Amor de Pai - RxHr escrita por Verônica Souza


Capítulo 28
Capítulo 28




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– Até que enfim consegui fazer Tiago dormir. – Gina entrou exausta no quarto. – Ele estava muito agitado hoje.

– Está crescendo Gina... Nessa idade as crianças são mais agitadas. – Harry disse deitado na cama.

– Hum... E posso saber quando você se tornou expert em crianças, Potter? – Ela brincou.

Harry riu e a observou. Gina vestiu um short curto de pijama e uma camiseta decotada. Soltou os cabelos longos e ruivos no ombro e olhou para Harry sorrindo.

– O que foi?

– Faz um tempinho que não ficamos um tempo a sós. – Ele sorriu malicioso.

– Hum... Verdade. Estamos sempre cansados. – Ela se aproximou dele.

– Acho que poderíamos aproveitar um pouco... O que acha? Ainda mais você vestida com esse pijama...

– Você gosta do pijama? – Ela perguntou divertida? – E se eu o tirasse?

– Ficaria melhor ainda. – Ele a puxou para a cama, fazendo com que ela se deitasse por cima dele. – Minha ruiva linda. – Ele sorriu e a beijou. Gina se entregou totalmente a ele como fazia todas às vezes, desde quando eram adolescentes. Na maioria das vezes, quando começaram a ter relações, Gina era a mais assanhada entre os dois. Sem nenhuma vergonha ela excitava Harry como ninguém.

Realmente havia muito tempo que eles não tinham um tempo a sós, e queriam aproveitar isso. Mas não seria naquela noite. Ouviram a voz de Hermione vinda do primeiro andar, chamando por eles.

– É Hermione? – Harry perguntou parando o beijo.

– Parece que sim. – Gina disse. – Será que aconteceu alguma coisa?

Harry imediatamente levantou e se ajeitou. Por sorte ainda estava de roupa. Gina vestiu seu robe e os dois desceram às pressas. Hermione estava chorando, com o rosto totalmente vermelho.

– Meu Deus Hermione, o que aconteceu? – Harry perguntou preocupado. Hermione se apressou em abraçá-lo. Harry apertou o abraço e olhou para Gina sem entender.

– Aconteceu alguma coisa com as crianças Hermione? – Gina perguntou.

– N...Não. – Ela disse soluçando soltando o abraço de Harry. – Rony... Ele...

– O que aconteceu com ele? – Gina perguntou sentindo o coração disparar.

– Ele está bem... Mas... Ele... Emília... – Sem terminar a frase ela voltou a chorar. Gina se apressou para ampará-la e ajudá-la a se sentar.

– Vou buscar água pra ela, está muito nervosa. – Gina disse para Harry indo para a cozinha.

– Você sabia não sabia? – Hermione perguntou olhando para Harry. Ele não respondeu. – Sabia sim. Como eu fui uma boba?

– Hermione o que Rony fez foi horrível. Você não tem culpa de nada!

– Eu não entendo Harry... Eu estou me esforçando para lembrar... Você sabe que estou. E quando eu finalmente começo a me adaptar à família, acontece isso.

– Rony foi um grande idiota em ter feito isso Hermione... Mas tenho certeza que está arrependido. Foi um momento de fraqueza, tente pensar por ele. Estava desamparado, você estava com raiva dele. Foi um momento de carência. Emília o beijou e ele não conseguiu afastá-la. Por mais errado que ele tenha sido, a culpa não foi totalmente dele.

– Aquela Emília... – Hermione disse rancorosa. Gina entregou o copo de água para ela, que bebeu em apenas um gole. -... Nunca senti tanto desgosto por alguém como sinto dela.

– Ela também foi culpada. Uma vadia para dizer a verdade. – Gina disse. – Mas realmente meu irmão passou dos limites.

– Melhor você ficar aqui por hoje. Precisa esfriar a cabeça antes de conversar com ele. Depois vocês podem conversar mais calmos.

