- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 11
Capítulo 11




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Entrar no trem é como reviver uma cena antiga, o lugar parece intocado, tudo está absolutamente igual, Katniss me olha e eu sei que ela está com a mesma sensação que eu, Haymitch também está ao nosso lado olhando ao redor, então surgem dois atendentes.
– Bom dia! - eles falam com sorrisos.
– Eu mostrarei o quarto dos senhores! - um deles fala enquanto pega a minha mala e do Haymitch.
– Eu mostrarei o da senhora! - o outro vai até a mala da Katniss, ela me olha confusa e assustada.
– Eu acho que tem um erro! Nós vamos ficar no mesmo quarto! - eu falo segurando a mão da Katniss, eles se olham de forma envergonhada e confusa.
– Desculpem! Deve ter sido um erro, mas já será resolvido! - ele avisa e depois de pedir licença sai.
– Eu levarei sua mala senhor! - o atendente que ficou avisa ao Haymitch que concorda e sinaliza com as mãos para que ele saia.
– O que foi isso? - Katniss pergunta ainda sem entender o por que iam nos colocar em quartos separados, Haymitch nos olha como se não estivesse surpreso com nada disso.
– Bom, depois que tudo acabou algumas coisas foram aparecendo - ele fala e dessa vez eu também estou confuso.
– Como assim? Que coisas? - eu pergunto e Katniss parece tão ansiosa quanto eu.
– Algumas coisas! - ele fala e dá de ombros – Eles sabem que Snow obrigava os tributos a venderem seus corpos e que os que não aceitavam eram severamente castigados... - ele começa a falar como se estivesse tentando esconder algo.
– Eles acham que nós dois... Que eu e Peeta fizemos isso por dinheiro - ela fala espantada.
– Por dinheiro não! Por ameaça...talvez! - ele fala ainda receoso mas começando a explicar.
– Isso é ... - Katniss começa a se irritar, mas eu a corto.
– Verdade! - eu falo e ela para com um susto e me olha – É verdade não é? - eu pergunto mas não estou a recriminando por isso, eu sei o que ela fez, ela nos salvou e eu já entendi, por isso não espero ela me responder – Você só aceitou tudo aquilo pra proteger nossas famílias! - eu falo e mesmo ela me olhando surpresa não pode negar isso.
– Exatamente - Haymitch confirma – Agora algumas pessoas entendem que tudo que aconteceu foi apenas uma encenação! - ele fala e por mais que eu saiba que isso é verdade ainda dói quando eu ouço essas palavras.
– Nem tudo foi encenação! - ela fala com a voz firme.
– Que seja - ele fala dando de ombros – Mas as coisas ganharam um pouco mais de força quando descobriram que você não tinha ... Primos - ele fala a última palavra lentamente e agora sim eu entendo tudo, agora ao invés de eu e Katniss eles pensam ser Katniss e Gale, eu realmente não esperava por isso.
– Mas outro dia mesmo eu vi uma foto minha e da Katniss na televisão, e dizia "amantes desafortunados" - eu falo tentado entender.
– Vocês sempre serão os "amantes desafortunados"! - ele esclarece – Mesmo com essas revelações ainda tem muita gente que se recusa a acreditar nisso, que ainda mantém a imagem de vocês dois como um casal! E a verdade é que ninguém sabe ao certo qual é a realidade - ele fala e eu ainda estou em choque com tudo isso.
– Há quanto tempo você sabia disso? - Katniss pergunta encarando ele.
– Algum tempo! Eles queriam confirmar ou negar a história dos primos - ele fala com ironia e posso ver Katniss nervosa com a palavra "primos", na verdade a palavra não a incomoda, o que incomoda é a pessoa por trás da palavra e isso me preocupa.
– Então é melhor deixar as coisas assim, sem fingimentos - eu falo olhando para Katniss.
– Nem tudo foi fingimento! - ela garante novamente.
– Nem todos sabem dessa história! - Haymitch garante – Vocês decidem que rumo tomar - ele fala nos olhando e então o atendente volta.
– Já temos um quarto pra vocês! Peço desculpas mais uma vez pelo engano - ele anuncia e agora eu já não sei se essa foi uma boa ideia.
– Eu não acho que... - eu começo a falar e Katniss me olha negando com a cabeça, então pega a chave da mão do rapaz.
– Obrigada! E não tem problema, já está resolvido - ela agradece e pega a minha mão – Vamos? - ela pergunta me encarando, eu confirmo e nós seguimos até o quarto, o lugar é espaçoso, com uma cama de casal muito bem arrumada, duas poltronas, uma janela, televisão, banheiro com uma banheira enorme, a mesa está com frutas e pães, um verdadeiro café da manhã está servido, mas por mais bonito que esteja minha fome parece ter sumido, mal a viagem começou e já temos surpresas, eu me sento na poltrona, apoio os cotovelos na minha perna e as mãos passam no meu cabelo, o silêncio cresce e eu que o quebro.
– Talvez seja melhor assim! - eu falo me encostando na cadeira e olhando pra Katniss sentada minha frente.
– Nem tudo foi encenação! - ela repete.
