- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 27
Capítulo 27




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Depois que nós conversamos e nos entendemos as coisas pareceram mais fáceis de serem encaradas, eu ainda tenho uma certa magoa pelo que aconteceu, mas eu entendo o quanto isso é difícil pra ela, não que justifique a mentira mas ninguém é perfeito, eu sei bem disso. Por isso eu ignoro a cada dia qualquer tipo de sentimento que tente ficar entre nós, não é um trabalho tão difícil já que basta apenas ela me olhar e sorri que eu me sinto preso a ela novamente, por que não há nada no mundo que me faça sentir mais vivo do que estar ao lado dela.
Os dias foram passando e nossa rotina voltou. Trabalho. Floresta. Casa. Reuniões. Tudo como antes, nossa vida. E mesmo com as mudanças e com o que eu tive que abrir mão eu ainda posso afirmar que continua valendo a pena.
Eu saio da padaria no mesmo horário de sempre com a tarde caindo e vou direto pra casa, mas vejo Katniss entrando na Aldeia trazendo uma sacola de papel, ela me vê e para me esperando, eu me aproximo e a beijo rapidamente.
– O que é isso? - eu pergunto pegando a sacola da mão dela e verificando - Macarrão? - eu falo surpreso e ela concorda pegando a sacola de volta.
– Não tinha em casa! - ela fala dando de ombros - E... Não tem como fazer macarrão com queijo sem macarrão! - ela conclui enquanto entramos em casa.
– Macarrão com queijo? - eu pergunto e ela sorri concordando já indo pra cozinha - De novo? - eu pergunto já que ontem eu fiz por que ela mesma me pediu.
– Eu gosto de macarrão! E gosto de queijo - ela explica e para me olhando - Será que você pode fazer? - ela pergunta com aquela voz de que irá se irritar se eu negar.
– Eu posso tomar um banho antes? - eu peço enquanto me aproximo dela e deixo nossos corpos próximos demais.
– Você pode tomar banho depois que fizer - ela fala e pega o pacote do macarrão colocando no nosso meio, eu solto uma risada.
– Isso tudo é fome? - eu pergunto curioso.
– Eu não tive tempo de almoçar - ela fala e eu fecho a cara ficando sério.
– De novo? Katniss você tem que se alimentar! - eu falo pela milésima vez e ela revira os olhos.
– Eu me alimento - ela repete a mesma coisa de sempre - Você vai ou não fazer? - ela pergunta com a sobrancelhas erguidas ansiosa, eu a beijo rapidamente.
– Claro! - eu falo com nossos lábios ainda encostados, ela sorri e se afasta passando por mim.
– Eu vou tomar banho! - ela anuncia e escuto ela subindo as escadas correndo, lavo minhas mãos e me encarrego da minha "missão", quando Katniss desce novamente estou terminando de preparar.
– Esse cheiro é ... Perfeito - ela fala suspirando fundo e se aproximando.
– Acho que você disse isso ontem - eu falo e ela me ignora enquanto pega os pratos, Haymitch entra pela cozinha.
– Que cheiro é esse? - ele pergunta se aproximando.
– Macarrão com queijo - eu falo e ele para no caminho.
– Que foi? Agora vocês requentam comida? - ele fala reprovando a ideia.
– Não! Eu to terminando de fazer agora - eu falo e ele finge um sorriso satisfeito, mas puxa uma cadeira e se senta, eu termino de preparar e coloco na mesa mal a panela encosta na mesa Katniss está se servindo, até Haymitch fica surpreso e a olha curioso.
– Uau! Você realmente tá com fome - ele fala e ela já está comendo e o ignora, nós também nos servimos e começamos a comer.
– Acho melhor você amarrar ela - Haymitch fala enquanto ela termina seu terceiro prato.
– A casa é minha e a comida também - ela avisa e se levanta recolhendo os pratos e levando até a pia, enquanto eu a ajudo lavando os pratos Haymitch vai embora.
– Você já resolveu o que vai fazer sobre a parceria da padaria? - ela me pergunta curiosa já que o prazo para resposta está se acabando.
– Ainda não sei - eu confesso largando o pano de prato, cruzando os braços e me apoiando na pia, ela me olha então fecha a torneira e se aproxima de mim parando na minha frente.
– Você tá preocupado! - ela afirma enquanto passa os dedos na minha testa.