– Não sei se quero conversar com ele. Antes eu tinha vontade de me lembrar, dele, de tudo... Agora não tenho mais.

– Não diga isso Hermione...

– Estou falando sério Harry. Perdi totalmente a vontade. Quem garante que ele já não fez isso outras vezes e vocês estão me escondendo isso?

– Eu garanto. Sou melhor amigo dele, mas sou como seu irmão. Nunca escondi nada de você, e sabe disso. E além do mais, antes de tudo acontecer Rony não tem nenhuma desculpa para ter feito isso. Eu não ficaria mesmo do lado dele.

Hermione ficou em silencio, olhando para o chão.

– Não quero atrapalhar vocês... – Disse magoada.

– Não atrapalha de maneira alguma. – Gina sorriu para ela. – Pode ficar.

Hermione sorriu de volta. Uma das coisas que ela se lembrava era que tinha os melhores amigos que alguém poderia ter.






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No dia seguinte, Hermione acordou com uma tremenda dor de cabeça. Não saberia se era o nervosismo ou por ter chorado tanto. Talvez os dois.

Desceu as escadas e Gina tinha preparado o café.

– Bom dia. – Ela disse sorrindo e beijando Tiago no rosto. – Bom dia lindinho.

– Oi dindinha! – O garoto disse animado tomando o seu leite.

– Bom dia. – Gina disse animada. – Está se sentindo melhor?

– Um pouco... Não pretendo ficar chorando por ele.

– Isso mesmo! Ótimo! – Gina sorriu. – Depois do café vamos voltar para sua casa para ficarmos com as crianças. Afinal não podemos culpá-las por isso.

– Claro... Onde está Harry?

– Foi para o Ministério. Tem que participar dos treinamentos.

Hermione olhou para Gina e se lembrou de que Emília estava treinando com eles.

– Gina... Preciso ir a um lugar antes de ir pra casa. Você pode ir na frente e cuidar das crianças?

– Aonde vai?

– Resolver um problema que já deveria ter resolvido há muito tempo.

Disse simplesmente entrando na lareira, sem ao menos dar tempo de Gina lembrá-la do café.





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Rony chegou atrasado para o treinamento. Abriu a porta de mau humor e não cumprimentou ninguém. Nicholas e Harry se entreolharam.

– Bom... Podemos começar. – Harry disse. – Hoje vamos treinar duelos. Formarão duplas, está bem? Miguel vai com Patrick, Bernard vai com Lucca, e Emília...

– Quero me oferecer para duelar com Emília. – Hermione abriu a porta sorrindo satisfeita. Todos voltaram sua atenção para ela. Rony e Harry a olhavam abismados.

– Hermione, não pode... Você não está em treinamento... – Harry tentou falar, mas foi interrompido por Hermione.

– Dei uma olhada nas regras de treinamento... Não diz que é obrigatório treinar com um auror. – Ela disse encarando Emília.

Todos ficaram em silencio.

– E então Emília... O que acha? – Hermione cruzou os braços.

– Eu acho...

– Um absurdo! – Rony a cortou. – Não vai aceitar!

– Por que não Rony? – Hermione perguntou sínica. – Tem medo que uma das duas saia machucada?

– Hermione você não pode...

– Não se preocupe Rony... Uma de nós duas ainda estará inteirinha pra você. De qualquer jeito sairá no lucro. – Ela sorriu e Rony ficou vermelho. Hermione estava brincando com fogo. Os outros aurores abaixaram a cabeça desconfortáveis.

– Está bem... – Harry disse quebrando o clima. – Não custa deixar.

– Está ficando louco Harry? – Rony perguntou nervoso.

– Rony, melhor deixa-las resolverem isso desse jeito. Bom que acaba logo com essa briga de adolescentes. – Harry cochichou para Rony. – Vocês serão as ultimas. Miguel e Patrick, podem começar.

Hermione se sentou satisfeita em uma das cadeiras que tinha ali. Emília fez o mesmo, um pouco desconfortável com a situação. Gostava de provocar Hermione, mas não estava preparada para duelar com ela.

