The Girl Is Mine escrita por nanny


Capítulo 9
My Heart With You


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de hoje tem música e aqui está:
http://www.youtube.com/watch?v=XlajS_d3fHc&feature=kp



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Try to hear my voice
You can leave, it's your choice
Maybe if I fall asleep, I won't breathe right
Maybe if I leave tonight, I won't come back

Sherlock respirava fundo enquanto subia as escadas. Depois de mandar Irene Adler sumir definitivamente de sua vida, era hora de conversar com sua esposa. Ia ser provavelmente a conversa mais difícil que teriam. Sherlock nunca imaginaria se vendo na posição de dar qualquer tipo de sermão em Molly... Achava que sempre seria ao contrário.

Quando chegou ao flat, Molly estava deitada no sofá. Parecia-se muito com ele. Principalmente quando estava drogado e tinha que ouvir o sermão de John Watson. Sherlock respirou fundo. Queria sorrir, mas se controlou.

Sua cabeça estava cheia. Não sabia o que falar. Não sabia o que pensar... Mas sabia que tinha que começar. Por mais que no fundo soubesse que mereceu aquela noite, não justificava as atitudes de Molly.

Can nobody hear me?

I've got a lot that's on my mind
I cannot breathe
Can you hear it too?

— Eu sou apaixonado por você, Molly. — Ele começou tocando no ponto fraco. Molly ergueu-se e sentou-se no sofá em postura perfeita, encarando-o com os grandes olhos castanhos. — Mas há uma diferença entre a minha Molly e a pessoa que eu... A pessoa que eu vi hoje. Eu não conheço a pessoa que vi hoje naquele pub, Molly Hooper.

Os olhos castanhos se inundaram instantaneamente. Molly soube imediatamente que não deveria ter se deixado levar pela mulher... Não tinha pensado no quanto isso poderia afetar sua relação de verdade — mais do que uma simples brincadeira ou vingança —, Molly não tinha pensando em quão longe essa vingança poderia ir.

— Você não precisa se desculpar por nada, Molly. Não me deve desculpas. — Ele se aproximou um pouco mais. — Mas se você pudesse olhar para você agora, o que você diria? Porque eu esperava mais maturidade de você.

— Você esperava...

— Não Molly. — Sherlock se ajoelhou aos pés do sofá, ficando na mesma altura da esposa. — Não é minha intenção ser ruim ou te humilhar. Só quero que veja o que eu vejo e que saiba o que eu sinto. Eu estou me sentindo tão pequeno, Molly... Eu não sei o que pensar dessa vez e isso me assusta. Eu não sei absolutamente nada sobre isso. Nós. Relacionamentos.

Molly queria pedir desculpas. Conseguia enxergar claramente agora... Mas não pediu. Ficou em silêncio. Viu que uma das mãos de Sherlock estava em cima do sofá e segurou-a. Ele não negou o toque, agarrou a mão de Molly de volta e encarou-a.

— Eu sei que já faz quase um ano, Molly... — Respirou fundo. — Exatamente dez meses... E eu sei que para qualquer outra pessoa, seria o suficiente para que aprendesse à conviver e lidar com essas situações, mas... Sou eu. E eu sou complicado. E nós somos um furação... Nós atropelamos tudo à nossa volta. Nós começamos com uma gravidez, nos casamos, passamos pela dor, pelo luto, pela felicidade... E Molly, eu ainda estou aprendendo. São dez meses, mas ainda vou tropeçar e cair... Nos próximos cem meses eu vou cair inúmeras vezes... Eu estou aprendendo. Começando a engatinhar.

Molly sentiu uma lágrima molhar sua bochecha. Não imaginara que seu sermão pudesse fazê-la se sentir tão culpada. Um tapa na cara de luva de seda. Era exatamente isso...

— E me desculpe por esperar isso de você, mas eu esperei. Eu esperei que você nos amparasse quando eu fraquejasse, Molls. — Secou a lágrima de Molly com seu polegar. — Tudo que eu esperava de você era isso. Que me ajudasse a engatinhar. E eu sei que isso não justifica... Mas devia significar ao menos algo. Porque eu estou tentando. Sim, eu fugi. Mas eu estou aqui. Tentando de novo. Mas não consigo caminhar sem você ao meu lado. Se você focar em se vingar, nós vamos nos perder para sempre. É isso o que você quer?

Molly balançou a cabeça negativamente. Seu silêncio permaneceu. Não ousaria interrompê-lo. Via nos olhos azuis-esverdeados levemente marejados que Sherlock ainda tinha muito para dizer...

— Se você quer sinceramente saber o motivo de ter fugido... Molly, eu nunca me abri. Você, melhor do que qualquer pessoa nesse mundo sabe disso. Eu sempre me orgulhei de ter a solidão como única companhia. — Finalmente se sentou. Precisava ficar confortável para terminar seu desabafo. — Antigamente eu conseguia lê-la, Molls... E pouco antes de desaparecer, eu percebi que já não conseguia mais. E na verdade nem tentava... Tudo o que eu via quando olhava para você e tentava deduzir algo era o quanto eu tinha me aberto. Via o quanto eu sofreria se você partisse. Via que tinha colocado meu coração em suas mãos... Via seu rosto e ele só dizia "querido, eu nasci para despedaçar seu coração." Então eu fugi.