– Você já disse isso três vezes e eu escutei desde a primeira - eu falo cansado de ouvir ela dizer isso, por que o único motivo dela falar isso é por que ela tem medo que eu surte ou a largue aqui sozinha e por mais que eu esteja querendo sumir eu jamais a abandonaria, ela me olha surpresa com a forma como eu disse – A pergunta é o que faremos agora! - eu falo e ela apenas me olha de forma diferente – Você não precisa mais fingir uma coisa que não é real! - eu falo e ela está me olhando confusa.
– Peeta, qual seu problema? - ela pergunta irritada se levantando – Me diz, qual seu problema? - ela fala mais alto e mais irritada – Você age como se estivesse descobrindo essas coisas agora! Mas não! Você sabia que nem tudo tinha sido verdadeiro, você sabia disso muito bem - ela continua irritada enquanto fala de pé na minha frente– Não começa a se sentir ofendido ou usado agora, eu fiz o que precisava ser feito, eu achei que você tivesse entendido isso! - ela fala me encarando – Isso já estava resolvido, o fato de algumas pessoas descobrirem algumas coisas não muda nada! O que aconteceu já foi! - ela fala e respira fundo – Nós já tínhamos passado disso lembra? Nós estávamos nos entendendo, você me pediu em namoro lembra? - ela pergunta com a voz mais baixa e assustada – Isso é real ou não é real? - ela pergunta e eu me levanto ficando de frente pra ela, nossos corpos quase se encostam e nossos olhares se bloqueiam, ela está certa, eu já sabia que ela não me amava e que nós não éramos um casal perfeito como todos acreditavam, na verdade não éramos nem um casal, eu também sabia que ela não era prima de Gale e que talvez fosse com ele que ela estivesse agora se as coisas tivessem sido diferentes, eu já sabia de tudo isso antes e mesmo assim tomei minha decisão, eu não posso deixar essa informação abalar tudo isso, ela continua me olhando esperando a resposta.
– Real! - eu afirmo e a puxo para junto de mim, minha boca encontra a dela e eu a beijo lentamente com se pra confirmar o que eu disse, ela corresponde ao beijo e eu sinto um alívio com isso, o beijo acaba e nós nos separamos.
– Melhor a gente tomar café! - ela sugere e nós começamos a nos servir, mesmo sem fome eu me forço a acompanha-la, comendo alguns croissant junto com uma xícara de chocolate quente, comemos em silêncio apenas trocando alguns olhares, eu termino mas continuo sentado esperando-a.
– Isso tá muito bom! - ela fala satisfeita enquanto se serve com mais uma xícara de chocolate, eu sorrio concordando – Mas seus pães de queijo são melhores! - ela fala relembrando em uma tentativa de puxar algum assunto.
– Que bom! -
eu falo sem conseguir ser muito animado, ela devolve a xícara pra mesa, afastando dela e me olha.
– Você vai ficar assim até quando? - ela pergunta diretamente.
– Eu tô normal! - eu respondo mesmo sabendo que é mentira.
– Você está muitas coisas menos normal! - ela fala me recriminando e eu sou obrigado a concordar.
– Tudo bem! Desculpa, eu só... Não consigo parar de pensar! - eu falo realmente perdido quanto a isso, não sei como devemos nos apresentar agora que informações já foram reveladas.
– Para de pensar nisso! Está tudo como antes, a única coisa que eles sabem é que eu não tenho primos - ela fala a frase rapidamente como se estivesse temendo o assunto – Todos ainda nos vêem como um casal e até onde eu sabia é o que nós somos agora certo? - ela pergunta erguendo a sobrancelha e é verdade, acho que o peso dessa viagem está mexendo demais com tudo.
– Certo! Eu... - eu começo a falar mas ela me interrompe.
– Eu acho que a gente podia dormir um pouco, o dia vai ser longo! - ela fala se levantando da cadeira.
– Eu vou tomar um banho antes! - eu falo indo até a minha mala, pego uma calça e uma blusa preta e vou pro banheiro, tiro a roupa e entro debaixo do chuveiro a água morna é realmente relaxante e quando eu termino o banho já sinto a tensão menor, me visto e saio do banheiro, Katniss está na cama, suas sandálias estão jogadas pelo meio do quarto como ela costuma fazer, eu as coloco para o canto e quando me aproximo da cama vejo que ela está dormindo, eu me deito lentamente para não acorda-la,mas como se sentisse a minha presença ela se move na cama até seu braço me encontrar e quando isso acontece ela abre os olhos e quando nossos olhares se encontram um sorriso surge no rosto dos dois.
– Eu acho que eu cochilei! - ela fala se movendo novamente.
– É, parece que sim! - eu falo rindo e ela também ri, se aproxima mais de mim e coloca a cabeça sobre meu peito, então o rosto dela sobe, seu nariz passando pelo meu pescoço.