Rony estava visivelmente nervoso e irritado por Hermione estar fazendo aquela cena na frente de seus colegas de trabalho. Nicholas e Harry estavam desconfortáveis com a situação. Os três voltaram sua atenção para o treinamento dos rapazes.

Depois de Miguel e Patrick, foi a vez de Bernard e Lucca. Todos permaneceram em silencio, apenas Hermione e Emília trocavam faíscas com apenas um olhar. Quando os últimos terminaram o treinamento, os três se viraram para elas.

– Tem certeza que quer fazer isso Hermione? – Harry perguntou.

– Claro Harry! – Disse entusiasmada. – Tenho certeza que minha colega aqui está muito bem em feitiços. Afinal, será uma auror, a proteção do nosso mundo está nas mãos dela. – Ela sorriu para Emília, que fechou a cara. Hermione deu uma ultima olhada para Rony e entrou na sala, seguida por Emília.

– Elas vão se matar lá dentro. – Rony disse irritado.

– Deveria ter pensado nisso antes. – Harry o alfinetou. – Emília e Hermione, estão proibidas de fazer qualquer tipo de feitiço para ferir gravemente a... Parceira. Apenas feitiços leves. Entenderam?

As duas balançaram a cabeça afirmando.

– Podem começar.

– Então quer dizer que quer revanche, Granger? – Emília sorriu para ela apontando sua varinha. – Ou devo dizer... Weasley? Ah... Tanto faz não é? Você não se lembra mesmo.

– Queria eu ter esquecido coisas mais importantes, como você. – Hermione também apontou a varinha para ela.

– Por que está brava Hermione? Descobriu algo? – Perguntou sínica.

– Você não me atinge Emília. Rony pode ser bobo, mas eu não sou. Você pode até seduzi-lo, mas a mulher que ele escolheu para ser sua esposa fui eu. Acho que amor é mais importante do que desejo.

– Do que adianta ter amor se não tem desejo? – Emília riu. – Quem garante que todas as vezes que vocês fizeram sexo ele não estava pensando em mim?

Hermione ficou em silencio, ficando mais vermelha a cada minuto.

– Harry, mande-as sair. Isso não vai dar certo. – Rony disse com raiva.

– Rony, não adianta. Sabe como Hermione é. Enquanto não fizer isso ela não vai sossegar, e o culpado disso tudo é você.

– Ele deve ter se segurado para não gritar o meu nome... – Emília continuou. – Me lembro muito bem... Nós dois na biblioteca... Ele chamava o meu nome o tempo inteiro...

– Estupefaça! – Hermione atingiu Emília, que voou para o outro lado da sala, caindo no chão.

– HARRY! – Rony olhou para ele.

– Hermione, eu disse feitiços simples! – Harry ressaltou, mas Hermione fingiu que não o escutava.

– Não adianta Hermione. – Emília se levantou com raiva. – Ele sempre vai se lembrar de mim, não importa o que você faça!

Hermione lançou um feitiço silencioso, mas Emília o bloqueou, lançando imediatamente um em Hermione, que a fez rodopiar nos ares e cair no chão.

– Mas que droga Harry! – Rony disse bravo. – Emília está provocando ela.

– Rony! Fica calmo, ok? – Harry gritou com ele.

– Elas estão realmente bravas. – Nicholas disse. – Emília pode machucá-la.

– Está dizendo que Hermione não é boa o suficiente? – Rony perguntou com raiva.

– Não! Estou dizendo que Emília não sabe duelar civilizadamente! – Nicholas também respondeu bravo.

– Olha aqui, Vincent...

– Vocês dois, parem! – Harry gritou.

– Você é repugnante Emília. Só você pra ter coragem de beijar um homem casado e com filhos.

– Eu beijei, mas ele continuou.

– Não teria feito isso se você não tivesse provocado ele!

– Ele não teria continuado se você não fosse uma burra e ainda se lembrasse dele.

