Toda garota precisa de um melhor amigo escrita por Jessie


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Só observando essas visualizações na fic, e vocês sumindo. Zeus está muito bravo nesse momento, porque finalmente tia Jessie volta toda animada e extremamente regular e pontual... E seus leitores não lhe mandam nem um "bem-vinda de volta Jessie!"... Aham, to vendo isso viu.

Leiam as considerações finais ou baterei no bumbum de cada um de vocês.

Boa leitura :3



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— Vim ver se estava tudo bem... - Kauã falou com a maior naturalidade do mundo, até ver a cara de alguém que ia cometer um homicídio que eu gentilmente fazia pra ele. - Ma belle, o que houve? - perguntou desentendido.

Houve que você está perdendo meu tempo. Que Robert vai chegar daqui a pouco e você está aí, parado na minha porta, enfiando o nariz na minha vida.

Respirei fundo. Desfiz a expressão de assassina. Ele não merecia. Ainda.

— Nada, Kauã. É que eu vou sair em alguns minutos e...

— Ah, sim. Vai comprar sua câmera. - pareceu se lembrar naquele momento. - Sabe, eu também preciso de uma nova.

— Quê?

— Eu. Preciso de uma câmera nova. Para as aulas e tudo mais.

Franzi a testa, sem entender qual era o objetivo de Kauã com aquilo. Mas não tive tempo pra brincar de adivinhação. O carro de Robert chegou e parou na frente da minha porta. Vi a janela se abrindo enquanto Kauã se virava pra olhar. Acenei para Robert, que retribuiu o gesto, e pedi licença ao loiro na minha frente pra sair. Ele recuou alguns passos, me dando espaço para trancar a porta. Mordi o lábio inferior, lembrando-me que precisava da minha bolsa, ou nada de câmera. Gritei um "volto já" pra Robert, enquanto abria a porta que mal tinha acabado de fechar, e corri pra dentro.

Voltei com a bolsa tira-colo no ombro, pensando se não estava esquecendo de mais nada. Com a resposta negativa, voltei a atravessar a porta de entrada da minha casa, e me deparei com Robert e Kauã no maior papo, encostados ao carro. Visto de corpo inteiro Robert parecia ainda mais lindo, com um jeans, tênis e camisa social de botão. Tinha que ser preta, é claro, pra me arrancar ainda mais suspiros. Incrível como aquele homem podia ser tão espetacular. Uma visão do céu, sem exagero.

Estava quase babando no meu vestido quando a cena que se passava bem diante dos meus olhos me trouxe de volta a realidade. Kauã estava a mais ou menos um metro de distância de Robert, falando alguma coisa que o outro parecia achar muito interessante. Usava o gorro clássico, que, devo admitir, ficava bem sexy com a franjinha loira escapando pelas bordas. Estava de bermuda e uma camisa gola v, de mangas longas arregaçadas até o cotovelo, e as mãos nos bolsos. Era o dia do: vista-se do modo que deixa a pobre Mariana louquinha.

Aproximei-me, ainda com raiva do intruso que por algum motivo tinha que ser super gato e interessado pela minha melhor amiga, fazendo a conversa cessar. Ambos me olharam com expressões que não pude reconhecer porque estava ocupada corando. Kauã foi o primeiro a falar.

— Vamos?

Tossi involuntariamente. Vamos? Vamos?! Que merda...

— Claro. Você está pronta, Mariana? - foi a vez de Robert perguntar, interrompendo minha indignação mental.

Franzi a testa exatamente como Manuella em direção a Kauã, que esperava por alguma palavra saída da minha boca, com a cara de quem não faz a mínima ideia de que está fazendo tudo errado.

Tentei relaxar o rosto pra diminuir o risco de rugas futuras. Troquei por uma cruzada nos braços.

— Então quer dizer que Kauã vai nos acompanhar? - consegui perguntar, tentando deixar claro na voz que isso não estava nada certo.

Mas pelo visto eu estava lidando com dois bocós.

— Ele estava me contando que também precisa de uma câmera nova. Como ele estava aqui e estávamos justamente... - Robert começou a explicar, se contendo ao notar minha expressão assassina retornando. Mas o sortudo receptor era apenas Kauã.

