Novo Mundo escrita por Mitchel Will


Capítulo 2
Cap 2 "Uma promeça quebrada"




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Perante o fim, eu corria, com um senso de esperança insubordinável, apesar de ser aparentemente fútil.

Rodovias sem movimentos com vários carros em chamas ou lançados aos prédios. Várias pessoas corriam junto a mim. O céu estava escuro, coberto por nuvens de fumaça, e laranja, a cor do fogo, que às vezes significava a salvação, e outras vezes a perdição.

O vidro chovia de um prédio recém-destruído, me cortando e me destruindo. Fiquei de joelhos, o sangue corria em mim saindo de dezenas de cortes em todo o meu corpo, cicatrizes físicas que eu nunca irei esquecer.

Uma das únicas rodovias eletromagnéticas que sobrava de uma cidade despedaçada estava prestes a ceder, e eu de joelhos, com várias outras pessoas passando correndo por mim, agora com outra sensação em relação à esperança.

Ouvi o rugido de um edifício prestes a cair, o metal desgastado cedendo, gritos, sofrimento. Ele se inclinou e caiu sobre a pista, o holograma cessou deixando um grande vácuo onde há alguns minutos tudo estava em paz.

Fui solto a queda livre. O vento passando por mim, assoprando minhas roupas e assoviando em meus ouvidos. O grito de desespero era o único som prevalecente, quando olhei para o lado e para o outro, pessoas prestes a morrer, mas eu não me considerava uma delas, apesar de ser.

Me sentia uma mosca se chocando com um carro na estrada. Mas era direto com o chão que iria me esborrachar. Fechei os olhos, esperando o que iria acontecer. Um grande impacto nas costas, depois uma dor incessante, segundo se passaram, mas nada aconteceu. Abri os olhos... Vi uma luz... Bem distante, com uma cor amarela...

Vi bolhas e pessoas...

Me senti... A deriva... A deriva do mundo, de meu lar, solto em uma única paisagem onde eu não estava preso ao chão, uma sensação de liberdade...

Mas ainda estava vivo, não conseguia mais respirar e meus olhos ardiam, estava em abaixo d’água.

Com um pequeno impulso nadei até a superfície.

Me deparei com o caos. Pessoas sem esperanças, chorando, sofrendo. Corpos mortos ou diante da própria morte, as ruínas de uma cidade grande e populosa se estendia pelo horizonte, o fogo devorava a paisagem.

Lembrei-me de uma promessa feita à apenas alguns minutos.

Meus pais me disseram que tudo ia ficar bem, que onde há esperança também há paz, que eles iriam me encontrar... Estava esperançoso, até me deparar com dois corpos deitados no chão.

Estavam felizes, de mãos dadas, sorrisos... Mortos. Um lugar melhor pelo menos.

Me aproximei... Senti um aperto no coração... Fiquei de joelhos.

Eram meus pais.

Foi quando meu mundo desmoronou. Cada palavra, cada frase, cada emoção que eles depositaram em mim durante anos foram à tona. Uma ultima promessa feita, foi quebrada.

Lágrimas escorreram em minha face.

Senti uma incrível raiva em meu coração por tê-los abandonado nesse ultimo instante, ou em qualquer outro em minha vida. A sensação de culpa, da lástima, da tristeza... Mais também da raiva, da angústia... Da vingança de que alguém havia feito isso. Acima de tudo... Da vingança.

Uma mão tocou meu ombro. Virei-me e esfreguei as lágrimas. Um grande homem de casaco esfarrapado e sujo, usando uma barba e cabelos compridos grisalhos.

– Ei, garoto! Esses eram seus... Pais? – Perguntou. Respondi com um aceno de cabeça. – Sinto muito por isso ter lhe acontecido, e também com vários outros aqui, quer saber o responsável por isso? – Acenei novamente – Olhe. – Meu deu um celular, ele estava aberto em um canal de TV, no jornal.

