Até As Últimas Consequências escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 5
Caminhos Alternativos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Segue mais um capítulo da fanfic! Enjoy!



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Sugestão de trilha: The Departure (Vampire Knight – OST)

— Raven, não temos tempo a perder! Vamos direto para o castelo de Hades e Perséfone.

— Mas, milady… convém à senhora fazer uma refeição e trocar de roupa.

Foram tantos acontecimentos que Lydia tinha se esquecido desses detalhes. Ela olhou para as mãos ainda marcadas pelo sangue de Edgar e então decidiu voltar para a casa e seguir os conselhos de Raven.

Chegando à sua mansão, a condessa instalou-se em um dos quartos de hóspede. Pediu uma refeição leve, tomou um banho e dispensou as criadas para arrumá-la.

Desde que saiu do seu quarto, decidida a trazer Edgar de volta, Lydia não retornou mais para o seu aposento. “Ao menos, por enquanto…”, pensou. Ela não suportaria ver mais uma vez o marido imóvel no leito.

Foi à procura de Aurthur e descobriu que Sereia e Tytânia colocaram o menino em um sono profundo, até que Lydia retornar-se de sua jornada.

— Foi melhor assim, explicou Tytânia. – a sua carga de responsabilidade já está demais pesada. Ele estará em segurança.

— Assim como o corpo de Edgar, revelou Lugh. – Lydia, já iniciamos o processo de conservação do corpo.

— Obrigada! Podem contar comigo! E vou trazê-lo custe o que custar!

— Boa sorte, fada querida! – desejaram Tytânia e Sereia.

A condessa, como sempre, humildemente, fez uma reverência ao Senhor dos Leprechauns, à Rainha das Fadas e à Soberana dos Sereianos e partiu acompanhada de Raven, que sabia o caminho.

Lydia estava trajada de modo sóbrio, vestido verde-folha, sem muitos acessórios, apenas sua aliança e o anel pedra da lua. Para enfrentar o frio da localidade, optou por um manto azul-marinho e não o vermelho, o seu preferido. Se o escolhesse, poderia parecer petulante e arrogante, e isso não seria de bom tom para o momento.

A carruagem seguiu por um caminho que ela não conhecia, conduzida pelo cocheiro da família e o itinerário estava nas mãos de Raven.

Passado algum tempo, a carruagem parou na beirada de um belo lago e aí, ela viu Raven abrindo-lhe a porta e anunciando:

Milady, aqui é nossa primeira parada.

Raven e Lydia aproximaram-se do lago e ele fez um sinal para que o cocheiro partisse.

— Ele sabe o caminho de volta? – perguntou Lydia.

— Sim, senhora! Agora, observe…

Sugestão de trilha: Mystical Night Class (Vampire Knight – OST)

O homem-fada deu assovio quase inaudível aos ouvidos humanos. Pouco a pouco o lago foi aumentando de tamanho até virar um rio imenso e ao longe, Lydia pôde ver uma barca aproximando-se.

Ela questionou-se como Raven sabia sobre isso, mas a tensão do momento, não a permitiu indagar para seu mordomo.

A barca era reluzente, imponente e tinha um ar feérico. Lembrava até aquelas embarcações para piratas, talvez por causa do tamanho que assustava, mas tinha mais luxo e classe. O barqueiro estacionou-a e colocou um acesso para que os dois subissem. Quando chegou a vez de Lydia, estendeu as mãos a fim de facilitar a entrada da condessa na embarcação. Já a postos, o barqueiro então se apresentou:

— Bom-dia, meu nome é Queronte e serei responsável pela travessia rumo ao castelo do meu senhor Hades. Trouxeram as passagens?

Raven tirou algumas moedas de ouro, mas não as correntes na Inglaterra ou mesmo na Escócia, mas de origem desconhecida por Lydia. E mais uma vez, não teve coragem de perguntar. O barqueiro checou os últimos detalhes e seguiu viagem.

— Tens horário marcado?

Quando Raven disse que a visita era de caráter de urgência e que não houve tempo hábil para tal formalidade, o barqueiro atentou ao semblante triste da moça que o acompanhava. Lydia encontrava-se com o olhar perdido no horizonte.

— A senhora veio à procura de alguém?, perguntou o barqueiro.

A fairy doctor parecia que foi acordada de um sonho e respondeu:

— Sim! Vim por meu amor!

Não era comum amolecer o coração de Queronte, mas naquela circunstância e com a resposta suave e com certo tom de dor, ele não pôde negar em seguir em frente. Ele iria abrir uma exceção. “O senhor Hades não irá gostar, mas conheço uma única mulher que é capaz de fazê-lo ouvir essa moça”, refletiu.

Dado certo tempo, a barca ancorou em solo firme e em meio ao nevoeiro Lydia fixou o seu olhar no castelo majestoso que se encontrava no alto de uma montanha. “Será que Edgar está lá?”, perguntou-se.

