Remember escrita por Clary Malfoy


Capítulo 1
Onde viemos parar...


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! ^^ Essa é a minha primeira fic e estou nervosa demais... Espero que gostem! Por favor comentem, okay? Desculpem algum erro. Obrigada beijossss



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Eu não queria sair de Manhattan. Mas eu também não queria que o acidente acontecesse, e agora aqui estávamos Luke e eu, cerca de um mês depois e talvez pela última vez , em um mausoléu escuro e comum, tentando não deixar as lágrimas escaparem.

Ela queria ser cremada e ter suas cinzas jogadas no Pacífico, mas foi tudo tão rápido... Ainda me lembro das gotas grossas de chuva na estrada, do som torturante dos pneus derrapando no asfalto... Dezesseis de novembro... O emaranhado ruivo de seu cabelo quando ela se jogou na minha frente... Dezesseis de novembro ; uma semana antes de seu aniversário. Nenhum dia poderia ser pior.

Eu deposito as petúnias brancas sobre o mármore negro, criando um doloroso contraste. ´´ Ave atque vale, frater!`` Olá e adeus, meu irmão!, é o que está escrito na lápide. Não sei de onde surgiu, mas ela gostava de latim, e essa era uma de suas citações favoritas. Deslizo os dedos um pouco mais abaixo, contornando a curva das letras:

´´ Jocelyn Greymark Fairchild ``. Minha mãe...

Luke me abraça quando as lágrimas começam a escorrer. Eu envolvo sua cintura com meus braços e sinto a familiaridade ; desde a flanela de sua camisa até o cheiro amadeirado de sua colônia. Nunca conheci meu pai. Mas desde sempre conheço Luke. Então porque me sinto tão deslocada? Ela? Sim. Mas também é o fato de que deixarei minha cidade...

Nós tentamos, é verdade. Luke e eu tentamos tocar a nossa vida depois do funeral, voltar a algo parecido com a normalidade. Eu fui para a escola e ele voltou a coordenar a Greymark ´s Center, a imobiliária de seu pai. Então uma semana se passou e a ficha caiu. Era o aniversário de Jocelyn e ela não estava lá. ´´ Com o tempo a dor diminui ´´ , as pessoas dizem. Mas elas provavelmente não sabem o que é perder sua mãe ou sua esposa, ou uma das pessoas que você mais ama no mundo...

Foi quando Luke tomou a decisão. Ele acha que se nós passarmos um tempo em outro lugar, um que não tenha tantas lembranças dela, poderemos lentamente retomar o que tínhamos antes. Eu poderia discordar, é claro. Mas Luke está certo em uma parte. Não há um lugar sequer em Nova York que não me lembre dela. O Central Park, na primavera, quando ela deixava o trabalho mais cedo para pintar o por do sol entre as árvores... Ou então quando ela ia a Chinatown, comprar frutos do mar para fazer yakisoba... E até mesmo o Hudson, com sua cor lamacenta, a qual ela sempre comentava... Minha cidade, minhas lembranças... ´´ Às vezes devemos deixar uma coisa para trás para poder prosseguir, não importa o quanto isso nos custe. ´´, minha vizinha Dorothea costumava dizer. Talvez eu devesse escutá-la.

Eu forço minhas lágrimas a pararem de escorrer e me desprendo de Luke. Quanto mais cedo, melhor.

– Vamos embora. – eu encaro os olhos azuis familiares do homem a minha frente, tentando parecer firme.

– Sim. – ele concorda e me conduz em direção ao portão do cemitério, com o braço ao redor dos meus ombros estreitos. – É melhor.

Eu o sigo sem olhar para trás. ´´ ... Não importa o quanto isso nos custe...´´

Fico mais nervosa a medida que nos aproximamos do Linden Airport . O tráfego na ponte Williamsburg está ao nosso favor. Parece que até a cidade está nos expulsando...

Iremos morar com o irmão mais velho de Luke, Charlie Swan e com sua filha Isabella , em uma cidadezinha chamada Forks, ao norte do estado de Washington. Nunca saí de Nova York, então não entendo muito sobre a geografia do meu país. Mas Luke disse que eu vou gostar de lá. Ele passou sua infância em Forks, e planejava viver lá pelo resto de sua vida, mas seus pais se separaram e ele veio morar em Nova York com seu pai, enquanto Charlie ficou em Forks com sua mãe. Eles se viam durante as férias de verão, mas não era a mesma coisa. A mãe de Luke faleceu alguns anos atrás, deixando a casa como herança. Charlie e ele não se vêem a bastante tempo.

Luke estaciona em uma das vagas do aeroporto e liga para alguém, provavelmente Michael, o cara que vai pegar o carro. Esperamos por uns cinco minutos até que ele chega. Michael é homem gordinho e calvo de meia-idade, com um sorriso simpático e olhos acinzentados agradáveis. Luke lhe entrega a chave do carro e abre o porta-malas. Eu apenas observo enquanto os dois homens arrastam as malas. Então Luke olha para mim pesarosamente, e percebo que já é hora de ir. Eu me despeço da velha picape, dando um tapinha no volante, e na última hora resolvo pegar os ridículos dados dourados pendurados no espelho retrovisor e enfio na mochila . Não é pra sempre , tento me consolar. É verdade. Mas mesmo sendo temporário já sinto um aperto no peito. É como se eu nunca mais fosse voltar a ver minha linda cidade...

