Começo gostando da Escócia por que primeiro: Os mordomos trouxeram jantar no meu quarto. Segundo: Não vejo a cara de Henrique por um dia inteiro, o que é um milagre. Terceiro: Aqui cê pode beber qualquer bebida alcoólica, parece que aqui eles adoram uma bebidinha, viva. Quarto: Ficar o dia inteiro sem precisar lavar uma louça, tem tanto empregado neste castelo que não precisa limpar nem a poeirinha em cima da TV, eles passam toda hora perguntando se quero algo. Quinto: Conheci Kya muito bem, ficamos a tarde inteira conversando enquanto andávamos pelo jardim.

–Que vestido tu vai usar está noite? –perguntou enquanto cortava uma das rosas do jardim, e estendia pra eu cheirar.

–Sei lá, preciso usar vestido? Por mim iria com minha calça larga e com camiseta do South Park - resmunguei e joguei rosa junto às outras no cesto.

–O desenho é legal mas não seria adequado se vestir assim nas boas-vindas, tu tem que causar boa impressão! Além de que se você não tiver posso emprestar... vestidos não são problemas pra mim.

–Causar boa impressão pros avós do Henrique? Já to até vendo que eles não vão gostar de mim nem com vestido bonitinho e cabelo arrumado - ri com desgosto.

–Se vai se surpreender com meus avós -Kya me puxou pro seu quarto do outro lado do corredor do meu quarto, o outro corredor era muito mais luxuoso, fiquei de boca aberta com a quantidade de quadros/vasos/esculturas e pelo lustre no meio do corredor, era de cristais.

Empurrou-me pro seu quarto e fechou a porta com força, e eu pensando que o quarto de Kya seria como os das princesas... era totalmente diferente, cheio de livros em uma prateleira e na outra cheio de DVDs de filmes, a cama tinha apenas um lençol branco, sem aqueles fluflus enormes ou concha.

–Estou surpresa...

–É, todos ficam quando trago pro meu quarto, as pessoas deve imaginar um quarto de princesas da Disney, super rosa e cheio de fluflus –fiquei corada, pois eu sou uma dessas pessoas. –Enfim, vamos para o closet.

Empurrou-me novamente para um canto do quarto onde tinha uma grande porta branca, que abriu automaticamente.

Lá dentro mais parecia uma loja de shopping, separados vestidos, bolsas, sapatos, maquiagem... tinha até jóias de todos os tipos.

Por mais dos vestidos não serem do tipo que gosto não tinha como dizer que eles não são belos!

É claro que ser uma quase princesa tinha seus privilégios como um closet que é maior que uma casa.

***

–Por que ainda não fugi daqui?

–Por que eu tranquei a gente aqui e ninguém vai sair até estarmos muito gatas - disse aquela praguinha, Kya passava um troço gosmento no meu rosto, perguntei-me se aquilo era para tentar me deixar um pouquinho mais bonita.

Olhei para a pequena janela do closet, revelando a escuridão que ficava a parte inferior do castelo que só era iluminado pelas inúmeras estrelas, ficar a tarde toda presa em um closet sem poder ver o resto do jardim daquele magnífico parecia até um pecado.

–Pronto -e se afastou me encarando de testa franzida, devo estar parecendo vó Feline depois da ressaca, -você está...ual!

Kya batia as maõs com os olhinhos brilhando, seu vestido branco perolado reluzia pela luz fraca do closet.

Com aqueles olhar que ela fazia fiquei bem curiosa pra saber como eu estava.

Logo capitou meu olhar e trouce daqueles espelho de salão, quando aproximou de mim fiquei quase do mesmo jeito desconcertada que Kya Collis.

Os cabelos que estavam cheio de nós e cheio de grama -caí da árvore de tarde por que como sou uma garota salvagem tentei subir ela-, agora estava lavado e sem nenhum nó, caía pelas costas bem alisados limpos. A maquiagem, que foi feita em três horas -contei claro-, estava impecável, batom clarinho, sem nenhuma espinha e cílios enormes fazendo contraste com os olhos verdes mel, o vestido azul marinho que não era nem longo nem curto -obriguei Kya a pegar esse já que ela ia me vestir com um estilo Morgan Dafoe, ela não entendeu quem era mas relevou, na verdade obriguei a me dar o vestido-.

