Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 36
A Volta dos que Não Foram II


Notas iniciais do capítulo

Ah, oi! Feliz dia do amigo! :3
Queria agradecer imensamente às leitora Histórias da Joaninha e Zahara pelas excelentíssimas recomendações. Obrigado mesmo por acompanharem a história.
Também queria agradecer a todos vocês por continuarem lendo a fic, mesmo depois de tantos capítulos continuam comigo. Prometo que ela já está quase no final ://
Ah, e nesse capítulo vão aparecer todos os personagens. Todos, literalmente 3:)
E vcs vão começar a descobrir um lado desconhecido da Gabi.
Bj e boa leitura.



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PALAVRAS DE ISAAC SANCHEZ

Tive certeza de que Gustavo era gay quando o vi vestido como uma menina, correndo rumo à saída do clube. Quando chamei pelo seu nome, ele parou por alguns segundos de correr, encolheu a cabeça entre os ombros, olhou para mim, mas não disse nada.

Foi então que eu percebi que Gustavo não só estava vestido como uma menina, como percebi também que Gustavo simplesmente era uma menina!

— Ei! Gustavo! Que roupa é essa? — perguntei, incrédulo — V-v-ocê? Você é uma garota?

Ele (ela) não respondeu nada. E eu pude ver perfeitamente que se tratava de uma garota quando vi o relevo que seus seios formavam por baixo da blusa apertada que ela vestia. Ela percebeu e os cobriu com os próprios braços. Fiquei meio envergonhado por estar notando aquilo e então desviei o meu olhar para os seus olhos.

— Eu posso explicar! — disse a garota, aquela completa desconhecida. Não usava mais sua voz de Gustavo, e sim uma voz delicada e feminina.

— Eu estou ouvindo! — respondi, rancoroso.

A garota se aproximou e me fitou, me olhando com um semblante que parecia de arrependimento. E abriu a boca para falar, com dificuldade de medir as palavras que viriam a seguir:

— Desculpa, eu errei. Eu errei por ter entrado aqui, nesse time, me disfarçado. Eu sei que isso é crime e tal, mas foi necessário. Eu... eu estava fugindo da polícia.

Por medo, dei um salto para trás. Fugitiva da polícia? Que tipo de louca era aquela?

— Calma! — exclamou — Eu não sou mais uma fugitiva! Minha inocência já foi provada há tempos. Ela foi provada bem na época daquele campeonato. Eu poderia ter me revelado antes, mas... — ela deu uma pausa.

— Mas... — exigi que ela continuasse.

— Mas eu continuei. Por você, Isaac. — ela se aproximou, diminuindo a distância que outrora existia entre nós. — Acho que você não se lembra de mim, mas desde aquele dia, quando você me salvou do assalto em frente aquela academia (capítulo 11) , eu me apaixonei por você.

Minha cabeça começou a fervilhar e processar ideias, resgatando fatos que aconteceram no passado.

— Espera! Eu me lembro de você! — falei — Além de você estar naquele dia, na academia, eu me lembro de você quando eu estava treinando com o time, lá na praia. Você estava com uma amiga, e também estava tentando me enrolar falando em inglês. Você queria que eu achasse que você era gringa, né? — o momento era sério, mas eu não pude deixar de rir, me lembrando daquele dia. (capítulo 13)

— Que bom! E agora, eu enganei você, enganei o treinador, enganei o time inteiro O que você vai fazer? — perguntou, num tom amedrontado.

— Espera, guria. Você me disse que estava fugindo da polícia e que teve a inocência provada, mas mesmo assim continuou no time. Por que você fez isso? Poderia ter se livrado da gente antes!

— Eu sei, mas o time dependia de mim. E... — ela fez mais uma pausa.

— E...?

— Eu fiquei lá apenas pra ficar perto de você! Eu... eu fiquei mal por ter te dado aquele beijo, Isaac. Sabe, eu morri de ciúmes quando vi aquela oxigenada dando em cima de você. Por isso joguei vinho na sua camisa (capítulo 31). Isaac, antes eu tinha apenas uma admiração por você ser, além de um jogador de futebol tão sensacional, um cara tão humilde e tão gente boa. Eu pude ver isso quando você me salvou daquele assalto. — ela falava tudo tão histericamente que era meio que difícil entender, mas eu estava entendendo — Enfim, resumindo, com todo esse tempo perto de você, eu pude perceber que eu te amo. Eu te amo, Isaac!

A menina pôs a cabeça entre as palmas de suas mãos e começou a chorar.

PALAVRAS DE VALESKA SOARES

Música: Foo Fighters – Best of You.

