- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Bom, agora eu quero colocar nessa fic um pouco do meu ponto de vista do nosso padeiro mais amado, de como foi pra ele passar por tudo e ainda assim ter forças pra continuar...
PS: Pra quem leu '' Após a Esperança'' que eu escrevi não comparem! rs' Boa leitura...



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Sinto como se tivesse um peso em meus olhos que me forçam a mantê-los fechados, mas as vozes e os tapas que eu recebo no rosto não parecem querer permitir isso, aos poucos eu forço meus olhos a me obedecerem e eles se abrem, a imagem é borrada e turva, a luz fraca não ajuda muito a reconhecer as figuras na minha frente mas quando eu ouço a voz que já se tornou mais familiar do que eu gostaria que fosse, eu entendo onde eu estou e honestamente preferia ter continuado sem saber.
- Bom dia! Espero que não tenham te machucado muito – a voz irônica e lenta me faz focar ainda mais meus olhos nele – Nós ainda temos alguns pontos a acertar – ele fala ameaçadoramente, mas a verdade é que eu não estou com medo, na verdade nada mais me importa.
- Eu estou ótimo! – eu falo com a voz firme porém rouca, tento me mover mas percebo que isso será impossível, estou sentado em uma cadeira grande muito familiar por que já a utilizei ontem algumas vezes, meus pés e minhas mãos estão presos fortemente, mal consigo sentir o sangue correndo para os meus dedos, tento abrir e fechá-los mas o sacrifício e a dor que surgem me faz desistir, sinto algo escorrendo da minha testa pelo meu nariz, acredito ser suor mas o cheiro de sangue me leva a acreditar que talvez não seja apenas suor, todo meu corpo dói de uma maneira que eu nem imaginei ser capaz, mas ainda assim não estou com medo, ao menos não por mim, eu sei que pra mim acabou, mas pra ela talvez não, esse é o único pensamento que ainda me mantém vivo.
- Acho que você quer saber o que está acontecendo não é mesmo meu rapaz? – ele pergunta com certa calma na voz, eu continuo encarando-o – Bom, você meu jovem rapaz, me propôs um acordo que eu aceitei, mas... parece que as coisas não saíram como você planejou, o que me faz pensar em uma recisão nesse contrato! – ele fala com uma calma que chama a minha atenção.
- Você me deu sua palavra, Snow! Você não vai tocar em um fio de cabelo dela – eu exijo juntando todo o resto de força que ainda tinha em mim, ele ri, uma risada alta que preenche a sala e me deixa confuso.
- Claro que eu dei minha palavra rapaz! – ele diz quando para de rir – Mas vejamos o fato, você é um jovem apaixonado, louco de amor e eu honestamente entendo e admiro isso, quem não torce por um final feliz dos amantes desafortunados não é mesmo? – ele pergunta olhando ao redor, algumas vozes concordam mas eu mantenho meu olhar nele – O problema é que a sua amada não se importa com isso! Não se importa com você! – ele fala diretamente – Na verdade acho que nunca se importou! Eu fui honesto quando disse que aceitaria seu acordo mas ela não parece precisar de você! – ele fala e eu começo a me confundir com isso, ele percebe minha cara confusa.
- Gostaria de te mostrar algo – ele fala e aponta pra uma tela grande que se liga, eu permaneço olhando sem entender, então a cena aparece, Katniss está com um uniforme preto parecido com um uniforme de guerra porém muito bem desenhado, a simples imagem dela ali me faz despertar e afastar qualquer dor, a televisão tem toda a minha atenção, ela está correndo com um arco na mão então a imagem corta pra ela ao lado do Gale, os dois lado a lado correndo e depois um abaixado ao lado do outro, atirando em alguns aerodeslizadores, depois a imagem corta novamente e ela está no meio de um lugar todo destruído e gritando aos quatro ventos que está do lado dos rebeldes, contra Snow, ela fala meu nome mas apenas pra dizer que eu estava errado e os rebeldes devem continuar, nada do que ela fala me surpreende eu esperava isso da Katniss, esse era o papel dela, mas não posso negar que ficará muito mais difícil ajudá-la assim.
- Ela não sabe o que está fazendo – é a primeira coisa que eu falo mesmo sabendo que isso não ajudará, Snow sabe que ela tem consciência do que faz e eu sei que agora o jogo acabou, mas mesmo assim não vou me entregar agora, ele se aproxima de mim e para bem na minha frente me olhando com muita cautela.
- Você não entende não é? – ele pergunta baixo e continua a falar – Ela não se importa com você! Ela se importa com ele – então ele aponta a televisão que agora mostra uma imagem parada dela e do Gale lado a lado, eu desvio meu olhar da tela e volto a olhar ele – Sempre foi assim! Você só foi um brinquedo, uma parte de um plano! Só isso! – ele fala sério mas eu não me intimido continuo encarando ele – É com ele que ela esta agora, por que esse era o plano!
- Cala a boca! – eu falo sem conseguir me controlar eu tento me mexer mas é em vão.
- Não se engane rapaz! Você sabe que é verdade, sabe que ela só te usou na primeira vez e sabe que ela continuou fazendo isso, até agora, até o momento que você se tornou descartável – ele fala com desdém – Você não é nada pra ela! – ele fala me olhando nos olhos, eu nego com a cabeça – Eu sinto muito, mas é a verdade – ele confirma e então chama alguém do outro lado da sala, a pessoa se aproxima e injeta algo no meu braço, eu tento evitar mas é impossível, então um liquido amarelo sai da seringa encontrando meu sangue – A sua sorte é que eu gosto de você e vou te ajudar a enxergar isso – ele sorri e então se afasta.