Eu ia matá-lo.

— Algum problema, ma belle? - Kauã perguntou, ainda como se simplesmente não soubesse o motivo da minha reação. Robert o acompanhou no desentendimento. Parecia todo mundo perdido naquela conversa. Será que só eu estava vendo que nada daquilo devia estar acontecendo?

Os dois esperavam pela minha resposta.

Suspirei em desistência.

— Não, não tem problema nenhum. - Falei por fim, sem conseguir disfarçar o tom de desapontamento. Porém, nenhum daqueles dois notaria, nem que um palhaço viesse montado em um monociclo, com três pratos girando no topo da sua cabeça apoiados apenas por pauzinhos, e um papagaio no ombro dele que saísse por aí contando o estado emocional das pessoas. Nem que estivesse escrito na minha testa. O que estava acontecendo com esses caras de hoje em dia?

— Então vamos. - Robert sorriu, jurando que estava tudo perfeitamente bem. Mas não, não estava.

Dei um sorriso amarelo e forçado, enquanto lançava um último olhar mortal pra Kauã. Robert abriu a porta do motorista e entrou. Dei a volta no carro pra me sentar no banco da carona, quando Kauã tossiu pra chamar minha atenção. Virei-me pra ele, imitando Anna e contando até três pra não ter um ataque ali mesmo. Kauã permanecia em pé, com a mão direita apoiada em uma das portas de trás.

— Ei, Mari. Você não vai me deixar aqui atrás sozinho, vai? - perguntou com uma sobrancelha arqueada.

Bufei com a pergunta estúpida. Era demais pra mim, demais.

— Você vai já ver onde eu vou te-

— Pode ir, Mariana. Não vou me importar. - pronunciou-se Robert, que estava com a janela aberta ouvindo todo o diálogo.

Apertei os lábios, cansada de tudo aquilo. Resolvi deixar pra lá e caminhei até o banco de trás. Pude jurar ver Kauã expressando um discreto sorriso vitorioso.

Já disse que vou matá-lo? Esse projeto de francês pode se considerar mortinho.

***

POV Anna

Vesti uma roupa quase me arrastando de tanta vontade que eu estava de sair de casa. Era isso ou morrer de fome. E morrer de fome não me parecia uma ideia muito boa.

Tentava me enfiar numa calça trinta e oito no meio da minha sala, quando tropecei em alguma coisa pra variar. Abaixei-me pra pegar o tal objeto, com a maldita calça encalhada bem no meio do caminho das minhas pernas. Tentava me lembrar do momento em que minhas coxas tinham ficado tão largas, porém o bichinho de pelúcia na minha mão, que a pouco me fizera tropeçar, levou meus pensamentos a um lugar totalmente diferente e bem distante. Bom, nem tanto.

*Flashback*

— Não, loira.

— Ah, vamos Luiz. Olha teu tamanho! Dezesseis anos não é mais idade pra ficar brincando com leõezinhos de pelúcia. Dá ele pra mim. - pedi manhosa.

— Você tem exatamente minha idade! - protestou Luiz. - Esqueça. O sr. Robertinho não sai daqui.

Cruzei os braços, com os olhos semi-cerrados.

— Primeiro que vamos mudar o nome do... Sr. Robertinho. - pronunciei com uma careta. - Depois, que você vai dar ele pra mim e acabou.

Mas ele não deu. Por pura teimosia. Porém, não havia teimosia no mundo que ganhasse da minha. Ou talvez houvesse.

— Não, não vou. - falou convicto. - E está encerrado.

Luiz tomou o leão da minha mão e o colocou de volta na estante da parede do seu quarto, onde ele estava antes de eu subir numa cadeira e pegá-lo.

Fiz birra por alguns dias, mas isso não surtia efeito algum em Luiz. Em vez disso, ele fingia que nada tinha acontecido. Que eu nunca tinha visto seu bichinho super fofo de pelúcia e me apaixonado automaticamente por ele. E sempre que eu o mencionava, ele mudava de assunto. Tinha como uma pessoa ser mais chata que isso?

Resposta: sim.

Entretanto, neste dia em questão Luiz resolveu ser bonzinho.

