- Oi! - Disse ela com aquele sorriso adorável que fazia com que seus olhos praticamente fechassem.

-Oi - respondi sem ânimo.

-Nossa, o mal humor e você reataram o namoro de novo?

-Nós nunca terminamos... - Acabei sedendo e sorrindo.

-Eu quero brigadeiro! - respondeu alheia ao mundo e ignorando minha resposta.

Eu amava isso. Amava a capacidade que ela tinha em se perder em seus próprios pensamentos e esquecer de tudo e de todos.

-É cedo para brigadeiro.

-Nunca é cedo para brigadeiro! Faz para mim? - perguntou enquanto se deitava na cama ao meu lado.

-Por que você está aqui?

-Porque eu quero brigadeiro.

-Você foi embora. Por que voltou?

-Porque eu quero brigadeiro.

-Por que voltou?

-Eu nunce te deixei -respondeu virando para me olhar.

-Eu sinto muito. As coisas poderiam ser diferentes. Eu não estava com você! - disse, me alterando. - Eu sinto muito! E te abandonei! Eu não percebi que precisava de você até...

-Não, não sinta. Você está aqui agora. - respondeu me interrompendo

-Você se foi! - disse fechando os olhos

-Não. Eu estou bem aqui. - Pude a sentir tocando meu rosto suavemente. - Com você. E só abrir os olhos.

-Está? - Respondi obedecendo seu pedido e abrindo os olhos

-Estou.

Eu a abracei. Abracei tentando curar toda a dor que sua falta me fez sentir.

-Você está. - Respondi fechando os olhos novamente enquanto a abraçava.

-E você está me perdendo novamente.

Senti minha camiseta ficar molhada e abri os olhos.

Vermelho. Sangue.

Acordei assustado. Flashes do passado vindo à minha mente.

O passado era a lembrança de uma menina, que de sua infância distante sorria para mim. Era a lembrança da menina crescendo e mudando, e os sentimentos que sentia por ela também. Primeiro a paixão, o esquecimento, e quando já era tarde, o amor mais intenso e doloroso de todos . E por fim, o passado era a lembrança de sangue, sangue da menina pra sempre sujando sua camiseta e afogando meu coração em morte.