Estava perdendo as esperanças já, e o pior é que eu me sentia tão culpado que quase não podia mais continuar, eu não devia ter gritado com ela, eu não deveria ter feito aquilo. Meu telefone tocou, o nome de Violetta brilhava na tela, eu tinha ignorado as três últimas chamadas dela, provavelmente ela surtaria se soubesse que eu estou a quase três horas procurando e nem uma pista eu encontrei.

–Desculpa amor. –Eu disse e desliguei mais uma vez a chamada.

“Oi pequenininha, tá sozinha?”

“Eu estou indo para a casa do meu vovô”

“Onde ele mora?”

“Eu não sei, ele mora numa casa grandona.”

“Como é o seu nome?”

“Elena”

Eu devia estar ouvindo coisas, devia ser o desespero, segui até onde estavam as vozes e vi uma moça deveria ser pouco mais velha que eu, falando com uma garotinha vestida de princesa com um ursinho, um cobertor e um porta retrato nas mãos. ELENA.

–ELENA, PRINCESA, ELENA MEU DEUS. –Sai correndo que nem um louco.

–Papai. –Ela me encarou assustada.

–Meu Deus, Elena que susto que me deu, minha filha não faz mais isso pelo amor de Deus, eu quase morri meu amor, não faz mais, por favor. –A peguei no colo desesperado.

–Eu ia no meu vovô. –Ela disse.

–Amor, por favor, você me deu um susto, em mim e na mamãe, ela está em casa desesperada. –Eu disse a abraçando apertado.

–Ela está lá com o Damien. –Ela disse.

–Desculpa o papai meu amor, eu não queria gritar com você, desculpa. –Eu disse.

–Eu desculpo papai, agora pega o meu ursinho que ele caiu no chão. –Ela disse e apontou para o urso caído no chão, eu ri e assenti pegando o urso caído no chão.

–Parece que o seu papai estava te procurando. –A moça disse sorrindo.

–Quase morri. –Eu disse. –Obrigado viu, acho que se você não tivesse parado ela eu nunca a teria achado.

–Não por isso, meu nome é Gerry. –Ela se apresentou.

–O meu é León, agradece a Gerry meu amor.

–Obrigada Gerry. –Elena disse e voltou a brincar com o ursinho.

–Bom Gerry, obrigado de verdade, agora eu preciso ir que minha mulher está em casa desesperada. –Eu disse e me despedi.

–Papai, você me desculpa porque eu fiz xixi na cama?

–Claro meu amor, não foi nada. Quando a gente chegar o papai limpa tudo. –Eu disse.

–Eu queria sorvete. –Ela disse e apontou para um moço que passava.

–Você nem tomou café, vamos lá em casa você toma um café bem gostoso e depois o papai te traz para tomar sorvete tá? –Eu disse.

–Tá. –Ela disse e deitou a cabeça no meu ombro.

–Olha, a mamãe está ligando, atende. –Eu disse e entreguei o telefone a ela.

–Alô mamãe? Não chora eu estou com o papai, eu sei. Eu ia no meu vovô, vocês gostam mais do Damien, não mamãe. Tá bom, a gente está indo para casa agora. Eu também te amo mamãe. Tchau. –Ela desligou e me entregou o telefone.

–A gente não gosta mais do Damien, a gente ama você e ele, amamos igual, você e ele são as pessoas mais importantes da minha vida e da mamãe, eu amo você, amo muito você, e amo muito ele também. –Eu disse.

–Mas ele dorme no quarto com vocês, e ele sempre fica com a mamãe e você sempre pega ele no colo. –Ela disse.

–E você está no meu colo agora, eu sempre pego ele no colo e sempre pego você também, ele dorme no nosso quarto porque é muito pequenininho, mas depois ele vai dormir no dele, igual a você. –Eu disse.

–Eu queria ser pequenininha.

–Você é, minha pequenininha. –Disse e a abracei.

–Você gosta mais dele porque ele é menino e vai poder jogar bola com você.

–Nunca, eu amo vocês dois. E eu vou jogar bola com ele e brincar de boneca com você. Tudo bem?

–Tá bom. Papai eu não queria ir para a escola hoje. –Ela disse e deitou novamente a cabeça no meu ombro.

–Não precisa, fica em casa hoje tá? –Eu disse. –Te amo muito meu amor, muito mesmo.

–Eu também te amo muito papai.

Chegamos em casa pouco depois.

–Chegamos. –Eu disse e ela continuou deitada no meu ombro. –Dormiu bebê?

–León? Meu Deus porque você não atendeu as minhas ligações? Eu quase surtei aqui. –Ela disse e desceu as escadas correndo.

–Não corre nas escadas, por favor, eu não aguento mais emoções por hoje. –Eu disse.

–E ela? Bebita.

–Dormiu, segura as coisas dela que eu vou colocar ela na nossa cama. –Eu disse.