– Você realmente tomou banho! - ela fala sorrindo – Eu gosto desse cheiro - ela fala sentindo novamente, o ar quente que ela solta no meu pescoço e o modo como ela está junta de mim faz meu corpo responder ao toque dela, eu sempre preciso me controlar quando estou próximo dela, eu me movo separando um pouco nossos corpos, ela para o rosto de frente pro meu mas parece não perceber nada, seus dedos passam pela minha sobrancelha e escorregam pelo meu rosto até minha boca, ela contorna meus lábios e seu olhar acompanha esse movimento, então sem conseguir me segurar eu junto minha boca na dela, seus dedos vão para o meu cabelo e minha mão vai pra sua cintura, o beijo é intenso e necessitado, meus lábios escorregam dos dela e seguem pelo seu queixo e pelo seu pescoço, quando meus lábios tocam seu pescoço logo abaixo da orelha seus dedos apertam meu cabelo e um som abafado sai de sua boca, eu continuo e então volto a juntar nossas bocas, ela corresponde ao beijo com a mesma intensidade que eu, minha mão vai pra sua coxa e a aperta ainda mais em mim, até que eu sinto que estou no meu limite, meu corpo corresponde a cada toque e respiração dela e eu sei que se eu não parar agora não terei controle, então mesmo desejando nunca parar eu não posso deixar as coisas acontecerem assim, então eu solto a perna dela e separo nossos corpos, o beijo diminui até parar, nossas respirações estão ofegantes mas ela me olha surpresa por eu ter parado, eu puxo um travesseiro e o coloco logo abaixo da minha barriga pra tampar a reação que meu corpo tem ao seu toque, eu tampo meu rosto com o outro braço e respiro fundo antes de olhar pra ela de novo e quando eu o faço ela já está me olhando curiosa, eu libero um sorriso já imaginando como ela é tímida quanto a isso.
– Eu não podia continuar - eu falo e ela parece ainda não entender.
– Por que? - ela pergunta inocente, eu rio de novo.
– Por que é realmente difícil e perturbador ficar muito próximo de você e ter que me controlar - eu falo e ela parece confusa, mas então ela parece perceber e fica vermelha.
– Eu...é... - ela não sabe o que dizer e se enrola, eu me divirto com essa situação.
– Tudo bem! É só que...Não dava pra controlar mais! - eu explico e ela parece a ponto de explodir de vergonha.
– Desculpa?!- ela fala sem saber ao certo se era isso que tinha de dizer, eu sorrio.
– Tudo bem! - eu falo rindo e ela desvia o olhar do meu, eu me sento na cama e rapidamente fico em pé – Eu já volto! - eu aviso voltando ao banheiro, eu volto para o chuveiro dessa vez a água é fria numa tentativa de me esfriar e apagar esse calor que Katniss consegue liberar em mim, quando eu consigo me enxugo, me visto e saio do banheiro, Katniss está acordada se remexendo na cama, eu me sento do mesmo lado que estava antes, ela se vira pra mim mas não consegue me olhar nos olhos.
– Peeta... você já...- ela parece procurar as palavras mas sem muito sucesso, mesmo já sabendo o que é eu deixo que ela termine – Você sabe... Já esteve com alguma garota antes? - ela fala enquanto olha para as própria mãos, eu sorrio com a pergunta dela e ela me olha esperando a resposta.
– Depende! Como assim estive com uma garota? - eu pergunto fingindo não entender – Na nossa sala tinham garotas - eu falo dando de ombros e ela revira os olhos.
– Você sabe do que eu tô falando! - ela afirma sem jeito.
– Não sei! Acho que você vai ter que me explicar melhor... - eu falo com ironia e ela me olha rejeitando a ideia de ter que explicar.
– Tudo bem, não precisa responder! Acho que eu já tenho minha resposta! - ela fala irritada e se senta me dando as costas ela já estava com o pé no chão quando eu seguro seu braço.
– Não! - eu falo rapidamente e ela volta a se sentar – Nunca fiquei com uma garota "daquele jeito" - eu esclareço e ela se vira pra me olhar.
– Sério? - ela pergunta sem acreditar, eu confirmo com a cabeça – Por que? - ela pergunta e parece menos envergonhada e mais curiosa, eu ergo a sobrancelha como se já não fosse óbvio mas mesmo assim ela espera uma resposta– Você sempre foi bonito, popular, ganhou o Campeonato de luta três vezes e pelos comentários que eu ouvia você fazia muito sucesso entre as garotas - ela fala como se realmente não entendesse.
– Bom, em primeiro lugar é bom saber que você reparou tanto assim em mim - eu falo me divertindo com isso, ela da de ombros – E respondendo sua pergunta nenhuma daquelas garotas eram você! Eu não menti quando disse que sempre fui apaixonado por você! - eu falo e ela parece um pouco sem jeito.
– Você nunca ficou com nenhuma garota? - ela pergunta sem acreditar.
– Eu não disse isso! - eu conserto o que ela disse e ela parece confusa – Eu já fiquei com outras garotas sim - eu falo e ela parece decepcionada mas tenta disfarçar – Por mais que eu fosse apaixonado por você eu nem falava com você... E eu tinha irmãos mais velhos... Saiba que eles podem ser bastante cruéis e insistentes quando você diz que é apaixonado por uma garota que nem ao menos olha pra você - eu falo me lembrando do quanto meus irmãos me encheram o saco sobre isso, sempre me empurrando garotas e insistindo pra que eu esquecesse "a caçadora" como eles a chamavam – Eles praticamente me empurravam para as garotas - eu relembro.
– Nossa, você deve ter sofrido bastante! - ela fala irônica e irritada.