– É uma grande decisão - eu falo colocando minhas mãos na sua cintura - O negócio vai ficar maior, vai ter mais dinheiro mas por outro lado, eu gosto de como as coisas estão e nós já temos dinheiro suficiente! Eu só...tô pensando nos outros, com mais dinheiro eu posso pagar mais pra eles - eu falo o que realmente tem ocupado minha cabeça esses dias, é uma decisão difícil, ela me olha nos olhos, suas mãos sobem até minha nuca.
– Eu acho que você já sabe o que quer fazer só tá preocupado com eles - ela afirma e de certa forma é verdade, por que eu não quero fazer isso mas ao mesmo tempo é uma oportunidade muito boa e como Benny mesmo disse o dinheiro seria bem vindo então eu realmente estou na dúvida, eu respiro fundo e encosto minha testa na dela - Eu tenho certeza que você vai escolher o melhor e eu tenho certeza que eles vão aceitar sua decisão, eles adoram trabalhar lá - ela fala e embora ainda esteja preocupado me sinto mais aliviado, então eu junto nossas bocas enquanto a seguro ainda mais junto de mim, ela corresponde ao beijo e só paramos quando estamos sem ar.
– Acho que você ainda tem um banho pra tomar - ela fala sorrindo e se afastando de costas pra mim, eu a puxo de volta pela cintura e encaixo meu rosto entre seu ombro, eu passo meu nariz pela sua pele e deixo meu lábios refazerem o caminho, ela se desvia um pouco mas se vira de frente pra mim - Banho! - ela repete tentando parecer indiferente, eu sorrio e a beijo e ela corresponde sem muita demora, minha boca escorrega da sua e vai para o seu pescoço, eu encosto o corpo dela na pia e a prendo com o meu, sua mão agarra meu cabelo e na outra ela segura meu braço, o beijo continua cada vez mais intenso mas quando minha mão sobe a sua blusa ela impede, eu paro mas quando eu a olho ela está sorrindo.
– Você tem mesmo que tomar um banho - ela fala rindo.
– Por que? - eu pergunto também sorrindo.
– Você tá com cheiro de canela! - ela fala fazendo uma careta, eu levanto minha camisa pra sentir o cheiro.
– Não é tão ruim - eu falo dando de ombros e ela ri, mas me empurra em direção a saída da cozinha para escada - Tudo bem! - eu aceito levantando as mãos em sinal de desistência, me viro pra ela e a beijo rapidamente - To indo - eu falo já subindo as escadas, ela fica parada me olhando, eu entro o no quarto pego uma roupa e vou pro banheiro, quando saio de lá ela tá mexendo em alguma coisa na gaveta.
– O quê que você colocou naquele macarrão? - ela pergunta e eu paro confuso olhando pra ela - Meu estômago tá estranho - ela reclama.
– Você não devia comer três vezes - eu completo como se fosse óbvio e ela me olha reprovando o que eu disse - Não me olha com essa cara é verdade - eu falo e ela força um sorriso.
– É sério! - ela fala fazendo uma careta, eu me aproximo dela e coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
– E o que eu posso fazer por você? - eu pergunto com um sorriso, ela dá de ombros tentando se manter séria mas eu posso ver a sombra de um sorriso no seu rosto, eu aproximo nossos rostos até nossas respirações se misturarem, nossos lábios próximos demais e então eu a beijo lentamente, minha mão a segura e a prende em mim, suas mãos escorregam pelo meu braço, quando o beijo para eu ainda deixo nossos rostos próximos demais.
– Melhorou? - eu pergunto quase como um sussurro e dessa vez é ela quem junta nossas bocas em um beijo forte e intenso e quando minha mão levanta a sua blusa dessa vez ela permite, ainda sem parar o beijo eu nos levo até a cama e a deito, quando nossos corpos se juntam o tempo para.
– Você não parecia doente - eu falo enquanto ela está deitada sobre mim, nossas pernas entrelaçadas e recebo um tapa em resposta.
– Você é um idiota sabia? – ela fala mas posso sentir o sorriso no seu rosto, eu sorrio de volta e aperto meus braços em volta dela, afundo meu rosto no seu cabelo e ela solta uma risada e esse som é o melhor de todos, ela tira a cabeça do meu peito e coloca sobre meu ombro, deixando próxima demais do meu rosto, sua respiração quente no meu pescoço, o que me desperta ainda mais.
– Que foi? – ela pergunta quando percebe meu olhar nela, eu sorrio antes da resposta.
– Você fica linda assim sabia? – eu falo e ela nega mas me olha curiosa.
– Assim como?