Tenho que admitir que ficar a tarde toda trancada em um closet com uma louca que cantava Madonna enquanto te depilava, te ameaçando valeu a pena só por me ver tão gata como estou.

Êvan irá ficar chocado que nem um ovo quando me ver.

–Agora, vamos vamos! O salão já deve estar aberto e as visitas já vieram.

Tirou um controlezinho do sutiã e abriu automaticamente, olhei incrédula.

–Ah, não creio! –resmunguei, me olhou debochada me puxando pra fora do quarto.

–Viu? Não precisava ter tirado todos meus sapatos e jóias...

No meio do caminho Kya cumprimento várias pessoas, uns foram até simpáticos também me cumprimentado, até finalmente encontrar rostos familiares.

Êvan com uma carranca usando uma calça escura jeans e camiseta social, e meu maninho com smoking.

–Ual Êvan, que evolução é essa? Até sapatos sociais, estou impressionada - zombei quando chegamos perto dos seres, me olhou de cima a baixo e deu um sorriso malicioso, sabia até o que se passava em sua mente.

–E você então? Maquiagem de garotinha comportada e vestido, até parece uma dama...isso tudo é pro Henrique?

Estreitei os olhos dei um passo querendo bater naquela cara de pau, Vector se pôs na minha frente impedindo.

–Verônica, Henrique estava te procurando que nem um louco...

–Que aquela criatura quer comigo?

–...para falar de todos os parentes e familiares, nomes e como se portar, já que você é namoradinha dele –Vector deu o mesmo sorriso que Êvan, esses garotos estão com carma comigo.

–Você sabe muito bem que não sou namorada de verdade, é melhor tu tirar esse sorriso da cara se não tiro com o asfalto nele.

–Não fale coisas desnecessárias tão alto, Verônica Dafoe –e outra peça da história aparece, com um terno azul escuro e sorriso enorme, os cabelos loiros puxados pro lado de um jeito sensual normal que só Henrique Collis consegue deixar.

Preciso saber o nome do shampoo que ele usa.

–Não é desnecessário - cruzei os braços, estava na minha frente, com todo aquele tamanho me impossibilitando de ver os outros dois carmas do lado.

–Esfregas pessoas no asfalto é algo super necessário.

–Principalmente quando é a tua.

Revirou os olhos, pôs a mão na minha cintura me puxando pro outro corredor, arregalei os olhos com seu atrevimento.

–O que...? –minha mão já estava preparada pra deixar marca.

–O plano –Kya gritou enquanto as portas de alguma sala qualquer foi fechada pelo atrevido que finalmente tirou suas patas de mim.

E este momento que sou molestada?

Se bem que se for molestada por Henrique Collis várias garotas iriam querer estar no meu lugar, só que eu estava ali e achava nada de mais, eu e ele tínhamos histórico grande de ficar trancados em armários/dispensas, e sempre por motivos mais idiotas que o outro.

Brigas e mais brigas.

–Qualé da reunião?

–Minha família...

–O que tem ela?

Sentado numa poltrona qualquer, despojado, com o colarinho da camiseta do terno aberta com uma expressão perdida.

–Ela é bem complicada, –limpou a garganta, e se ajeitou- grande demais... Enfim, tenho alguns primos que talvez estejam aqui hoje; O problema é que eles me odeiam.

–Entendo-os - comentei e fui ignorada.

–Sou muito mimado por esta família, Josh me odeia por que por mais de suas conquistas a família sempre me vangloria mais e é bem esquecido, Alexandrer é o príncipe mas apenas conseguiu por que reneguei ser, sempre tivemos esta disputa de primos sabe? Como você e Morgan...e tem o irmão dele que é um idiota.

