Sentado na sala da sua casa, Sherlock parecia estar disperso e distante. Mas, na verdade, seu cérebro estava trabalhando a mil por hora. Precisava desse tempo para si, precisava organizar os fatos na sua cabeça. Para tanto, contava com o silêncio da solitária casa e a não interferência de ninguém além dele mesmo. Saíra do hospital, pois se sentia impotente diante do estado de Watson. Saber que ela estava numa sala logo atrás dele, imobilizada numa cama, sobrevivendo por meio de aparelhos, era como matá-lo aos poucos. Já havia recebido várias ligações do Cap Gragson, mas não estava com cabeça para dar explicações. Precisava apenas pensar e isso não era um crime, não ainda. Com uma xícara de café do lado esquerdo e uma seringa do lado direito, ele estava decido a recorrer para uma das duas drogas se a sua consciência resolvesse falhar. Olhava o nada e tentava reconstituir os fatos daquela manha, que lhe parecia tão obscura quanto os motivos de Moriaty para se arriscar a entrar em seu território. Concentrado como estava, mal percebeu uma sombra lhe espreitando na meia escuridão do cômodo.

–O café é sempre a melhor opção.

–O que faz aqui?

–Ora, como o que faço aqui? Achou que eu perderia o espetáculo mais belo do drama que tive tanto trabalho para montar ?- Moriaty saltou uma gargalhada melodiosa.

–Está se arriscando.

–Você não pode fazer nada contra mim, sabe disso. Não arriscaria a vida da sua mascote, não é mesmo?

–Por que machucá-la? Você me teve em suas mãos, um alvo fácil.

–Detesto alvos fáceis, Sherlock. Além disso, sua mascote mexeu com os meus brios. Não posso permitir que uma aprendiz manipule a minha inteligência. Precisei Pará-la...

–Acha que conseguiu?

–Ela está morrendo, certo? Posso cuidar para que morra mais rápido, basta você querer.

–Se tocar nela...- Sherlock saiu do seu estado de frieza e quase atingiu Moriaty com um golpe de raiva.

–Acalme-se, não farei nada... não agora.

–O que você quer?

–A pergunta correta é: O que você quer Sherlock?

–Aonde quer chegar?

–Você pode escolher... – Antes que Sherlock pudesse responder, ela desapareceu na sombra, deixando-o mergulhado em dúvidas.