When I Come Around escrita por Yane di Angelo


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais :3



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Nico esfregava as mãos, inquieto. Desde que havia chegado na noite anterior, não conseguia parar. Seu TDAH sempre foi controlado, mas agora sentia como se tivesse se dosado com cafeína ou outros energéticos. Não conseguira dormir a noite toda, pensando no que falaria. Andava pelo chalé, jogando as mãos para o alto e implorando respostas de qualquer deus que fosse. Rezou para Atena, Apolo, Afrodite, e até pensou em fazer uma oração a Eros, mas não fez, pois aquele deus era realmente desprezível.

O garoto havia passado cinco dias rondando por Veneza, onde conseguia pensar melhor, talvez por ter sido ali que nasceu, a muito tempo atrás.O lugar estava diferente do que se lembrava. Provavelmente, ele seria o único di Angelo ainda vivo, que preservava o nome. Esse pensamento o deprimiu, pois depois que Bianca se uniu as Caçadoras de Ártemis, ele acreditou que ela carregaria o nome por mais inúmeras gerações, e agora ele estava ali, pois a irmã morreu.

Embora Veneza lhe trouxesse a tona a mais profunda melancolia que tentava esconder, também lhe trazia ternura. Se lembrava dos anos que havia passado ali, quando a mãe e Bianca ainda eram vivas, e não conseguia deixar de sorrir ao lembrar de como aqueles tempos eram mais fáceis.

Lembrou-se de quando esteve ali, com Hazel e Frank, enfrentando os monstros bovinos. E depois sendo transformado em um pé de sorgo por um deus da agricultura. Depois daquele dia, se tornou oficial: ele odiava deuses que tinham prazer em lhe transformar em alguma planta. Perséfone por várias vezes lhe transformou em margarida, Deméter em um pé de trigo, e já havia se tornado até um pé de sorgo. Com certeza, Nico não se dava bem com plantas.

Se sentou na beirada de sua beliche, segurando forte os lençóis, forçando as mãos a ficarem rígidas. Não poderia ficar nervoso. Precisou atravessar as Terras Antigas para obter respostas sobre o que havia acontecido, e não iria desistir agora, mesmo que... fosse o mais sensato a se fazer.

Faziam exatos 2 minutos que ele havia mandado os ossos brotarem do chão para avisar Jason, quando a porta do chalé abriu com um estrondo. Nico pulou da cama com o susto.

–Nico!

Jason estava com a camisa laranja surrada, e os cabelos loiros estavam emaranhados com alguns galhos. Sua respiração estava ofegante, mas seus olhos eram calmos e azuis celestiais, como sempre. Ele veio até Nico e o abraçou. Por um momento, o filho de Hades não reagiu, mas devagar envolveu o corpo de Jason com os braços.

–S-sinto muito...

O filho de Júpiter se afastou. Seus olhos agora estavam com uma mistura de raiva, preocupação e felicidade que Nico gostou de ver. Olhou para o lado, envergonhado ao se lembrar do beijo, do modo como explodiu, e do modo como fugiu.

–Onde você estava, Nico? Você tem noção de como eu fiquei preocupado? E Hazel? Hazel fez um esforço enorme pra te achar, mas não conseguiu! Pelos deuses, você...

–Jason, calma. -Advertiu. Sua cabeça já estava girando com tantas perguntas e tantas acusações. -Eu... fui pra Veneza. Precisei pensar um pouco. Eu sei que não deveria ter ido, mas eu fui. Agora isso não importa mais, não é? Eu estou aqui.

O semideus franziu a testa e fez bico. Nico queria rir, mas sabia que não poderia.

–Nico... você não precisava ter fugido, você sabe. A gente poderia ter conversado e...

–E o quê, Jason? Você sabe que não teria dado certo. Eu precisei ir.

Jason se sentou na beliche, visivelmente irritado. Seus olhos, antes azuis, agora pareciam duas nuvens de tempestade, com pequenos raios em volta.

Nico foi até a beliche, e se sentou bem na ponta, o mais distante que pode. Temia que se sentasse perto de mais, começasse a ficar ofegante e vermelho.

–Não precisa continuar agindo como se eu fosse explodir se você chegar perto, Nico. Achei que já tínhamos passado dessa fase. -Resmungou Jason, mal humorado.

Nico se sentiu mal por estar abalando a calma e paciência sempre presentes em Jason. Sentiu uma necessidade de faze-lo voltar ao normal, mas não sabia como fazer aquilo. Devagar, ele se virou de frente para ele, ainda mantendo a mesma distância entre eles.

–Você sabe que eu não posso. -Sussurrou. Não queria ter dito aquilo, mas Jason ouviu. Seus olhos voltaram ao azul normal.

