O sorriso de Annabeth vinha na cabeça de Percy, olhar para o corpo imóvel dela no chão, desencadeou nele uma explosão de sentimentos. Como o mundo podia ser tão injusto com eles, depois de tudo o que eles tinham passado isso não poderia terminar assim. Percy estava ajoelhado ao lado de Annabeth, ele olhou pra cima. Pain tinha um sorriso desenhado no rosto.

– Dói não é? Ver a pessoa que você mais ama ser morta – Ele se aproximou de Percy, ficando perto dele – é só isso que você consegue sentir: dor, a dor é tudo, Percy Jackson!

Piper se aproximou de Annabeth, checou seu pulso – Ela ainda está viva – Falou com lágrimas e um sorriso.

– É claro que ela está viva! – Pain revirou os olhos – Vocês acham mesmo que eu ia matar uma peça que ainda pode ser usada.

Percy agarrou Pain pela camisa – O que você quer?

– Acho que você já fez essa pergunta, lembra? Uns quatro dias atrás.

– Porque você fez isso à ela? Fala, antes que eu te mate – Percy se controlou pra não dar um murro naquele sorriso cínico.

– Agora sim, bom, fiz isso por causa daquele plano idiota de vocês – Ele se afastou de Percy – sabe, talvez em uma pequena possibilidade desse certo.

– Do que ele tá falando? – Jason perguntou

– Eu não contei tudo sobre meu sonho, aparentemente Annabeth conseguiu se comunicar com os deuses, ela formulou um plano.

– Um plano que infelizmente não vai dar certo – Pain disse – a menos que você queira ela realmente morta.

– O que você quer dizer?

– Ah, por favor, sério estou cansado dessa perguntas genéricas de vocês, semideuses. Mas respondendo sua pergunta, eu a envenenei, o veneno não tem cura.

Percy se sentiu desesperado, ele sabia exatamente o que Pain estava planejando – Só você pode curá-la não é? E você precisa da Pedra Filosofal pra ajudar ela.

– Viu! Você é inteligente, não sei de onde veio essa fama de burro – Pain deu uma gargalhada, ele apontou para o pescoço de Annabeth – Aí está o pingente, te vejo em breve Percy.

Então ele desapareceu em fumaça preta, Percy percebeu que estava tremendo, agora sua única opção era colaborar com o inimigo o que provavelmente causaria uma guerra contra os deuses, mas se esse fosse o único jeito de salvar Annabeth ele faria.

– Percy e... – Jason foi interrompido por vozes gritando abaixo, Percy se virou na direção das vozes, ele viu Hazel, Frank e alguns semideuses correndo na direção deles. Percy sorriu, era bom rever seus amigos. Hazel chegou e abraçou Percy, então ela notou o corpo de Annabeth e sua expressão mudou.

– Meus deuses, o que aconteceu? – Hazel perguntou

– É uma longa história – Nico disse.

– Então é melhor entrarmos, aqui não é seguro – Frank disse e então deu ordens para que os semideuses romanos encaminhassem Annabeth para a enfermaria.

Percy os seguiu até entrar no Acampamento Júpiter, ele caminhou pela Via principais se dirigindo até o refeitório, enquanto Annabeth era levada até a enfermaria, ele resistiu ao impulso de ir com ela, mas precisava se apressar tinha coisas a resolver e quanto mais rápido resolvesse, mas rápido conseguiria salvar Annabeth. Ele seguiu com Piper, Jason, Nico, Hazel e Frank para o refeitório. Quando chegaram lá, Percy explicou toda a história.

– Então quer dizer que tem um feiticeiro louco que quer achar essa tal pedra filosofal, e você é o único que pode achar ou pegar nela, é isso mesmo? Frank disse e Percy confirmou. Então Hazel se pronunciou:

– Ah e os deuses decidiram que te matar era a melhor opção, fora que Annabeth está envenenada – Percy assentiu. Todos ficaram calados por um longo tempo, meio que deixando afundar tudo isso na cabeça deles, nem mesmo Percy se sentia preparado, nos últimos dias ele tem passado por um mar de emoções, desde que descobriu que Annabeth tinha desaparecido.

Ele olhou para a caixa dourada que estava em cima da mesa, ela continha o mapa que levaria a Pedra Filosofal, eles já tinha reunido os sete pingentes, ele ainda tinha receio em abrir a caixa, só agora ele havia percebido que aquele momento era crucial para o futuro, sabia que o que Pain estava planejando, mudaria as leis do universo, ele só não sabia como.

– Bom vamos começar – Jason colocou cada pingente em cima da figura correspondente, quando ele terminou Percy pode ouvir pequenas engrenagens e tampa abriu revelando um pequeno mapa de bronze, Percy o analisou.

– É os Estados Unidos – Jason concluiu, o mapa mostrava os Estado Unidos então ele notou um ponto roxo em algum lugar da Flórida.