O barqueiro a ajudou a descer da embarcação e Raven veio logo atrás. A região estava fria e muito úmida. Caia uma garoa fina que a deixava com vontade de chorar. Para proteger-se do frio, Lydia colocou o capuz sobre a cabeça. Ela voltou à realidade quando ouviu Raven a convidando:

— Vamos?

Ela acenou positivamente com a cabeça. O mordomo muito gentilmente ofereceu o braço para guiá-la.

Enquanto começavam a caminhar em direção à montanha através de uma estrada com pedras negras que pareciam ônix, Raven confessou quase como um murmúrio:

— Pode não parecer, mas estou tão abalado quanto a senhora.

Tudo que ela podia fazer era responder com um sorriso triste e tímido.

O lugar parecia silencioso e os únicos sons que se ouviam eram o vento e o caminhar dos seus sapatos sobre as pedras. Mas aí, Lydia sentiu que estavam sendo seguidos. Parecia o arfar de um cachorro (ou eram mais?), além de um barulho surdo, muito parecido com estocadas de madeira. A curiosidade a atiçava a verificar o que era. Ela virou lentamente a cabeça para trás. Mas quando viu quem era, arregalou os olhos, sua respiração ficou um pouco mais acelerada do que normal. Sua agitação foi tanta que fez Raven parar.

Sugestão de trilha: Inevitabilis (Puella Magi Madoka Magica – OST)

E atrás deles estava uma senhora majestosa e magra que vestia um manto cinza bordado com fios de prata e ouro. Seu jeito era gentil, apesar do rosto carrancudo. Ela também tinha parado e estava os encarando. Ao seu lado estava um cão com três cabeças.

Depois de certo tempo, ela perguntou:

— O que vocês estão fazendo aqui?

Lydia engoliu seco e não conseguiu responder, mas Raven adiantou-se, fez uma reverência e apresentou ambos:

— Perdoe-nos a nossa falta de delicadeza de entrar em vossas terras, senhora…

— Hécate! Pois não, rapazinho?

— Sou Raven, mordomo pessoal dos Ashenbert, descendentes diretos do Conde Cavaleiro Azul. E esta é Lady Lydia Ashenbert…

— Condessa Cavaleiro Azul e blá, blá, blá!! Quanta cerimônia, não? – retrucou a senhora, que se aproximou do casal.

Lydia já tinha ouvido sobre a Senhora dos Caminhos, Hécate, guardiã dos caminhos de todos os seres humanos, mesmo após passar para o plano espiritual. Sem contar que ela era a juíza suprema de vivos e mortos na escolha de seus caminhos. A fairy doctor mal podia acreditar que estava diante dela.

A senhora parou na sua frente, a encarou e indagou:

— Por que seus olhos estão tão úmidos, minha garota?

— Senhora, estou de luto. – respondeu um pouco apreensiva.

— Hum… – e então Hécate segurou o queixo de Lydia e a olhou bem nos fundos dos olhos. – Deixe-me ver… pelos meus registros você está casada com …

— Edgar. Aliás, eu estava casada… – E a fairy doctor não conseguiu continuar por conta do nó na garganta que quase a sufocava.

Reuniu todas as suas forças e com inocência, perguntou à velha senhora:

— Será que é possível resgatar da morte alguém de quem se ama muito?

Hécate soltou o seu queixo, pousou sua mão sob o cajado e respirou profundamente.

— Vou levá-los ao Hades. Ele que tem o controle da saída e entrada de qualquer alma por aqui. – e continuou, desta vez parecia que falava consigo mesma: – Mesmo que aquele tonto tenha a cabeça oca, é ele que manda aqui!

— Vamos! Sigam-me! A estrada é um pouco longa.

Enquanto andavam, Hécate proferiu um nome tão conhecido por Lydia:

— Edgar Sylvanford, não? Ou seria, Edgar Ashenbert? Bem, agora não importa! Hum… esse menino deu-me um pouco de trabalho. Pensei que seria um caso perdido e não é que ele me surpreendeu? – e virou-se para ela.

Mesmo estando triste, Lydia conseguiu sorrir. E de repente, uma saudade latente assaltou seu coração. Ansiava desesperadamente por aquele sorriso travesso que ele sempre dava, seus cabelos extremamente louros acariciados pelo vento. E o modo que ele a abraçava, parecia que estava protegida de qualquer maldade. Eram tantos sentimentos envolvidos que ela nem percebeu que o cão de três cabeças seguia ao seu lado.

E algum tempo depois, ouviu-se Hécate dizendo:

— Chegamos!


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui somos apresentados à primeira das entidades gregas: Hécate! Dentro da mitologia grega, Hécate é a senhora das encruzilhadas. Você a encontra, geralmente, nos momentos que deverá decidir por alguma coisa. Digo isso, pela minha intimidade que tenho com a Deusa. Sim, para mim, ela é uma Deusa. Sou da religião neopagã e isso me inspirou durante a escrita da fanfic. Se você quer conhecer mais detalhes é só acessar sites de buscas e digitar Hécate + Deusa. E boa pesquisa^^
Aos poucos serão apresentados outros Deuses.
E na próxima semana, Lydia e Raven conversam com Hades e Perséfone. Então, até lá!