– Sorrindo! Relaxada e principalmente assim... – eu falo e inclino meu corpo sobre o dela de maneira rápida que faz ela rir novamente, eu aproximo meu rosto do dela lentamente, meus olhos na sua boca e então eu deixo nossos lábios se encostarem mas eles descem o caminho para o seu pescoço e novamente nos perdemos um no outro.
– Não esquece que amanhã é a festa do Junior – eu lembro enquanto ela está deitada virada pra mim.
– E eu teria como esquecer? Delly me fez andar semana passada atrás de uns balões coloridos que não tinha em lugar nenhum – ela fala meio irônica, mas já não parece mais tão torturada quanto antes, na verdade ela e Delly começaram uma espécie de amizade e tem dado certo, Katniss ainda tem suas ‘’limitações’’ e continua não gostando da ideia de conversas longas sobre roupas ou essas coisas mas elas tem se dado bem, semana passada Delly veio até aqui em casa pedir que Katniss a acompanhasse pra ver algumas coisas da festa, ela tentou inventar uma desculpa mas quando Delly disse que tudo bem que ela iria sozinha com o pequeno Ian, Katniss se comoveu e mesmo um pouco contrariada aceitou e elas passaram praticamente o dia inteiro na rua - Você vai ficar direto na padaria? – ela me pergunta já que temos o bolo, os pães e mais as outras coisas pra fazer.
– Acho que sim! Só vou parar pra almoçar! – eu falo e ela concorda sem problemas, provavelmente já esperava por isso.
– Você quer que eu vá pra lá? – ela pergunta e eu me surpreendo.
– Eu sempre quero que você vá pra lá – eu falo com a mão na sua cintura puxando ela pra mim – Mas você que sabe! – eu completo e ela me olha por alguns segundos, mas não responde – Você seria como... uma inspiração – eu falo e ela revira os olhos.
– A Delly disse que o Junior está muito ansioso pra ver o bolo – ela fala e eu me lembro dele com os olhos brilhando enquanto pedia animado um bolo. Um bolo azul! Ele deixou bem claro, Philip riu e prometeu que o bolo seria azul.
– É, ele tá bem animado mesmo – eu confirmo sorrindo – Mas o que ele está mais animado é pra fazer seis anos – eu relembro a ultima vez que ele foi até a padaria onde ele fazia questão de falar pra todas as pessoas que ele ia fazer seis anos.
– O tempo passa rápido – ela fala tão baixo que mais parece um pensamento alto, seu rosto fica sério por alguns segundos e eu sei muito bem a que tipo de pensamentos isso pode levar, por isso eu aperto meus braços em volta dela.
– Eu tenho que acordar cedo, você tem que acordar cedo... Então, é melhor a gente dormir – eu falo com meu rosto no encaixe do seu pescoço, ela concorda e se aconchega em mim, nossas pernas juntas e metade do seu corpo sobre o meu, nossos corpos quentes colados um ao outro.
Quando eu acordo ela está saindo do banheiro, eu me espreguiço mas continuo deitado.
– Você acordou primeiro que eu – eu falo com a voz ainda rouca, geralmente eu acordo antes dela.
– Eu não to legal – ela fala e eu me desperto e me sento na cama, enquanto ela está encostada na cômoda, parece mais branca que o normal e sua cara realmente não é muito boa.
– O que aconteceu? – eu me levanto preocupado e vou até ela.
– Não foi uma boa ideia aquele macarrão de ontem – ela fala com a mão na barriga.
– Ainda não melhorou? – eu estranho e ela nega com a cabeça.
– Voltou agora de manhã! Acho que eu não deveria ter comido três vezes – ela fala e posso ver a sombra de um arrependimento – Mas tava tão bom – ela complementa, o que me faz rir, mas paro assim que a vejo naquele estado.
– Você tá pálida! – eu falo e ela para com a cara de dor e me olha reprovando o que eu disse.
– Eu não to pálida – ela me corrige irritada, então abre a gaveta e puxa uma das minhas camisas brancas – Por que você não vai se arrumar, vai se atrasar – ela fala me esticando a blusa, eu pego.
– Ok, desculpa – eu falo e ia beijar sua boca quando ela vira o rosto e eu beijo sua bochecha.
– Eu vou tomar banho – ela avisa e eu começo a me trocar enquanto ela vaia te o banheiro com suas roupas na mão, eu também entro no banheiro mas vou escovar meus dentes.
– Você vai caminhar? – eu pergunto mas quando vejo a roupa que ela separou já tenho minha resposta.
