Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 24
O Céu Está Caindo


Notas iniciais do capítulo

Galera, não sei muito bem como funciona um convento e tal, então eu criei o meu, com as minhas próprias regras. Espero que ninguém leve a mal rsrsrs
Obrigado aos leitores que estão participando, eu amo muito vocês. Amo até os meus fantasminhas camaradas. (chegamos a 1200 visualizações, então quem está lendo aparece aí, vai?) :3



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PALAVRAS DE VALESKA SOARES

Ficaram todos olhando para mim, esperando que eu tirasse a camisa e mostrasse o “físico”.

— Vambora, rapaz, que eu não tenho tempo pra ficar esperando não. — ordenou o técnico Eriberto, em um tom autoritário.

— Esse aí mal chegou e já tá colocando banca! Haha! — debochou Piter, fazendo pouco da minha cara — Cara, pra tu poder mandar aqui, vai ter que comer muito feijão.

— E você, manda em quê aqui? Em final de campeonato, cai mais que a minha internet! — revidei. Os outros jogadores foram ao delírio, vaiando Piter, que se achava o melhor jogador do time.

— Qualé, mano? Quer pegar moralzinho pra cima de mim, é? Olha que tu sai daqui todo roxo, ô, Gustavo! — falou ele, estufando o peito e me encarando.

Estava amedrontada e esperando que o técnico acabasse com a discussão. Porém, eu estava gostando de ser um moleque brigão. Sempre adorei barracos, aliás.

— Vamos parar com isso já! Gustavo, tira a camisa e pronto, pô. Para de ficar fazendo hora. — falou o técnico.

— Er... Sr. Eriberto, sabe o que é? É que eu tô meio gripado e eu sou meio sensível...

Todos os jogadores ficaram me olhando com um olhar torto e dizendo “Huuummmmm, sensível...”, “Essa Coca é Fanta” e outras coisas do tipo. Porém, alguém se meteu na conversa e reforçou meu argumento (coloca um emoticon de apaixonado aqui, please).

— Sr. Eriberto, deixe que eu jogue no time sem camisa então. — intrometeu-se Isaac, meu príncipe, sempre me salvando.

— OK. — concordou, sem pestanejar. Para Eriberto, tempo era dinheiro.

Isaac tirou a camisa e eu fiquei sem ar. OK. Eu tinha que me controlar se quisesse continuar ali, quietinha, naquele time, ao lado dele. Eriberto apitou e eu acordei do meu transe. A bola começou a rolar no meio do campo, até chegar aos meus pés. Olhei para os dois lados: vinham jogadores de todas as direções, provavelmente para tomar a bola dos meus pés.

“Pra que lado eu faço gol?”, pensei, quando instintivamente eu chutei a redonda e ela foi parar dentro da trave, como se fosse uma macumba infeliz. Infeliz porque todos comemoraram e me levantaram.

Isaac me abraçou, comemorando. Aqueles abraços falsos de garotos eu nem são amigos direito. Confesso que fiquei um pouco com nojo porque ele estava encharcado de suor. Bom, já Piter, ficou com ódio, pois estava perdendo o pódio de melhor jogador do RFC para mim.

Queria só ver a cara dele quando soubesse que era uma garota, o tempo todo.

Mas ninguém poderia saber, ou eu estaria definitivamente lascada.

***

PALAVRAS DE LARA PACHECO

Eu não sabia se ali era um convento ou um quartel general. Tinha hora para tudo: dormir, comer, tomar banho e principalmente orar.

Aquele não era um convento muito comum. Parecia ter sido congelado no tempo, mais precisamente há uns cem anos, no mínimo. Irmã Mariah, a madre superiora, era uma velha carrancuda e muito antipática, parecia estar ali por obrigação, assim como eu estava e como a maioria das moças também pareciam. Poucas queriam realmente ser freiras: algumas por decepções amorosas, outras por acreditarem ser tão feias a ponto de não quererem mais viver a vida como uma jovem normal. Essas últimas achavam que a vida girava em torno de relacionamentos; já as primeiras, tinham bem a ver comigo, pois eu também sofri uma decepção amorosa muito grande.

Dentro do convento havia uma escola de ensino médio, para as moças que ainda não haviam terminado os estudos. Eu me perguntava: “pra quê estudar, se o meu destino é ficar trancafiada aqui para sempre?” Mas enfim. As aulas eram sempre pela manhã, após a missa das seis e meia. Era uma rotina muito repetitiva, o que me cansava.