Aquilo foi a gota d’água para Hermione. Ela lançou um feitiço em Emília, fazendo-a ficar parada no ar e jogar sua varinha no chão. Hermione a lançou para o outro lado da sala, fazendo-a bater na parede e cair no chão. Emília não ficou desacordada, mas não conseguiu se levantar.

– Chega! – Rony gritou abrindo a porta. – Hermione, sai já daí!

Hermione guardou sua varinha no bolso e saiu batendo o pé, como uma criança mimada. Passou por Rony, mas não olhou para ele, e assim saiu da sala. Rony ia atrás, mas Harry o segurou.

– Não é hora pra isso. – Harry disse calmamente.

– Eu vou atrás dela. – Nicholas ignorou o olhar de Rony e saiu atrás de Hermione.

– Está vendo? Ele se aproveita da situação! – Rony disse indignado.

– Está com medo de ela fazer a mesma coisa que você? – Harry perguntou. Rony olhou com raiva para ele, e entrou na sala, ajudando Emília.

– Você se machucou?

– Um pouco... – Ela se sentou. – Hermione leva as coisas muito a sério.

– A culpa foi sua. Não deveria ter provocado ela nesse estado. – Ele a ajudou a se levantar.

– Não foi minha intenção.

– Nós sabemos que foi...

– Então ela sabe do beijo?

– Sabe. Eu contei. Vem, vou te levar para a Ala hospitalar.




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– Hermione, espera! – Nicholas correu pelos corredores do Ministério. Hermione parou, mas não olhou para ele. Quando Nicholas se aproximou, viu que ela estava chorando. – Hermione... Ele não merece que você chore por ele.

– Do que está falando? – Ela limpou as lágrimas.

– Eu... Eu vi... Ele e Emília.

– Ótimo... Todos viram. – Ela disse voltando a chorar. – Agora sou uma boba conhecida por todo o Ministério.

– Não Hermione, você não é boba. Ele que não sabe respeitar a mulher que tem.

– Nicholas, eu não quero falar sobre isso...

Ela se virou, mas ele a segurou.

– Você tem que arrumar alguém que a respeite e a faça feliz.

– Ele me faz feliz.

– Você nem ao menos se lembra dele.

Hermione ficou em silencio.

– Mais um motivo para eu não ligar. Não me lembro dele, então não tenho que estar assim.

– Então por que está chorando?

– Eu não sei... – Ela voltou a chorar. Nicholas a abraçou, e foi a primeira vez no dia que ela se sentiu protegida. Deixou que Nicholas a abraçasse.

– Hermione... Tem uma coisa que quero te dizer há muito tempo.

– O que é? – Ela olhou para ele.

– Eu... Eu... Acho que sou apaixonado por você.

Ela o encarou assustada. Não poderia negar que Nicholas era realmente atraente, lindo e sedutor, mas ele não era Rony. E mesmo não se lembrando dele, seu coração implorava por ele.

– Eu... Já sabia disso? – Ela perguntou.

– Não... Nunca disse a ninguém, apesar de Rony já ser desconfiado.

– Eu... Sinto muito.

– Não sinta. Há muito tempo eu não me apaixonava assim. No início eu não gostava de você. Você é realmente cabeça dura, irritante e metida... Mas hoje isso é uma das qualidades que eu mais admiro em você. – Ele sorriu para ela. – Você é incrível Hermione. Realmente incrível.

– Obrigada... – Ela sorriu envergonhada. – Eu não sei o que dizer...

– Não precisa dizer nada... Se quiser... Eu posso fazer você feliz Hermione.

– Não... Não é certo Nicholas. Mesmo que eu não me lembre, eu sou casada e tenho filhos.

– Você não queria acreditar nisso até ontem.

– Mas agora vejo que é a realidade. Rony não merece que eu o perdoe, mas não posso deixar meus filhos de lado.

Nicholas a encarou olhando no fundo dos seus olhos. Hermione não conseguia olhar nos olhos dele, desviando o olhar sempre que possível.

