Dead Inside escrita por Valentina


Capítulo 1
Prólogo - Esperança


Notas iniciais do capítulo

Primeira fanfic sobre TWD e estou super animada. Um dos meus personagens preferidos é o Carl, e por isso vou dedicar a minha primeiríssima fic para ele.
Espero que gostem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483540/chapter/1

Estava calor. Um inferno de calor. Guardei meu casaco na pequena mochila que ainda me restara depois do ataque, e saí em direção de algum lugar que parecesse seguro e fresco. Óbvio que só poderia ser o paraíso, e quanto antes eu morresse, melhor. Já não achava mais motivos para continuar vivendo.

Droga. Eu tinha dezesseis anos e estava sozinha. O que eu poderia fazer para me defender? Todos os walkers que eu eliminei, ah, foram por pura sorte. Quanto mais tempo eu duraria até me juntar aos meus pais no Céu? Se é que eles estavam lá, considerando tudo de ruim que fizeram. Mesmo assim, a cena da morte de meu pai passava e repassava pela minha mente, impedindo-me de concentrar-me na estrada à frente. Esporadicamente eu ouvia alguns gemidos, mas eu não me importava mais. Na verdade, queria que me alcançassem. Eu não tinha perspectiva alguma, estava quase sem suprimentos e sem energia. Eu iria cair, eles iriam se aproximar furtivamente e eu não revidaria. Eu morreria, assistiria a todos eles arrancando minhas tripas, e finalmente deixaria aquela merda de vida.

Meus olhos estavam desfocados. Eu iria desmaiar, senti isso. Lembrei-me de uma barrinha de cereais que eu havia achado em um dos supermercados que visitei com meu pai, e fiquei feliz por tê-la guardado. Vou precisar, pensei na época. Estava certa. Enfiei a mão na mochila e tateei os objetos até que a encontrasse. Eu a comi lentamente, e para ser sincera, não sei se conseguiria devorar nada. Minha boca doía a cada movimento do meu maxilar, e eu estava bem longe de sentir o gosto de qualquer coisa. No entanto, eu me recuperei um pouco e pude continuar caminhando. O fato é que eu era covarde, e por mais que eu quisesse morrer, não poderia me entregar assim para a morte. E se ela fosse ainda pior?

Finalmente minha vista alcança uma casa. Modesta, de dois andares. Sua fachada era branca e parecia estar intacta. A rua possuía alguns outros imóveis, mas não tão bem preservados quanto aquela em particular. Olhei o perímetro. Foda-se. O que eu tinha a perder? Aproximei-me cautelosamente, e percebi como eu estava atenta repentinamente. Seria aquilo um fio de esperança? Subi os poucos degraus para a varanda e fui bisbilhotar as janelas. Não havia movimento algum no andar debaixo, pelo menos. Ponderei entrar por ela, mas quebrar o vidro faria um barulho desnecessário. Resolvi tocar a campainha. Se houvesse alguém vivo lá, talvez me mandasse embora. Se houvesse alguém morto, eu mataria e ficaria na casa.

Estava tremendo. Ignorei minha reação e o barulho da campainha ecoou pela residência. Hesitei por alguns instantes e toquei novamente. Ouvi um barulho esquisito, como se alguém muito doente estivesse tão assustado a ponto de morrer tossindo. Esperei mais alguns instantes. Ou aquilo era um walker ou algum tipo de cachorro doente. Ou os dois. Toquei novamente. Encostei meu ouvido na porta e pude escutar uma respiração pesada. Afastei-me, na esperança de que alguém pudesse olhar pelo olho-mágico e visse que se tratava apenas de uma garotinha indefesa. Finalmente, ouvi barulho de móvel sendo arrastado.

A porta abriu apenas alguns centímetros – uma corrente ainda a prendia na parede. Dois pares de olhos azuis me encararam. Quando eu estava prestes a me pronunciar, eles se viraram para trás. O dono dos olhos murmurou algo como “fique sentado”. Subitamente, os olhos voltaram a me encarar.

“Está sozinha?” – era uma voz recém-amadurecida. Triste e carregada de responsabilidade.

“Estou” – surpreendi-me com o timbre de minha voz; estava áspera e rouca, as sílabas mal conseguiam ser pronunciadas. Não havia percebido quanto tempo eu não a usava, ou não hidratava minha garganta.

“É uma garota. Está sozinha” – ele virou-se novamente. Parecia estar falando com alguém, e esse alguém apenas grunhiu em resposta. Ele logo voltou sua atenção para mim novamente. – “Entre” – ele retirou a corrente e abriu a porta completamente.

Era um adolescente. Provavelmente da minha idade. Usava um chapéu de caubói e algumas roupas velhas e sujas. Um pé estava somente com meia e o outro calçava o tênis. Sua feição era delicada, mas parecia estar carregada de raiva, ódio. Seus olhos azuis eram absurdamente lindos, mas não refletiam nada além de nada. Senti um arrepio percorrer pelo meu corpo e indaguei o que aquilo significaria.

Entrei na casa, e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele virou-se e subiu as escadas. Pousei meus olhos no sofá, provavelmente o móvel que fora arrastado; um homem de provavelmente quarenta anos praticamente jazia ali. Estava completamente ferido, com os olhos roxos e inchados. Seu corpo estava repleto de hematomas, suas roupas rasgadas e encharcadas de sangue. Dele, de walkers, de outras pessoas. Se você olhasse atentamente, veria que ele possuía um tom de azul quase igual ao do rapaz, mas eram mais claros. Eles me examinaram rapidamente, desinteressados. O homem suspirou.

“Sente-se” – seu sotaque era evidente. Carregado como o de meu pai. Segurei-me para não chorar e assenti com a cabeça.

Um fio de esperança, pensei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?? Não sejam fantasminhas :c
Beijos, Valentina.