A sala inteira parece rodar, minha cabeça está rodando violentamente, tento manter um foco mas é em vão, mãos aparecem mantendo minha cabeça de frente pra televisão varias imagens da Katniss aparecem, mas algumas dessas imagens me chama atenção, ela e Gale se beijando é a que consegue toda a minha atenção, eu tento me convencer de que é mentira mas muitas outras imagens surgem juntas e junto com a imagem a voz de Snow me dizendo que ela é uma bestante, que ela quer me matar assim como fez com todos no 12, eu grito, tento me soltar mas nada funciona, eu fecho os olhos, não quero mais ver, não sei quanto tempo passa mas finalmente eu abro os olhos.
Eu esperava encontrar Snow ou aquela sala escura mas na verdade eu estou no meu quarto aqui no 12, então eu percebo que aquilo foi um sonho, na verdade uma lembrança, eu me sento na cama tentando me convencer disso, mas mais imagens surgem na minha frente, Katniss rindo de mim, tentando me matar, escuto vozes me dizendo pra matá-la, vejo ela tentando me matar, agarro minha cabeça, as mãos no ouvido enquanto repito pra mim mesmo que aquilo não é real, mas é difícil, parece real.
- Não é real! – eu confirmo em voz alta pra me convencer disso, ainda de olhos fechados e mãos no ouvido continuo lutando contra isso que eu me transformei, com certo esforço eu consigo acalmar os flashes, minha respiração ainda está ofegante quando consigo me acalmar, acendo o abajur ao lado da cama e vejo as horas, 01:15 da manhã, o que me mostra que dessa vez eu dormi ainda menos, não que eu tenha tido alguma noite de sono desde que tudo isso acabou, me conformo que não conseguirei dormir mais, então eu passo as mãos pelo cabelo e me levanto da cama, ainda confuso mas sem os flashes, saio do quarto e desço as escadas, vou até a cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafa de água eu bebo um gole e em seguida subo as escadas com a garrafa na mão em direção ao quarto, apenas meus passos e minha respiração podem ser escutados, o silencio que impera aqui dentro me incomoda ainda mais, por que é como se me lembrasse a cada segundo que eu estou sozinho e mesmo isso sendo verdade é horrível de se lembrar. Eu deixo a garrafa na cômoda e entro no banheiro, me encaro no espelho e é espantoso como eu estou fisicamente igual, mas mentalmente destruído e isso é o pior, a única coisa que eu queria era continuar como eu mesmo e a única coisa que eu não consigo é ser eu mesmo, os flashes me lembram disso com frequência, desisto de me encarar e me viro de costas pro espelho, retiro minha blusa que está molhada de suor e a jogo no chão, retiro a calça e entro debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer na minha cabeça, fecho meus olhos na esperança de relaxar um pouco e mais imagens aparecem, agora eu e Katniss estamos na praia do segundo jogos, ela diz que precisa de mim, me beija e eu acredito.
- Não é real! – eu deixo escapar as palavras que escorrem pelos meus lábios.
Eu sei que a imagem é real, que aquilo realmente aconteceu mas de certa forma não é real, por que ela não me ama e eu tenho que encarar isso, isso é um fato e não vai mudar, eu não a odeio, ao menos não esse eu que está consciente agora, o outro transtornado sim, mas sou eu quem estou no controle e o que sinto quando penso nela é apenas saudade, mesmo que ela não me amasse eu ainda sinto falta dela. Eu balanço a cabeça afastando esse pensamento, abro meus olhos mas continuo debaixo da água por alguns minutos, saio sem me enxugar muito bem, pego uma calça de moletom velha e a coloco junto com uma camiseta branca também velha, passo a toalha pelo meu cabelo ainda molhado e saio do banheiro. Olho pela janela e o silêncio e a calma também imperam lá fora, respiro fundo enquanto olho pra lua que está completamente cheia iluminando o céu, olho pra minha cama e sei que é impossível voltar a dormir, então saio do quarto novamente, entro no quarto ao lado onde eu fiz uma espécie de ateliê pra que eu pudesse pintar, conselho do Dr. Aurelius, que me instrui a não parar de pintar, pelo contrario ele me incentiva todas as vezes que me liga, dizendo que isso é uma espécie de terapia pra mim e tenho que concordar com ele que realmente tem me ajudado, eu puxo a cadeira que fica no quarto e a coloco de frente pra mesa, puxo o livro que está por cima e o abro, essa é mais uma das terapias que eu desenhe meus sonhos ou melhor meus pesadelos, um livro já terminou, esse é o segundo e quando eu o abro e o folheio vejo que Katniss está em cada folha daquele caderno, algumas vezes ela tenta me matar outras sorri docemente, eu fecho o caderno e o afasto, me afundo na cadeira jogando a cabeça pra trás de olhos fechados respirando fundo, me levanto da cadeira e vou até os quadros apenas pra encontrar mais dela, por que em praticamente todas as minhas lembranças ela está, eu paro de frente pra um quadro dela sentada sobre uma pedra com o arco nas costas e o encaro então o agarro e o jogo contra a parede, ele cai derrubando um outro, eu apenas fico parado encarando ele caído, não me movo por alguns minutos, a única coisa que consigo fazer é encarar aquele quadro agora quebrado, raiva e frustração, isso é o que eu estou sentindo.


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