– Até que não! - eu falo implicando com ela – Continuando... então com o passar do tempo eu acabei sim ficando com algumas garotas, três garotas na verdade, apenas um beijo ou outro atrás da escola, nada além disso. Por que logo que o beijo terminava eu via que nunca ia dar certo, por um único motivo, nenhuma daquelas garotas me importava de verdade - eu falo e agora percebo um olhar mais satisfeito dela – Nenhuma delas era você! - ela me libera um pequeno e tímido sorriso – E eu era completamente apaixonado por você! - eu falo.
– Era? - ela pergunta curiosa
– Era! Eu percebi que aquilo não era paixão! - eu confirmo e ela fecha o sorriso – Era e é amor! Por isso nada nunca foi adiante com nenhuma outra, por que sempre foi você! - eu afirmo me aproximando dela, meus dedos passam pelo seu rosto – E é com você que eu espero estar "naquela hora" - eu falo e ela fica vermelha – Mas só quando chegar a hora certa! - eu complemento e mesmo envergonhada ela sorri.
– Você sabia que podia ter respondido só sim ou não? -ela fala rindo e eu rio também.
– Eu gosto de falar bastante! - eu falo dando de ombros.
– Percebi! - ela fala e se deita na cama virada para mim.
– E você? - eu pergunto e ela nega com a cabeça ainda rindo.
– Não sou boa com as palavras lembra? - ela responde naturalmente.
– Eu não tava falando das palavras! - eu digo e ela parece surpresa, ela fica me olhando mas quando eu olho em seus olhos ela desvia.
– Eu nunca fiquei com nenhum outro garoto! - ela fala com a voz baixa e tímida, confesso que já esperava por isso mas mesmo assim um sentimento de satisfação me atinge e eu sorrio. – Eu nunca nem tinha beijado antes, até...você! - ela fala e volta a me olhar, meu sorriso aumenta, por que mesmo que tenha sido apenas pra encenação, para nos manter vivos ainda assim foi um beijo e é impossível não me sentir contente com isso, eu também estou deitado de frente pra ela, minha mão vai na sua cintura e ela sorri.
– Bom, essa manhã está sendo de grandes revelações! - eu falo e ela concorda.
– Acho melhor a gente descansar um pouco! - ela sugere e eu tenho que concordar, acordamos muito cedo, temos uma longa viagem e dois dias na Capital para enfrentarmos, realmente devemos descansar, ela se aproxima de mim, seu corpo encosta no meu, sua cabeça vai para meu peito e ela solta um suspiro de conforto quando meus dedos passam pelo cabelo dela, eu continuo assim até que acabo pegando no sono também.
Quando acordo estou sozinho na cama, a janela está coberta bloqueando o sol, o que faz o quarto ficar mais escuro e aconchegante, eu olho ao redor e não encontro Katniss, eu me sento na cama ainda um pouco sonolento e ela abre a porta do quarto seu rosto está sério e pensativo mas quando ela me vê me força um sorriso e tenta melhorar o humor, mas eu a conheço bem demais para que ela consiga me enganar.
– Acordou agora? - ela pergunta entrando no quarto e tentando parecer normal.
– Acordei! -eu concordo enquanto meu olhar acompanha ela se movimentando pelo quarto, ela retira a sandália e a deixa na frente da cama, então sobe e se arrasta até encostar-se cabeceira da cama, ela se senta com as pernas esticadas, eu me viro para vê-la melhor, ela parece perdida em pensamentos.
– Tá bom! Me fala! O que aconteceu? - eu pergunto sem conseguir vê-la desse jeito.
– Nada! - ela tenta falar com a voz convincente mas sua voz falha, eu ergo as sobrancelhas esperando que ela fale a verdade – Não é nada, sério! Só deveria ter dormido mais - ela garante e escorrega o corpo pra se deitar, eu continuo observando-a.
– Você é uma péssima mentirosa! - eu garanto e ela volta a se sentar, então ela abre um sorriso quando parece se lembrar de algo.
– Mas eu consegui te enganar e te colocar pra dormir uma vez lembra? - ela pergunta sorrindo e parece ter melhorado seu humor com essa lembrança.
– Aquilo não vale, eu estava tendo uma septicemia e afetou meu raciocínio - eu debato e ela ri – Aliás, foi bom você falar nisso, eu nunca tive a chance de dizer o quanto aquilo foi estúpido e errado! Você me dopou! - eu reclamo mesmo sem estar realmente irritado.
– A culpa foi sua! - ela debate sem se abalar.
– Você me dopou e a culpa foi minha? - eu pergunto encarando-a.
– Se você não fosse tão teimoso! - ela dá de ombros.
– Se você não fosse tão teimosa! - eu repito e ela sorri.
– Você teria feito o mesmo! - ela completa enquanto me olha nos olhos, então seu rosto novamente se torna pensativo.
– Você não vai mesmo me dizer o que aconteceu? - eu pergunto preocupado com ela.
