Another Life escrita por MsNise


Capítulo 3
Um dia após o outro


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Siiiiiim, depois de muito tempo, aqui estou eu. E eu espero que vocês não tenham me abandonado, meus amores. Afinal, vocês sabem que eu sempre volto hahahaha
Esse é um capítulo light, apenas de transição. Mas eu espero que vocês gostem :3
Leiam ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=uodUCtmCRME
Espero que gostem :3



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Quando acordei no próximo dia, Jamie já havia acordado. Ele se apoiava em um dos cotovelos e me observava atentamente enquanto eu suspirava e esticava todo o meu corpo. Pisquei lentamente com o cenho franzido.

— Temos mesmo que levantar? — resmunguei manhosa.

Jamie soltou uma risada fraca, pousando sua mão na lateral de meu rosto e fazendo carinho com o polegar.

— Sim, Susi Adormecida — ele brincou.

— Hmmm — lamentei com um suspiro, fechando meus olhos e me espreguiçando novamente. Estiquei meu braço e alcancei seu rosto, fazendo carinho com um sorriso delicado em meus lábios. Abri meus olhos. — Odeio essa parte.

— Eu também — ele murmurou, avançando para beijar minha face. A princípio, não entendi o motivo. E então eu percebi. Mau hálito matinal. Ah. — Vamos — ele se sentou no colchão e estendeu sua mão, fazendo-me sentar ainda sonolenta. Cocei um dos meus olhos.

Ele se levantou, avançando pelo quarto para pegar suas peças de roupa. Ele se virou para me perguntar:

— Vai tomar banho agora de manhã também?

Assenti, tentando reunir forças para me levantar do colchão. Por fim, consegui. Andei até o seu lado, escolhendo a roupa que eu usaria no dia. Senti um de seus braços pesarem em meu ombro e ele afagou meu braço, fazendo-me olhá-lo curiosa.

— Dormiu bem? — ele murmurou delicadamente, depositando um beijo em minha testa. Apoiei-me em seu peito.

— Melhor impossível — retruquei, lembrando-me de ter adormecido deitada em seu peito enquanto ele fazia carinho em meus cabelos.

— Você parece sempre tão serena enquanto dorme — ele comentou em um sussurro, fazendo os fios do meu cabelo se agitarem.

— Eu fico — cochichei. — É gostoso dormir — disse, ficando de frente para ele e apoiando meus braços em seu peito definido. — É muito gostoso — repeti com uma risada fraca, descansando minha cabeça em meus próprios braços e entrelaçando meus dedos no tecido de sua camiseta. — Vamos? — levantei meu olhar para ele, que assentiu rapidamente e pegou na minha mão que não carregava minhas roupas.

Caminhamos lentamente até a sala de banhos, que estava desocupada. Ele insistiu para que eu fosse tomar banho antes dele. “Primeiro as damas”, foi seu argumento. Suspirei e entrei no breu da sala, despindo-me rapidamente e afundando na água quente. Relaxei enquanto passava o sabonete pela extensão de meu corpo e aproveitei para lavar minha cabeça. Tudo no tempo mais rápido que eu conseguisse executar. Sequei-me e coloquei uma camiseta preta, uma jaqueta de moletom, uma calça legging e meu tênis surrado. Aproveitei também para escovar meus dentes. Saí do breu da sala com meu cabelo escuro comprido pingando nas minhas costas. Troquei um sorriso com Jamie e esperei-o sentada no chão enquanto tomava seu banho.

Ele apareceu minutos depois, seu cabelo escuro, agora mais comprido do que quando cheguei aqui, molhado e bagunçado. Ele sorriu quando me viu e foi o sorriso mais lindo do mundo, com os dentes brancos e retos transparecendo. Estendeu-me sua mão para eu levantar em um solavanco e plantou um selinho em minha boca. Mas somente aquilo não me contentava. Joguei meus braços em seus ombros enquanto ficava na ponta dos pés e enterrei meu rosto na curva de seu pescoço, inalando seu cheiro

— Cheiroso — murmurei contra sua pele macia. Ele utilizava uma camiseta azul-marinho, uma calça jeans larga e clara e um coturno.

