Delicadamente espreguiçou-se, tomando cuidado ao virar a cabeça. Observou, com um casto sorriso nos lábios, as feições calmas de seu marido em meio ao sono. Ele era lindo, seus cabelos loiros, o rosto pálidos, os lábios finos e frios… No entanto que ela mais gostava não podia ser observado naquele momento. Os olhos. Olhos de uma cor tão exótica que eram difíceis de serem descritos, eram de azul intenso que mesclava o cinza, um olhar que fazia com que Rose perdesse o ar. Não queria voltar a dormir, não queria perder o raio de sol que iluminava levemente o seu rosto, entrando por uma fresta na janela. Não queria perder o som de sua respiração, o subir e descer do peito, não queria fechar os olhos e adormecer. Não queria perder nada, nenhum momento, nenhum detalhe.

Acordou sobressaltada com o som de um trovão, chovia forte naquela noite, seus cabelos ruivos estavam bagunçados, suas feições belas estavam envelhecidas, o rosto cansado e seus olhos azuis, que eram brilhantes como pérolas, só eram iluminados por lágrimas que logo mancharam as bochechas.

Doeu em seu peito passar a mão pelo lado direito da cama e senti-la fria, vazia. Olhou para a cabeceira vendo o rosto de seu amado emoldurado por um porta retrato com revestimentos em prata.

Deixou que um soluço escapasse de seu peito, levou a mão até o pescoço, tocando o colar de ouro onde estava sua aliança. Levou-a até o lábio sentindo a estrutura fria, o que lhe trouxe a lembrança do beijo de seu marido. Fechou os olhos e deitou-se na cama, onde nos sonhos podia tê-lo para si, como fazia todas as noites.