Desço do carro e bato a porta. Adeus,Berry... , me despeço da lata-velha.

–Venha, Clary. – Luke me chama suavemente. – Está na hora.

Eu olho para trás. Penso na minha escola, da qual Luke conseguiu uma transferência. Washington’s High School , o lugar que eu mais odiava em Nova York. Isso é um ponto positivo, quer dizer, se você ignorar o fato de que eu não conheço ninguém e vou ser a transferida ... Repilo tais pensamentos de minha mente com uma sacudida. Então pego minha mala da mão de Michael.

–Boa viagem, ruivinha. – ele sorri e estende uma mão.

–Obrigada,Michael. – eu sorrio de volta e aceito o cumprimento.

Luke se despede brevemente e então lança um meio sorriso para mim. Eu o sigo pelos corredores estranhos do aeroporto. Turistas e pessoas apressadas transitam de um lado para o outro. Ouço eles tagarelando em línguas estrangeiras que nunca ouvi antes.

´´ Última chamada para Seattle, 00496.`` - anuncia em inglês uma voz eletrônica de mulher. Luke disse que Charlie irá nos buscar no aeroporto de lá, já que Forks não possui um. - ´´ O vôo sai em cinco minutos.``

–É o nosso. – Luke me puxa em direção ao check in. O guarda nos libera para passar pelo portão, e vamos para a pista de decolagem. Eu subo na frente e procuro meu lugar. Acabo sentando na janela, ao lado de uma senhora gorda e idosa e Luke. Observo enquanto os últimos passageiros embarcam e a porta do avião é fechada. Uma sensação estranha toma conta de mim assim que o avião começa a decolar.

Espremo o rosto na janela do avião para poder ver melhor. O dia estava nublado lá embaixo, então a Estátua da Liberdade estava encoberta. Daqui de cima, porém consigo avistá-la. Um pequeno borrão no meio da Ilha York. Após algum tempo, avisto o contorno da costa de Long Island. O azul e o verde se misturam em um tom único. É tão incrível, que quase me esqueço do motivo pelo qual estou viajando.

A senhora ao lado está falando alguma coisa sobre gatos com Luke, e não sinto interesse em escutá-la. Passo as duas horas seguintes ouvindo música no meu iPod. Devo ter cochilado em algum momento que não me lembro, porque de repente Luke está sacudindo meu braço.

–Venha querida. Chegamos. – ele me conduz porta a fora e eu quase suspiro. É tão frio...

–Onde pegamos nossas malas? – pergunto, enfiando as mãos dentro dos bolsos do casaco de lã.

–Por aqui. – ele gentilmente coloca uma mão em meu ombro e entramos no aeroporto. Eu olho para o avião do qual desembarquei e sorrio. É quase irônico o fato de que minha primeira viagem de avião aconteceu por causa do acidente. A vida é tão confusa.

Dentro do saguão é mais quente -não muito- do que lá fora. Luke puxa as malas com nossos nomes daquele negócio giratório onde elas ficam. Estamos indo em direção a praça de alimentação, quando alguém grita.

–Luke! – nós olhamos para trás e eu vejo algo que não esperava. Um homem alto, de meia idade, com cabelos castanhos cacheados como os de Luke, e olhos castanhos grandes e brilhantes.

–Charlie! Quanto tempo. – Luke sorri de uma forma cansada e vai em direção a seu irmão. Depois de um abraço desajeitado, Charlie se vira e sorri para mim.

–E você deve ser Clary. – eu sorrio. Charlie parece tão desajustado e tímido quanto Luke. Também parece ser tão legal quanto ele.

–Sim. – eu tento não parecer constrangida. Deve ser estranho para alguém receber uma garota desconhecida de quinze anos para morar em sua casa. Mas felizmente ele parece não se importar com isso. – É um prazer conhecê-lo, Charlie.

–Deixe-me ajudá-la com isso. – ele se aproxima e pega minha mala. – Vocês devem estar com fome. Bella ficou em casa para preparar alguma coisa para vocês. Forks é a alguns minutos daqui.

Bella... Como minha meia-prima deve ser? Espero que nós duas nos demos bem. Luke disse que ela é um ano mais velha que eu, então estamos em anos separados na escola. A escola... Forks High School, ou algo como isso... E minhas aulas começam amanhã... Pelo Anjo! É tanta coisa para processar em tão pouco tempo...

–Obrigada,Charlie. – Luke sorri e nós seguimos Charlie até uma viatura policial. Ele é chefe da polícia de Forks. Nunca tinha estado em uma viatura antes, e o interior é estranho, principalmente quando você senta na parte de trás, onde os criminosos ficam.