Eu havia desabafado sem medir as futuras consequências. O que me restou foi chorar e pedir perdão. Eu realmente tive medo de talvez ter magoado Isaac. Porém, minhas incertezas foram embora quando ele, gentilmente, tocou meu queixo com seu indicador e levantou meu rosto, me fazendo olhar nos olhos dele.

— Posso saber o nome da princesa que estava disfarçada de homem só pra ver a gente feliz?

Eu sorri. Sorri porque eu realmente achei que ele fosse ficar chateado. Mas Isaac é perfeito, ele viu o meu lado. Ele viu que tudo o que eu fiz foi pra me manter viva. Foi pra ver o time feliz. Foi pra ver ele feliz. Foi para ficar perto dele, também.

— Meu nome é Valeska. Mas, por favor, não me chama de “Valeska Popozuda”, eu odeio. — falei, séria. Ele riu e eu acabei rindo também.

— Popozuda? É melhor ser chamada de Gustavo, então.

— Sabe que eu gosto desse nome?

Rimos mais um pouco e, depois, silêncio. Ficamos um olhando para o outro, por alguns momentos. Ouvíamos apenas o som do vento soprando, chacoalhando as folhas das árvores do clube e o som dos nossos corações, batendo fortemente. Isaac quebrou o silêncio.

— Eu... eu não tirei da cabeça aquele beijo que você me deu. Por um momento eu realmente achei que eu fosse.... que eu fosse.... que eu gostasse de meninos também. Eu não tenho nenhum tipo de preconceito, mas saber que você é uma garota me deixa aliviado.

Fiquei muito mais encabulada ainda quando ele tocou naquele assunto.

— Me desculpa por ter causado esse rebuliço na sua cabeça. Não era a minha intenção. Mas... eu estava com ciúmes naquele dia.

— Então Valeska, quer dizer que você ficou no time não só pra fazer com que a gente ganhasse, mas também pra...

— Ficar perto de você — cortei-o — e eu sinto agora que se eu não conseguir isso, vai ser como nadar e morrer na praia. Nesses meses que eu fiquei longe do time eu senti como se parte de mim faltasse. Talvez você esteja com esse pedaço de mim. E eu quero ele de volta. — sussurrei.

Issac se aproximou mais ainda e eu pude sentir seus lábios se pressionando contra os meus. Era mágico porque naquele momento não era o Gustavo que estava se declarando para ele. Era eu, Valeska, em carne e osso. Aliás, Mais osso do que carne. Abracei-o e pousei minha cabeça no seu ombro direito. Eu o amava.

PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI

Algumas semanas depois do dia da festa de despedida do Ensino Médio, saiu o resultado do vestibular. Consegui uma vaga em Engenharia Civil na Universidade Federal e Gabriela, por sua vez, ficou na lista de espera para uma vaga no curso de Enfermagem, e acabou ganhando depois de tanto esperar.

Enquanto esperávamos o primeiro dia de aula na faculdade, acompanhávamos o rápido desenvolvimento do nosso querido Gohan, bem como a recuperação da Lara. Valeska estava toda empolgada com o início do namoro com o jogador de futebol Isaac.

Agora que eu não tinha mais que estudar para entrar para a faculdade (pois já estava dentro), eu dedicava meu tempo livre à Lara e à Gohan. A garota, que estava em coma na UTI, pôde sair de lá e ir para um outro quarto, onde faria mais sessões de fisioterapia, pois pelo tempo em que esteve dormindo, atrofiara um pouco seus músculos e a locomoção era difícil. Lara não conseguia falar, apenas soltava alguns ruídos quando precisava de algo.

Eu acho que ela estava gostando de me ter ao seu lado. Diferente a última vez que eu a vi sã, ela me chutou de sua vida e me disse que iria ficar com o outro (Douglas) no Rio de Janeiro. E eu sabia que eu tinha que tomar vergonha na cara, ser orgulhoso e tal, mas meu amor e minha solidariedade era maior.

— Lara, você gosta que eu fique aqui, com você, o tempo todo? — perguntei a ela, enquanto a levava para tomar banho de sol.

Ela estava sentada na cadeira de rodas, os olhos verdes totalmente abertos olhando para o horizonte. Eu estava ao seu lado, no banco de concreto no pátio do hospital. Segurei a sua mão e esperei que ela apertasse, confirmando. Nós já havíamos combinado aquilo, que se ela quisesse confirmar alguma coisa, era só apertar minha mão. Se quisesse negar, não precisava apertar.

Demorou alguns segundos até que ela firmou sua mão na minha. Ela gostava sim que eu ficasse perto dela.

Lara estava novamente fazendo uns ruídos estranhos com a boca. Ela estava gemendo, parecia querer dizer algo. Seus lábios se mexiam como se as palavras estivessem presas na ponta de sua língua, prontas para saltarem a qualquer momento, mas a garota tinha dificuldade para tal ato.

