Por que você? escrita por Sophie Duchannes


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Lenço


Notas iniciais do capítulo

E aqui está o primeiro capítulo totalmente revisado e sem problemas. Eu não consegui pensar numa música ou trecho que expressasse o que acontece aqui, até porque é bem pequeno e rápido. Mas prometo que nos próximos terão.

Boa leitura! *-*



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2 anos depois...

– Com licença! – ao meu lado, ouvi uma voz baixa me chamar depois de pigarrear falsamente para chamar minha atenção.

Não levantei o rosto de imediato. Não queria que, quem quer fosse, me visse naquele estado. Com lágrimas que teimavam em escapar do meu rosto. Eu já podia imaginar minhas bochechas, meus olhos e, principalmente, meu nariz redondo corando num tom forte de vermelho. Eu ficava lamentavelmente horrível quando chorava. E eu detestava ser flagrada assim. Mas o que eu podia fazer se estava sentada, na parada de ônibus lotada da minha antiga escola.

– Pegue! – uma voz baixa se sobressaiu ao som das buzinas dos carros parados no trânsito a minha frente. Ele mantinha um lenço azul bebê estendido diante de mim.

Como eu devia estar ridícula naquela cena. Uma garota de 18 anos chorando no meio da rua. Não tive coragem de olhá-lo. Apenas aceitei o lenço ofertado e enxuguei as lágrimas que escapavam de meus olhos e rolavam minha bochecha redonda. Antes eu tivesse olhado primeiro! Pois sei que não teria aceitado tal gentileza, pois jamais a veria como um gesto amigável, e sim como deboche.

– Você não deveria chorar. Não gosto de te ver assim – disse.

Diante dessas palavras eu levantei meu rosto para finalmente encarar aquele que tão atenciosamente observava meu momento. E quase praguejei em voz alta. Diante de mim estava um deles. Não o pior deles, mas um dos mais irritantes com certeza.

Sentado ao meu lado naquele imenso banco de parada de ônibus, me encarando com seu olhar castanho claro penetrante, cabelo raso da cor de areia estava Pedro. Um dos caras que eu mais detestava na face da terra. E olha que a lista era bem grande.

– Ah não! – resmunguei.

No mesmo instante fechei a cara numa expressão carrancuda. Queria poder intimidá-lo e fazer com que o seu escárnio entalasse em sua traqueia e o fizesse engasgar até a morte. Ou então enterrar a cara num buraco como fazem os avestruzes. Mas eu não podia fazer isso, então esperei por alguma gracinha, torcendo para que uma resposta ácida se formasse imediatamente na minha mente para poder retrucá-lo.

– O quê? – ele me olhou curioso.

– O que foi? Não vai rir da boba chorona aqui? – disse soando o mais venenosa possível.

– Ei, Calma! – ele disse na defensiva – Só estou sendo gentil. Não gosto de ver uma garota chorar. Isso inclui você, Luluzinha.

– Duvido.

– Então, pelo menos seja educada e agradeça – zombou.

Bem, eu tinha todos os motivos para não acreditar nele, mas uma lembrança dolorosa me veio à mente. Uma lembrança que remetia ao seu amigo, que por sinal, também parecia partilhar da mesma opinião. As palavras de Luana me vieram à mente, enquanto ela tentava me acalmar de outra crise de choro perdida no passado.

"Garotos costumam não gostar de ver meninas chorando."

– Obrigada.

Engoli em seco e virei o rosto para frente, de modo que comecei a encarar a fila de carros que se movia lentamente a minha frente. As lágrimas tinham diminuído, mas com o breve silêncio que se formou, não tardou que os pensamentos voltassem e uma lágrima tornasse a verter do meu olho esquerdo. O lado onde Pedro estava sentado.

– Lulu... Luísa – ele se interrompeu antes de dizer aquele apelido idiota.

Virei-me esperando pela resposta, mas quando o fiz, ele levantou a mão e colheu a lágrima da minha bochecha com um toque. Desviei rapidamente e voltei a fechar a cara.