Saímos de Seattle rapidamente. Eu observo os pinheiros na estrada. Nunca vi outras árvores além das do Central Park. É diferente... Talvez até bonito...

Forks parece uma daquelas cidades pequenas de filme de suspense. Para alguém como eu, acostumada com as ruas cheias e apressadas de Nova York, é quase como uma cidade fantasma. A viatura de Charlie estaciona em frente a uma graciosa casa em estilo colonial antigo. Pela janela da frente, consigo ver uma figura se movendo apressada. Isabella. Finalmente chegamos.

Eu tento disfarçar os roncos em meu estomago quando sinto o cheiro que vem da cozinha. Por dentro, a casa de Charlie parece o nosso apartamento no Brooklin. Pequeno e iluminado. Eu estou observando uma pintura na parede, quando ouço alguém atrás de mim.

–Essa é a minha favorita. – diz uma garota. Ela é bem mais alta que eu, com cabelos castanhos longos e ondulados e grandes olhos cor de chocolate, como os de Charlie. Sua voz é calma, e ela parece ser tímida. – Você deve ser Clary.

–Ah. Desculpe. – eu percebo que ela se referiu ao quadro. – Sim,eu sou Clary. Eu achei a pintura muito bonita.

–Foi minha mãe que pintou. – ela desliza os dedos pela tela e por um momento quase parece triste, então sua expressão calma volta . – Prazer em conhecê-la, Clary. Pode me chamar de Bella.

Depois que jantamos o estrogonofe que Bella preparou, Charlie pede para ela me mostrar o quarto, enquanto ele e Luke conversam. Eu sigo Bella pela escada.

–Nós só temos três quartos aqui. – ela sorri, meio que pedindo desculpas. – Então você irá dividir o quarto comigo.

Eu sorrio. Bella parece ser legal. Como seu pai, ela parece não se importar em receber duas pessoas em sua casa. Eu a sigo para dentro do quarto, onde há uma cama e um colchão inflável arrumados paralelamente.

–Eu não me importo em dormir no colchão inflável, caso você prefira a cama. – ela olha para mim apontando o chão.

–Não. Tudo bem. – eu sorrio. – Assim está ótimo.

–Tudo bem então. – ela aponta para uma porta na parede. – Ali é o banheiro. E aqui é o armário. – ela aponta para o móvel rústico em frente a cama.

–Certo. Eu vou me trocar. – eu pego um pijama azul e minha escova de dentes e sigo para o pequeno espaço que é o banheiro. Encaro meu reflexo por um estante. Meus olhos verdes, extremamente idênticos aos de minha mãe parecem perdidos. É estranho pensar que aqui é minha nova casa. Mas não há nada que não tenha sido estranho ultimamente. Através da pequena janela, consigo ver a lua cheia. Luke costumava me contar lendas sobre lobisomens, e em como eles se transformavam em noites como estas... Era quase como se ele quisesse ser um lobo...

Quando saio do banheiro, Bella está sentada em sua cama, também apreciando a lua pela grande janela de seu quarto. Por um momento ela não diz nada, então assim que me sento no colchão inflável ela começa.

–Olha... Sobre sua mãe...

Minha mãe. De novo...

–Tudo bem... – eu digo, surpresa pelo tom controlado em minha voz. Talvez as pessoas não estejam erradas de tudo quando se referem ao tempo.

–Não, é que... – ela suspira e se volta para mim. – Eu também perdi minha mãe, mas não do mesmo jeito que você... Ela...

–Não precisa me contar. – eu digo, percebendo o quanto o assunto é delicado para ela.

–Mas eu quero... – ela continua. – Ela sempre gostou de pintar... Então por algum motivo que eu desconheço ela começou a beber, e eu quase não a via. Eu sempre esperava ela voltar para casa, mas ela nunca voltava. – ela suspira. – Então eu ouvia batidas na porta no meio da noite, e os policiais a entregavam desmaiada e bêbada... Ela... – ela falha e eu percebo que lágrimas se formaram em seus olhos. – Eu não aguentava mais. Então resolvi morar com Charlie. Sei como deve ser difícil para você, porque já passei pelo mesmo. Eu morava no Arizona. Aquele quadro que você estava olhando lá embaixo é a única lembrança que eu tenho dela...

–Você não precisava ter se aberto para mim,Bella. – eu sento ao lado dela na cama e passo um braço ao redor de seus ombros finos, tentando confortá-la.

–Sim, eu precisava. – ela tenta um sorriso, mas não consegue. – Ninguém nunca me compreendeu. Não queria que isso acontecesse com você...

Eu a abraço. Isabella Swan é tão amável. Luke tem razão em ter vindo para cá. Apesar de que as lembranças não vão me deixar completamente nunca, Forks é um recomeço.

Depois de algum tempo eu vou para meu colchão. Adormeço pensando no amanhã. De repente me sinto novamente eu mesma. A tímida e deslocada Clary. Forks não é tão diferente de casa, a final.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Tive essa idéia outro dia, misturar duas garotas incríveis que amamos em um mesmo lugar... Obrigada por lerem... Até o próximo capítulo! ~ C.P.E.C



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