Nessa tarde ás 19:02 de sete de março de 2079 vivenciamos um ataque em nossa cidade mais importante, Washington acaba de ser recebida por um ataque aéreo vindo da França, também recebemos informações que Alemanha lançou uma ogiva nuclear à Rússia. Isso realmente parece com uma incitação à guerra. Não sabemos muito o porquê isso aconteceu, mas tempo agora ao vivo nossa equipe vivenciando o estrago causado em Washington, outras equipes também estão à procura de vestígios ou explicações pelo que aconteceu. Relatos dizem que até mesmo a ONU está preocupada pelo acontecimento, e mandou tropas investigarem Washington, agora mudando para a jornalista de campo Emily Mits.

– Estamos aqui em Washington monitorando a cidade em busca de sobreviventes – A câmera no Helicóptero mostrava imagens ao vivo da cidade, ela mantinha um clima pós-apocalíptico, a fumaça encobria a visão, e uma chuva rasante começava a deixa o ar enevoado. Vários Caças de combate e aviões do exercito americano voavam um pouco mais acima. – Mandamos uma equipe de campo altamente equipada contra a radiação investigar e procurar vestígios. Mudando para o jornalista Tommy Hanks.

– Muito obrigado Emily. Não conseguimos aqui enxergar muitas coisas pelo jeito, a fumaça está encobrindo toda nossa visão – A câmera capturava apenas algumas luzes foscas de chamas através da fumaça. Logo uma grande luz azul apareceu, muitas pedras voaram nos jornalistas. A luz se aproximou. A fumaça se dissipou e captaram uma imagem de uma grande nave de batalha branca, ela tinha um formato meio oval e achatado, duas pequenas asas em cima com propulsores apontados para baixo, dois grande canhões radións e outro de fótons de baixo das asas, eles se posicionaram e... PIU. A transmissão cessou.

Eu devolvi o celular ao homem.

– Eles estão aqui? – Perguntei, já não estava mais chorando.

– Não por muito tempo. – Respondeu.

No céu ouvi outro barulho parecido, depois um som de hélice girando. Um dos helicópteros do jornal estava caindo. Ele se chocou com um prédio, depois despencou. O homem que acabara de conhecer me agarrou e me jogou para o lado poucos segundos antes do veiculo cair onde eu estava.

– Temos um sério problema. – Eu disse, ele concordou. Olhou dentro do transporte, todos estavam mortos.

– Vamos sair daqui! – Ele gritou para todas as centenas de pessoas que estavam ali.

Esperem! Temos ordens diretas para exterminarmos vocês.

Essa voz veio de algum lugar, mas nenhuma nave ou pessoas apareceu.

– Ordens de quem? – Alguém gritou

Do governo.

– E porque diabos eles iriam querer isso para nós? – Perguntou de novo.

Ele não quer testemunhas.

Uma nave apareceu atrás de um prédio. Carregou seus canhões, várias outras pequenas sondas com aparências idênticas a nave só que menores apareceram.

Todos nós corremos em pânico. O grande homem que me mostrou a reportagem me agarrou pela gola e correu comigo para dentro de um prédio. Demonstrando uma força enorme ele quebrou a parede com um chute parecendo fazer isso com extrema facilidade e continuou correndo, eu não perguntei nada, só corri.

As naves se concentravam nas pessoas que corriam pela rua, parecendo alvos fáceis.

– Elas não vão ver a gente por um tempo, mas tempos que escapar rápido. – Disse ofegante.

– Quem é você? – Perguntei.

– Depois eu explico.

Saímos em uma rua pequena e apertada. Ele pegou uma chave no bolso e clicou em um botão. Um carro camuflado saiu das sombras e apareceu em nossa frente, entrei, ele dirigiu.

– Já entrou em um carro voador? – Perguntou.

– Já vi vários, mas nunca entrei em um.

– Então essa é sua primeira vez.

Todo o carro se acendeu em uma luz azul, as rodas ao lado giraram noventa graus apontados para baixo, o motor vez um barulho parecido ao de um avião e decolou. Foi irado.

– Que ouvir uma musica garoto?

– Claro. – Ele mechou em alguns botões no painel do carro, colocou uma musica do Tokio Hotel, a música chamava Monsoon, era uma das antigas, mas também era boa. – Quem é você?

– Você não precisa saber.

– Preciso sim você acabou de salvar minha vida!