– Vou! – ela afirma me olhando de um jeito que eu sei que não adiantará tentar fazê-la mudar de ideia, não me agrada a ideia que ela vá pra floresta se está se sentindo mal mas ela irá, eu sei que irá, então escolho não discutir, eu desço e vou direto pra cozinha, coloco um água pra ferver e quando ela desce eu lhe entrego uma xícara ainda com a fumaça saindo.
– Quê isso? – ela pergunta desconfiada.
– Pro seu estomago – eu falo e ela faz uma cara ruim quando sente o cheiro.
– Eu não vou tomar isso! Isso fede – ela fala colocando a xícara na mesa, eu pego e estico pra ela de novo.
– Você só sai de casa depois que tomar – eu aviso e ela balança a cabeça em sinal de reprovação.
– Peeta não precisa, eu to melhor, sério! Não to sentindo nada – ela fala e mesmo parecendo menos branca eu mantenho a xícara estendida.
– Frio é pior do que quando tá quente – eu aviso e ela revira o olho como uma criança teimosa, mas do mesmo jeito que eu sabia que ela iria pra floresta de qualquer jeito, ela sabe que eu não irei desistir por isso ela pega a xícara da minha mão e dá um gole fazendo uma cara exagerada.
– Bebe tudo – eu falo e ela me olha irritada.
– Eu não sou uma criança – ela fala com raiva e volta a beber – Satisfeito? – ela pergunta me mostrando a xícara vazia.
– Muito – eu falo e pego a xícara da mão dela, coloco dentro da pia e a beijo rapidamente – Eu me preocupo com você – eu falo e ela me beija novamente.
– Sabe se o Haymitch vai na festa? – ela pergunta e como se fosse combinado ele entra pela cozinha.
– O que tem eu? – ele pergunta encarando ela.
– Você vai na festa do filho da Delly? – ela repete a pergunta enquanto ele puxa uma cadeira e se senta.
– Com crianças correndo pra todo lado, gritando, chorando, brigando e comendo meleca? – ele fala com exagero na expressão – Não, obrigado! – ele conclui e pega um pedaço de pão que ainda tinha de ontem.
– Então você deixa as chaves do carro em cima da mesa mais tarde – ela fala e ele me olha curioso.
– Você vai dirigir? – ele pergunta meio desconfiado.
– Acho que foi pra isso que eu tive aulas – eu falo com a mesma ironia que já aprendi com ele.
– Boa sorte – ele devolve e continua a comer o pão.
– Eu tenho que ir, você vai comigo? – eu pergunto pra Katniss que concorda enquanto calça as botas.
– Não quebra nada – ela avisa pra ele enquanto passamos pela porta.
– Eu passo aqui na hora do almoço! – ela avisa quando nos despedimos na frente da padaria, ela toma seu caminho em direção a floresta e eu entro na padaria, as vozes animadas já estão por lá, eu me aproximo da cozinha e já escuto as risadas do Benny.
– Isso tudo é alegria matinal? – eu pergunto e Benny logo se aproxima pra me atualizar.
Há mais ou menos um mês tem uma garota que sempre vem a padaria, todos os dias e no mesmo horário, a parte da tarde, ela compra sempre a mesma coisa, senta na mesma mesa do canto e fica por vários minutos, ela é nova no Distrito, pelo menos é o que dizem e eu não lembro de ter visto ela antes então deve ser, ela é meio tímida e apenas fala para fazer o pedido, o que acabou gerando a curiosidade do Benny que levantou a hipótese de que ela estaria interessada em alguém, depois de alguns dias de pesquisa ele garantia que era pelo Rory já que o horário que ela vinha era justamente o horário que ele ficava no atendimento com Benny, mas Rory sempre negava dizendo que era coisa da cabeça dele, mas ao que parece Benny estava certo e ontem a menina criou coragem depois desse tempo e parou a Marie pra perguntar sobre ele, a Marie contou pra ele, Benny ouviu e pronto, ele se aproveitou pra se gabar disso a manhã inteira e ainda implicando com Rory perguntando se ele não vai chamar a garota pra sair ou se vai esperar outro, Rory não é um garoto tímido, eu já soube de algumas ‘’namoradas’’ que ele teve mas ainda assim ele não é tão cara de pau quanto Benny por isso ele ainda está pensando no assunto, mesmo com o trabalho que temos ainda assim Benny arranja tempo de aparecer na cozinha entre um intervalo e outro só pra perguntar se Rory já sabe o que falar, eles riem, se xingam e voltam ao trabalho, mal percebemos a hora passar.