– Nada aconteceu! - ela garante e se aproxima de mim, ela apoia a cabeça no meu ombro– Eu só quero ficar aqui! - ela garante – Posso? - ela pede me olhando nos olhos, eu beijo o topo da sua cabeça e mesmo sabendo que com certeza aconteceu alguma coisa já ficou claro que ela não vai falar sobre isso então eu decido não insistir, deixo ela se aconchegar nos meus braços e a envolvo de forma protetora, nós ficamos apenas abraçados um ao outro, eu acaricio seus cabelos e ela parece relaxar, eu coloco meu braço sobre meus olhos e fico em silêncio para não incomoda-la, acabo cochilando, mas a voz dela me desperta rapidamente.
– Peeta! - ela praticamente sussurra meu nome, enquanto levanta a cabeça do meu peito, eu solto um som indicando que eu ouvi, mas mantenho meu braço sobre o rosto – Você tá acordado? - ela pergunta baixo novamente.
– Agora eu tô - eu falo sorrindo e retiro o braço para vê-la, seu rosto está apenas a alguns centímetros do meu.
– Eu tô com fome! Muita fome - ela fala com uma careta, eu sorrio.
– Achei que você nunca fosse dizer isso! - eu falo virando meu corpo pra ela que sorri, ela apoia a cabeça no travesseiro ao lado do meu, eu vou pegar o relógio que está na cômoda logo atrás dela, por isso meu corpo fica sobre o dela apenas sustentado pelo meu braço e uma perna, eu olho as horas e já está na hora do almoço, eu olho pra ela ainda embaixo de mim e ela parece mexida com essa proximidade, seus olhos sobem pelo meu corpo até achar meus olhos, ela tenta se manter indiferente mas ela prende o lábio nos dentes, um sorriso escapa dos meus lábios.
Já tá na hora do almoço! - eu falo lentamente e deixando meu rosto próximo o suficiente pra que ela sinta a minha respiração, ela tenta disfarçar, mas parece prender a própria respiração e seu olhar vai até minha boca eu sorrio novamente, e aproximo meu rosto do pescoço dela sinto quando ela suspira, eu deixo meus lábios encostarem no pescoço dela e subir lentamente ate sua orelha – Acho que nós já podemos ir almoçar - eu falo com a voz baixa e posso ver sua pele se arrepiar, ela se move e eu volto a parar meu rosto de frente pro dela sorrindo, ela aperta os lábios e respira fundo, eu escorrego meu corpo e caio do lado dela de barriga pra cima, ela vira o rosto pra mim parecendo decepcionada mas tentando disfarçar.
– Vamos? -
eu pergunto normalmente me sentando na cama, ela se vira na cama ficando de barriga pra baixo, o rosto no travesseiro, eu sorrio me divertindo com essa situação, é bom que pelo menos assim ela tem uma pequena ideia de como eu fico.
– Vamos? Já devem está servindo o almoço! - eu falo me levantando da cama e olhando ela ainda deitada de bruços, ela se vira e nega com a cabeça.
– A gente podia almoçar aqui no quarto mesmo! - ela sugere me olhando com expectativa.
– Mas o almoço deve ser servido na sala de jantar, todos devem está lá, pode ficar chato se nós não formos - eu falo por que sei que existem mais pessoas pelo trem, diferente das vezes que estivemos aqui.
– Que se danem o que os outros vão pensar! Eu quero ficar aqui! - ela fala se alterando, eu volto pra cama e me sento na frente dela.
– Isso tem a ver com seu mau humor de antes? - eu pergunto já desconfiado que sim.
– Eu não estava mau humorada! - ela fala irritada batendo as mãos na cama – Quer saber? Então vamos lá! Vamos fazer nossos papéis sorridentes e simpáticos! - ela fala levantando e batendo o pé, eu preciso respirar fundo antes de voltar a falar, seja lá o que aconteceu está realmente irritando-a.
– Tudo bem! A gente fica por aqui! - eu falo quando ela já está parada no meio do quarto, ela me olha ainda irritada.
– Obrigada! - ela fala com ironia – Você pode pedir enquanto eu tomo banho? - a voz dela já está menos irritada, eu concordo e ela vai até a mala pegar uma roupa, eu vou até o lado da cama onde tem uma espécie de telefone, aperto o botão e peço nosso almoço no quarto, enquanto espero eu vou até a janela e abro a cortina o tempo lá fora está um pouco nublado, mas ainda está bonito, eu fixo meu olhar do lado de fora e depois de alguns minutos as batidas na porta me despertam, eu abro a porta e uma garota que parece ter a mesma idade que eu, cabelos vermelhos presos em um coque, batom também vermelho e com um sorriso simpático está trazendo um carrinho onde estão as bandejas e travessas com nosso almoço.
– Olá! - ela fala sorridente e eu sorrio de volta – Seu almoço Sr. Mellark! - ela anuncia e eu abro mais a porta enquanto a ajudo a arrastar o carrinho para dentro do quarto.
– Pode me chamar de Peeta! - eu aviso e ela me olha sorrindo.
– Espero que tenham um ótimo almoço!E se precisarem de algo mais, é só avisar - ela fala simpática.
– Você sabe onde nós estamos? - eu pergunto curioso.
– A caminho do Distrito 9! - ela anuncia sempre sorrindo.
– E você sabe que horas nós devemos chegar na Capital? - eu pergunto tentando calcular quanto tempo ainda teremos.