Estávamos no meu quarto, aprendendo uma música nova no violão, até que Luiz parou subitamente e se levantou pra pegar a mochila que estava jogada à beira da minha cama. Sentou-se do meu lado outra vez, com a expressão indecifrável. Abriu o zíper e tirou uma caixinha de uns vinte centímetros. Jogou a mochila de volta no chão e me entregou a caixa, atento à minha reação. Abri a tampa e tirei uma gatinha branca de pelúcia, usando um lacinho rosa no topo da cabeça, e ao redor do pescoço uma gargantilha dourada com letras que formavam "Clarinha" no meio. Era o bichinho de mentira mais lindo que eu já havia visto em toda a minha vida. E, ela tinha o meu segundo nome. Eu estava emocionada. Luiz sabia que eu simplesmente adorava gatinhos.

— Pra parar de me encher querendo o sr. Robertinho. - disse Luiz em tom de falsa seriedade.

Levantei os olhos para encará-lo, sorrindo como uma boba. Entrelacei os braços ao redor do seu pescoço, com Clarinha numa das mãos.

— Obrigada, é linda. - agradeci entusiasmada. Afastei-me e esfreguei a gatinha contra o meu rosto. O pêlo dela era tão macio e fofinho.

Luiz sorriu com um olhar de dever cumprido. Ao menos até o momento em que eu voltei a fitá-lo, dessa vez séria, e vi seu sorriso desaparecer completamente ao dizer:

— Mas o sr. Robertinho ainda vai ser meu.

*Flashback off*

Luiz cedera a pressão. Somente mais um ano de teimosia, amolação, perseverança, afinco e um pouco mais de birra, e plim: sr. Robertínho era todinho da Anna.

E ali estava o pobre sr. Robertinho desamparado no chão da minha sala. Que, aliás, precisava de uma limpezinha. Tanto o chão, quanto Robertinho. Digo, sr. Robertinho. Zeus que me guarde de chamá-lo de Robertinho na frente de Luiz.

Tomei-o na mão, alisando sua juba que de laranja já estava numa espécie de vermelho-escuro puxando pra preto, meio verde com uns tons de... Sujeira. Tons de sujeira. Era a cor dele.

Levei-o até à estante e o coloquei ao lado da Clarinha, que permanecia incospurcada. Sabe, branquinha e perfeitamente impecável. Pedi desculpas ao sr. Robertinho pelo desleixo com ele. Era só que Luiz nem o lavava mesmo e aí quando ele veio morar comigo quis que ele se sentisse em casa.

— Mas Luiz não te deixava rolando pelo chão todo encardido, não é sr. Robertinho? – fiz voz de bebê como uma tonta. – Vamos lá te lavar. – disse ao leãozinho de pelúcia o pegando da estante novamente. – E depois a Anna vai tomar um remedinho bem tarja preta pra pessoas especiais.

Caminhei até o banheiro enquanto refletia fervorosamente sobre a minha mais recém descoberta desordem cerebral. Enchi a banheira em uns quatro centímetros e joguei sabão e o sr. Robertinho dentro pra o seu banho matinal, que por acaso ocorria às três da tarde e foi só aquela vez.

Deixei-o lá, levemente preocupada com o estado da minha saúde mental, e parti para a cozinha.

Talvez pensar demais sobre um possível princípio de loucura exija mais do que o aconselhável ao cérebro, pois estava me deixando um pouco zonza. Talvez um bocado zonza. Seriamente zonza. E eu... Eu só... Sr. Robertinho.

Então apaguei.


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Notas finais do capítulo

Eita.

Então, hora de bater em vocês por me abandonarem *bate, bate*
Meeeentira, eu estava com saudade de vocês :( e é a Jessie quem merece apanhar, ela sabe.

Então, eu estava pensando em criar um grupo no fb pra comunicação fluir melhor. Que vocês acham? Também estava pensando em postar outra história aqui que vem matutando minha cabeça. Vocês leriam?

Tá, eu sei que vocês nem sabem do que ela se trata. Ok, no próximo capítulo falo sobre isso.
Apareçam e deixem a tia Jessie feliz S2 (Cap. novo tá prontinho só esperando vcs, durmam com essa bjs)