– Vocês ainda estão aqui? – Katniss entra pela cozinha onde todos ainda estão trabalhando, ela se aproxima de mim e me beija rapidamente, eu já estou trabalhando no bolo, que claro é azul.
– Você tava na floresta até agora? – eu pergunto olhando pra roupa de caça dela.
– Mais ou menos! Eu passei lá na Posy, acabei me distraindo! – ela explica. Depois que Gale voltou pra cá definitivamente ele montou uma loja e entregou pra Hazelle, uma loja de roupas, ela reclamava que não aguentava mais ficar em casa sem fazer nada principalmente depois que o irmão menor dele cresceu e estava incluído na escola e em todas as atividades extras, por isso ele a presenteou com a loja, onde ela e Posy trabalham juntas, cada vez que eu a vejo que eu realmente me dou conta de que o tempo passou, ela era apenas uma menina e agora já é praticamente uma mulher prestes a se casar, assim que Gale e Rory permitirem já que eles são extremamente ciumentos com ela, acho que eu também seria se tivesse uma irmã ou... eu bloqueio pensamento, apenas se tivesse uma irmã.
– Você melhorou? – eu pergunto mudando o assunto.
– Eu já disse que sim – ela fala baixo como se estivesse escondendo um segredo – Será que você vai demorar muito? Eu to com fome – ela reclama e em alguns minutos nós deixamos as cosias meio encaminhadas e saímos para o almoço, fecho a padaria, e nós vamos em direção a Aldeia mas dessa vez para casa do Haymitch, Greasy ainda aparece pra fazer o almoço por que mesmo que nós digamos pra ela que não é necessário ela se recusa a receber se não fizer alguma coisa, por isso agora ela apenas cozinha, por que por mais empenhada que ela seja não pode negar que os anos estejam passando e querendo ou não a velhice e o cansaço aparecem, mas ela a enfrenta de maneira honrosa. Katniss entra na casa indo na frente em direção a cozinha.
– Não batem mais na porta – Haymitch reclama exatamente como Katniss sempre faz com ele, ele para na frente dela bloqueando seu caminho.
– Apenas retribuindo a gentileza – ela fala com um sorriso irônico e desvia dele indo até a cozinha.
– Você deveria ensinar bons modos pra ela – ele sugere enquanto sai do caminho para que eu passe.
– Isso é com a Effie – eu falo dando de ombros.
– Falando nela, vocês sabiam que ela está no Distrito 2 agora – Katniss fala enquanto se serve – Eu ouvi na televisão, parece que ela é alguma espécie de especialista em arquitetura e estão usando o bom gosto dela para os novos prédios – ela explica parecendo surpresa.
– Só precisam achar o bom gosto dela – Haymitch fala rindo.
– Bom, ela sempre gostou disso mesmo – eu completo ignorando o comentário do Haymitch, a alguns anos que nós não vemos Effie no começo sempre a encontrávamos na nossa estadia pela Capital e ela sempre prometia aparecer mas nunca fez de fato, agora já fazem cerca de quatro anos que nós não a vemos, mas fico feliz que ela esteja bem, mesmo com aquele jeito dela ela foi importante para nós e merece se encontrar e ser feliz. Depois das atualizações sobre ela nós nos sentamos e almoçamos.
– Tem certeza que você vai repetir? – eu pergunto quando Katniss se senta com seu segundo prato, ela me olha com as sobrancelhas erguidas como elea sempre faz quando está irritada – Eu só to falando por que você não estava bem hoje de manhã – eu explico e ela parece relaxar um pouco mas ainda assim sinto um olhar reprovador.
– Eu acho que sei me cuidar – ela fala e eu confirmo a reprovação do seu olhar.
– Relaxa queridinha! Ele só quis dizer que não quer que você fique ainda mais gorda – Haymitch se intromete e dá um sorriso sarcástico.
– Não! – eu nego com o dedo apontado pra ele – Não foi nada disso que eu disse – eu nego tentando me defender mas é tarde demais, ela joga a colher no prato e o afasta se levantando.
– Você não pode só... calar essa boca – eu reclamo com ele e me levanto indo atrás dela, ele apenas ri ainda sentado.
– Eu só too falando a verdade! Ela engordou – ele grita o suficiente pra que ela ainda o escute, eu já estava chegando na sala quando ela volta o caminho, eu paro mas ela passa por mim a passos firmes, eu me preparo pra ter que separar ela dele mas ela vai até a cadeira que estava sentada e pega a jaqueta que estava pendurada, e volta mas antes como se tivesse se lembrada de algo ela para na frente dele.