I keep you secretly
I studied every line
You're etched upon my mind
For not a million soldiers could take you from me

Molly queria sorrir entre suas lágrimas. Ele era ridiculamente um drama adolescente. Ela se sentia vivendo um romance de adolescentes ao lado de Sherlock. Não queria que aquilo acabasse nunca — por mais que a desgastasse como o inferno —, era tudo o que ela poderia pedir.

— Eu me abri para você, Molly. Abri todas as portas e deixei que compartilhasse sua vida comigo. Dividi cada amanhecer e cada pôr do sol com você. O medo de que fosse embora... Isso me apavorou. Me apavorou como uma criança perdida num supermercado. — Sherlock parou de falar e sorriu junto com ela, que secava suas lágrimas. — Eu nunca mudarei o que eu sou e você sabe disso... Mas também não quero que mude nada. Só quero que fique ao meu lado. Que seja quem você é. E... A pessoa que eu vi essa noite definitivamente não é a minha Molly.

— Me desc— Sherlock colocou seu dedo indicador sob a boca da castanha.

— Você não está autorizada à pedir desculpas. — Balançou a cabeça. — Eu estou desabafando. E eu tenho que te agradecer... Ou te desgraçar. Porque você quebrou todos os meus muros e trouxe todos os medos que eu sempre afastei. As falhas humanas, Molly... Eu me sinto um inútil adolescente! Você trouxe tudo isso ao meu mundo e eu nem... Eu nem consigo te odiar por isso.

Ela sorriu. Era o jeito maluco e desconcertado que Sherlock tinha de desabafar. Já havia sido perdoado, mas ouvir aquelas palavras só faziam Molly se sentir ainda mais apaixonada. Por mais quantas situações horríveis ela seria capaz de passar só para ter o prazer de encontrar aqueles olhos coloridos encarando-a e se declarando no final da tempestade? Umas mil?

— Só te peço uma coisa, e só. — Ele se levantou e puxou Molly para ficar de pé em sua frente. — Não me faça fechar mais uma porta. Por favor, não me faça fechar a porta que abri para você... Porque se um dia você se for, todo o amor vai te acompanhar e então tudo vai voltar à ser preto e branco. Eu nunca vou amar de novo se algo der errado entre nós, Molly. Nunca mais vou abrir essa porta. Mas por favor... Não me deixe fechá-la. Pode fazer isso por mim?

Balançou a cabeça de forma afirmativa. Sentia-se arrebatada por todas aquelas palavras. Não se lembrava do processo complicado de juntar as letrinhas, formar as palavras e depois as frases. Sherlock havia varrido todas as informações úteis da cabeça da castanha.

— E mais uma coisa, Molly... — Ele tinha um sorriso cínico e bastante divertido em seu rosto agora. Era a trégua. A bandeira branca. — Não se atreva a ir para longe de mim. Ouviu?

— Ouvi. — Sussurrou. A primeira palavra depois de tudo. — Eu posso...

Sherlock entendia o que Molly queria dizer. Queria logo acabar com aquilo e correr para os braços dele. E como ele também queria isso... Molly não conseguiria começar a imaginar a falta que fazia seu corpo pequeno envolvido nos braços do detetive. Era tudo tão sem graça sem o corpo de Molly colado no seu. Um arrepio percorreu sua espinha antes mesmo de Molly se aproximar. Sorriu.

— Você é literalmente a melhor pessoa que eu já conheci. Você é a melhor influência para mim, Molly. — Suas mãos já estavam nas bochechas de Molly. Fazia carinho com o polegar nos lugares onde suas lágrimas haviam molhado. — Eu preciso de você. Você é boa... E eu preciso de algo bom na minha vida. Porque sem isso seria só solidão e escuridão.

Ela ficou em silêncio. Respirou fundo uma, duas, três vezes. Seu cérebro parecia estar se negando à funcionar. Aquelas palavras de Sherlock haviam feito-a esquecer totalmente de como reagir à uma declaração. Não esperava aquilo vindo dele.

— Venha logo para os meus braços, Molly. — Jogou a cabeça para trás de forma divertida e revirou os olhos, se fingindo de irritado. — Eu não tenho absolutamente nada se não tiver você aqui!

E foi exatamente isso que ela fez. Se jogou nos braços de Sherlock como não se lembrava de fazer há meses. Abraçou-o com toda força que tinha no corpo e distribuiu beijos em todo o rosto do detetive. A saudade que tinha de qualquer contato com ele estava matando-a. Como tinha conseguido manter aquela vingança por tanto tempo?

Sherlock pegou-a no colo sem o mínimo esforço e juntos caminharam até o quarto. Enquando mordia o pescoço de Molly e sentia o cheiro da legista embriagá-lo, ele sussurrou "eu sei que você não está bêbada, Molls" e ela sorriu. Era seu detetive consultor, o que mais poderia dizer?

Quando Sherlock jogou-a na cama e arrancou com facilidade o pequeno vestido preto, Molly soube que era a hora exata de deixar sua vingança para lá. Estava completamente louco por ela. Suas mãos correram e procuraram cada centímetro conhecido do corpo do outro. Ambos se deliciando com o mais simples toque enquanto se despiam e se beijavam.

Era um ótimo jeito de fazer as pazes, Sherlock pensou. Não se importaria de brigar mais algumas centenas de vezes...

My love, the reason I survive
Trust we'll be together soon
Should our fire turn to dark
Take my heart with you


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