–Por quê não?

O garoto sentiu como se fosse explodir de novo. Essa foi a pergunta que o fez explodir da primeira vez, e não poderia fazer isso novamente. Alguns minutos se passaram até ele conseguir controlar sua raiva.

–Você sempre faz as perguntas erradas.

Jason esboçou um pequeno sorriso de canto.

–Talvez minhas perguntas sejam uma reação aos seus comentários. -Disse. Nico corou. Sabia que as vezes falava de mais, por isso preferia simplesmente não falar nada. -Então... Vai responder?

O filho de Hades fechou os olhos, e tentou achar algo que pudesse dizer, mas não conseguiu.

–Por que... não é certo.

Jason se aproximou e colocou um dedo no queixo de Nico, o obrigando a olha-lo nos olhos, mas ainda ficou a uma distância suficiente para que Nico não perdesse o controle.

–O quê não é certo, Nico?

Ele falava da forma calma e paciente que sempre usava. Nico não conseguiria mentir para ele.

–Isso tudo.

–Você sabe que não precisa se esconder de mim.

–É por isso que... é esse seu maior problema. Você não deixa eu... me esconder.

Jason tirou o dedo do queixo de Nico, mas o garoto continuou a olha-lo nos olhos.

–Não estamos mais na década de 40. As coisas mudaram, você sabe. Não precisa ter medo de quem você é.

Nico se sentiu estranhamente confortável e desconfortável ao mesmo tempo. Era verdade, as coisas tinham mudado, mas fazia realmente alguma diferença? Sabia que, como na primeira vez, não poderia ser correspondido. Jason era o herói, e a única diferença era que ele sabia a verdade sobre Nico. Os dois se encararam por um tempo longo, até que Nico resolveu quebrar o silêncio.

–Por quê você faz isso? Saiba que, se está tentando me ajudar, isso não ajuda. Só vai piorar tudo no final.

Os olhos de Jason ficaram confusos, mas depois pareceram esclarecidos. Ele sorriu abertamente.

–Nunca passou pela sua cabeça que eu possa não estar fazendo isso por você? Talvez eu esteja fazendo isso por mim, Nico.

Nico não entendeu, mas não precisou. Jason veio devagar em sua direção, claramente avisando o que ia fazer e dando espaço para Nico recusar, mas não o fez. Jason o beijou, e fez Nico ficar um pouco mais confuso, mas não se importou. Enterrou as mãos no cabelo loiro, aproveitando máximo que pode, até acabar.

Sabia que estava vermelho e ofegante, mas ignorou.

–Jason, o quê...?

O loiro sorriu.

–E eu pensei que estava sendo lerdo com esse assunto.

Nico arregalou os olhos. Sua expressão deveria estar engraçada, pois Jason começou a gargalhar.

–Está rindo do que? -Perguntou, irritado.

–Da sua cara. Não precisa ficar tão apavorado, Nico. Nós somos duas pessoas que se gostam, como qualquer outras.

Nico corou, pois Jason havia acabado de dizer que gostava dele. De verdade. Ainda estava com raiva pela risada que ele dera, mas ignorou isso e começou a gargalhar, acompanhando Jason. Estava realmente feliz. Nunca havia passado em sua cabeça que Jason poderia lhe corresponder.

–Não sabia que você tinha um lado tão idiota, Jason.

O filho de Júpiter sorriu, e uniu os lábios aos de Nico outra vez.

–Nem eu.

Os dois ficaram um minuto assim, apenas se encarando em silêncio. Jason segurou a mão de Nico, o fazendo corar e sorrir ainda mais.

–Vamos lá. Vamos avisar a todos que você voltou.

O filho de Hades sentiu que seu rosto estava mais vermelho do que qualquer outra coisa já vista, mas não podia evitar, então se levantou e tentou ignorar. Precisaram viajar pelas sombras para chegar ao Acampamento Júpiter, onde estavam seus amigos, e quando chegaram lá, não soltaram suas mãos em momento algum, ignorando todos os olhares confusos a sua volta, pois finalmente, ambos estavam felizes como a muito tempo não haviam ficado. Um felicidade real e concreta, que fariam de tudo para preserva-la por anos.


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Notas finais do capítulo

Acabou :c
Essa foi minha primeira fic, então perdoem a falta de criatividade para o final e os erros que ocorreram. Queria agradecer a todas as pessoas que comentaram a fic ao longo dos capítulos, sério, os comentários me estimularam muito a continuar.
Queria pedia para vocês falarem em geral o que mais gostaram na fic, ou o quê menos gostaram, para se eu vier a escrever outra no futuro, possa não repetir os erros e me basear no que ficou bom
Obg a todos vocês que leram até o final *-*