Ele riu. Uma de suas mãos puxou meu rosto para eu olhá-lo e a outra ficou em minha cintura. Ele fez carinho em minha face com um sorriso encantado.

— Nunca vou me cansar de olhá-la — ele sussurrou, passando seu polegar pelo meu lábio. Sorri.

— Isso foi tão meloso — comentei com uma careta, segurando dos dois lados de seu rosto. — Mas mesmo assim eu amei — fiquei na ponta dos pés e aproximei nossos rostos, rindo contra seus lábios. Ele também riu e me beijou delicadamente em seguida.

Depois de alguns beijos, ele segurou em minha mão e me conduziu para a cozinha, onde havia uma grande aglomeração. Mais uma vez a ração da caverna. Suspirei. Sentamo-nos junto com a nossa habitual companhia: Ian, Peg, Mel, Jared, Kyle e Sunny. Jeb não estava no local.

— Bom dia — falamos em uníssono, nos sentando um ao lado do outro na mesa e nos servindo rapidamente.

Todos nos cumprimentaram educadamente, sem pararem de comer. Por algum tempo, o único ruído era o mastigar, mas logo as conversas leves os preencheram.

— O que estão escalados para fazer hoje? — perguntou Peg, se direcionando aos que estavam mais próximos dela.

— Colheita — Jared, Ian e Kyle responderam.

— Espelhos — Jamie resmungou com o cenho franzido. Ri fracamente de seu jeito decepcionado.

— Sabão — respondeu Mel, o que me fez estremecer. Eu fazia sabão quando Ian descobriu a verdade. Não foi uma experiência... agradável.

— E você, Susi? — ela me questionou com um sorriso delicado no rosto.

— Pão — respondi e fui surpreendida quando Peg disse que ela e Sunny também o fariam. Um sorriso fraco se insinuou em meu rosto. Eu simpatizava com minhas “quase cunhadas”.

Comemos por mais algum tempo jogando conversa fora antes de todos irmos escovar os dentes e seguirmos para nossos respectivos trabalhos. Ganhei um selinho de Jamie antes de ele seguir para os espelhos e segui Peg e Sunny pelos corredores, ambas pequenas quando comparadas a mim. Não tentei acompanhar a conversa delas, apenas seus passos. Não me intrometeria.

Rapidamente chegamos à cozinha e nos juntamos a Lily e Trudy, que executavam o trabalho enquanto conversavam. Coloquei meu avental e comecei a misturar a massa como todas as outras, mas o meu entrosamento com elas não era como eu desejava. Fiquei quieta por um bom tempo.

— Eu estou sentindo falta de algum relacionamento — balbuciou Lily com o cenho franzido. As outras mulheres riram fracamente. — Mas nenhum me parece ser tão bom quanto...

Um silêncio constrangedor se estabeleceu no local. Todas trocaram olhares entre si e a princípio eu não entendi, mas então algumas lembranças indistintas surgiram em minha mente. Já havia visto alguém comentando sobre Lily ter perdido seu parceiro.

— Você tem que superar isso, Lily — murmurou Sunny em um tom compreensível. — Eu sei o quão difícil deve ser...

— Não — Lily balançou a cabeça com um sorriso. — Eu já superei isso. Imagine. Já faz tanto tempo. Susi nem estava conosco ainda. Você está aqui há...?

Olhei-a desorientada, não percebendo a princípio que ela falava comigo. Estava entretida em meus pensamentos sobre perda.

— Está falando comigo? — questionei, me sentindo ridícula. — Desculpa — franzi o cenho.

Elas riram.

— Tudo bem — ela continuava sorrindo. — Há quanto tempo você está conosco?

— Quase três anos — falei, recordando-me do fato de meu aniversário estar próximo. Faltava uma semana para ele. — Logo completarei 16 e fui resgatada quando tinha 13.

— Nossa, faz tanto tempo assim? — exclamou Trudy.