Todavia, ela se esforçava para falar. O suor descia pela lateral de seu rosto, assim como seu pescoço, que começava a ficar com uma colocação avermelhada por causa do esforço. Passei a mão em seus cabelos, pedindo que ela se acalmasse, mas ela teimava em querer falar. Até que eu ouvi, em bom som, as seguintes palavras saindo por entre os seus lábios:

— Obrigada... Márcio.

E ela finalmente se acalmou. E aquilo me emocionou de um jeito tremendo, que eu fiquei sem reação.

PALAVRAS DE GABRIELA CARVALHO

Mais alguns dias se passaram. Valeska se matriculou no cursinho pré-vestibular, pois no meio do ano queria me fazer companhia no curso de enfermagem, enquanto eu e Márcio QI íamos para a faculdade sempre juntos. Ele passava o trajeto todo falando sobre a Lara e falando que estava se preocupando com Gohan, que ficava com a própria mãe do QI enquanto ele ficava fora.

As aulas que eu mais gostava eram as que envolviam o laboratório de anatomia. Muitas meninas ficavam se sentindo mal por mexerem naqueles cadáveres, mas com o tempo se acostumaram.

Eu acho que eu nunca me liguei tanto nos estudos como quando eu entrei na faculdade. É legal você estudar só aquilo que você gosta. É claro que sempre têm aquelas matérias chatas, mas isso faz parte.

***

Eu estava atrasada para a última aula daquele dia. Após tirar algumas xerox, caminhei rapidamente em direção a parte do campus onde ficavam os laboratórios do Centro de Ciências da Saúde (CSS) e acabei esbarrando com um cara que passava por ali. Ele estava distraído, tocando uma flauta doce perto do jardim do campus. Meus livros caíram no chão e ele se abaixou para pegá-los.

— Era só o que e faltava! Eu tô atrasada, cara! — bradei para o rapaz. Ele era bem magro, loiro, olhos castanhos e seus cabelos eram encaracolados, de uma maneira bem angelical. Ele estava com a camisa do curso de Música e logo eu saquei de onde vinha toda aquela sensibilidade.

— Desculpa, moça! — disse ele, com uma voz suave, me entregando de volta os livros.

Tomei vorazmente os livros da mão dele, estalei a língua e segui rumo ao laboratório.

O laboratório de anatomia se localizava no Centro de Ciências da Saúde da Universidade. Ele era sempre bem refrigerado, pra manter a composição dos cadáveres e das peças de estudo, e também tinha algumas janelas de vidro que davam para o corredor, onde também ficavam outros laboratórios e algumas salas de estudos para o pessoal de outros cursos voltados à saúde, como Farmácia, Fisioterapia e Medicina.

Eu não voltava pra casa com o Márcio QI, pois nossas aulas terminavam em horários diferentes. Sendo assim, eu sempre ficava até mais tarde no laboratório de anatomia, tomando algumas notas e saía depois do professor.

Naquele dia, porém, eu dei azar. A noite já caía quando a aula terminou e o professor já havia saído, assim como os alunos. Fazia um frio tremendo por causa da refrigeração do laboratório e apenas o jaleco não era o suficiente para me aquecer. Quando já não aguentava mais de frio, decidi guardar meus cadernos na mochila e sair, porém, ao tentar abrir a porta, percebi que ela estava trancada por fora. Eu estava presa no laboratório de anatomia, com um monte de cadáveres.

Um medo de tomou conta do meu coração, que já batia tão rapidamente devido ao meu desespero de sair dali. Esmurrei a porta de ferro do laboratório, pedindo por socorro, mas ninguém me ouvia. Corri até a janela de vidro que dava para o corredor, mas parecia que todos já haviam ido embora. Eu sabia que apenas o segurança daquela parte do campus se encontrava no local, mas ele ficava longe do laboratório.

O frio tomava meu corpo e eu observava esperançosamente que alguém passasse pelo corredor e me visse presa ali, mas por alguns minutos eu comecei a pensar que tão logo eu faria companhia a todos aqueles cadáveres, literalmente. Foi então que eu vi uma grande sombra, que tapava a luz e se aproximava da janela do laboratório. Talvez alguém tivesse ouvido os meus gritos.

Então o dono daquela sombra finalmente chegou próximo à janela e me fitou. Era ela, Sheila, a baleia assassina, que havia me trancado dentro daquele lugar para que eu morresse congelada. Ela sorriu maliciosamente e fez uma expressão sarcástica com aquele seu rosto inchado, dizendo:

— Saudades de mim, Gabriela?


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Notas finais do capítulo

GENTE E AGORAAAAAAA!!!!???? E SE A GABI MORRER CONGELADA???