– Eu já te disse que não gosto de te ver chorar – não importa quanto a sua voz parecesse sincera, eu não acreditava nele.

– Ah não?! – perguntei irônica – Por quê?

– O que te fez ficar assim... – soltou como um suspiro – não importa o que seja, não...

– Aposto que sei o que você pensa que é. – dei uma risada sombria – Mas isso não importa. Eu não choro mais por aquele cretino.

Não tinha paciência para essas deduções idiotas que todos costumavam fazer antigamente. Onde tudo na minha vida girava em torno de um único motivo. Ou pelo menos era nisso que todos preferiam acreditar e tomar como verdade absoluta. Todos achavam que me conheciam, que sabiam exatamente o que se passava na minha cabeça. Doce ilusão. Eles não me conheciam. E eu era diferente daquela garota ingênua que conheceram há dois anos.

– Calma! Eu só ia dizer que seja pelo que for, – seus olhos fixaram num ponto distante – não vale a pena.

– Como você sabe? – perguntei voltando a encará-lo com uma sobrancelha arqueada – você não sabe nada sobre mim, pra dizer isso.

– Tá aí! Você tem toda razão - Pedro deu ombros e voltou a me encarar sério - Eu não sei. Eu só estava tentando ajudar. Eu só queria que você não chorasse. Eu prefiro te admirar quando está sorrindo, ou quando passa com o queixo erguido, ignorando o mundo ao seu redor, como se o corredor fosse uma passarela na qual você desfila soberana e a plateia pouco importasse. Ou como quando você passa mexendo no celular, completamente desligada do mundo, ouvindo sei lá o que nesses fones de ouvido. Eu gosto de ver você assim.

Eu nunca imaginei ouvir essas palavras dele. Mas aquilo pouco importava, eu não acreditava em Pedro. Não. Devia ter algo por trás daquele blá blá blá. Analisei a conclusão e logo percebi o que era.

Claro! Era preferível me ver assim porque eles gostavam de rir de mim quando eu passava como toda a minha perfeita coordenação motora. Só que não. Sim, no fundo era só questão de tempo, e ele arrumaria um jeito de rir disso também.

– Obrigada pelo lenço, mas eu dispenso qualquer coisa a mais que você queira dizer ou qualquer ajuda sua – eu estendi o lenço pra ele impaciente – Seja gentileza, ironia ou deboche. Já me sinto melhor.

Ele olhou lenço na minha mão soltou uma risada que me desconcertou.

–Você é difícil, hein garota?

– E eu me importo com isso? – ironizei enquanto fazia uma expressão de dúvida – uhm... acho que não.

– Já vi que não dá pra falar com você agora, né? – Pedro levantou e pegou a mochila.

– O lenço – levantei quando o vi se afastar em direção a um ônibus.

– Fique com ele – disse se afastando – Meu ônibus chegou.

– Eu não quero nada de você – retruquei com desdém.

– Então depois você me entrega, Luluzinha – Pedo acenou uma despedida enquanto pulava para dentro do ônibus.

Sentei no banco enquanto observava o veículo ganhar distância junto a outros carros no caótico trânsito da cidade. Fechei a mão, envolvendo o lenço com força sem entender o que tinha acabado de acontecer. Já nem pensava mais no que me fizera chorar...

Procurando pela zombaria da vez. Nem sequer pensava mais na briga que me afligia momentos antes.

Encarei o objeto que eu segurava piscando algumas vezes.

"Aí tem!" Pensei comigo mesma. Eu não sabia o que era, mas se tratando dele, e daquele bando de idiotas, eu não podia esperar que fosse algo bom pra mim.


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Notas finais do capítulo

Uhm, o que será que aconteceu com a Luísa? E porque será que Pedro fica tão incomodado com o choro dela? Acompanhe e descubra.

Próximo capítulo sai a noite. Então comentem!



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