– Orlando? É lá que está a Pedra Filosofal? – Nico disse.

– Bom agora temos um lugar pra ir – Percy começou a se levantar mas foi parado por Hazel.

– Percy eu sei que você está ansioso pra ir até lá, mas achamos melhor vocês descansar, não sabemos o que vocês vão encontrar por lá, amanhã nossos pégasos o levarão.

– Sim, mas nós temos um pouco mais de 24 horas pra salvar ela! – Percy percebeu que tinha aumentado o tom de voz, então ele apenas assentiu, ele precisava descansar.

– Ótimo, vamos preparar uma cama pra voc... – Percy interrompeu Hazel.

– Não precisa, eu vou dormi com Annabeth na enfermaria.

Havia passado alguma horas, Percy estava deitado numa maca ao lado de Annabeth, ele olhava pro rosto dela sereno e pálido, seu coração quebrava ao ver ela assim, Frank havia deixado um cobertor e um travesseiro, para o deixar mais confortável, mas Percy não sabia se conseguiria dormir, ele voltou a olhar para Annabeth, uma lembrança veio em sua mente.

Percy e Annabeth estavam montando um piquenique no Central Park, ele comia um sanduíche de queijo e ela um hot-dog que eles haviam preparado. Annabeth então perguntou:

– Percy se um dia a gente se casar, onde você vai querer que aconteça? – A pergunta o pegou de surpresa, ele nunca tinha pensando nisso.

– Não sei, que tal o Olimpo?

– Olimpo? – Annabeth levantou as sobrancelhas – Você tem certeza?

Percy confirmou – Claro, seria o maior casamento de todos, eu faria uma grande festa e passaríamos a lua de mel em Paris.

Annabeth sorriu, ele adorava vê-la sorrindo, era como se o mundo todo ficasse me paz quando ela sorri – Tenho certeza que seria cabeça de alga.

Percy puxou ela para um beijo, um longo e demorado beijo – Sabe, eu te amo Annabeth.

– Eu te amo mais.

Percy riu – Se você está dizendo...

A lembrança daquela tarde enchia o coração dele, ele olhou para o teto e sentiu sua pálpebras pesarem e adormeceu. Infelizmente, quando um semideus dorme, isso quer dizer perigo de sonhos.

Percy estava de volta a antiga casa de Pain na fazenda, ele estava deitado no chão com um martelo em uma mão e um livro ensanguentado na mão, mais ao fundo ele viu o corpo do pai de Pain de barriga pra baixo, uma poça de sangue abaixo do corpo, Percy olhou atentamente ao livro que estava em sua mão, não dava pra ver muita coisa, mas ele conseguiu ler o nome do autor “Rick Riordan”, Percy sentiu um arrepio passar por seu corpo, por algum motivo ele sabia que não deveria ter lido aquele nome.

– Eu posso ajuda-lo, posso ajudar a controlar esse poder – Uma mulher com trajes gregos havia surgido ao lado de Pain, sua imagem tremeluzia como a de um fantasma, Percy a reconheceu, era Hécate.

– Você pode? – O tom de Pain era esperançoso.

– Sim, mas você tem que vir comigo agora, tive que usar toda a minha força para aparecer nesse mundo e vou usar o restante para criar um portal – Então um espiral de fumaça preta apareceu do outro lado de Pain – Venha agora, o portal não vai durar muito!

– Como eu poderia confiar em você?

– Você matou seu pai e sua mãe e irmã te abandonaram, eu sou sua única chance – Hécate respondeu – Agora venha!

Pain se levantou com dificuldade e pulou no portal.

Percy acordou com Piper praticamente gritando pra que ele acordasse. Ele abriu os olhos viu Piper ao seu lado muito agitada, Annabeth continuava na maca deitada.

– Percy você precisa ver isso – os olhos de Piper estavam agitados.

Percy se arrumou e saiu da enfermaria, logo que saiu percebeu por que Piper estava alarmada ao longe ele via o Argo II descer rumo ao Acampamento Júpiter, a figura de proa, Festus, havia voltado ao seu lugar, o navio grego parecia estar descendo em frente ao Pequeno Tibre, Percy e Piper foram até a frente do Acampamento.

Quando chegaram lá, viram que seus amigos já estavam lá, Percy viu dois indivíduos que tinha acabado de desembarcar do Argo II vindo em direção à eles. Ao seu lado Piper deu um grito estrangulado, Nico soltou um gemido.

– Não pode ser – Jason falou, seus olhos vidrados nos dois indivíduos.

Percy prendeu a respiração, ele reconheceu os dois indivíduos, o primeiro era Luke Castellan, ainda com seus cabelos loiros e a cicatriz que tinha no rosto e do lado dele, com seu cabelo castanho enrolado e sorriso divertido, estava Leo Valdez, mais vivo do que nunca.