– O plano é chegarmos as Cinco! - ela anuncia com um ar otimista, nós entramos no trem as cinco da manhã então serão doze horas dentro desse trem.
– Então a viagem será longa! - eu falo sem a animação dela.
– Eu desejo uma boa viagem pro Senhor! - ela fala tentando me animar.
– Você! - eu a corrijo e ela sorri sem graça, ela olha ao redor e se vira pra olhar a porta ainda aberta, ela parece ansiosa e nervosa com alguma coisa, ela se balança nos pés.
– Eu queria dizer que é um grande prazer te conhecer e agradecer pelo que vocês fizeram - ela fala olhando as próprias mãos, eu sorrio, depois de passar por isso tantas vezes eu estou começando a me acostumar, então ela me surpreende quando me da um beijo na bochecha e é exatamente nesse momento que Katniss sai do banheiro, a garota parece ter levado um susto e arregala os olhos.
– Tenham um bom almoço! - ela fala e praticamente corre saindo daqui, depois do pequeno choque eu fecho porta e me viro, agora eu sei o por que ela correu, Katniss está parada na porta do banheiro me encarando de braços cruzados.
– O almoço chegou! - eu anuncio enquanto me aproximo da mesa.
– Eu vi! - ela fala seria – Assim como eu vi aquela garota pendurada em você! - ela fala me olhando.
– Então você viu demais! - eu falo sorrindo, ela se aproxima da mesa e puxa uma cadeira deixando-a arrastar no chão – Ela só estava agradecendo...- eu complemento e ela me olha confusa.
– Ela traz a comida e ainda agradece! - ela fala sem entender.
– Pela revolução - eu falo e ela desfaz a irritação e fica surpresa porém não de uma maneira boa – Na verdade não era a mim que ela devia agradecer - eu falo e ela continua em silêncio, eu sei que foi Katniss quem conseguiu tudo isso, eu apenas estava associado a ela devido nossa estratégia nos jogos mas é evidente que ela teve muita mais importância do que eu.
– Ela não precisava ter te agarrado! - ela fala retomando ao assunto.
– Ela não me agarrou! - eu esclareço sorrindo.
– Ah sim, você até que gostou bastante né! Seus irmãos iriam adorar isso - ela fala com ironia e eu começo a rir, ela para e me encara.
– Você tá com ciúmes? - eu pergunto me divertindo.
– Eu to com fome! - ela fala me encarando.
– Você sabia que assustou a garota! Ela saiu correndo daqui! - eu falo e ela libera um pequeno sorriso mas tenta disfarçar – Ela pode até ter pulado do trem! - eu falo fingindo preocupação e corro até a janela, dessa vez ela não aguenta e ri.
– Você é ridículo sabia? - ela fala ainda rindo, eu me aproximo dela que ainda está sentada e passo meus braços ao redor dela, meus lábios na sua nuca e ela tenta esquivar mas sem se esforçar o suficiente pra isso.
– Se a gente tivesse ido almoçar isso não aconteceria! - eu falo rindo.
– Se você fosse menos charmoso isso também não aconteceria! - ela devolve, eu rio, beijo sua bochecha e volto a me sentar, o carrinho com a comida está no nosso meio e eu coloco os pratos que estavam nele sobre a mesa, só então percebo a quantidade de comida, tem um creme de abóbora, um de ervilha, dois tipos de saladas, um ensopado de carne com batatas e pequenos pãezinhos salpicados com orégano para acompanhar, a sobremesa são frutas picadas com algum creme branco por cima, suco de laranja e de pêssego também são opções, o almoço foi realmente muito bom, comemos de tudo apenas sobrou um pouco do creme de ervilha por que nós realmente estamos satisfeitos.
– Parece que a Capital continua gostando de boa comida! - Katniss fala depois de afastar o prato com uma cara satisfeita.
– Que bom por isso! - eu falo também satisfeito.
– Será que ainda falta muito? - ela pergunta olhando pra janela.
– Nós estávamos no 9! - eu aviso e ela me olha curiosa.
– Como que você sabe? - ela pergunta me olhando.
– A garota que trouxe o carrinho falou! Devemos chegar as cinco! - eu anuncio mas ela parece não está muito atenta a essa informação, ela se levanta e anda até o banheiro.
– Vocês conversaram bastante ein! - ela resmunga antes de entrar no banheiro, eu rio e vou atrás dela, ela está começando a escovar os dentes.
– Eu falei com ela por 10 segundos antes de você colocar a garota pra correr! - eu falo e ela para me encarando pelo espelho com a boca já com espuma – Nem adianta me olhar assim que eu não vou correr! - eu falo implicando com ela que volta a escovar os dentes, lava a boca e se vira pra mim pronta pra revidar, mas antes que ela tenha essa chance eu me aproximo dela e a puxo pra mim, minha boca encontra a sua antes que ela possa reclamar e como sempre acontece ela aceita e corresponde ao beijo.
– É você que eu quero! - eu falo lentamente com nossos lábios ainda próximos demais, ela abre um sorriso e volta a me beijar, quando o beijo termina nós saímos do banheiro e ouvimos batidas na porta, Katniss me olha surpresa e eu também não faço a menor ideia de quem pode ser, ela indica que eu abra, eu faço e antes da porta se abrir completamente ele invade o quarto como já está acostumado a fazer em casa.