– Hermione... Me dê uma chance. Aproveite que você não se lembra de nada, e me deixe fazê-la feliz. Eu posso fazer isso. Sei que posso.

– Nicholas.. É muito gentil da sua parte, mas não farei como o Ronald. Primeiro quero acertar minha vida.

– Você vai se separar dele não vai?

Hermione não respondeu.

– Não vai Hermione?

– Eu não sei Nicholas... Não posso simplesmente jogar tudo para o alto.

– Mas ele te traiu Hermione!

– Eu sei Nicholas! – Ela aumentou a voz ficando com raiva. – Mas tenho filhos!

– Ele não te respeita! – Nicholas segurou os braços dela. – Ele não te merece!
– Nicholas, me solta!

– Hermione por favor, entenda...

– Eu não quero entender nada! Quero que me solte.

– Por favor Hermione, deixe eu te provar que posso fazê-la feliz. – Ele se aproximou mais. Hermione não poderia se afastar, ele a segurava forte. Estava prestes a sentir os lábios dele nos seus.




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– Aquela... É... – Emília estava sendo segurada na cintura por Rony, mas os dois pararam quando viram Nicholas e Hermione próximos demais. Rony ficou vermelho, e largou Emília, fazendo com que ela quase caísse.

– HERMIONE! – Rony gritou andando até eles. Os dois se afastaram e Nicholas olhou assustado para ele. Rony andava parecendo um touro, e Nicholas poderia jurar que viu fumaça saindo das orelhas dele. – O.QUE.PENSAM.QUE.ESTÃO.FAZENDO? – Perguntou pausadamente. Harry apareceu no corredor depois de ter ouvido o escândalo de Rony. Draco também foi até eles descobrir qual era o problema.

– O que foi? – Malfoy perguntou olhando para eles.

– ESSES DOIS PERDERAM A CABEÇA! ISSO QUE ACONTECEU! – Rony gritava.

– Mas o que está acontecendo? – Harry se aproximou.

– Nada! – Hermione disse rapidamente. – Não aconteceu nada!

Harry olhou para Nicholas, aguardando uma resposta.

– Eu... Eu... – Nicholas tentou falar, mas estava tão nervoso que não conseguiu.

– ELES ESTAVAM INDO SE BEIJAR! – Rony gritou.

– O QUE? – Harry e Draco perguntaram juntos.

– É MENTIRA! NÃO IAMOS NOS BEIJAR! – Hermione se apressou em dizer.

– SÓ PODEM TER ENLOUQUECIDO! – Rony gritava.

– VOCÊ ENLOUQUECEU PORQUE EU NÃO IA BEIJAR ELE! FOI ELE QUE ME SEGUROU. – Hermione não queria encrencar Nicholas, mas naquela situação, precisava se defender.

– Você tentou beijá-la? – Draco perguntou para ele.

– Não... Eu... Sim... Mas – Nicholas tentou explicar, mas foi interrompido com um soco de Malfoy. Hermione soltou um grito assustada, e Harry e Rony se apressaram em separar os dois.

– O QUE DEU EM VOCÊ MALFOY? – Harry perguntou irritado.

– POR QUE FEZ ISSO? – Draco perguntou ignorando Harry.

– Por que está assim? – Rony perguntou soltando o braço dele.

– PORQUE ELE É APAIXONADO POR ELA TAMBÉM, VOCÊ NÃO PERCEBEU? – Nicholas disse bravo limpando o sangue de sua boca e sendo ajudado por Hermione.

– O que? – Harry olhou abismado pra ele. – É verdade Malfoy?

Ele não respondeu. E também não poderia, depois de ter levado um soco de Rony.

– VOCÊS QUEREM PARAR? – Harry gritou nervoso.

– O que está havendo aqui? – O Ministro se aproximou deles, junto com outros dois aurores e sua secretária. Todos olhavam assustados para eles. – Quero todos na minha sala, imediatamente! – Ele disse olhando para Rony.