– Ainda não.

– Então, porque me salvou?

– Por que sim.

– Agora, por que você ME salvou, e não a qualquer outra pessoa? Sério, responde. Por...

O carro tremeu, ao olhar para traz vimos duas sondas atrás de nós.

– Você dirigir? – Ele perguntou.

– E... Eu já tirei carteira, mas não para dirigir um carro voador.

– Tanto faz, pula aqui.

O homem saltou para o paco de traz, tirou o estofado e mexeu em um painel, o capô traseiro do carro se contorceu até se tornar um canhão.

Ele mexeu em alguns comandos e começou a atirar nas sondas. Logo atrás a grande nave apareceu.

– Você já destruiu alguma coisa? – Perguntou.

– Só em videogame.

As sondas explodiram, mais a nave se aproximava, uma grande peça se expôs abaixo da carcaça da nave, ela brilhou, e depois com um grande Bum, um tiro verde do tamanho de uma bola de boliche veio atrás de nós. Eu comecei a manobrar o carro loucamente, mas ele continuava nos seguindo.

Segurei o controle com força, tentei fazer algo que sempre fazia nos videogames.

Quando a bola de energia chegou mais perto eu puxei o controle bruscamente para baixo, o carro inclinou se para se cima e foi para o céu inclinado 90º graus.

– O que você pretende fazer, garoto?

– Esse míssil segue o calor, certo?

– Sim...

– No nosso caso seria o motor ligado?

– Sim...

– Então... – Girei a chave.

O som do motor do carro cessou, as luzes mais a musica pararam.

O carro despencou. O míssil continuou seguindo reto para cima.

– Isso foi genialmente burro! – Gritou.

– Agora espera, sempre funciona nos videogames!

– ISSO NÃO É VIDEOGAME É A VIDA REAL!

Agora o carro DESPENCAVA a 90º graus, o canhão traseiro apontado para cima.

Girei a chave. As luzes e a musica voltaram.

O moto começou a forçar, mas não conseguia voltar a voar normal, e faltavam ainda uns trezentos metros para colidimos com o chão. A nave veio logo atrás de nós. O homem carregou o canhão traseiro do carro e atirou.

– NÃO DEVERIA TER CONFIADO EM VOCÊ!

– Que cara mais rude.

A nave atrás de nós acelerava ainda mais, alcançando talvez uns 30 metros por segundo.

O chão ficava mais próximo, e agora o carro caia em diagonal.

– Vai carro, não falha comigo, só mais um esforço... – Vi um painel de controle dos rotores. Eles se dividiam 25% para cada propulsor (as rodas), abaixei a potência dos propulsores de trás para zero e aumentei os da frente para 50% cada. O rotor deu um tranco e trocou as potencia, funcionando como um balanço, a parte de trás agora iria para baixo e a da frente para cima, ele se inverteram e quando se encontraram retos voltei a potência normal e o carro se estabilizou, faltando uns 25 metros do chão. A nave passou reta ao nosso lado e colidiu com o chão.

– Belo plano, garoto.

– Valeu.

– Quantos anos você tem?

– 17.

– Nossa! Agora eu preciso esconder você, é uma pessoa muito importante para ser largada em qualquer lugar, onde gostaria de ir?

– Toda minha família era daqui... E todos... Morre... Morreram. Só sobrou um primo meu... Mitchel.

– Onde ele mora?

– Em New York.

– Então é para lá que vamos.


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Notas finais do capítulo

Rodovias (os pistas) eletromagnéticas são pistas artificiais de vidro - se alguém ai já viu o filme, "O Vingador do futuro" vai entender melhor, são com segundos andares nas cidades, um holograma superficial neles fazia contato com as rodas dos carros, deixando elas conectadas com uma grade cibernética, monitorando cada setor do trânsito, para sempre evitarem engarrafamentos avisando os motoristas antes a pegarem outras rotas, se não houver, a pista cria uma rota alternativa holográfica, mas isso é raro de acontecer, já que os carros tinham um controle automático que evita ao máximo a ocorrência de danos.
Ao lado de cada uma delas era construído elevadores que transportavam os carros de cima para baixo ou vice-versa.



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