–Tem que tirar essa roupa dela. –Violetta disse e sorriu apontando para o vestido de princesa.

–Eu tiro, vamos subir. –Eu disse e fui até a porta a trancando e colocando a chave em um lugar alto.

–Amor, obrigada. –Violetta me abraçou.

–Pelo que meu anjo?

–Por ter se esforçado para encontrá-la. .

–Nossa filha amor, eu a procuraria no inferno se fosse necessário. –Eu disse e dei um beijo na testa dela e entrelacei nossas mãos e nós subimos.

–Eu vou pegar uma roupa para ela. –Eu disse e coloquei Elena deitada na cama.

Fui até o quarto dela e peguei uma roupa voltando para o nosso quarto.

–Nunca mais faça isso ouviu? Quase matou a mamãe e o papai de susto, e até o Damien. –Violetta dizia.

–Até o Damien? –Elena perguntou curiosa.

–Sim, até ele. Você é muito pequena para sair sozinha bebita.

–Desculpa mamãe, ainda bem que a tia Gerry me achou.

–Tia Gerry?

–É, uma moça que me encontrou na praça, o papai agradeceu a ela.

–Agradeceu é? –Violetta disse e eu ri baixo.

–Ela era bonita. –Elena minha filha, você tá complicando as coisas.

–Era?

–Mas a mamãe é mais.

–Own bebê, mamãe te ama muito viu.

–O papai também ama. –Eu disse e entrei no quarto e me joguei na cama.

–Papai tava ouvindo atrás da porta. –Elena disse rindo.

–Isso é muito feio papai. –Violetta disse e me olhou feio.

–Eu estava mesmo, ouvindo a minha princesa linda e minha mulher ciumenta.

–Mamãe é ciumenta. –Elena riu.

–E você também. –Vilu disse rindo.

–Todos nós somos ciumentos, até o Damien. –Eu disse e encarei Elena.

–Ele não, ele não é ciumento ele é um bebê. –Ela disse.

–E daí? Ele é um bebê ciumento. –Ri.

–Meu irmão não é ciumento papai, ele nem acorda, eu nunca vi ele acordado. –Ela disse e eu ri alto.

–Seu irmão vai acordar para mamar daqui a pouco, e ai você vê ele tá? –Eu disse.

–Verdade, daqui a pouco tem que dar comida para o Damien. –Vilu riu.

–Mamãe... Eu já sou uma menina grande né? –Elena disse.

–Sim, porque?

–Eu queria tomar o meu leitinho na minha mamadeira. –Ela disse.

–Eu faço, mamãe deixa tá? –Vilu disse e deu um beijo na bochecha de Elena. –Você tá quente filha.

–Quente? –Perguntei preocupado e levei minhas mãos a testa de Elena.

–Vou fazer sua mamadeira. –Vilu disse e saiu do quarto.

–Princesa você está com febrinha, tá sentindo alguma coisa? –Perguntei colocando ela no meu colo.

–Sono. –Ela disse.

–Papai coloca você para dormir. –Eu disse.

–Mas eu quero a minha mamadeira.

–Tá com fome né?

–Muita, eu comeria um chocolate do seu tamanho. –Ela disse e eu gargalhei.

–Do meu tamanho, cabe tudo isso nessa barriguinha?

–Cabe, mas só de chocolate.

–Ah, de cenoura, brócolis, alface não né? –Perguntei.

–Eca. –Ela riu.

–Eca né... Papai te ama. –Eu disse e a abracei.

–Olha a mamadeira. –Vilu entrou no quarto. –Mas antes toma o remédio.

–Não quero. –Elena virou o rosto.

–Por favor, Bebita para você ficar boa.

–É ruim, tem gosto de terra.

–E você já comeu terra? –Perguntei.

–Já, uma vez eu comi terra no parquinho. –Elena disse e eu e Vilu gargalhamos.

–Toma princesa. –Eu disse e ela tomou o remédio.

–Eca, eca, eca, eca. Socorro mamãe. –Elena disse com a língua para fora.

–Toma. –Vilu riu e entregou a mamadeira dela.

Me sentei direito na cama e encostei na cabeceira.

–Papai canta para Elena. –Ela disse com a mamadeira na boca.

–Tudo bem. –Eu disse sorrindo e comecei a cantar.

Somewhere over the rainbow

(Em algum lugar além do arco-íris.)

Way up high

(Bem lá no alto.)

And the dreams that you dreamed of

(E os sonhos que você sonhou.)

Once in a lullaby

(Uma vez em um conto de ninar.)

Somewhere over the rainbow

(Em aglum lugar além do arco-íris.)

Blue birds fly

(Pássaros azuis voam.)

And the dreams that you dreamed of

(E os sonhos que você sonhou.)

Dreams really do come true ooh ooh

(Sonhos realmente se tornam realidade.)

Ela logo pegou no sono.

–Te amo bebê.