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– Querem me explicar o que está acontecendo? – O Ministro perguntou e todos começaram a falar ao mesmo tempo. – UM DE CADA VEZ! – Ele aumentou o tom de voz e eles se calaram. – Estão parecendo crianças. Sinto-me um diretor cuidando de seus alunos. Harry, por favor...

– Tudo começou com uma briga INFANTIL que Hermione e Emília tiveram. Quiseram resolver isso no duelo durante o treinamento. Emília estava provocando Hermione por ter beijado Rony. – Ele olhou com raiva para o amigo. – E então Hermione venceu, mas saiu furiosa pelos corredores. Por algum motivo, Vincent foi atrás. – Ele olhou para Nicholas. – Rony ajudou Emília levando-a para a Ala Hospitalar, mas Rony encontrou Hermione com Nicholas, um pouco próximos demais, e eu não sei ainda o motivo. – Ele olhou para Hermione. – Então a briga começou.

– E você Senhor Malfoy? Por que está machucado?

– Eu lhe dei um soco, Senhor. – Rony disse. – Motivos pessoais.

O Ministro encarou um por um, e então respirou fundo.

– Estou desapontado. Meus melhores funcionários se metendo em confusão. Por sorte o corredor estava vazio. Seria um grande problema. Envolvendo problemas pessoais com trabalho, que falta de ética! Senhorita Bulstrode, a Senhorita está afastada dos treinamentos até que eu decida que irá voltar. – Emília balançou a cabeça concordando. – Pode se retirar. Do Ministério. – Ele enfatizou. Emília se levantou em silencio e saiu. – Senhor Malfoy, volte para seus afazeres, que eu sei que é muito mais importante do que cuidar da vida dos outros.

– Sim Senhor. – Malfoy se levantou com o nariz ensanguentado e também saiu.

– Vincent, tenho certeza que não sou eu que devo lhe dizer isso, mas se quiser fazer suas brincadeiras faça em outro lugar. Aqui é um local para pessoas sérias e maduras. Está suspenso da próxima missão. Pode se retirar.

Nicholas se levantou e saiu da sala. O Ministro encarou Rony e Hermione por alguns instantes e então respirou fundo.

– Tenho certeza que vocês dois são muito maduros para agirem dessa forma. Onde já se viu, Senhor Weasley, desrespeitar a própria esposa em seu ambiente de trabalho.

Rony ficou em silencio.

– Tenho certeza que tem uma boa explicação pra isso, porque eu e todo o Ministério sabemos o quanto você ama e respeita Hermione. Espero do fundo do meu coração que tenha sido apenas um momento de fraqueza.

– Foi sim Senhor. – Rony disse. – Não se repetirá.

– Assim espero. Mas bater em seus colegas de trabalho não é um bom modo de demonstrar isso. Está suspenso por uma semana, e perdeu vinte pontos de seu mérito.

Rony concordou. Era justo. Os méritos eram somados no final do ano, na festa de natal do Ministério. Quem tivesse mais pontos de méritos ganhava um premio de melhor funcionário, e poderia chegar a ser promovido.

– Senhora Hermione... Sei que está passando por momentos difíceis, e também imagino que deve ser ruim não se lembrar da própria família. Mas como eu disse, e repito, aqui é um ambiente de trabalho. Sei que deve ter ficado bastante magoada com Rony pelo que ele fez, mas retribuir na mesma moeda não seria uma boa ideia. Sei que você é muito mais inteligente do que isso.

– Tem toda razão Senhor. Agi por impulso. – Hermione disse. – Não é culpa do Nicholas. Nem de Rony. A culpa é toda minha. Estou descontando meus problemas em outras pessoas, e elas estão pagando por isso.

– Fico feliz por isso Hermione. É bastante sincero da sua parte. Mas infelizmente terei que negar o seu pedido de trabalhar no Departamento de criaturas mágicas.

– Eu... Eu não me lembrava de ter...