— E, no entanto, parece que foi ontem... — Peg refletiu, parecendo se recordar de tudo. Cada detalhe. Eu também me recordei.

— Mas, enfim. Eu estava falando que eu já superei. Nós nem ficamos tanto tempo juntos, é só que...

— Vocês demoraram tempo demais para ficarem juntos — completou Trudy.

— Exato.

O silêncio se estabeleceu pelo local mais uma vez, mas a curiosidade me consumia. Não consegui parar minha língua a tempo.

— Qual era o seu nome? — questionei com os olhos estreitos.

— Wes — Lily sorriu com a lembrança. — Ele era novo na época, tinha quase vinte anos. E eu me sentia muito velha para ele. Mas... parecia que o amor tinha superado esse obstáculo quando...

— Não precisa continuar falando...

— Não, eu quero — ela murmurou, voltando a lidar com a massa de pão. Ela não parecia que estava prestes a chorar. Estava somente... serena. — Estávamos indo bem até chegar aquela Buscadora. Ela estava perseguindo Peg e acabou matando Wes. Você a conhece, apesar de nunca a ter visto como uma alienígena. É a Lacey.

Já havia ouvido rumores daquilo também; não me surpreendi.

— No começo foi difícil, é claro que foi. Seu irmão, Ian, foi o que mais me consolou. Ele me entendia, afinal também tinha perdido um grande amigo. Os dois eram unha e carne. Quase como se fossem irmãos. Era bonito de se ver. Mas eu superei, sabe? Aprendi a conviver com isso já faz algum tempo. Eu queria um relacionamento, não Wes. Wes já teve o seu momento por aqui.

Sorri delicadamente ao constatar como Lily era sábia.

— Mas e você? Como vai com Jamie? — ela questionou com as sobrancelhas arqueadas.

— Muito bem, obrigada — disse corando e desviando o olhar.

— Sabe, Susan, você está muito diferente — disse Peg.

— Para melhor, eu espero — brinquei desconfortavelmente.

— É claro — ela deu de ombros, como se fosse óbvio. — Você costumava ser mais eloquente. Não era nada flexível. E não admitia nada também.

— Eu estava escondendo uma mentira — retruquei. — Eu estava escondendo toda a verdade sobre a vida de duas pessoas que, mesmo sem que elas soubessem, eu as amava. Eu precisava ser eloquente. Precisava de uma máscara, dar alguma desculpa. Simplesmente não podia dizer a verdade antes que chegasse a hora certa.

— E então tudo o que conhecemos sobre você antes era uma mentira? — Sunny perguntou com os ombros encolhidos, com medo de ter dito algo que não deveria.

— É quase como se fosse isso — respondi, nem um pouco ofendida com sua pergunta. — Era tudo muito difícil. Somente agora eu estou me libertando. Somente agora que eu estou dando espaço para os meus sentimentos saírem de dentro de mim. E, sinceramente, está sendo incrível. Eu estou amando. Com a ajuda de Jamie, então, melhora muito mais.

Todas riram junto comigo com a minha menção ao meu atual namorado; e o amor da minha vida.

— Sabe, o Jamie também mudou quando te conheceu — Peg comentou, dando de ombros.

— Em qual sentido?

— Ele está mais maduro. Na verdade, já era tempo. Mas... eu amo isso nele. Como ele parece gentil e como você faz bem para ele.

— Eu não poderia me imaginar fazendo bem para alguém — balbuciei com o cenho franzido, sem parar de amassar o pão.

— Para ele, para o Ian, para o Kyle. Para todos por aqui. Você faz bem para as pessoas, Susi.

Corei, totalmente constrangida com o seu elogio.

— Valeu — murmurei, sem pensar em uma maneira melhor de dizer “obrigada” sem que parecesse envergonhada demais.

Ela sorriu fracamente antes de desviar o olhar e continuar com o seu trabalho. Não conversamos muito depois daquilo, foram feitos somente comentários aleatórios, mas nenhum deu início a uma real conversa. Não me importei. Eu gostava do silêncio e de ficar quieta, em meu canto.

