Minha cabeça trabalhava a mil por hora, Violetta não teria dito aquilo a toa, será que eu sou o pai da Elena?

–Acho que esse não é o caminho da minha casa. -Violetta disse me encarando.

–Não, é o da minha, não vou te levar para casa e te fazer correr o risco de sua filha te ver assim. -Eu disse.

–Eu sei me cuidar ok. -Ela rebateu.

–É? Estou vendo. -Disse.

–Quero que me deixe em casa. -Ela disse entredentes.

–Vou deixar, na minha casa. -Disse e liguei o som, esperando que ela entendesse que não ia mais discutir isso.

–Você é um idiota. -Ela disse me dando um tapa no braço.

–É, eu costumo ouvir isso. -Disse virando na rua da minha casa.

–Você mudou de casa. -Ela disse.

–Sim, tem pouco tempo. -Disse enquanto esperava o porteiro abrir o portão da garagem.

–Legal. -Ela disse. Que mulher bipolar, até 5 minutos atrás ela queria me matar.

–Vem. -Disse abrindo a porta do lado dela.

–Estou enjoada. -Ela disse me olhando.

–Me surpreenderia se não estivesse. -Disse e fiz ela se apoiar em mim de novo.

–Não acho uma boa ideia irmos de elevador. -Ela disse apertando os olhos.

–De escada vai ser pior Violetta. -Eu disse encarando ela com os olhos fechados.

–Eu estou enjoada. -Ela repetiu.

–Calma, vamos dar um jeito ok? - Disse, e então passei meus braços por trás de suas pernas e a pegando no colo.

–Não precisa disso. -Disse ela.

–Shhh. -Caminhei até o elevador, e senti Violetta deitar a cabeça no meu ombro.

–Obrigada. -Ela disse, e se o ambiente não estivesse completamente silencioso eu não teria ouvido.

–Por que fez isso? Olha como você está agora. -Eu perguntei baixo.

–Desculpa. -Ela sussurrou.

–Não é a mim que você tem que pedir desculpas, quem está mal aqui é você. -Eu disse.

–Mas está me ajudando. -Disse.

–Eu faria isso de qualquer forma. -Eu disse e o elevador parou.

–Chegamos? -Ela perguntou.

–Sim, vou colocar você no chão para eu abrir a porta ok? -Disse.

–Uhum. -Ela disse e eu a coloquei no chão.

–210. -Ela leu o número do meu apartamento.

–O que? -Perguntei.

–Estou gravando o número do seu apartamento, se eu ficar bêbada de novo, vou vir aqui. -Ela disse rindo.

–Se depender de mim, você nunca mais bebe nada. -Disse.

–Que maldade. -Ela disse.

–Entra. -Dei espaço para que ela passasse.

–Uau, você tem bom gosto. -Ela disse.

–Eu sei, eu sei. -Disse rindo.

–Onde fica o banheiro? -Ela perguntou.

–Pode usar o do meu quarto, vou ver se arrumo uma roupa para você e uma toalha para você tomar um banho. -Eu disse.

–Não precisa. -Advertiu.

–Você está fedendo a Vodka se não for por vontade própria eu mesmo te enfio debaixo do chuveiro de roupa e tudo. -Eu disse.

–Tudo bem. -Ela disse vencida.

–Vem. -Peguei em sua mão e a acompanhei até o quarto.

–Pode me arrumar um remédio de dor de cabeça? -Ela perguntou.

–Claro. Vai tomar o seu banho que eu vou providenciar o que você precisa. -Eu disse e a deixei no quarto.

Fui em busca de uma roupa para Violetta, acabei decidindo por uma camisa branca minha, que nela com certeza ficaria um vestido. Desci para buscar o remédio de dor de cabeça e a toalha. Quando voltei bati na porta do banheiro, e como não recebi resposta entrei, o chuveiro estava aberto, mas as roupas de Violetta não estavam por ali, fui até o box e abri a porta, ela estava sentada no chão abraçando as pernas e com a cabeça apoiada no joelho, e ela chorava, me doía ter que vê-la assim.

–Hey, o que houve? -Perguntei me abaixando ao seu lado.

–Eu sou horrível León, eu deixei minha filha sozinha em casa, e estou aqui na sua casa bêbada e te dando trabalho. -Ela disse soluçando.

–Hey, para, não está me dando trabalho nenhum se quer saber, gosto de cuidar de você. -Eu disse.

–Eu sou a pior mãe do universo. -Ela disse.

–Tem noção do que está dizendo? Eu sei como ama a Elena, faz tudo por ela Vilu, não é só porque você saiu uma noite e fez besteira que você vai se tornar uma mãe ruim. -Eu disse passando a mão em seus cabelos molhados.

–Eu sou uma idiota. -Disse e voltou a apoiar a cabeça nos joelhos.

–Levanta dai. -Disse ajudando ela a se levantar. Acabei indo parar dentro do box com ela, ela chorava de soluçar, eu sabia que não era só porque Elena estava em casa, ela estava vivendo uma pressão bem forte, se dividindo entre cuidar da pequena e ser o elo forte da família, sem Angie eles não eram muita coisa. Uns 10 ou 15 minutos depois não importa, ela levantou a cabeça para me olhar.

–Obrigada por isso, olha você está todo molhado. -Ela disse se soltando do meu abraço.

–Não se preocupa, depois eu coloco as roupas na lavanderia. Toma o seu banho agora, a roupa está aqui fora, e a toalha também. -Disse e dei um selinho rápido nos lábios dela.

–Obrigada. Ela disse quando eu sai.

Acabei tomando o meu banho no banheiro social e resolvi esperar Violetta no quarto. Pouco tempo depois ela saiu com os cabelos molhados e com a minha camisa e com a samba canção que eu tive que emprestar já que ela molhou as roupas dela.

–Que tal estou. -Ela disse dando uma voltinha e rindo.

–Linda com essa blusa gigante e essa cara de choro. -Eu disse.

–Devo estar horrível. -Ela riu.

–Está linda. Olha, o remédio está ali, vou colocar nossas roupas lá em baixo e já venho.

Coloquei nossas roupas na lavanderia e depois subi de novo, encontrei Violetta deitada na poltrona que tinha no meu quarto.

–O que faz ai? -Perguntei.

–Preciso dormir. -Ela disse.

–Sim, na cama, ou acha mesmo que vou te deixar ai? -Perguntei caminhando até ela e a pegando em meus braços.

–León. -Ela tentou argumentar.

–Sem mais, você vai dormir ai, se sua preocupação é comigo eu juro que viro para o outro lado. -Eu disse a colocando na cama.

–Eu não quero que se vire para o outro lado. -Ela disse e depois corou.

–Tudo bem, vamos fazer o seguinte, para todos os efeitos você ainda está bêbada e não sabe o que diz. -Eu disse e me dirigi até o interruptor apagando a luz, me deitei e puxei Violetta para mais perto de mim, apoiando meu queixo em sua cabeça, comecei uma leve carícia em suas costas percorrendo todos os cantinhos.

–Boa noite León. -Ela disse.

–Boa noite meu anjo.

León POV off.