– Oh, claro que não. Me desculpe. Foram alguns dias antes que você me mandou uma carta. Fiquei lisonjeado por ter uma funcionária como você. Mas infelizmente nessas condições não posso permitir isso.

– Sim Senhor.

– Por sua sinceridade, irei diminuir a pena do Senhor Nicholas e de Rony. Nicholas poderá participar da próxima missão, e Rony irá perder apenas dez pontos de mérito.

– Obrigado Senhor. – Rony disse.

– Mas ainda terá uma semana de suspensão. Espero que tenham entendido, e espero realmente que usem esse tempo para se resolverem. Podem se retirar.

Os dois se levantaram em silencio, e saíram da sala. O Ministro olhou para Harry e os dois sorriram um para o outro.

– Esses dois sempre foram assim?

– Desde sempre Senhor... E duvido muito que irão mudar. – Harry riu. – Mas sempre se entendem no final.

– Assim espero Harry, assim espero.







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Rony e Hermione voltaram para casa em silencio. Não se falaram nem se olharam durante todo o caminho que percorreram pelo Ministério. Saíram da lareira e Gina os olhou interrogativa.

– Rony, por que chegou tão cedo? – Gina se levantou. – E por que essa cara?

– Agora não Gina. – Ele disse simplesmente subindo as escadas.

– Hermione?

– Tivemos um pequeno problema...

Hermione contou tudo o que tinha acontecido no Ministério, e ao invés de receber um sermão de Gina, ouviu apenas gargalhadas.

– Do que está rindo Gina?

– Vocês parecem que ainda não cresceram. – Ela dizia ainda rindo. – Onde já se viu? Fazer uma cena dessas no Ministério. É hilário imaginar a cena.

– Não foi nada engraçado, Gina... Nicholas foi muito imaturo, e se Rony não tivesse chegado a tempo talvez tivesse me agarrado à força. Eu não tinha como me mexer, todos devem ter imaginado que eu queria beijá-lo também.

– Relaxa Hermione... Todos sabem como Nicholas é. Rony só está com raiva porque ficou com medo de você fazer o mesmo que ele.

– Um pouco eu queria. Eu queria mostrar pra ele tudo o que eu estava sentindo, mas não sou assim. Eu perderia minha razão se fizesse isso.

– Mas agora você sabe que ele vai usar isso contra você. Ainda mais ele sendo cabeça dura do jeito que é. Mas Hermione... Uma coisa boa tem em tudo isso.

– Não consigo ver nada de bom nisso.

– Você está se lembrando Hermione!

– Não, não estou. Não sei explicar. Eu o odeio o tempo inteiro, mas meu coração diz o contrário. Quero ficar com ele o tempo todo, mesmo não querendo. Entende? Sinto ciúmes, mas não quero ficar com ele. É difícil.

– Mas isso já acontecia mesmo antes de você perder a memória. – Gina riu. – Sempre foram assim.

Hermione se lembrou das brigas que teve com Rony quando eram adolescentes, e sentiu o mesmo que sentia naquele momento. Apesar de ter raiva dele, de achá-lo um cabeça dura, seu coração se amolecia perto dele.





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Rony tinha acabado de sair do banho quando Hermione entrou no quarto. Ele fingiu não tê-la visto e vestiu sua blusa. Penteou os cabelos e os jogou para o lado.

– Não vai falar comigo? – Ela perguntou percebendo que ele a ignorava.

– Não tenho nada para falar. – Disse friamente.

– Não tem mesmo?

– Não Hermione, não tenho. – Ele a encarou furioso, e de todas as lembranças que Hermione tinha dele, nunca o tinha visto olhar para ela daquele jeito. – Quer que eu te parabenize? Está bem... Parabéns, por ser uma imatura!

– Imatura eu? Tem certeza?

– Sabe... A Hermione de antigamente teria resolvido isso apenas conversando. Não teria feito essa cena horrível no ministério. Agora com que cara vou olhar para o Ministro?