– Você vai sozinho fala com a Dona Cleyse – ela avisa e posso ver o olhar aterrorizado dele que quase deixa a colher cair no prato de novo. Dona Cleyse tem uma espécie de quitanda, onde vende frutas e legumes, na verdade é uma das maiores do Distrito e ela é também uma das mais fieis contribuintes pro projeto deles, mas acontece que essa senhora de quase uns cinquenta ou sessenta anos é viúva e completamente desesperada, tão desesperada que ela vê no Haymitch um bom partido, a primeira vez que Katniss me contou eu achei que fosse exagero mas depois de ver o modo como ela fala com ele, eu não consegui não rir, ela joga todo seu charme e aposta todas as fichas nele, que só falta correr quando ela se aproxima mas ele não pode, se tem uma coisa que ele sabe e ele mesmo nos ensinou é que se você quer alguma coisa as vezes é preciso aguentar outras, e ela é uma desses ‘’efeitos colaterais’’ por que além da doação em frutas e legumes, ela doa um dinheiro extra que realmente é significativo para os outras contas que ele tem então ele não pode simplesmente ‘’mandar a velha pastar’’ como ele vive dizendo que é a vontade dele.
– Você não pode fazer isso comigo – ele reclama se levantando irritado e apontando o dedo pra ela que agora já não está tão irritada, pelo contrario um sorriso grande está em seu rosto.
– Ah, eu posso! E eu já fiz! Eu não vou até lá! Você vai, e você sabe que um de nós tem que ir – ela alerta ele, por que todo mês eles tem que prestar contas dos documentos e notas assinados pelos respectivos doadores, mas apenas Haymitch ou Katniss podem assinar como responsáveis ao lado do nome do contribuinte, geralmente todos assinam nas reuniões mas Dona Cleyse sempre prefere que eles assinem quando vão buscar as caixas.
– Ah qual é docinho, foi só uma brincadeira! Onde está seu senso de humor? – ele tenta se redimir com um sorriso meio forçado.
– Boa sorte e não esquece de agradecê-la muito – ela fala com ironia e um sorriso vitorioso.
– Você não pode me obrigar e não vai arriscar perder uma doação como a dela – ele fala se defendendo, ela parece vacilar alguns minutos e quando ele já ia sorrir ela volta a falar.
– Você tá certo – ela confessa e ele a olha desconfiado – Mas eu posso ir até lá e dizer a ela o quão doente você está, e talvez a traga até aqui pra poder te ajudar na recuperação, afinal você é apenas um pobre homem solitário – ela fala e termina com um sorriso grande demais, vira as costas e sai.
– Você tem que falar com ela – ele me pede e eu apenas levanto as mãos negando, eu também saio mas mesmo do lado de fora ainda ouço ele gritando, xingando a nós dois.
– Você vai mesmo fazer isso? – eu pergunto quando alcanço ela na porta de casa, ela se vira pra mim e ri.
– Seria bem divertido – ela fala e eu também rio.
– Eu tenho que voltar pra padaria – eu falo e a beijo, ela entra em casa e eu volto pra padaria, trabalhamos duro mas a parte que ainda insiste dar mais trabalho é o bolo, os pães estã mais adiantados e as outras coisas que são as diárias da padaria também estão indo bem, enquanto as horas passam todos tem trabalho e mal temos tempo de parar, mas quando Benny aparece na cozinha rindo todos levantam o rosto pra escutar, ele diz que a garota já chegou e está conversando no balcão com Rory, Marie vai até a porta e vê mas logo volta.
– Deixem ele em paz – eu peço mas também estou rindo e confesso que curioso pra saber se ele vai mesmo chamar ela pra sair ou não, enquanto as atualizações chegam o telefone toca mas como eu estou ainda trabalhando na finalização do bolo eu não posso atender e peço que o Benny vá depois de alguns segundos ele volta.
– Peeta, é pra você – ele fala e eu continuo o trabalho.
– Eu não posso parar agora, anota o recado – eu peço mas ele continua no mesmo lugar.
– É o Haymitch – ele fala e eu levanto o rosto rindo mas logo volta a atenção pro bolo, provavelmente ele está com medo que Katniss cumpra o que prometeu e quer que eu a convença.
– Fala pra ele que a gente se fala mais tarde, eu realmente não posso parar – eu insisto e Benny vai, mas logo volta.
