Glimmer

O vestido não estava apertado, mas eu sentia que meu estomago estava colado em minhas costas. Ali e Effie estavam ao me lado quando entramos na casa de Johanna para festa. Tentava rir junto com elas e esconder o fato de que estou totalmente faminta.

As festas de Johanna sempre eram as mais pesadas. O cheiro de cigarro é sentido logo na porta. As luzes eram fracas e piscavam freneticamente, as pessoas dançavam e bebiam por todas as partes.

–Meninas, vocês vão ter que me perdoar, mas tenho que achar uma pessoa. –diz Effie maliciosa.

Rimos.

–Segurança em primeiro lugar, Effie. –aviso.

–Pode deixar, bebê, a Effie aqui sabe como se cuidar.

E a garotinha com cabelo colorido vai desbravar a festa para achar alguma “pessoa”.

–Essa garota é louca. –Ali ri e segura meu braço. –Vamos, Jo disse que teria coisas pra gente nessa festa, se é que me entende.

Assinto com a cabeça sorrindo, mais a única que eu queria nesse momento era uma pizza tamanha família e quem sabe uma barra de chocolate branco pra sobremesa, mas era obvio que Ali não estava se referindo a isso.

A cozinha de Johanna não estava nem um pouco parecida com uma cozinha agora. Havia garotas seminuas sentadas em cima das bancadas enquanto caras as beijavam ou simplesmente bebiam com elas. Jo estava lá comum garoto com uma parte do cabelo raspado e a outra parte azul.

–Johanna! –chama Ali com um sorriso. A morena olha para nós e acena com a cabeça. –Acha que esqueci do que me prometeu?

Johanna despensa o garoto e sorri para Ali.

–Como eu ia esquecer? Esta lá em cima. –diz ela para que apenas nós escutássemos. –Deixo as melhores coisas reservadas.

Ela pega duas bebidas e nos entrega, depois a seguimos para o andar de cima. Os corredores estavam lotados. Pessoas se beijavam por todas as partes. Johanna nós leva até seu quarto, cujo a porta estava fechada.

–Venham. Vou levar o resto lá pra baixo depois. –ela fecha a porta depois que entramos e se agacha na frente de um baú perto de sua cama e tira varias coisa lá de dentro, desde baseados a heroína e pílulas que eu não sabia para que serviam.

–Oh Deus! –exclama Ali animada se ajoelhando junto dela. –Onde conseguiu tudo isso?

–Conheço um cara. –ela sorri misteriosa. –Me faz por um preço bom camarada. Vem aqui, Glim.

Meio hesitante vou até elas. Sinto um buraco ficando cada vez maior se abrindo dentro de meu estomago.

–Podem escolher, são minhas garotas, vão ser as primeiras.

Ela sorri para nós, e nós retribuímos o sorriso.

...

Eu nunca tinha usado drogas antes, eu só fumava, mas era só as vezes.

Eu havia esquecido tudo desde quando cheirei aquele negocio. Sei lá qual era o nome. Mas eu não conseguia mais ver Alison, muito menos Johanna, e as coisas a minha volta pareciam coloridas demais. Vividas de mais, e eu ria disso por algum motivo.

–Ei ai Glim!

Não sei quem falou isso. Por que será que ele estava debaixo d’água?

Esquece isso.

Agora eu tinha esquecido de alguma coisa importante, não me importo o que ela era, porque eu estava dançando com um garoto bonitinho. Só queria poder falar para a cabeça dele parar de se mexer, e perguntar porque a blusa dele era tão colorida.

Eu estava tomando alguma coisa que o garoto bonitinho tinha me dado.

Eu não via mais o garoto bonitinho.

Pra onde será que ele tinha ido?

Depois quando abro os olhos de novo, Ali estava do meu lado e estávamos sentadas em um sofá. Todos nós conversando sobre coisas estúpidas e fumando o mesmo baseado.

–Glimmer. –eu acho que ela a voz de Ali, e ela também estava de baixo da água. –Você viu a Effie?

Rio balançando a cabeça.

–Effie? –uma garota com uma minissaia azul brilhante e blusa branca transparente. –A gente acabou de se pegar no banheiro.

Uma gargalhada sai de minha boca, e Ali me acompanha assim como a garota.

–Como foi? –pergunto e minha voz parece irreal de mais.

–A garota é boa. Quem que mais vodka?!

...

Meus olhos se abrem e a luz forte do sol os queima.

O que aconteceu?

Minhas mãos tremiam, eu estava deitada no chão e tinha um garoto deitado ao meu lado.

–Gale? –pergunto ainda meio drogue.

Ele vira a cabeça seus olhos semiabertos e o rosto franzido.

–Onde estamos? –pergunto, mas ele volta a capotar murmurando alguma coisa. –O que foi?

–Você foi bem noite passada. –ele da uma risadinha.

Mas o que exatamente tinha acontecido noite passada? Por que havia arvores sobre a minha cabeça? Por que eu sentia como se meu estomago estivesse pegando fogo?

Levanto-me cambaleando.

–Pra onde vai? –pergunta Gale se virando para mim.

–Pra casa, e me ajudaria muito se me falasse aonde estamos.

–Estamos atrás da casa de Johanna.

–Obrigada, agora adeus otário. –passo por cima dele e depois de andar alguns metros vejo a casa de Johanna e também percebo que eu não sei onde estão meus sapatos.

Quando entro na casa encontro pessoas dormindo no corredor. Algumas pessoas com as cabeças apoiadas no vazo sanitário, algumas pessoas no sofá. Aquela cena me dá um arrepio e tento começar a lembrar o que foi que aconteceu noite passada, mas foi em vão, por que nem quando chego em casa consigo me lembrar de nada do que aconteceu depois que sai do quarto de Johanna.

...

Erra quem diz que um banho de banheiro melhora tudo.

Não melhora tanto assim, eu garanto. A água já estava ficando fria, mas eu ainda não arranjava força para sair de dentro dela.

Ok juntando as peças, eu obviamente havia dormido com Gale, que por um acaso era meu ex namorado galinha.E eu vou me odiar pelo resto da vida por ter feito isso. E depois disso? Ou antes, sei lá. O que foi que eu tinha usado? Maconha? Cocaína? Só sei que continuo com fome e me recuso a comer, e que enquanto eu estava usando seja lá o que eu usei eu não estava sentindo fome.

Isso era uma descoberta importante.