– Com a mesma cara que você olhou para mim depois de beijar Emília. – Ela também começou a ficar nervosa. – Eu queria que você sentisse o que eu senti quando me contou isso. Queria que soubesse qual é a sensação de ser traído. Mas você acreditando ou não, eu não ia beijá-lo. Ele me segurou e eu não tive como escapar.

– Conta outra Hermione!

– Se não quer acreditar o problema é seu. Mas me conhecendo tanto como você diz, saberia que eu sempre ODIEI traição, e com certeza eu não teria feito o mesmo que você.

– Você não teria feito isso antes. Teria apenas sentado e conversado.

– SÓ QUE ESTOU CANSADA DE FAZER ISSO! VOCÊ COMETE TODOS OS SEUS ERROS E TUDO O QUE EU FAÇO É SENTAR, CONVERSAR E TE PERDOAR! EU NÃO QUERO MAIS SER ASSIM!

– MAS NÃO FOI COM ESSA PESSOA COM QUEM EU ME CASEI!

– NÃO PRECISA CONTINUAR CASADO SE NÃO QUISER.

– ÓTIMO!

– ÓTIMO!
Os dois se encararam com raiva. Respiraram ofegantes de tanto gritar um com o outro. Hermione sentia raiva de Rony, sentia vontade de azará-lo, mas ao mesmo tempo seu coração doía por vê-lo daquele jeito, por sua causa.

– Não sei se isso vai dar certo... – Ele disse sem encará-la, mais calmo.

– O que quer dizer?

– Acho que nunca voltaremos a ser como antes.

– Por que está dizendo isso?

– Você não é mais como antes, e eu estou perdendo as forças de tentar fazer isso. Acabei te magoando, fazendo uma coisa horrível.

Hermione ficou em silencio. Por um lado Rony tinha razão. Mesmo que seu coração fosse doer por isso.

– Acho melhor ficarmos um tempo afastados. – Ele disse olhando pela janela.

– Acha que isso irá resolver tudo? Acha que se ficarmos afastados tudo vai melhorar?

– Pelo menos não irei te magoar mais.

– Não seja dramático! – Ela colocou as mãos na cintura. – Você sempre foi assim. Faz algo errado, e depois fica com todo esse drama dizendo que não presta. Foi assim por causa dos seus irmãos, e é assim por causa de tudo. Sempre se achava o pior dos filhos por não ser bom em alguma coisa, mas se esqueceu de que é o melhor jogador de xadrez que o mundo bruxo já conheceu. Se esqueceu de que é o mais leal e corajoso dos amigos... E... Apesar de tudo... Um marido e um pai maravilhoso.

Rony continuou sem olhá-la, apenas em silencio observando o jardim.

– Concordo com você que ainda não estamos preparados para recomeçar, mas ficarmos separados a essa altura não vai adiantar nada. Eu... Acho que preciso de você. Eu não queria, mas agora quero me lembrar de tudo. Quero me lembrar das crianças... De você...

Ela respirou fundo. O coração apertado batendo acelerado.

– Não sei se irei conseguir te perdoar um dia. Posso não me lembrar do nosso casamento, mas ser traída ainda me machuca. Mesmo que tenha sido por poucos segundos, e mesmo que tenha sido um momento de fraqueza.

Ele continuou sem responder.

– Pode dizer alguma coisa?

Ele se virou e a olhou.

– Liguei para os seus pais... Eles estarão aqui depois de manhã. Pode ser que durante a semana eu passe mais tempo na casa da minha mãe e na casa de Harry, mas não quero deixar você e as crianças sozinhas. – Ele se virou em direção à porta, e parou olhando para ela. – Tudo o que fiz durante esses anos que estamos juntos foi tentar ser o melhor marido para você, e o melhor pai para os nossos filhos. Já era de se esperar que eu cometeria um deslize e jogasse tudo para o alto. – Ele olhou triste para ela, e então saiu do quarto.

Hermione sentou-se na cama, e pela primeira vez desde o acidente teve vontade de chorar. Ela pegou seu travesseiro e o colocou no rosto, deixando as lágrimas caírem.


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