– Ele disse que é urgente – ele fala e eu bufo de raiva, mas paro o que estou fazendo e vou até lá.
– Eu to ocupado! O que é tão urgente? – eu falo assim que pego no telefone já inclinado a desligar.
– Eu to no hospital com a Katniss – ele fala diretamente e eu quase caio por cima da mesa.
– O quê? – eu pergunto sem querer acreditar nisso.
– Vem logo! – ele fala e eu mal escuto o que ele diz e desligo o telefone, eu apenas puxo minha carteira da mesa e saio correndo do escritório.
– Marie termina o bolo – eu falo enquanto passo correndo pela padaria, sinto todos os olhares em mim mas nada disso me importa, apenas uma coisa tem minha atenção, Katniss e ela está um hospital, eu saio correndo e não paro de correr nem um segundo eu sinto minhas pernas arderem e mesmo sem estar com sol forte o suor escorre do meu rosto mas eu continuo correndo até chegar no Hospital, eu entro passando direto pela recepção e esbarrando em algumas pessoas, nem ao menos peço desculpa.
– Katniss? Onde está Katniss Everdeen? – eu paro uma mulher que pela roupa deve ser uma enfermeira, ela me olha meio assustada mas com certeza me reconhece ela já ia falar quando eu vejo Haymitch saindo de uma sala no fim do corredor, eu volto a correr até lá deixando a mulher parada no meio do corredor.
– O que aconteceu? Como ela tá? – eu pergunto rápido quando o alcanço, ele parece em choque com a alguma coisa, seus olhos parecem arregalados e eu sinto um nervoso ainda maior – Como ela tá Haymitch? – eu o pergunto segurando ele pelo braço – Vocês brigaram? – eu pergunto e ele se assusta saindo do seu choque e solta meus braços dele.
– Claro que não e se tivéssemos brigados eu estaria lá dentro não ela – ele fala passando as mãos onde eu o segurava, provavelmente forte demais.
– Ela tá aqui? – eu pergunto com a mão na porta.
– Tá! O médico tá ai mas acho melhor você esperar... – eu abro a porta antes que ele termine sua frase, eu entro e vejo Katniss sentada na cama colocando a jaqueta, o médico parado a sua frente com uma espécie de bloco anotando algo.
– Como você tá? O que aconteceu? – eu passo por ele e vou até ela, meus dedos percorrendo seu rosto, seu cabelo em busca de alguma coisa que justifique ela está aqui, mas não acho nada – O que aconteceu Katniss? Eu quase morri de preocupação – eu falo sentindo toda adrenalina ainda pulsando no meu corpo.
– Eu to bem! - ela fala tentando me acalmar - O que aconteceu com você? - ela pergunta me olhando, eu estou suado, ainda cansado da corrida - Como você chegou aqui? - ela pergunta curiosa.
– Eu vim correndo - eu falo rapido, minha preocupação é ela, não eu.
– Peeta, você correu de lá até aqui? - ela parece realmente surpresa.
– Eu correria até o fim do mundo - eu afirmo e ela sorri mas parece preocupada - Agora como ela está? - eu pergunto pro médico.
– Ela está bem, só... – o médico começa a fala mas eu a interrompo.
– Não, ela não tá bem, se ela estivesse bem estaria em casa e não aqui! – eu falo irritado.
– Eu entendo sua preocupação – ele fala simpático mas eu não me importo.
– O que aconteceu? – eu pergunto de novo.
– Eu passei mal, desmaiei e ...
– Você desmaiou? – eu pergunto sem acreditar e ela me olha tentando me acalmar – E você me diz que ela está bem? – eu pergunto pro médico que ao invés de reclamar de mim, apenas sorri, isso me irrita.
– Peeta, calma! – Katniss exige e eu a olho reprovando.
– Você tá num hospital, não me peça calma! – eu falo sério e ela recua desviando o olhar para o médico – Foi por causa do seu estomago ainda? Eu disse pra você, mas você nunca me escuta – eu reclamo e ela se levanta ficando em pé ao meu lado – Katniss deita! – eu mando mas ela se nega.
– Eu to bem! – ela garante mas eu não acredito.
– Eu quero todos os exames, tudo que der pra fazer, ela só sai daqui quando vocês souberem o que ela tem – eu afirmo encarando o médico, que abaixa o bloco, concerta o óculos no rosto e limpa a garganta antes de começar a falar.
