Dias depois, Shunrei estava na sala de aula, mas seus pensamentos estavam longe, havia um sentimento em seu pequeno coração que ela não conseguia lhe dar, e isso a estava deixando tristonha e sem ânimo. Kokoro e Dohko se viam casualmente na cidadezinha, mas dava-se para notar o ar romântico que pairava entre os dois.

_Shunrei o que você tem? –Perguntou Shirah.

_Nada não.

_Então vamos brincar lá fora?

_Pode ir na frente. –Disse Shunrei forçando um sorriso.

A irmã de Ohko deu-lhe um abraço e logo saiu correndo. Minutos depois, Shunrei decide ir lá fora para ver se animava-se. Havia um burburinho de alunos no corredor, eles estavam fazendo inscrições para as aulas de natação. Mas Shunrei não deu à mínima, foi para uma parte do jardim que estava sem ninguém, sentou-se e ficou com seus pensamentos confusos. Um toque no ombro fez a garota se virar rapidamente, era Shiryu.

_Aconteceu alguma coisa, Shunrei? Alguém te machucou? –Perguntou preocupadamente o menino.

_Não.

_Então por que está aqui sozinha? _Eu estou sentindo um aperto bem aqui... –Disse a menina apontando para o peito. O garoto sentou-se bem próximo a Shunrei passando o braço em volta dos ombros, puxando-a para junto de si. Shunrei deixou-se levar pela ação do coleguinha que a fez se abrir com ele.

_Shiryu, eu estou me sentindo triste e não sei direito o que é... Só sei que eu não gosto quando a Dra Kokoro vai à nossa casa.

_Você não gosta dela?

_Gosto sim! E também da sua filhinha. Mas parece que o meu pai está dando muita atenção a ela... E eu acho que elas vão morar lá na minha casa. –Disse Shunrei com os olhos lacrimejados.

_Shunrei, eu acho que você está com ciúmes do seu pai com a Dra Kokoro. Se ela vai morar na sua casa, então quer dizer que ela vai se casar com seu pai e vai ser a sua mãe.

_Shiryu, eu já tenho mãe! Ela está lá no céu como uma estrela.

_Eu sei, mas eu acho que seu pai se apaixonou pela doutora, mas isso não quer dizer que ele está te esquecendo. Sua família vai crescer, você vai ganhar uma irmã!

_Ah, Shiryu! Será mesmo?

_Confie em mim, sou seu amigo. Agora que tal a gente se inscrever nas aulas de natação?

Shunrei sorriu e acenou com a cabeça positivamente. Os dois foram fazer as inscrições, mas só as crianças acima de seis anos poderiam. Shiryu viu a tristeza nos olhinhos da chinesa e resolveu fazer alguma coisa.

_Não fique triste, Shunrei. Vamos fazer um acordo?

_Acordo? –Questionou a menina.

_Eu vou treinar com você todo sábado de manhã, assim você pode ir já se preparando para quando for se inscrever. O que acha?

_ Ah, Shiryu, eu vou achar o máximo! Podemos ir treinar na cachoeira perto da minha casa!

_Mas, você não acha perigoso? Seu pai não vai deixar.

_Não se preocupe! Papai sempre me deixa brincar na margem do rio, ele confia em mim, porque eu sempre fico na parte segura. -Explicou Shunrei entusiasmada.

_Se é assim... Vamos começar amanhã, tudo bem?

Shunrei concordou, deu-lhe um beijo no rosto e retornou a sala de aula.

_Shunrei, que sorriso é esse? Até parece que viu passarinho verde.

– Shirah perguntou quando a chinesa sentou-se ao seu lado.

_Vi sim, Shirah!

_Meninas, por favor, façam silêncio. – Repreendeu o professor.

Finda a aula, Shunrei esperava seu pai no jardim ao lado do portão principal.

_Oi, Shunrei. Soube que o Shiryu vai treinar para as aulas de natação com você.

_Sim. Infelizmente eu não pude me inscrever, mas o Shiryu e eu vamos treinar juntos, assim quando eu tiver idade, eu já saberei nadar muito bem e então poderei entrar no time de natação.

_Eu também posso ir nadar com vocês? É que eu também estou inscrito na natação...

_ É claro que pode! E também pode levar a Shirah, vai ser muito divertido!- Shunrei ouviu seu pai buzinando, avisando que já chegou._ Amanhã a gente se fala. Tchau Ohko!

Durante o trajeto, Shunrei permaneceu calada. Ao chegar em casa, foi direto para o seu quarto. Dohko foi preparar um jantar especial para sua filha, pois já tinha percebido que ela andava sem entusiasmo desde o dia que ele e Kororo se beijaram. Ele fez bastante guioza e também zongzi, um arroz glutinoso, recheado com carne. Shunrei havia tomado banho e brincava com suas bonecas. Dohko abriu a porta vagarosamente e ficou olhando sua pequena brincar solitariamente.

_Oi Shunrei! Vamos jantar? Eu fiz guioza e zongzi que você adora!

Shunrei correu até seu pai e o abraçou, para surpresa do mesmo.

_Papai, eu não queria que a Dra Kokoro viesse mais na nossa casa, não queria que ela viesse morar com a gente... Queria que tudo fosse sempre como é agora, mas o meu amigo Shiryu me disse que o senhor está apaixonado por ela e eu só estava com ciúmes e que não devia me preocupar porque a nossa família está crescendo.

Dohko a abraçou mais forte erguendo-a do chão.

_ Eu a amo muito, minha filha! Ninguém vai mudar isso.

_ Eu também te amo muito, papai!

Ambos foram jantar, conversaram sobre casamentos e famílias. Shunrei sempre fazia perguntas que muitas vezes embaraçava o pai, mas ele respondia tudo conforme a pequena pudesse entender.

_Papai, eu já ia me esquecendo! Na escola vai ter aulas de natação, mas eu não pude me inscrever porque eu sou muito pequena ainda, mas o Shiryu e o Ohko vão participar e eles vêm aqui para o rio para praticarem mais e ensinar a mim e a Shirah, quando a gente for se inscrever já estarmos bem preparadas.

_Você pode ser pequena na idade, mas na inteligência...–Dohko rio do próprio comentário._ É claro que seus amigos podem vir! Mas não quero que vão para o lado da cachoeira, ouviu?

_ Sim, papai.