Tentei recapitular tudo, Henrique era bem odiado dos primos por ser o mais queridinho, Josh esquecido; Alexandrer, o rival; e o irmão de Alexandrer o idiota como o próprio Henrique.

Posso me juntar com eles e faze um grupo do tipo odiamos Henrique.

Ok chega de planos malignos.

–Apesar disso, os outros são bem legais, o irmão de Kya, meu priminho Matt, e tem minhas primas, er Jessica, Eloiuse e Lilah, recomendo que não fique muito amiguinha de Eloiuse...

–Por quê?

–Motivos pessoais - e olhou pro lado meio envergonhado, traduzindo: nós nos fudemos. O pau do Henrique não tem limites.

–"Pessoais" Sei...até incesto, Henrique! -me joguei no sofá.

–Ela é de segundo grau -resmungou cruzando os braços.

–Ainda sim...Henrique certinho praticando incesto, bom saber -provoquei, mas me arrependi no momento que aquele olhar foi direcionado a mim.

–Pelo menos a conheço, e você que se encontrou com um moleque tu nem conhece.

–E você conhece Luis Miguel por acaso?

–Melhor que você! -me levantei ficando de frente pra ele naquela poltrona.

–Não me importo se não o conheço mas já sei que é uma pessoa melhor que você, até eu -estava de cara a cara com aquele ser.

–Horrível esta suas escolhas de amiguinhos.

–Horrível esta sua mania de querer saber mais que eu...

–Mas eu sei, Verônica -já sentia a prateleira de livros prensada em minhas costas.

–Você não sabe nada sobre mim, Collis, -olhei pro lado ouvindo ao fundo uma musiquinha que saía do salão- e pare de tentar saber, por que se não descobriu em oito anos não será agora.

Se distanciou da prateleira que me prensava e olhou pra ela, parecia enxergar outra coisa. Fazendo um comentário nada haver.

–Hamlet é legal.

E se virou abrindo as portas da sala, falei nada, uma música ao fundo começou a tocar, ficamos calados andando em sincronia aonde outro casais já iam pro salão principal.

Me sentia apreensiva, não pelas nossas últimas falas mas por se dar conta que estava ali, muito perdida e sei que essa viajem não será nada bem pro meu psicológico. Já estou pirando apenas no começo.

–Fica calma, meus avôs por mais de serem rígidos não são iguais a sua vó Girtudes, eles observam tudo, então tente não fazer nenhum gesto obsceno.

–Tipo esse? –fiz, algumas pessoas olharam na nossa direção.

–Exatamente este.

E quando chegamos a uma porta escura, divisa entre o salão e a sala, olhei de cima a baixo pra Henrique, nunca me imaginaria ao seu lado assim.

E soltei a pergunta que queria ter dito há muito tempo, desde o trato.

–Precisamos nos beijar?

Encarou-me surpreso, e a porta enorme se abriu, e o primeiro vislumbre do local que tive foi do grande lustre de cristais, me virei para o lado à procura de Henrique -ou a procura de uma resposta–.

E não o encontrei, fui engolida pela multidão de seres bem vestidos, com uma careta pro vazio pela pergunta deixada no vácuo.

Não preciso de nenhum treinamento de etiqueta, como se portar, se vestir ou algo do tipo, preciso de treinamento para não ser uma completa idiota.

Onde que Henrique faz este cursinho?

Preciso fazer algumas aulas.

***

PRÓXIMO CAPÍTULO.

–Verônica -Kya apertou meu braço me fazendo dar um gritinho, Alexandrer que estava ao meu lado se assustou e bateu a mão na bandeja de algum garçom, deixando cair no vestido de alguma mulher.

Enquanto Alexandrer pedia milhares de desculpas pra mulher, Kya se apertava toda, e eu parada ali me segurava pra não rir da situação.

–Que foi Kya? -ela me olhou arregalando os olhos, apontou pro vestido e depois pra vagina.

–Meu vestido está todo manchado de menstruação, me leva pro banheiro, me ajuda!