– O que você quer? - Katniss pergunta olhando-o enquanto ele prova do creme de ervilha.
– Eu precisava falar com vocês! - ele explica se sentando e comendo – Não tinha isso lá na mesa! - ele fala como um pensamento alto e come mais um pouco – Por que vocês não foram almoçar com todo mundo? - ele para de comer e nos olha.
– Preferimos ficar por aqui! - Katniss fala rapidamente.
– Imaginei! - ele fala olhando pra ela que parece nervosa com alguma coisa mas antes que eu pudesse perguntar ela toma a frente.
– Fora comer nossa comida, tem algum outro motivo pra você vir aqui? - ela indaga.
– Espera queridinha, eu estou ocupado agora! - ele fala e temos que esperar ele limpar o prato, enquanto isso eu e Katniss nos sentamos na cama, e só então ele fala.
– Bom, nós vamos chegar as cinco! E temos um jantar as oito! - ele vai direto ao ponto, Katniss me olha e eu espero ele terminar– Amanhã, almoço com a presidente e os ministros, a noite programa do Ceasar! No último dia festa na Capital e voltamos pra casa!É simples, é rápido! Vocês só precisam de um ou outro discurso, responder algumas perguntas e pronto, estaremos no trem de volta! - ele avisa nos olhando.
– Tudo bem!Parece bem simples - eu afirmo satisfeito com esses planos porém ainda apreensivo.
– Só temos um problema! - ele avisa e eu me desperto pra isso, Katniss também está atenta e ansiosa, ele volta a atenção pra ela – A festa será no quintal da mansão! - ele fala e por um segundo eu não me preocupo mas quando olho pra Katniss e seu rosto está transtornado é que eu entendo, foi lá que tudo aconteceu, onde ela perdeu a Prim, ela se vira pra mim ainda aterrorizada com essa ideia.
– Por que? - ela pergunta perdida em pensamentos, Haymitch não responde por que na verdade não faz menor diferença o por que, a única coisa que interessa é que será lá – Eu achei melhor avisar antes! - ele fala me olhando e eu confirmo, seria ainda pior se ela não se preparasse pra isso embora não ache que ela vai conseguir se preparar mesmo sabendo antes, ele se levanta, para na frente da Katniss que parece perdida em pensamentos, ele toca a cabeça dela como um gesto de carrinho e eu sei que isso já é muito pra ele, então ele se vira e sai do quarto me deixando com ela completamente abalada, o olhar dela parece vago, fixado em algum ponto distante, ela não está gritando ou chorando, apenas fica paralisada e isso me assusta muito mais do que se ela surtasse, eu me ajoelho bem na frente dela, pego suas mãos e respiro fundo antes de fazer alguma coisa, eu sei que não adianta força-la a nada, ela.precisa querer voltar, por isso eu começo a falar com a voz baixa.
– Katniss! - eu chamo e ela permanece imóvel – Fala comigo! Por favor Katniss! Eu tô aqui com você! - eu falo com a voz firme e calma, me levanto do chão e me sento ao lado dela de novo, viro o seu corpo pra de frente pro meu, mas ela ignora meu olhar – Katss! Volta pra mim! - eu falo e seguro o queixo dela parando seu rosto de frente pro meu – Você não tá sozinha! Eu te amo, eu to com você agora! - finalmente seu olhar encontra o meu, ela parece analisar o que eu disse, meus dedos passam pelo seu cabelo – Eu sinto muito pelo que aconteceu mas agora acabou! Eu tô aqui com você! - eu falo e então ela começa a chorar alto e forte, seus soluços enchem o quarto em apenas alguns segundos, seu corpo todo estremece e ela cai de lado na cama, seus joelhos encolhidos e o choro ainda mais forte, eu me aproximo dela e a puxo para o meu colo, ela não para de chorar e seu corpo ainda treme fortemente, meus braços a envolvem de forma protetora, eu a balanço no meu colo tentando tranquiliza-la, acaricio seus braços mas deixo que ela chore, por que não há mais nada que eu possa dizer, apenas posso ficar ao lado dela, ela chora por vários minutos até que restam apenas os soluços, eu continuo do mesmo jeito e só depois de um bom tempo ela para de tremer e pega no sono, eu retiro ela do meu colo lentamente, saio da cama, endireito os travesseiros e a coloco deitada, ela se mexe mas não acorda, pelo modo como ela ficou abalada e chorou durante tanto tempo ela deve está exausta, eu a deito, puxo um cobertor pra cima dela e beijo sua testa, vou até a mesa e junto os pratos no carrinho, dou uma última olhada na Katniss e saio do quarto, preciso falar com Haymitch, mas não faço ideia de onde ele está, por isso sigo pelo corredor sem saber onde bater, até que uma porta que eu acabei de passar se abre, eu me viro e a pessoa que eu encontro me faz parar, eu esperava tudo menos encontra-lo aqui.
– Gale? - eu falo o nome como para se me certificar que isso é real, e eu realmente desejaria não ser.
– Peeta! - ela repete meu nome e eu continuo querendo acreditar que não é real.