– Nós já fizemos os exames! Eu já tenho os resultados e fico muito feliz pela sua preocupação com a sua esposa, ainda mais nesse caso – ele fala e eu não entendo o que ele diz, eu olho pra Katniss e ela a sinto tensa ao meu lado, seu olhar é nervoso e ansioso, ela junta as mãos como ela sempre faz quando está nervosa ou com medo, eu sinto que é algo grave e me preparo.
– Que caso? – eu mal ouço minha voz, ele indica pra que Katniss diga mas ela nega, ele sorri e novamente limpa a garganta, tenho vontade de mandar ele parar com isso por que estou cada segundo mas nervoso mas eu apenas aguardo ele falar.
– Katniss está grávida! Meus parabéns, vocês terão um bebê – ele fala e eu sinto como se todo meu corpo congelasse, eu ouvi as palavras, sei o que siginificam, sonhei por anos com elas mas elas não podem ser reais, Katniss me disse isso, agora eu sei disso.
– Não.... não pode ser... – eu nego ainda perplexo – As pílulas... não, isso tá errado – eu falo sem saber como ele pode ter chegado a essa conclusão, Katniss toma remédios, foi por isso que nós brigamos, ela não pode estar grávida, eu ainda estou nessa conclusão quando o médico coloca a mão no meu ombro.
– Meus parabéns! – ele fala e acena com a cabeça saindo da sala.
Só então eu percebo que Katniss não disse nada, eu a olho e ela apenas está parada me observando, ela deveria ser a primeira a dizer que isso não é possível, no entanto ela não disse nada.
– Isso é mentira não é? – eu pergunto com medo de acabar acreditando e depois voltar tudo de novo, mas ela dá um passo pra mais perto de mim e eu vejo as lagrimas descendo do seu rosto e ela nega com a cabeça.
– É real – ela afirma, sua voz rouca mas firme – Eu to grávida – ela afirma me olhando nos olhos.
– E os remédios? – eu pergunto ainda confuso.
– Eu parei! – ela fala dando de ombros.
– Então... então... você realmente tá grávida? – eu pergunto com cuidado com as palavras com medo que elas saiam e sejam falsas e depois eu tenha que me conformar mas ela confirma e eu sinto meu coração disparar descontroladamente, as lagrimas descem do meu rosto quando eu começo a entender e acreditar – Grávida? Você tá mesmo grávida! – eu falo agora com o sorriso crescendo junto com toda empolgação que eu guardei todos esses anos, ela confirma – Meu Deus, isso é... Você tá grávida! Eu vou ser pai – eu afirmo em voz alta e os sons dessa palavra despertam ainda mais minha emoção, tanto tempo que eu esperei pra dizer isso que mal posso acreditar que é verdade, eu a abraço e ela também me abraça de volta, eu giro tirando os pés dela do chão e ouço seu riso eu a coloco no chão de novo, e me ajoelho parando meu rosto na frente da sua barriga, meus dedos passam por ela e eu sinto ela tensa quando faço isso, seus olhos ainda tem aquele medo que tinha quando nós falávamos disso mas agora é real, e eu sempre estarei aqui pra ela, pra eles dois, eu beijo sua barriga varias vezes e então me levanto – Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo – eu declaro e ela sorri e eu a beijo com toda paixão – Eu...te..amo – eu falo a cada beijo e ela ri - Eu sou o homem mais feliz do mundo – eu declaro enquanto ainda a abraço forte e ela retribui o abraço, me apertando nela, eu sei que não é apenas felicidade, eu sei que ela ainda tem medo e ainda teme pelo que pode acontecer – Eu vou está sempre aqui! Sempre! Vai dar tudo certo – eu garanto enquanto seguro o rosto dela com as minha mãos, ela chora e eu a abraço de novo.
– Eu to com medo – ela declara com a voz embargada.
– Eu sei! – eu falo e passo minhas mãos pelo seu cabelo – Mas eu to aqui! Nós estamos juntos – eu afirmo e ela me força um sorriso, enxugando as lagrimas – Você me fez o homem mais feliz do mundo, e eu juro que eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo – eu prometo e ela passa os dedos pelo meu rosto.
– Mas você já faz – ela garante e nossos olhares apenas se desviam para nossas bocas se encontrarem, o beijo é lento e apaixonado, e não haveria maneira melhor de expressar o que eu sinto nesse momento. EU VOU SER PAI. Nada poderia me fazer mais feliz, agora sim eu estou completo.


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Notas finais do capítulo

Prontinho... espero que gostem...