Quando estava perto da hora do jantar, Ian apareceu para buscar Peg. Ele a abraçou e depositou um selinho delicado em seus lábios. Nada muito longo. Nada constrangedor.

— Oi, Susi — ele me cumprimentou, esticando-se para me dar um beijo na testa.

— Oi, Ian. Muito cansado?

Ele fez uma careta de desgosto.

— Já estou acostumado.

Ri fracamente.

— Viu Jamie no caminho?

— Na verdade, ele foi lavar as mãos e já vem falar com você.

— Tudo bem, então — dei de ombros, tentando desgrudar os resquícios de massa que ainda tinha entre meus dedos.

— Logo voltamos, gente — disse Peg, partindo de mãos dadas com Ian.

Não demorou muito para eu ver a figura alta de Jamie entrando na cozinha com suas mãos no bolso de sua calça. Ele parecia tão gracioso com uma parte de seu cabelo caindo sobre seus olhos e com aquele olhar que me seduzia. Um sorriso estava depositado em seus lábios.

— Oi, Sunny, Trudy, Lily. Tudo bem com vocês?

Elas sorriram, responderam que sim e retribuíram a pergunta.

— Também estou bem — ele disse segundos antes de me alcançar e envolver minha cintura. — E você, amor? Tudo bem?

— Muito melhor agora — sim, eu sei, utilizei a frase mais clichê de todo o mundo. Ou talvez do antigo mundo dos humanos. Não importa. O fato é que era verdade; no momento em que ele apareceu naquele lugar e envolveu minha cintura com seus braços firmes eu me senti um milhão de vezes melhor. Mais segura. Eu poderia, finalmente, cair. Ele me seguraria.

— Vamos tomar banho? — ele me perguntou, já avançando com a mão em minha cintura.

— Tudo bem — murmurei, acenando vagamente para as mulheres que ficavam para trás.

Caminhamos em silêncio através dos corredores escuros da caverna até chegarmos ao nosso quarto, onde eu tive o prazer de ouvir sua voz novamente enquanto pegava o meu pijama. Ele me abraçou por trás e descansou sua cabeça em meus ombros, fazendo-me relaxar e fechar os olhos.

— Como foi o seu dia, meu amor? — ele murmurou, beijando a minha bochecha.

— Revelador — defini com apenas uma palavra que lhe causaria dúvida; foi propositado. Ele me virou de frente para ele, obrigando-me a soltar as minhas roupas e segurar em seus ombros.

— O que quer dizer?

Seus olhos ardiam em curiosidade e talvez um pouco de preocupação, mas não pude deixar de sorrir com a sua expressão facial. Ele se importava.

— Bem, eu basicamente descobri que estou muito mudada desde que assumi o meu relacionamento com você e contei toda a verdade para os meus irmãos. E, sim, eu sei que isso não é novidade nenhuma. Não queria que fosse. Mas talvez somente hoje eu tenha tomado conta de perceber o quanto eu estou me abrindo mais e fazendo mais parte desse círculo de amor em que nós dois estamos inseridos. E eu só tenho a agradecer você por isso. Muito obrigada. De coração.

Ele sorriu.

E não foi o maior sorriso do mundo ou o sorriso mais feliz do mundo. Foi um sorriso genuíno e sincero. Ele realmente estava feliz pela minha revelação; não por ele ter sido a causa, mas pela minha consequência. Por eu ter tido a capacidade de ser humilde e agradecer pela sua interferência.

Ele sorriu; e foi o sorriso mais esmagador do universo.

Encostei nossos lábios delicadamente, e então ele tratou de me beijar suavemente, conduzindo a dança de nossos lábios com maestria. Eu o sentia em todas as partes. Em meus lábios, em minha cintura, em meu coração. Ele era tudo, ele me fazia ser tudo.

Deus, Jamie, como eu o amava.


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Notas finais do capítulo

E entãããããão? O que acharam? Podem falar aqui nos comentários, eu amo saber a opinião de vocês :3 Se acharem que eu preciso melhorar alguma coisa também podem falar. Podem falar tudo hahahahah
Até o próximo capítulo :*