– O que você tá fazendo aqui? - eu pergunto ignorando qualquer simpatia ou educação, ele para no corredor de frente pra mim.
– Acho que o mesmo que você! - ele fala me encarando.
– Isso não faz sentido! - eu falo sem querer acreditar que ele ficará por perto.
– Por quê não? - ele questiona sem se abalar com nada.
– Há quanto tempo você tá aqui? - eu pergunto começando desconfiar de algo.
– Não sei! Um pouco antes do almoço! - ele responde dando de ombros – Então você já está melhor? - ele pergunta me olhando dos pés a cabeça.
–Parece que sim! -
eu falo tentando parecer firme.
– Que bom! Não seria bom você acabar surtando por aqui! - ele fala me encarando.
– Isso não vai acontecer! - eu garanto tentando parecer firme mas não posso garantir nada, a presença dele aqui já me causa sentimentos que eu estava evitando.
– E onde ela está? - ele pergunta olhando ao redor.
– Quem? - eu estava tão distraído que me confundo.
– Quem poderia ser? -
ele pergunta erguendo a sobrancelha.
– Não te interessa! - eu falo fortemente – Isso realmente não é da sua conta! Você escolheu largar ela sozinha lá no 12 lembra? - eu questiono irritado, me aproximando dele com raiva, ele não recua apenas se mantém no lugar – Não pode chegar aqui agora e querer encontra-la! - eu alerto.
– A menos que ela queira me ver! Eu não a abandonei lá, apenas dei espaço e esperei o momento certo - ele sugere com um pequeno sorriso irônico e antes que eu pudesse me controlar eu o empurro contra parede, meus punhos cerrados o pressionam ainda mais na parede.
– Não chega perto dela! - eu ameaço e ele me empurra de volta.
– Você tá com medo? De quê? Dela me escolher! - ele fala endireitando a blusa, minha mão acerta seu rosto antes que ele terminasse a frase, ele se desequilibra mas consegue apoio na parede, ele vem pra cima de mim e me empurra, eu caio no chão mas antes que ele me alcance Haymitch entra no corredor.
– O que vocês dois estão fazendo? - ele fala entrando no nosso meio, Gale para passando a mão na boca, não sangra mas está visivelmente vermelha, eu me levanto e o encaro.
– Eu não queria brigar com você, mas parece que você tá com medo De alguma coisa! - ele fala me encarando também.
– Você não tem o direito de falar nada! - eu falo com os punhos cerrados.
– Ela ainda não escolheu! - ele fala e se vira saindo do corredor, eu fico ali parado com Haymitch me olhando, eu soco e chuto parede com raiva, ódio e medo do que pode acontecer.
– Isso não vai adiantar! - Haymitch avisa quando eu soco a parede, eu paro tentando me controlar – O que aconteceu? - ele pergunta.
– Ele não pode aparecer aqui depois de tudo que aconteceu e achar que nada mudou! - eu falo com raiva.
– Ele não está aqui por ela, ele foi convocado assim como você! - ele alerta mas isso não me importa, o problema é que ele esta aqui.
– Como que a garota está? - ele pergunta preocupado e eu me lembro do surto dela e do que eu estava fazendo antes de encontrar Gale.
– Ela tá mal! - eu falo voltando minha atenção a ela– Eu não acho que ela vai conseguir ficar em uma festa lá, o simples pensamento do lugar a paralisou - eu falo recordando o modo como ela reagiu, ele concorda com a cabeça.
– Eu imaginei que não! vou ver o que posso fazer! - ele fala e me da um tapa no ombro – E você, mantenha calma garoto! - ele avisa e eu me afasto dele, então me lembro de algo e me viro.
– Haymitch! - eu chamo e ele também para no caminho – Você sabe se eles já se viram? - eu pergunto desconfiando que sim.
– Não sei! Eu não vi! - ele fala e não parece mentir, eu concordo e volto meu caminho, entro no quarto e Katniss ainda está dormindo, eu vou até o banheiro, lavo meu rosto e me encaro no espelho, não acredito que isso esteja acontecendo, ele não pode aparecer assim, na verdade o que me incomoda é como Katniss vai reagir, eu saio do quarto e vou pra cama ao lado dela, me viro e a observo dormindo, eu a amo e o simples pensamento de perdê-la me angustia e alguma coisa em mim me diz que o fato dela está estranha antes era por causa dele, ela deve ter se encontrado com ele, eu sinto um nó no meu peito, uma dor e um pressentimento ruim aparecem, eu tento ignora-los mas são reais demais, ela se mexe e então abre os olhos, quando ela me vê ela abre um pequeno sorriso e se aproxima de mim, se encaixando no seu lugar de sempre, eu não a rejeito e eu sei que jamais farei isso por que ela é tudo que eu sempre quis, é com ela que eu quero estar, mas o meu medo é que eu não seja quem ela queira, eu não sei se suportaria isso, não faria menor sentido continuar sem ela, mas por enquanto eu me agarro a ilusão de que ela também me quer, ao menos por enquanto eu tenho esse momento.


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Notas finais do capítulo

Obrigadaaa pelos comentários, vocês são lindos (mas podem comentar mais kkkk)...
Espero que gostem!