse:

– Vamos pro carro. – saindo na frente, com a pasta na mão.

– Isso! – Sebastian também estava empolgado.

Foram até a porta da casa, com cuidado ao passar pelas escadas é claro, saíram e entraram no carro, eles não tinham se dado conta do tempo que haviam passado na casa, já era o começo da tarde, deram a partida e iniciaram sua viagem, que a propósito, não seria tão longa quanto a primeira, uma vez que Brahms ficava próxima à Silent Hill.

As 2 primeiras horas foram silenciosas, com a exceção de algumas conversas quebradas e passageiras nada relevantes que haviam tido, Sebastian apenas dirigia enquanto Emma manuseava o celular, acomodada confortavelmente no banco... embora não tivesse manifestado, ela já havia tido vontade de parar e voltar varias vezes durante essas horas, pois momentaneamente se arrependia do que estava fazendo, afinal, ainda não queria encontrar seu pai, mas tentava ao máximo reprimir isso e focar cada vez mais no seu “caso”.

– Bom, aqui diz que Silent Hill é uma cidade turística, ensolarada, linda por sinal, pessoas amigáveis, bela fauna... flora... o de sempre para um site promocional... – disse Emma meio desanimada olhando para o celular.

– Interessante... seu pai deve ter se mudado pra lá. – riu - Bem melhor que aquele ... onde ele vivia.

– Olha Sebastian, eu gostaria de falar o menos possível no meu pai, ok? Ainda nem quero vê-lo, apenas encontrá-lo, saber onde ele está, e vamos embora, tudo bem?

– Ei! Achei que estávamos indo para você resolver seus probl...

– Não! – disse Emma – Como você mesmo disse, estou aqui pela curiosidade! Nada mais...

– Mas voc... quer saber? Pelo visto passaremos um bom tempo juntos, vou ter muito tempo pra te convencer, vamos focar só em encontrá-lo, está tudo bem para você?

Emma fez que sim com a cabeça e encostou-se no vidro da janela, olhando, pensativa, a paisagem, que passava rápido pelos seus olhos. Mais vários minutos de silêncio.

– Essa não... neblina... a estrada está ficando cheia dela, não consigo ver nada... - Sebastian havia ligados os faróis do carro na maior intensidade que era possível, mas mesmo assim não conseguia ver muita coisa.

– Inverno, meu bom Sebastian, está chegando... – disse Emma, olhando para a paisagem que se perdia da neblina, ela tinha achado estranho aquela mudança repentina na atmosfera, afinal, a uns metros atrás a estrada estava limpa e agora... aquilo, mas como ela mesmo havia dito, devia ser o inverno. Olhando mais um pouco, Emma se desencostou no banco rapidamente, tentando ver alguma coisa pela janela.– e por falar em chegar... o que é aquilo?

– Parece um outdoor ou uma placa, algo assim... – disse Sebastian ao tentar ver o que era - Não consigo ler por causa da neblina, consegue ver o que está escrito? – perguntou o rapaz.

– Sim... – Emma fez um pouco de esforço para conseguir ver através daquela espessa névoa – diz: Bem Vindo à Silent Hill.


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Notas finais do capítulo

Emma e Sebastian examinam a casa do pai ao descobrirem que a mesma está abandonada quando veem contas de 2 anos atrás que não foram sequer abertas, lá eles descobrem que o pai de Emma estava agindo como um detetive e estava num caso onde deveria encontrar uma tal de Heather Mason, a pedido de Claudia, uma mulher de Silent Hill. Vendo que a data do caso e as datas de quando as cartas pararam de ser abertas coincidiram, Emma e Sebastian partem para Silent Hill, para saber mais sobre o que aconteceu.



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