Eu conheci a Irmã Carolina nos corredores da escola. Ela trabalhava na secretaria, organizando papéis, essas coisas. Era uma das que mais tinham acesso e liberdade dentro daquele convento.

Irmã Carolina tinha por volta de 27 anos, olhos bem azuis, e acho que cabelos bem pretos (não dava pra ver por causa da roupa). Tinha um olhar triste, como muitas ali. Eu fiquei amiga dela quando desmaiei em plena sala de aula e ela concordou que me levassem a enfermaria.

— Você faz uso de algum remédio e não tem acesso a ele aqui? — perguntou a enfermeira, enquanto Irmã Carolina observava da porta.

— Não. — respondi.

— Diabetes?

— Não.

— Problemas cardíacos?

— Não... Que eu saiba.

A enfermeira notou que eu estava muito pálida e suspeitou que fosse anemia ou algo do tipo. Retirou um pouco de sangue e pediu que eu ficasse em repouso na própria enfermaria por algumas horas. Graças a Deus eu não vou precisar voltar para aquele quartel, pensei.

Ouvi algumas crianças chorarem, fiquei um pouco acuada com aquele chororô todo. Irmã Carolina percebeu.

— Esses choros vêm do berçário — disse a freira.

— Ah... São órfãos?

— Sim. Muitas mães abandonam seus filhos recém-nascidos aqui na porta do convento. Porém, outras mães, que por um motivo ou outro, não conseguem engravidar ou querem ter mais um filho, visitam nossa casa e acabam adotando-os. É um gesto lindo. Creio que pra cada pessoa ruim no mundo, existe um anjo. — sorriu.

OK. Aquele convento ficou congelado no tempo mesmo. Todo mundo sabe que existe um monte de burocracias e coisas judiciais na hora de adotar uma criança, ainda mais abandonada. Eu não manjo muito de direito, mas pelo que eu sabia, não era daquele jeito que funcionava.

Decidi ficar quieta na minha.

Horas depois, a enfermeira me liberou. Perguntei pelo exame de sangue e ela só me disse para que não fizesse muito esforço e que tentasse manter uma alimentação saudável. A sopa do convento mais parecia água coada na meia calça da Sheila.

— Dentro de 24 horas sai o resultado do exame. — concluiu.

Caminhei pelo berçário, juntamente com Irmã Carolina. Havia muitos bebês, todos lindos, mas já com expressões de sofrimento. Ser abandonado... Até que eu entendia um pouco daquilo. Porém, acreditava que eles sofreram bem mais. Fiquei com pena.

— Eu sempre quis ser pediatra... — confessou Irmã Carolina para mim — Sempre que eu posso eu venho aqui ajudar com os bebês.

— É uma profissão linda. — respondi, passando a mão na cabeça de uma garotinha linda — Desculpe-me a pergunta, mas o que a fez se internar aqui no convento?

— Lara... Eu amei um rapaz. — sorriu, ao lembrar dele — mas ele me humilhou. Eu era uma moça muito idiota, acreditei no primeiro homem que dizia me amar, mas era um mentiroso. Várias moças daqui sofreram algum tipo de decepção. — ela se virou para mim e tocou meus ombros — aposto que você também.

Senti que ela era uma pessoa com quem eu poderia confiar ali dentro. E tinha muito a ver comigo. Comecei a contar sobre Douglas, sobre Sheila, sobre Márcio, Gabi e Valeska, as aventuras no Rio de Janeiro, e ela ficou quase que pasma.

Durante a oração da tarde, quando eu, de joelhos, pedia a Deus que tudo ficasse bem principalmente comigo, senti várias pontadas no estômago e acabei tirando a concentração das Irmãs com os meus gemidos.

Fui levada para a enfermaria novamente, e também daquela vez só estavam Irmã Carolina e a enfermeira. Eu estava apreensiva, com medo do que poderia acontecer comigo, mas ao mesmo tempo pedindo que fosse alguma coisa tão séria a ponto de me fazer sair dali e ser internada em um hospital.

— Lara... — disse a enfermeira olhando para mim, juntamente com Irmã Carolina — o nível de HCG no seu sangue está bastante alto.

— HCG é um hormônio — continuou Irmã Carolina.

— Bom... o que isso quer dizer? É algo sério?

— Lara, você está grávida.


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Notas finais do capítulo

#SeguraEssaBomba

Se tiver algum erro, me avisa, pois o teclado do meu PC não é muito legal.



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